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Transportes: Feedback do Non-Deal Roadshow nos EUA e Europa

Interesse em CCR foi um Destaque; Europeus Mostraram o Maior Interesse no Brasil

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Realizamos um non-deal roadshow presencial nos EUA e na Europa. Embora pareça um consenso que os investidores estrangeiros são mais construtivos com as ações do Brasil em comparação com os locais (e notamos isso), vimos o maior otimismo entre os europeus (principalmente com as expectativas de reabertura da China). Em Transportes, os destaques foram (i) forte interesse pela CCR (um nome defensivo e sub-propriedade para aguardar taxas de juros mais baixas); (ii) Rumo está fora de preferência no curto prazo (apesar do forte momento operacional); e (iii) a Movida continua subponderada (apesar da queda das ações e dos altos juros vendidos).

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Ser negativo com o Brasil é quase “óbvio demais”. Os investidores estrangeiros reconhecem os riscos macro enfrentados pelas ações brasileiras: (i) incerteza da agenda fiscal; (ii) carga da reforma tributária sobre dividendos; e (iii) taxas de juros persistentemente altas. (1) Os investidores dos EUA têm algum grau de cautela, embora não tanto quanto os locais, pois vimos um clima de “dobrar, mas não quebrar”, como descreveu um investidor que espera um 2023 desafiador. (2) Os europeus mostram mais otimismo e parecem mais inclinados a aproveitar oportunidades de valuation baratos. Nós os vimos impressionados com o quanto os locais são negativos e construtivos sobre a reabertura da China, pois isso deve trazer fluxos para mercados emergentes em geral, principalmente para o Brasil, dados os benefícios diretos do país. Um investidor observou que o sentimento pode mudar rapidamente ao lembrar que já no segundo semestre de 2022 a China era vista como “não passível de investimento”, enquanto o Brasil atraía os fluxos estrangeiros.

O forte interesse pela CCR chamou nossa atenção. Enquanto mantemos uma recomendação Neutra para as rodovias brasileiras e vemos uma falta de gatilhos de ações, os investidores veem na CCR uma forma defensiva de apostar em taxas de juros mais baixas no Brasil (uma ação proxy de títulos que tende a ser resiliente em recessões econômicas). Enquanto alguns investidores locais veem no novo governo federal um risco potencial de aumento da concorrência no setor de rodovias, os estrangeiros veem um potencial para oportunidades saudáveis ​​de crescimento (uma vez que as grandes construtoras não são mais tão poderosas e não devem desempenhar um papel competitivo forte.

Rumo está fora de preferência no curto prazo. Discutimos a Rumo como uma de nossas principais escolhas no setor Transportes do Brasil, pois vemos um (i) forte momento operacional para 2023 (volumes fortes com yields alcançando a competitividade significativamente melhorada em relação a outros modais/rotas) e (ii) mais espaço para reavaliação de múltiplos além do forte crescimento do EBITDA de 23% em 2023. Embora os investidores não discordem de nossa visão estruturalmente positiva, eles mencionaram algumas preocupações:

  • Ferrogrão está de volta às manchetes: Atribuímos um pequeno risco à forte posição competitiva da Rumo no estado de Mato Grosso a partir da potencial construção desta ferrovia (principalmente devido à sua desafiadora viabilidade econômica, especialmente após o projeto de extensão da Rumo para Lucas do Rio Verde [Projeto LRV] tornou-se uma realidade). No entanto, alguns investidores argumentaram que, independentemente do projeto em andamento, o risco principal aumentou desde que o novo governo federal o incluiu como prioridade.
  • Incertezas sobre o novo governo federal. Embora nenhum risco específico tenha sido mencionado nesta frente, os investidores estão se perguntando se poderia haver alguma preocupação regulatória para a Rumo potencialmente decorrente da implementação do novo marco regulatório de autorização para ferrovias no Brasil.
  • Riscos para a safra de milho no 2S23. Embora seja consenso de mercado que as safras de soja e milho serão fortes no Brasil este ano, as recentes chuvas prolongadas em algumas regiões estão atrasando o período de colheita da soja e, consequentemente, o plantio de milho. Isso não significa necessariamente que a cultura do milho deva correr riscos, mas aumenta o risco de chuvas abaixo do ideal para quando o milho estiver plantado e crescendo. Neste momento, classificamos esse risco como baixo para os volumes gerais da Rumo em 2023 (e 2S23).
  • Operações e finanças levantaram algumas questões. Esperamos que a Rumo apresente seu guidance financeiro para 2023 durante a divulgação dos resultados do 4T22 (15 de fevereiro), e notamos os investidores esperando para este evento. Dado o recente aumento na orientação de capex para seu Projeto LRV (de R$ 9-11 bilhões para R$ 14-15 bilhões), alguns investidores mostram preocupação de que o guidance possa desapontar o mercado de alguma forma e ainda mostram algum desconforto com o FCF negativo da empresa. Esperamos que o consenso do EBITDA de 2023E de ~R$ 5,6 bilhões esteja dentro da faixa de orientação financeira fornecida pela Rumo e esperamos uma mensagem de disciplina em relação ao capex futuro.

Movida continua abaixo do peso. Apesar do baixo desempenho significativo das ações (com fortes rebaixamentos em relação aos múltiplos do setor) e dos altas posições vendidas a descoberto (25% do free float), os investidores internacionais permanecem negativos sobre o desempenho futuro das ações. Vimos tanto os hedge funds destinados a aumentar as posições curtas, quanto os detentores apenas de longo prazo inclinados a desfazer ainda mais as posições longas. A visão negativa dos investidores para o curto prazo se deve à expectativa de que os resultados continuem pressionados por mais alguns trimestres. Vimos investidores dispostos a permanecer no setor de aluguel de carros por meio da Localiza (devido ao bom momento competitivo), embora o setor não seja um consenso (devido às preocupações de demanda tanto da divisão de Rent-a-Car [RAC] quanto da divisão de Seminovos).

Outros temas que merecem destaque. Observamos: (1) Vamos é nossa principal escolha em Transportes, e foi bem recebida pelos investidores. No entanto, não vimos uma demanda marginal pelo nome, pois embora a maioria dos investidores concorde com nossa visão positiva, eles não veem uma razão clara para aumentar suas posições longas (exceto alguns investidores que estão mais otimistas com o momento do yield do 1S23 já que a empresa aluga seu estoque de caminhões EURO5 em um ambiente de disponibilidade de ativos EURO6 mais caros). (2) A Santos Brasil divide opiniões, pois (a) por um lado os investidores estão desapontados com os volumes fracos e (b) por outro lado, as notícias recentes do término da parceria MSC/Maersk deixaram os investidores mais otimistas sobre as renegociações de preços e possibilidades de fusões e aquisições. (3) As companhias aéreas brasileiras estão recebendo atenção no lado do crédito. Percebemos que os investidores estão jogando a recuperação da demanda aérea por meio de posições em crédito, que segundo eles está oferecendo upsides mais assimétricos do que nas ações. Vimos opiniões divergentes em termos de impulso, pois enquanto alguns investidores estão mais otimistas com a recuperação da demanda de negócios (com a diminuição dos formatos de trabalho home-office), outros esperam que as métricas operacionais de 2023 fiquem abaixo da orientação das empresas.

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