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CMN mantém meta de inflação em 3,0% e altera horizonte de convergência

Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Hadad, o horizonte deve ser de 24 meses

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Em reunião no dia 29 de junho, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu em 3,0% a meta de inflação para 2026 – a mesma já estabelecida para 2024 e 2025. O CMN também anunciou a mudança do horizonte de convergência da meta, que passará a ser uma meta contínua e não mais baseada no ano-calendário.

A decisão representa uma importante mudança no regime de metas de inflação. Essa abordagem é semelhante ao que acontece na maioria dos países, incluindo os EUA e o Reino Unido. O Copom – Comitê de Política Monetária do Banco Central – perseguirá uma inflação ao consumidor de 3,0% em todos os meses (a partir de 2025). Segundo o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o sistema de metas contínuas seria baseado em um horizonte de 24 meses, tópico ainda a ser definido pelo Banco Central. Vale dizer que é necessário esperar o decreto oficial para termos os detalhes da medida.

Também muito importante, o CMN não alterou a margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo da meta. Ou seja, o IPCA pode oscilar entre 1,5% e 4,5%. O mercado estava dividido quanto a esse assunto, com alguns agentes esperando uma ampliação do intervalo da meta para 2 pontos percentuais. A manutenção das bandas ajuda a conter as expectativas de médio prazo, embora ainda não vejamos uma convergência para a meta de 3,0% tão cedo, devido ao viés expansionista da atual política fiscal.

A decisão pela meta contínua era esperada por nós e pela maioria dos participantes do mercado. Portanto, ela não altera nossa projeção para a taxa Selic no curto prazo: vemos um corte de 0,25pp em agosto, seguido de cortes de 0,50pp nas próximas reuniões.

Para entender mais sobre o regime de metas de inflação, leia o material abaixo:

O que é o regime de metas de inflação? 

O regime de metas de inflação é parte do que chamamos de política monetária – a política responsável pelo controle da quantidade de moeda em determinada economia, que fica sob a responsabilidade do Banco Central.  

Esse regime determina uma meta de inflação explícita e numérica (% ao ano), a ser perseguida pelo Banco Central. No caso brasileiro, a meta de inflação atual é de 3,25% ao ano para o ano de 2023 e de 3,0% em 2024 em diante. Isso significa que o Banco Central tem a responsabilidade de controlar a alta de preços ao longo, de modo que ela encerre 2023 na ‘velocidade’ de 3,25%.  

Vale destacar que, além da meta, o modelo brasileiro também inclui uma banda de tolerância de 1,50pp para cima e para baixo. Essa banda serve para acomodar eventuais choques, como por exemplo uma seca que afete a produção de alimentos e eleve a inflação além do controle do Banco Central, ou uma pandemia que derrube os preços.  

O modelo de metas de inflação foi criado em 1989 pelo Banco Central da Nova Zelândia, e hoje é o regime monetário mais usado no mundo. No Brasil, o regime foi implementado em 1999 e segue vigente desde então. 

A principal ferramenta do Banco Central para controlar a variação de preços na economia é a taxa Selic – nossa taxa básica de juros. Quando o objetivo é reduzir a inflação corrente, o Banco Central tende a aumentar a Selic; já reduções da Selic tendem a ser implementadas conforme a inflação se aproxime da meta, ou quando está abaixo da meta.

Para que serve o regime de metas de inflação?

De maneira simplificada, o regime de metas de inflação tem como objetivo dar maior previsibilidade e estabilidade na atuação da política monetária. Isso porque deixar clara uma meta a ser perseguida pelo Banco Central para o controle da alta de preços ajuda a controlar as expectativas dos agentes econômicos (como eu, você e todo mundo) sobre os preços no futuro.  

Pensemos em um exemplo fictício: sem uma meta clara de quanto o Banco Central está objetivando alcançar de inflação no ano, como uma manicure ou o dono de um grande empreendimento planejarão o ajuste de seus preços para os próximos anos? Afinal, sem uma meta, pode-se pensar que a inflação no ano pode variar de -1000% até 10000% – ou efetivamente onde a imaginação nos levar.

Assim, o objetivo do regime de metas de inflação é gerenciar e manter uma alta sustentável de preços na economia, especialmente por meio da credibilidade do Banco Central e, consequentemente, do controle das expectativas de inflação.

CMN: aquele que define a meta de inflação

No Brasil, quem determina a meta da inflação é o Conselho Monetário Nacional (CMN). O CMN é um órgão parte da estrutura do atual Ministério da Fazenda, sendo composto por três membros: Ministro da Fazenda, Ministro do Planejamento e Presidente do Banco Central.  

Vale notar que, diferente do que muitos pensam, o CMN é um órgão diferente do Copom – o nosso Comitê de Política Monetária do Banco Central. A dinâmica se dá da seguinte maneira: enquanto o CMN determina a meta de inflação a ser perseguida pelo Banco Central, o Copom (composto pelos diretores do Banco Central) tem a responsabilidade de perseguir essa meta.  

Ou seja, o CMN determina o objetivo final, e o Banco Central (na figura do Copom) determina tudo o que será feito para que esse objetivo seja cumprido. Lembrando que a principal ferramenta utilizada pelo Banco Central para o controle da inflação é a taxa básica de juros, a Selic.

Horizonte de convergência

Como falamos, o regime de metas de inflação determina uma meta para o ritmo de variação de preços em determinada economia, a ser perseguido pelo Banco Central por meio do uso de suas ferramentas do que chamamos de política monetária – em particular, a taxa básica de juros.  

Porém, determinar um patamar para a inflação não é o suficiente, uma vez que a variação de preços pode acontecer em diversos períodos. Por exemplo, podemos observar que o preço de um bem ou serviço subiu 10% em um ano, 2% em um mês ou mesmo 8% se olharmos para um período de 16 meses, por exemplo.  

Deste modo, todo regime de metas de inflação também possui o que chamamos de “horizonte de convergência”, que se refere ao período no qual o Banco Central se compromete a levar a inflação vigente na economia para a meta – seja isso uma redução ou elevação do ritmo da variação de preços (afinal, nem sempre o problema é inflação alta demais, certo?).  

A determinação desse horizonte é particularmente importante para a gestão do Banco Central, porque a política monetária atua com defasagem. Em outras palavras, as ferramentas usadas pelo BC para controlar a alta de preços – principalmente a taxa de juros – demoram um tempo para fazerem efeito na economia. No Brasil, estimativas apontam que um aumento/queda de juros demoram aproximadamente 6 meses para começar a ser sentido na economia.  

Para ilustrar a defasagem da política monetária, podemos pensar como o comércio de produtos que demandam maior financiamento demoram um tempo depois do início de um processo de alta de juros pelo Banco Central para começar a reduzir.  

Isso acontece, pois todos os juros praticados na economia vão gradualmente subindo após alta na taxa Selic – desaquecendo, assim, a demanda por bens e serviços e, consequentemente, retirando pressão sobre a alta de preços.  

O inverso (no caso, quedas na taxa Selic) também acontece da mesma maneira. 

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