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XPresso: Pessimismo nos mercados

No mercado financeiro, quando o nível de pessimismo dos investidores chega a um nível elevado, em geral isso significa que já é hora de começar a ficar mais otimista. Será que estamos observando um cenário como esses atualmente, com um excesso de pessimismo sobre os rumos da economia e mercados no mundo e no Brasil? Ou seja, chegou a hora de começar a ficar mais otimista?

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No mercado financeiro, quando o pessimismo dos investidores chega a um nível elevado, em geral isso significa que já é hora de começar a ficar mais otimista. A mesma lógica também é válida para períodos em que há um grande excesso de otimismo no mercado, quando uma postura mais cautelosa começa a ser apropriada.

Quando a grande maioria dos investidores passa a ter uma visão similar, em geral os ativos já precificam essa visão, e quaisquer mudanças de rumo passam a ser refletidas rapidamente nos preços de ativos.

Será que estamos observando um cenário como esses atualmente, com um excesso de pessimismo sobre os rumos da economia e mercados no mundo e no Brasil? Ou seja, chegou a hora de começar a ficar mais otimista? Confira nossa visão a seguir.

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Nos EUA, cautela de médio prazo segue prevalecendo

Nos EUA, uma pesquisa recente de um grande banco mostrou que a alocação sugerida para a Bolsa americana pelos estrategistas de Wall Street está no nível mais baixo dos últimos 5 anos. Ou seja, a maioria está bem cautelosa com alocação na Bolsa americana atualmente.

Além disso, dados da CFTC mostram hoje o maior nível de posições vendidas nos futuros do índice S&P500 desde 2011, o que sugere que os fundos “hedge-funds” (multimercados) estão apostando em quedas iminentes no índice.

Fonte: CFTC, Bloomberg, XP Research

Nas últimas semanas, vimos os preços de ativos americanos reagindo bem, apesar de todo o sentimento negativo dos investidores e estrategistas. Algumas razões podem estar por trás dessa performance: 1) dados econômicos que vieram ainda resilientes, mostrando um mercado de trabalho ainda sólido, com inflação em queda, 2) resultados dos grandes bancos começando a ser publicados, e vindo melhores que o esperado, e 3) controle da crise bancária pelo FED e reguladores americanos.  

No curto prazo, acreditamos que o mercado pode seguir desafiando esse consenso negativo, caso os dados econômicos sigam mostrando que a recessão iminente que o mercado espera não está tão próxima de começar.

No médio prazo, porém, ainda vemos algumas razões para se manter cauteloso com a Bolsa americana. Isso por conta de: 1) uma desaceleração econômica mais aguda/recessão ainda podem ocorrer nos próximos 12 meses, na medida em que os efeitos do aperto monetário e constrição de crédito passem a impactar a economia americana, 2) valuation – negociando próximo a 19x lucros, o S&P não parece descontar um cenário negativo, estando com um prêmio em relação à média histórica de 16x 3) Expectativa alta de lucros – em cenários de recessão, os lucros do S&P500 em geral caem de 20-30%, enquanto o mercado espera hoje uma queda de apenas 1% em 2022, e 10% de crescimento em 2023. Essa expectativa não parece embutir uma probabilidade de recessão no horizonte.

Renda fixa vs. Bolsa americana – alguém está mentindo?

Um outro fator interessante é a discrepância entre o mercado de renda variável e renda fixa nos EUA. Enquanto a Bolsa americana ainda não parece precificar um cenário mais desafiador adiante para a economia, isso não é o caso do mercado de bonds. Como vemos no gráfico abaixo, a volatilidade do mercado de Renda Fixa americana superou – e muito – a volatilidade do mercado de ações, algo pouco usual de acontecer.

Após a crise bancária do SVB, o mercado de renda fixa passou a precificar fortes cortes de juros adiante pelo Fed. Usualmente, o início dos cortes de juros pelo Fed coincide com o início de recessões econômicas.

Foi assim nos anos 80, em 1990, em 2001, 2007, e em 2020, quando o Fed cortou as taxas para 0% em uma reunião de emergência durante a pandemia.

Fonte: Bloomberg, XP Research

No Brasil, já podemos ficar mais otimistas

No Brasil, a nossa pesquisa com assessores XP mostra uma visão que segue negativa com a renda variável brasileira. No último mês, apenas 16% dos assessores disseram que seus clientes pretendem aumentar sua alocação em renda variável, próximo das mínimas. Além disso, 74% dos assessores disseram que seus clientes mantêm entre 0-25% das carteiras em Renda Variável.

Os fluxos dos fundos de investimento, segundo os dados da ANBIMA, mostram uma história semelhante. Os fundos de ações continuam observando saques expressivos, assim como os fundos multimercados e de renda fixa. Em 2023, os fundos de ações já tiveram R$24 bilhões de saques, enquanto os fundos multimercados tiveram saques de R$37 bilhões. Em 2022, os fundos de ações tiveram R$27 bi de saques, enquanto fundos multimercados tiveram R$88 bi de saques líquidos.

Ou seja, o investidor brasileiro segue retirando recursos de ativos de risco, em meio à alta de taxas de juros e aumento das incertezas.

Fontes: XP Research, ANBIMA

No Brasil, acreditamos que a margem de segurança dos ativos brasileiros seja elevada, o que corrobora com o nosso otimismo. O que isso quer dizer? Que os ativos de risco no Brasil (câmbio, juros e Bolsa) seguem negociando com um grande desconto em relação ao seu histórico, em relação aos seus pares de mercados emergentes, e em relação ao seu valor intrínseco.

Na última semana, os ativos brasileiros tiveram uma sólida performance, ajudados por dados de inflação (IPCA) que vieram melhores que o esperado. A Bolsa subiu +5,4% em Reais e +8,2% em Dólares, na medida em que o Real apreciou 3% em relação ao Dólar. Além disso, a curva DI caiu 0,3%, precificando juros menores adiante.

Bolsa descontada em relação à renda fixa

Mostramos abaixo uma comparação do Equity Risk Premium (ERP) da Bolsa americana e da Bolsa Brasileira. Utilizamos a diferença do rendimento (yield) da Bolsa em relação às taxas de juros reais de longo prazo. Um número alto indica que a Bolsa está barata em relação à taxa de juros, enquanto um número baixo indica que a Bolsa está cara em relação à taxa de juros atual.

Como vemos nos gráficos, mesmo com o aumento dos juros que vimos no Brasil, a Bolsa brasileira ainda assim se mostra atrativa. O mesmo já não é verdade para o S&P500, que está com um prêmio de risco (ERP) menor que a média histórica recente, indicando que a Bolsa por lá não está tão atrativa em relação à renda fixa americana.

Fonte: XP Research

Como se posicionar?

Como escrevemos no relatório recente 100 dias de 2023: Onde Investir, o cenário Macro no Brasil e no mundo ainda é incerto. Os riscos de recessão no mundo aliado às incertezas Macro no Brasil fazem com que os investidores sigam cautelosos com os ativos de risco. Para ler as nossas visões atualizadas sobre a Bolsa brasileira, assim como as nossas carteiras recomendadas, acesse o Raio XP da Bolsa.

Porém, é importante lembrar que nos cenários de maior incerteza é justamente quando as melhores oportunidades de alta geração de retorno futuro ocorrem. Além disso, como mostramos, alguns ativos mostram uma margem de segurança maior que outros no momento, como a Bolsa brasileira em relação à Bolsa americana.

Concluindo, a diversificação em diferentes classes e com uma seleção criteriosa de ativos de qualidade segue sendo a melhor estratégia para navegar nesse cenário de elevadas incertezas.

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