Desmitificando ESG

Apesar de o tema não ser totalmente novo, a intensidade como ele vem sendo tratado é. Visto sobre outras óticas e nomenclaturas, a forma de conectar investimentos com sustentabilidade veio para ficar. Nosso objetivo é fazer dessa conexão uma jornada esclarecedora, rica em conteúdos de qualidade para facilitar as decisões e contribuir na formação da sua opinião, caro leitor.

Sabemos que há ainda um vácuo enorme a ser preenchido, principalmente da perspectiva dos investidores. É como se dentro de uma caverna uma labareda estampasse, por muito tempo, uma realidade parcial em que o lucro das empresas ocorresse a qualquer custo, sem avaliação de riscos, sem contrapartidas, sem uma visão clara de longo prazo, sem pensar no entorno.

Quem se acostumou a esse modus operandi raramente acreditaria em quem enxergasse o lado de fora da caverna, nos tempos atuais, onde a sustentação de um negócio se baseia em pilares holísticos que vão muito além dos resultados financeiros de curto prazo.

O descrédito sobre a incorporação ESG nos negócios e nos investimentos mostra um abismo no Brasil em relação aos investimentos, mas também uma oportunidade. Em uma pesquisa interna identificamos que 80% dos investidores sabem muito pouco ou nada sobre o termo ESG. Outro dado importante da pesquisa confirma a desconfiança do brasileiro nas instituições ao levar 35% dos investidores a responderem que esse seria o principal entrave para investir no mercado ESG, seguido de uma crença de menor retorno financeiro (32%).

Mas, ora, do que adianta uma operação lucrativa com riscos ambientais severos – qual a sustentabilidade desse negócio a longo prazo? Ou qual o sentido de construir um projeto beneficiado por corrupção ou uma cadeia de produção calcada em trabalho análogo à escravidão? Riscos gigantescos como esses, que já vimos nos noticiários, só terão espaço para quem persistir em tapar os olhos ou enxergar pelas sombras.

Leia mais:

• A Era do ESG: Investimentos além do lucro
• Como incorporar o ESG?
• Investimentos sustentáveis e rentáveis

Somos responsáveis pelo o que fazemos com o nosso dinheiro e os impactos que ele gera. Quando consumimos um produto ou contratamos um serviço estamos fazendo escolhas e decidindo nosso posicionamento. As escolhas que fazemos hoje afetam nosso futuro em amplo sentido. Cabe tanto às empresas quanto aos investidores e consumidores desempenharem os seus papéis e maximizarem as oportunidades de gerar impactos positivos.

Ainda há pouca informação no Brasil e, portanto, há um espaço enorme para crescermos em termos de conteúdo, consciência, educação e engajamento no tema. E, a partir de hoje, com a estreia desta coluna, temos a missão de trazer a conexão entre meio ambiente, sociedade, empresas e investidores, fazendo-lhe um convite a sair desta caverna rumo a um ecossistema que traga mais luz em meio à atual escuridão.

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