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PIB surpreende e cresce além das expectativas no segundo trimestre

O PIB do Brasil cresceu 0,9% no segundo trimestre de 2023, surpreendendo positivamente expectativas de analistas. O crescimento foi impulsionado principalmente por commodities, carregando os setores de agropecuária e indústria extrativa. Para frente, esperamos um pouso suave da economia. Nos investimentos, apesar de um indicador importante, o resultado do PIB não deve levar a mudanças de estratégia.

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De acordo com dados divulgados pelo IBGE (nosso principal instituto de pesquisa nacional), o PIB brasileiro cresceu 0,9% no segundo trimestre de 2023. 

Isso significa que a soma de tudo o que produzimos de bens e serviços na economia brasileira variou positivamente em cerca de 1% no período entre abril e junho de 2023, quando comparado ao resultado registrado entre janeiro e março. Já se comparamos com o ano passado, o resultado do PIB registrou forte alta de 3,4% em relação ao segundo trimestre de 2022.

Lembrando que a economia brasileira já se recuperou da forte contração causada pela pandemia da Covid-19, apesar de ainda sentirmos efeitos indiretos em diferentes setores da economia e da sociedade. De fato, o PIB do Brasil se encontra cerca de 6,5% acima do patamar registrado pré-pandemia.

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Por que o PIB cresceu no segundo trimestre?

O resultado de 2022 veio bem acima das expectativas da maior parte dos analistas de mercado, e reflete uma economia mais resiliente do que o esperado, impulsionada especialmente por commodities, mas também com um setor de serviços ainda pujante.

Olhando no detalhe, os três setores da economia do lado da oferta (ou seja, da produção) registraram crescimento no período.

A produção industrial teve alta de 0,9% no período, impulsionada pela indústria extrativa, enquanto a produção manufatureira (ex: automobilística) e de construção civil registraram crescimento mais modesto. Já o setor de serviços cresceu 0,6%, registrando a 12º alta consecutiva do setor, com destaque para o resultado positivo em todas as categorias.

Finalmente, o setor agropecuário registrou queda de 0,9% no segundo trimestre – com destaque, porém para forte alta de 17% em relação ao mesmo período do ano passado.

Vale destacar, entretanto, que a queda no que chamamos de setor primário da economia (o agropecuário) no período é explicada pela base de comparação, depois de uma extraordinária alta no primeiro trimestre do ano. Ou seja, embora o setor tenha seguido forte entre abril e junho, a elevada produção no primeiro trimestre levou a variação entre os dois trimestres ao patamar negativo.

Ou seja, a produção agrícola seguiu como principal protagonista do crescimento da economia brasileira na primeira metade desse ano, impulsionada por safras recordes em diferentes regiões do país, especialmente de grãos.

A boa performance agrícola também ajudou a impulsionar o setor de serviços, com destaque para categorias de transporte e armazenamento. O setor de serviços financeiros também registrou forte crescimento no período, assim como serviços públicos. Por outro lado, o setor varejista perdeu força no período, refletindo especialmente os efeitos dos juros altos no crédito e no consumo.   

Vale lembrar que o setor de serviços é o principal responsável pela composição do nosso PIB, respondendo por 70% da nossa produção por meio de serviços que vão desde transporte até manicures, restaurantes e grandes eventos - sendo também o setor que mais emprega no país. Deste modo, a performance do setor tem bastante impacto sobre a economia do país como um todo.

Enquanto isso, do lado da demanda - ou seja, aqueles que puxam o PIB demandando por todos esses bens e serviços produzidos – o consumo das famílias e do governo foram os principais destaques do 2° trimestre de 2023.

O aumento da renda real da população (ou seja, da renda descontada da inflação), ajudou a alimentar a aquisição de bens e serviços por parte das famílias, que cresceu 0,9% quando comparado ao primeiro trimestre. A queda da inflação ao longo desse ano foi o principal propulsor desse movimento.

Por outro lado, os investimentos seguiram fracos, enquanto as exportações também contribuíram negativamente para o resultado do PIB – uma vez que o salto nas importações foi mais significativo do que o total de nossas vendas para o exterior.

O que esperar adiante?

Como vimos, quem “carregou” nossa economia na primeira metade do ano foram os setores de agropecuária e indústria extrativa. De fato, o PIB agropecuário deve seguir o ano de 2023 com o “pé na porta”, sendo o principal motor do crescimento no ano impulsionado por safras recorde.

Por outro lado, já vemos claros sinais de desaceleração de outros setores, como indústria, comércio e até algumas categorias de serviços. O enfraquecimento é consequência principalmente do aperto na economia trazido pelos juros ainda altos e do fim do impulso pós pandemia – esse último refletindo a volta ao normal do consumo das famílias (reequilibrando o consumo entre bens e serviços) – bem como certa moderação no mercado de trabalho.

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Para ilustrar, a produção industrial contraiu nos últimos meses, enquanto o comércio varejista seguiu “andando de lado”, mesmo diante do impulso nas vendas de automóveis vindo de incentivos do governo federal e de categorias beneficiadas pela queda da inflação, como alimentos e bebidas. Já o setor de serviços também já se mostra mais fraco, crescendo mais devagar do que víamos no começo do ano. A desaceleração da economia global também contribui para nossa perda de fôlego desse lado do Atlântico.

Assim, projetamos que o PIB do Brasil cresça próximo de 3% em 2023. Diante da continuidade da desaceleração esperada para a economia, mesmo diante da redução gradual dos juros por parte do Banco Central, projetamos um crescimento para o ano que vem de próximo de 1,0%.

Como o PIB impacta o dia a dia e os investimentos?

Trazendo para o dia a dia do brasileiro, o resultado do PIB reflete mais o passado do que o presente, uma vez que traz números referentes ao trimestre anterior ao que estamos vivendo.

Assim, para o investidor, o resultado do PIB não deve ser visto como motivo para grandes mudanças na estratégia de investimentos.

Não porque os movimentos da economia medidos pelo PIB não afetem ações de empresas listadas na bolsa ou no mercado de renda fixa e outros ativos financeiros, como o dólar e fundos imobiliários.

Pelo contrário! Os rumos da economia no Brasil e no mundo são o cenário e a verdadeira base sobre a qual se sustenta o mercado financeiro e nossos investimentos. Assim, o indicador não deixa de ser um bom termômetro, ajudando também no planejamento social e financeiro olhando para frente.

Mas, na ausência de grandes surpresas, o resultado do PIB costuma confirmar expectativas sobre o estado da economia – levando, no máximo, a ajustes pontuais de projeções econômicas.

Assim, as principais recomendações de investimento devem seguir as mesmas: manter uma reserva de emergência para eventuais imprevistos pessoais; atentar-se aos objetivos e horizontes de investimento (quando você acredita que precisará do seu dinheiro investido?); e nunca esquecer da diversificação dos investimentos entre ativos e geografias - o bom e velho “não colocar todos os ovos na mesma cesta”. 

Olhando para o cenário atual, entendemos haver espaço para que investidores adicionem certo risco a suas carteiras, com parcelas em investimentos como ações domésticas, Fundos Imobiliários, e fundos internacionais – esse último, especialmente em renda fixa.

Porém, ainda sem expor a riscos excessivos nos investimentos ou fora deles (como endividar-se no cartão de crédito, por exemplo), lembrando que o cenário segue incerto no Brasil e no mundo.

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