Resumo
No cenário internacional, destacamos os dados de emprego atividade econômica nos Estados Unidos e na Europa, que mostram sinais de desaceleração. Na China, os preços aos produtores e consumidores apresentaram surpresas baixistas, elevando rumores acerca de estímulos econômicos a serem adotados pelo governo.
Já no Brasil, o destaque da semana foi a divulgação do IPCA de maio abaixo das expectativas, consistente com nosso cenário de queda de juros em agosto. Ademais, destacamos a divulgação de nosso relatório mensal, que trouxe revisão do PIB de 2023 de 1,4% para 2,2%. Na seara política, tivemos a divulgação do relatório da Reforma Tributária de impostos sobre consumo, além dos programas de subsídios de automóveis e do ‘Desenrola’, que pode facilitar a renegociação das dívidas de 30 milhões de brasileiros.
Cenário internacional
Novos sinais de desaceleração da economia dos EUA
Os pedidos de Auxílio-Desemprego dos EUA saltaram de 233 mil para 261 mil na semana passada. Mesmo considerando a alta volatilidade semanal do indicador, esta pode ser uma evidência de que a desaceleração econômica está finalmente atingindo o mercado de trabalho.
Esta semana também foram divulgadas a sondagem empresarial ISM do setor de serviços de maio. A pesquisa apontou recuo frente ao mês anterior, tanto para produção atual quanto encomendas.
Os resultados são consistentes com nosso cenário de que o Fed não aumentará mais as taxas de juros neste ano.
PIB da Zona do Euro recua pelo segundo trimestre consecutivo
O PIB da Zona do Euro recuou levemente (0,1%) no primeiro trimestre, frente ao trimestre anterior. Foi a segunda queda consecutiva desta magnitude, o que revela uma economia virtualmente estagnada na região. Pesam sobre o desempenho econômico a elevação de juros implementada pelo Banco Central Europeu (BCE) e a guerra na Ucrânia.
Apesar da desaceleração, o BCE sinalizou que ainda deve elevar os juros na semana que vem, por conta da inflação ainda alta.
Inflação baixa é evidência adicional da incerteza sobre a recuperação econômica na China
A inflação do índice de preços ao consumidor (IPC) chinês ficou em -0,2% em maio, ligeiramente abaixo das expectativas (-0,1%). Em 12 meses, o IPC subiu apenas 0,2%. A inflação também foi negativa no atacado. O Índice de Preços ao Produtor caiu 4,6% na comparação anual, aprofundando a deflação observada em abril (-3,6%). A inflação baixa levanta dúvidas sobre a sustentabilidade da recuperação econômica no país após a Covid. Na mesma direção os dados de exportação e índice PMI – baseado em sondagem com empresários – também decepcionaram analistas de mercado, que agora acreditam que o governo em algum momento aumentará os estímulos econômicos.
Clique aqui para receber por e-mail os conteúdos de economia da XP
Enquanto isso, no Brasil…
IPCA de maio reforça cenário inflação mais baixa, abrindo espaço para queda de juros
A inflação medida pelo IPCA de maio ficou em 0,23% na comparação mensal, abaixo da nossa expectativa (0,29%) e do consenso de mercado (0,33%). Em doze meses, o índice recuou para 3,94% em maio, ante 4,18% em abril. Alimentos e combustíveis são os principais responsáveis pelo resultado benigno, embora a desinflação tenha sido generalizada entre os itens do IPCA. Esse resultado é consistente com nosso cenário de que o banco central iniciará um ciclo gradual de cortes de juros em agosto.
Elevamos nossa projeção de crescimento do PIB para 2,2% este ano
O time de macroeconomia da XP divulgou seu relatório macro mensal de junho na última quarta-feira (7). Destaque para a revisão para o crescimento do PIB brasileiro de 2023, de 1,4% para 2,2%, após surpresa altista na divulgação dos dados do 1º trimestre na semana passada, enquanto a variação esperada para 2024 ficou estável em 1,0%. O relatório manteve as previsões de inflação para 2023 e 2024 (5,4% e 4,7%), bem como de taxa de câmbio (R$5,00 e R$5,15) e Selic (12,0% e 11,0%). Acesse aqui o relatório completo.
Relatório detalha Reforma Tributária dos impostos sobre consumo
O grupo de trabalho da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados apresentou seu relatório final. Seguindo as expectativas dos debates, o texto trouxe a concentração de cinco impostos (ISS, ICMS, IPI, PIS e Cofins) em apenas um, o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). Este adotará o modelo de IVA dual, o que significa que haverá um tributo federal, da União, e outro subnacional, partilhado por estados e municípios. A proposta também prevê a implementação de uma espécie de cashback, para viabilizar a devolução do IBS às famílias de baixa renda e reduzir a regressividade da tributação do consumo.
O relator da proposta, Aguinaldo Ribeiro, espera a votação do substitutivo da reforma na primeira semana de julho. Acreditamos que, se bem desenhada, a reforma tributária pode ajudar a reduzir o custo Brasil, impulsionando o crescimento de longo prazo da economia.
Governo anuncia medidas voltadas ao setor automotivo e o programa “Desenrola”
O governo federal anunciou o programa de incentivo à indústria automotiva, com subsídios para redução nos preços de automóveis, caminhões, vans e ônibus. A iniciativa resultará em bônus de R$ 2 mil a R$ 8 mil nos preços de carros de até R$ 120 mil – desconto mínimo de 1,6% e máximo de 11,6% no valor. Em relação aos veículos pesados, os créditos variam de R$ 33,6 mil a R$ 99,4 mil.
O custo fiscal para o governo é estimado em R$ 1,5 bilhão. Deste total, R$ 500 milhões serão destinados aos carros, R$ 700 milhões para caminhões e R$ 300 milhões para vans e ônibus. Segundo o governo, o programa se encerra quando for atingido o crédito total de R$ 1,5 bilhão, que será custeado a partir da reoneração antecipada do diesel. Em 90 dias, o governo subirá o preço do combustível em R$ 0,11 centavos/litro dos R$ 0,35 centavos/litro que seriam aplicados somente a partir de janeiro do próximo ano;
O governo divulgou também o programa “Desenrola”, que facilita a renegociação de dívidas de pessoas físicas, válido para valores de até R$ 5 mil, contraídas até 31 de dezembro de 2022, por famílias com rendimentos até dois salários-mínimos. Segundo o Ministério da Fazenda, cerca de 30 milhões de pessoas serão contempladas. Os credores que optarem por participar do programa deverão perdoar imediatamente as dívidas de até R$ 100, o que abrange cerca de 1,5 milhão de brasileiros de acordo com estimativas do governo.
O que esperar da semana que vem
Na seara internacional, teremos uma agenda de indicadores intensa, com destaque para os dados de inflação na Alemanha, Estados Unidos e Zona do Euro, além das decisões de taxa de juros pelo Banco Central do Japão, pelo Fed e pelo Banco Central Europeu (BCE). Em relação aos Estados Unidos, esperamos manutenção dos Fed Funds no atual patamar até o final do ano, condizente com os dados recentes de desaceleração na atividade. Já na Europa, enxergamos situação mais desafiadora para a inflação e esperamos que o BCE eleve sua taxa básica em 0,25pp, mesmo diante de recessão técnica confirmada pelos dados do PIB divulgados nessa semana. Também de relevância para o Brasil e mercados emergentes, serão divulgados os dados de atividade econômica da China referentes a maio na quarta-feira, que podem motivar autoridades locais a iniciarem estímulos econômicos, caso a desaceleração recente na economia seja comprovada.
No Brasil, destaque para a divulgação de indicadores de atividade econômica. Na 4ª-feira (14), o IBGE publicará a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de abril. As vendas varejistas devem apresentar resultados mistos, após o forte crescimento – acima das expectativas – registrado em março. Além disso, acreditamos que o setor de serviços avançou moderadamente em abril. A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) referente àquele mês será divulgada pelo IBGE na 5ª-feira (15). Em linhas gerais, prevemos desaceleração suave do consumo ao longo de 2023. A expansão da massa de renda disponível às famílias e algum alívio na inflação corrente (sobretudo de alimentos) contrabalança as condições de crédito apertadas em meio à política monetária contracionista. Por fim, conheceremos o IBC-Br de abril – proxy mensal do PIB calculada pelo Banco Central – na 6ª-feira (16). O indicador deve exibir alta modesta na margem, após elevação acentuada no 1º trimestre na esteira da safra recorde de grãos.
Clique aqui para receber por e-mail os conteúdos de economia da XP
Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!