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Geadas e aceleração nos preços de serviços podem elevar inflação acima de 7% no ano

Nossa projeção de IPCA do ano é de 6,7%, porém onda de frio ameaça plantações e pode aumentar preços de alimentos no curto prazo. Além disso, reabertura da economia vai permitir que serviços tenham seus preços reajustados e a demanda aquecida pode permitir que subam mais rápido que o projetado já esse ano.

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No início do mês de julho e no dia 20 desse mesmo mês, as geadas em várias cidades das regiões sul e sudeste tiveram consequências ruins no campo e os preços ficaram mais altos lá por isso. Dessa forma, elevamos nossas projeções de inflação de alimentação no domicílio para o mês. Mas essa semana uma nova onda de frio intenso está ameaçando de novo as plantações e o bolso dos consumidores.

As culturas mais impactadas com a queda na temperatura são o café, as hortaliças e as frutas. Com diminuição da oferta, os preços tendem a subir e esse repasse costuma ser rápido. Apesar de já ter incorporado parcialmente esse impacto, a geada dessa semana pode se traduzir em inflação ainda mais alta no curto prazo. Estimamos que isso pode significar alta de 0,10 ponto percentual (p.p.) na nossa projeção de inflação do ano, já em 6,7%.

O frio intenso só veio agravar um cenário já desafiador para o agricultor no ano. Esse ano, a estiagem severa impactou fortemente preços de grãos, como soja e milho, cana de açúcar, café e cítricos. Além disso, as proteínas animais também têm os preços altos. No caso da carne bovina, essa alta segue sustentada pelas exportações brasileiras de carne para China num cenário de escassez de animais prontos para abate. E a falta de chuvas fez com que o confinamento do gado aumentasse, gerando mais custos aos produtores.

E a carne de frango, substituto do boi, também subiu bastante nos últimos meses e deve continuar trajetória de alta no segundo semestre do ano, dado que os custos de produção tiveram alta de 52% e a demanda segue alta.

Diante disso, nosso cenário com alta de 7,3% nos preços de alimentos consumidos em casa medidos pelo IPCA tem risco de alta.

Mas a falta de chuvas não impacta só os preços à mesa não. A estiagem levou o nível dos reservatórios as suas mínimas históricas, muito próximo aos valores observados em 2001 (ano do apagão) e 2014/2015, período da crise hídrica em São Paulo. A consequência disso pode ser vista nas contas de luz, que devem ficar 15% mais caras esse ano.  Isso porque, além de acionar a bandeira tarifária vermelha patamar 2 (nível mais alto do sistema tarifário) para custear o uso de termelétricas, a Aneel precisou também reajustar em 52% a taxa extra cobra com a bandeira. Mas o reajuste não será suficiente e incorporamos no nosso cenário base reajuste adicional na bandeira, próximo a 20%, com impacto nas contas de setembro (+0,12 p.p.).

Energia elétrica mais cara, significa custos mais elevados na economia, especialmente no setor industrial, que usa a energia muitas vezes como um dos principais insumos. Projetamos elevação dos preços de bens industriais de 7,3%, sendo que até junho de 2021 o grupo já registrou alta de 4,9%. Grande parte da alta já observada até aqui foi efeito das altas de commodities metálicas, depreciação do cambio e normalização na cadeia de suprimentos, bastante afetada durante o início da pandemia.

Do lado da demanda, a reabertura da economia já pode ser vista na aceleração dos preços de serviços ligados à atividade, em linha com a expectativa de normalização na cesta de consumo do brasileiro, que durante o período mais agudo da pandemia ficou desbalanceada, com maior consumo de bens industriais e alimentos em detrimento dos serviços. Nosso cenário já considera essa aceleração do grupo no segundo semestre, mas um cenário de estresse indica risco de até 0,20 p.p. na projeção do IPCA.

Em 2021, projeção de IPCA em 6,7% tem riscos assimétricos para cima. Com geadas e reabertura da economia no radar, inflação pode ficar acima de 7% no ano.

Para 2022, algumas hipóteses são importantes para assegurar cenário de IPCA em 3,6%. Projetamos câmbio em 4,9 reais por dólar este ano e ano que vem, diante da melhora do cenário fiscal e da elevação adicional da taxa de juros (esta variável é endógena ao modelo). Esperamos também que as commodities (medida aqui pelo índice CRB) recuam 10% gradualmente até o final de 2022.

Com isso, nossa projeção para preços livres no próximo ano é de 3,5%, sendo elevação de 4,0% em alimentação no domicílio, 2,3% de bens industriais e 4,0% de serviços. O arrefecimento dos preços de alimentos e industrializados estão ancorados na expectativa de normalização das condições climáticas, câmbio em torno de R$ 4,90/US$ e queda no preço internacional das commodities agrícolas e metálicas. Já para grupo de serviços, cuja influência inercial é maior, a atividade econômica ainda ociosa deve limitar a alta de preços.

Para bens administrados, nossa projeção aponta variação de 4,0%, e considera bandeira tarifária amarela em dezembro de 2022. Em caso de bandeira vermelha patamar 1, projeção para IPCA do ano pode ficar 0,2 p.p. mais alta, ou seja, em torno de 3,8%.

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