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Michael Burry: aquele que previu a crise de 2008 

De médico a economista, Michael Burry foi protagonista de uma das mais impactantes previsões de crise no mercado dos investimentos.

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Michael Burry: aquele que previu a crise de 2008 

Michael Burry, é um economista e médico que conseguiu prever a bolha dos subprime de 2008 e assim lucrar quase 1 bilhão de dólares com a maior crise econômica da história.  

Em toda guerra há vencedores e perdedores. Mas nas crises, os vencedores cabem nos dedos de uma mão. Nesses casos, a história é tão singular, que ela é digna de virar livro e filme, marcando seu lugar na história. 

Com sua previsão, Burry tornou-se, assim, um dos principais personagens do livro “The Big Short” (A Jogada do Século), de Michael Lewis, que contou a história dos vencedores da crise, e foi interpretado por Christian Bale no filme de mesmo nome (porém, em português, “A Grande Aposta”). 

Saiba mais sobre Michael Burry neste conteúdo e veja as opiniões do investidor sobre alguns assuntos polêmicos no mercado financeiro atual. 

Quem é Michael Burry? 

Natural de San José, no estado da Califórnia, EUA, Michael Burry passou por uma cirurgia para retirada de um câncer que acabou resultando na perda do seu olho esquerdo. Esse acontecimento acabou por moldar boa parte de sua personalidade. 

O menino de um olho só, como Michael Lewis apelida em seu livro, era socialmente distante, com dificuldades de se encaixar na escola ou faculdade. Mais tarde foi diagnosticado com bipolaridade e com leves sinais da Síndrome de Asperger, uma condição semelhante ao autismo que dificulta a interação social, mas torna o diagnosticado muito mais adaptável e rápido a absorver conhecimentos. 

Seus hobbies eram majoritariamente solitários, como a música e esportes individuais, principalmente a natação, como enfatizado em algumas cenas no filme em que Christian Bale interpreta Michael. 

Recorte de cena do filme "The Big Short" em que o ator Christian Bale representando o personagem de Michael Burry olha espantado para a tela do computador.

Qual a formação de Michael Burry? 

Outro hobby importante de Michael era o mercado financeiro, em que acompanhava constantemente e, posteriormente, começou a investir. Esse interesse o levou a estudar Economia na Universidade da Califórnia em Los Angeles, a famosa UCLA. 

Após formar-se como economista, ingressou no curso de Medicina na Universidade Vanderbilt, no Tennessee. Voltou para a Califórnia e especializou-se em Neurologia e Patologia em Stanford.  

Porém o mercado financeiro continuou na vida de Michael, que operava nos intervalos entre seus plantões, além de participar ativamente de fóruns especializados no assunto. 

Na Medicina, Michael não se encontrava. Achava a rotina entediante e a dificuldade com pessoas só prejudicava mais o seu progresso. Ao perder o pai por um erro de diagnóstico de câncer, decidiu abandonar a faculdade de Medicina e focar no que realmente tinha paixão, o mercado financeiro. 

Como Michael Burry começou a investir? 

Em 2000, com uma dívida de US$ 145 mil do seu financiamento estudantil e fora da faculdade de Medicina, Michael Burry fundou o Scion Capital, seu fundo de investimentos. Juntou suas economias de US$ 40 mil, mais US$ 50 mil de sua mãe e irmão, e assim começou sua carreira como gestor. 

Apesar de estrear como gestor, Burry era famoso entre quem acompanhasse o mercado financeiro de forma mais assídua. Suas análises e textos em fóruns e sites especializados chamavam a atenção

Assim, nos primeiros meses o fundo se destacou e recebeu um investimento de US$ 1 milhão do Gotham Capital, fundo criado por Joel Greenblatt, famoso gestor de hedge funds de Wall Street. Michael Burry seguiu impressionando e recebendo mais investimentos. 

Qual era o método de gestão de Michael Burry? 

Com método de gestão incomum, Michael Burry trabalhava sozinho em seu escritório na Califórnia, descalço e com roupas confortáveis. Avesso a comunicação, restringia suas conversas com investidores a e-mails e cartas

Mas, com desempenho cada vez melhor, era impossível questionar o trabalho de Burry. No primeiro ano completo do fundo, o Scion registrou 55% de valorização contra uma queda de 12% do S&P500.  

E essa tendência se manteve consistente nos anos seguintes, acumulando 242% de valorização em cinco anos, enquanto o mercado americano caía quase 7%. 

Como Michael Burry ganhou dinheiro? 

Em 2001, primeiro ano completo de funcionamento, seu fundo teve uma valorização de 55%, ao passo que o índice de ações S&P 500 caiu 11,88%. O sucesso continuou nos anos seguintes.  

Já em 2002, o Scion subiu 16%, e o S&P 500 recuou 22,1%; em 2003, o indicador avançou 28,69%, mas o fundo teve ganhos ainda maiores, de 50%.  

De acordo com o livro de Lewis, no final de 2004, Michael Burry administrava US$ 600 milhões. Em meados de 2005, quando o mercado de capitais nos Estados Unidos registrava uma queda de 6,84% no acumulado de cinco anos, seu fundo registrava valorização de 242% desde sua fundação, e ele já se dava ao luxo de recusar investidores. 

Além do seu comportamento nada usual como gestor, o fundo também funcionava diferente do que se via habitualmente. O contrato incluía cláusulas que permitiam que Michael bloqueasse saques por tempo determinado. 

Em que Michael Burry investe? 

Em novembro de 2022, Michael Burry registrou seu 13F para o quarto trimestre com cinco novas empresas adicionadas à sua carteira. 

O investidor acrescentou novas participações em: 

  • Aerojet Rocketdyne Holdings Inc. (NYSE:AJRD),  
  • Charter Communications (NASDAQ:CHTR) (BVMF:CHCM34), 
  • CoreCivic (NYSE:CXW) 
  • Liberty Latin America Ltd (NASDAQ:LILAK), e  
  • Qurate Retail Group, Inc. (NASDAQ:QRTEA). 

De acordo com o arquivamento, Michael Burry adquiriu 724.895 ações da operadora prisional CoreCivic, no valor aproximado de US$ 7,8 milhões. Ele também acrescentou cerca de 1,5 milhões de ações à sua posição na Geo Group (NYSE:GEO), outra empresa prisional, valendo atualmente o total de US$17,3 milhões, a maior participação de sua carteira.  

Qual foi a sacada de Michael Burry? 

Adepto do value investing de Benjamin Graham, Michael estudava seus investimentos de forma minuciosa. Por isso, normalmente se atentava a ações que causavam rejeição de primeira ou então pedaços do mercado que recebiam pouca atenção da maioria. 

Com o mercado em euforia pelas hipotecas, começou a estudar os papéis que se lastreavam nesse tipo de empréstimo, como os títulos de subprime. Passou dias e noites lendo esses prospectos, buscando entender como o sistema funcionava na essência

Observou cerca de dois anos antes que o mercado poderia colapsar com as taxas de inadimplência aumentando e os prazos de carência se aproximando.  

“Quem dava crédito geralmente vendia estes empréstimos para Wall Street, que o condensava em títulos lastreados em hipotecas, e assim repassando o risco para frente. Quem dava créditos, se preocupava cada vez mais com a quantidade de hipotecas e não a qualidade”, disse Burry em entrevista ao NY Times. 

Michael Burry passou a buscar oportunidades de apostar contra o mercado imobiliário, operando vendido ou “short” como é dito no jargão do mercado – por isso o nome do livro e do filme, The Big Short. No entanto, com o mercado cada vez mais aquecido e o otimismo tomando todas as frentes, era impossível fazer isso. 

A alternativa foram os títulos de CDS, sigla para credit-default swap. Esses contratos atuavam como um seguro em caso de calote de títulos de dívidas de empresas que também era usado como papel de especulação contra esses ativos. Na prática, se a entidade tomasse calote, o título se valoriza. Se não tomar calote, o valor do título vai a zero. 

Quanto Michael Burry ganhou em 2008? 

Burry calculou que a crise aconteceria em 2007, então ao decorrer de 2005 investiu US$ 750 milhões em CDSs. Isso gerou muito descontentamento por parte de seus investidores durante os dois anos de realocação completa.  

O gestor reduziu a operação de seu fundo, demitindo funcionários e se desfazendo de ativos importantes. Com investidores raivosos e ameaçando processos e saques, acionou a cláusula de bloqueio e se agarrou à sua previsão. 

Então no segundo semestre de 2007, aconteceu o crash. Com a venda dos títulos, Burry dobrou o capital investido, lucrando US$ 850 milhões. Em 2008 decidiu fechar o seu fundo e cuidar dos investimentos familiares, se tornando um dos nomes mais famosos do mercado. 

Em 2013 voltou ao mercado, com a gestora Scion Asset Management. Mas voltou a receber atenção por seus tweets alertando para novas bolhas. Já abordou assuntos como ETFs e até a bolha especulativa da GameStop. 

No entanto, os dois assuntos que mais chamaram a atenção foram suas declarações sobre Bitcoin e Tesla. Segundo ele, a Bitcoin é uma bolha especulativa que oferece mais riscos que oportunidades.  

Print de um tweet de Michael Burry com o seguinte texto: $BTC is a speculative bubble that poses more risk than opportunity despite most of the proponents being correct in their arguments for why it is relevant at this point in history. If you do not know how much leverage is involved in the run-up, you may not know enough to own it.

A Foto, acima, é uma reprodução disponível em LiveCoins (o tweet original foi apagado pelo próprio Michael Burry). Além disso, declarou que a Tesla estaria usando seus investimentos na criptomoeda como forma de desviar a atenção de alguns problemas que a empresa e o mercado de carros elétricos enfrentam.

Perfil de Michael Burry 

Confira algumas curiosidades sobre Michael Burry em relação a sua vida pessoal:   

  • Nome: Michael Burry 
  • Nascimento: 19 de junho de 1971 
  • Origem: San José (EUA) 
  • Fortuna: Não divulgada 
  • Ocupação: Investidor familiar 
  • Formação: Economia na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e Medicina na Universidade Vanderbilt, no Tennessee, especializando-se posteriormente em Neurologia e Patologia em Stanford, Califórnia. 
  • Famoso por: Prever o crash econômico de 2008 
  • Filmes sobre Michael Burry: A Grande Aposta (The Big Short) 
  • Livros sobre Michael Burry: A Jogada do Século, por Michael Lewis 

O que podemos aprender com Michael Burry? 

Michael Burry é um exemplo de gestor que sabe não teme se arriscar, porém o faz com muitos estudos e análises. Entre os principais aprendizados que podemos obter com o investidor estão: 

  1. É preciso questionar e olhar com cautela para se obter insights, não se deixe levar pelo movimento em massa; 
  1. Estude e entenda os conceitos do mercado financeiro, dos mais simples aos mais complicados, não tenha vergonha de aprender sempre; 
  1. Diversifique seus investimentos e analise com cuidado quem administrará sem dinheiro; 
  1. As boas oportunidades também aparecem em momentos de crise, basta observar com atenção o que está acontecendo no mercado. 

Agora que você já conhece a história de Michael Burry, investidor referência em previsões, não deixe de descobrir outros grandes nomes do mercado de investimentos. 

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