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Produção industrial apresenta expansão de 8,9% em junho, em linha com as nossas expectativas

Reforçando a mensagem de que abril foi o pior mês para a atividade econômica do país, a produção industrial brasileira apresentou expansão de 8,9% na comparação mensal de junho (jun20 / mai20), o equivalente a uma contração de 9,0% na comparação interanual desse mesmo mês (jun20 / jun19). O resultado veio em linha com as […]

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Reforçando a mensagem de que abril foi o pior mês para a atividade econômica do país, a produção industrial brasileira apresentou expansão de 8,9% na comparação mensal de junho (jun20 / mai20), o equivalente a uma contração de 9,0% na comparação interanual desse mesmo mês (jun20 / jun19). O resultado veio em linha com as nossas expectativas (-9,1% a/a), mas surpreendeu as expectativas de mercado coletadas pela Bloomberg (-10,1%).

No segundo trimestre do ano, o setor industrial apresentou contração de 19,4% na comparação com o mesmo trimestre de 2019 e de 17,5% na comparação com o primeiro trimestre de 2020.

Assim como os indicadores de atividade econômica referentes a abril menos negativos do que o inicialmente previsto e a performance positiva apresentada principalmente pela indústria e pelo comércio em maio, a produção industrial de junho também impõe viés positivo para as nossas projeções de PIB para o segundo trimestre de 2020.

Apesar de todas as medidas de inflação permanecerem em patamares historicamente controlados, os indicadores de atividade econômica mais positivos reforçam a mensagem de que o espaço para corte de juros é residual. Por isso, acreditamos que a decisão do BC de amanhã será de reduzir 25bps na taxa Selic, e que essa deverá permanecer inalterada em 2,00% até o final de 2020.

Vale ressaltar que o setor industrial brasileiro é intensivo em mão de obra qualificada. Portanto, enquanto perdurarem as medidas de incentivo do governo (como o BEM) que têm conseguido atenuar grande parte dos impactos no mercado de trabalho, o setor deve continuar se beneficiando.

Por outro lado, o resultado positivo da produção industrial em junho não altera a realidade de um setor que, assim como os demais, foi bastante fragilizado pela pandemia. Prova disso é o fato de os nossos principais índices de difusão continuarem mostrando que menos de 30% do setor tem apresentado ritmo de crescimento consistente nos últimos 6 e 12 meses.

Confira os principais destaques do resultado a seguir:

  • A melhora da produção industrial em junho foi sustentada principalmente pela indústria de transformação, que apresentou expansão de 9,9% m/m em junho, o equivalente a uma queda de 10% a/a. A indústria extrativa, que vinha apresentando queda nos últimos meses, apresentou expansão de 5,5% m/m (o equivalente a uma contração de apenas 0,9% a/a), e também conseguiu sustentar a performance do setor no mês.
  • A produção de veículos (70% m/m), equipamentos de transporte (141,9%) e impressão e reprodução de gravações (+63,4%) foram os elementos que mais contribuíram para a alta da indústria de transformação no mês.
  • Em linhas gerais, as melhores performances foram apresentadas pela produção de bens de consumo duráveis, que expandiram 82,2% em junho (o equivalente a -35,1% a/a). Os bens de capital, bens intermediários e bens de consumo semi e não duráveis apresentaram alta de, respectivamente, 13,1% m/m (-22,2% a/a), 4,9% m/m (-6,0%) e 6,4% m/m (-37,6% a/a).
  • No caso de bens de capital, a principal contribuição para a alta apresentada veio da categoria de equipamentos de transporte e peças agrícolas.
  • A produção de insumos típicos para a construção civil continuou em processo de recuperação, apresentando alta de 11,6% m/m em junho.
  • Para os próximos meses, o nosso entendimento é de que o setor industrial brasileiro deve continuar recuperando parte das perdas que caracterizaram os meses de março e, principalmente, abril. Para julho, projetamos +3,9% m/m e -8,5% a/a.
  • O ritmo de recuperação, por outro lado, deve se dar de forma bastante gradual, mostrando a realidade de um setor que há anos tem apresentando muita fragilidade.

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