A Cosan divulgou seus resultados do 2T23, com queda do EBITDA impulsionado pela Raízen, com Compass entregando mais um resultado estável e parcialmente compensado por Moove e Rumo, surpreendendo positivamente. Apesar do pequeno aumento na alavancagem (2,1x para 2,4x excluindo a aquisição da Vale), o nível atual permanece controlado, o custo da dívida é baixo e, após as novas emissões de dívida, a liquidez é confortável (R$ 5,4 bilhões em posição de caixa). Isso dá ao grupo poder de fogo suficiente para buscar oportunidades de crescimento em seu vasto portfólio. Ainda que pequena e com detalhes pendentes, damos as boas-vindas à mais nova aquisição da Compass, permitindo à empresa dar seu primeiro passo no biometano, um mercado cheio de potencialidades e sinergias com seus negócios. Mantemos nossa recomendação de compra.
Destaques Pro-Forma do Consolidado Financeiro (100% de todos os negócios e 50% da Raízen): O EBITDA ajustado foi de R$ 4,4 bilhões (-27% T/T, +2% A/A), impulsionado principalmente pela Raízen (mas seu EBITDA do 1T23 foi inflado por créditos fiscais não recorrentes). A Dívida Líquida (ex IFRS 16), ficou em R$ 38 bilhões (+25% T/T) em 2x EBITDA ajustado (acima de 1,7x no 4T22), devido à maior alavancagem da Raízen e à desvalorização das ações da Vale. Excluindo os efeitos da Vale da alavancagem, a alavancagem pro forma da Cosan teria sido de 2,4x (vs. 2,1x no 1T23)
Cosan Oito: O veículo da Cosan para investir na participação na Vale não esta mais alocado dentro do Corporativo. A dívida bruta total (incluindo valor de resgate financeiro de ações preferenciais e marcação à mercado de derivativos) atingiu R$ 16,7 bilhões contra uma posição de marcação à mercado em ações da Vale de R$ 14,2 bilhões.
Corporativo: As despesas gerais e administrativas corporativas totalizaram R$ 84 milhões (+8% T/T, +21% A/A), explicadas pela concessão de novos planos de remuneração de longo prazo no início do ano, bem como pela inflação do período. As outras despesas operacionais ajustadas totalizaram R$ 21 milhões no 2T23, compostas principalmente por despesas legais e contingências fiscais. A holding arrecadou R$ 230 milhões em dividendos e juros sobre capital próprio. O custo médio ponderado da dívida da Cosan Corporate no trimestre foi de CDI + 1,5%, com prazo médio de 5 anos. Principalmente devido à emissão de dívida (líquida de R$ 4,6 bilhões), a holding encerrou o trimestre com R$ 5,4 bilhões em caixa.
Rumo (resultados divulgados em 11 de agosto): De acordo com a equipe de Transportes da XP, o EBITDA de R$ 1,45 bilhão da Rumo implicou um forte desempenho tanto no comparativo anual (+29% em base comparável) quanto no trimestre (+23% com os altos níveis de roubo do 1T normalizados), embora ligeiramente abaixo das expectativas do XP e do mercado (-5% vs. XPe). A empresa divulgou uma revisão de guidance de FCF líquido para o ano fiscal de 2023, abrangendo: (i) volumes de 76-78 bilhões TKU (-6% contra 80-83 bilhões); (ii) EBITDA ajustado de R$ 5,4- 5,7 bilhões (-1% de 5,4-5,8 bilhões); e (iii) capex de R$ 3,6-3,8 bilhões (de 3,6-4,0 bilhões). Sólidos yields no 1S23 (o que vemos como uma boa indicação para o ano fiscal de 2023). Além disso, verificações de canal da equipe de Transportes da XP indicam fortes perspectivas de precificação de transporte de grãos para 2024 (com a comercialização de frete ferroviário começando a ocorrer a partir de 23/08). Portanto, eles acreditam que os preços mais baixos do diesel serão mais do que compensados por um cenário oferta e demanda apertado. Veja mais detalhes na nota: Rumo (RAIL3): Tracker Mensal de Ferrovia – Dados de Volume de Julho 2023 & Resultados do 2T23
Raízen (resultados divulgados em 14 de agosto): De acordo com a equipe Agri, F&B da XP, a Raízen reportou um trimestre abaixo do esperado com EBITDA ajustado (ex-créditos fiscais) em R$ 1.785 milhões (-48% A/A e -25% vs. XPe), com melhora parcial em Açúcar – a empresa decidiu segurar as vendas e construir estoques (+38% A/A). As energias renováveis permanecem sob pressão devido a uma política de preços de combustível pouco clara, enquanto a Mobilidade foi prejudicada pelas frequentes mudanças nos preços do gás, além do excesso de oferta de diesel. Vemos muitas partes caminhando na direção certa: melhores rendimentos de cana-de-açúcar, usinas E2G, preços mais altos do açúcar e prêmios mais altos para o etanol. No entanto, as perspectivas macro permanecem incertas e a recuperação das margens no curto prazo é certa, enquanto o ND/EBITDA (ex-créditos fiscais e efeito paralisação da refinaria argentina) atingiu um nível desconfortável de 3,0x. A equipe está ansiosa para ver a nova planta da E2G em operação até set/23, o que pode marcar uma nova fase para a empresa. Veja mais detalhes na nota Raízen (RAIZ4) – Resultados do 1T24 (ano fiscal 2T23): abaixo do esperado - Vemos muitas iniciativas na direção certa, embora a perspectiva macro permaneça incerta
Moove: Os volumes cresceram +5% no trimestre devido ao aumento da participação de mercado no Brasil (atingindo um recorde de 19,7%), mas a receita líquida expandiu em um ritmo mais lento (-3% no trimestre) devido aos preços unitários mais baixos. Em suma, O EBITDA ajustado foi de R$ 302 milhões (+10% T/T) com margens saudáveis (12%), melhorando em relação ao trimestre anterior (mg em 11%).
Cosan Investimentos: O EBITDA atingiu R$ 174 milhões (+47% T/T, +66% A/A), sendo o principal componente o arrendamento de propriedades agrícolas do segmento de Terras. O crescimento do EBITDA também reflete a consolidação da Tellus e Janus no 2T23. Ao final do trimestre, o portfólio de terrenos administrados era avaliado em R$ 14,2 bilhões, e a parcela correspondente à participação da Cosan em R$ 4,2 bilhões.
Compass: volumes menores em geral, mas EBITDA se mantendo estável. Na Comgás, os volumes caíram 9% A/A, mostrando uma tendência semelhante ao trimestre anterior, impactados pela desaceleração nos segmentos industrial (-9%) e automotivo (-37%) parcialmente compensados pelo segmento residencial. O EBITDA (R$ 884 milhões) cresceu 4% A/A e 3% T/T, devido a um melhor mix (maior participação residencial). Para as demais distribuidoras, o EBITDA ex-eequivalênica patrimonial (R$ 121 milhões, da Sulgás e GasBrasiliano) aumentou 30% no T/T, e a equivalência recebida das distribuidoras não controladas (R$ 61 milhões) aumentou 16% no T/T. Como resultado, o EBITDA da Compass de R$ 968 milhões (+1% T/T e +10% A/A) ficou em linha com a expectativa da XP (+0,2%) e ficou principalmente dentro da faixa de guidance (1S23 anualizado R$ 3,8 bilhões vs guidance de R$ 3,8/4,1 bilhões para o ano inteiro), assim como o CAPEX de R$ 506 milhões, totalizando R$ 1 bilhão para o 1S23 (R$ 2 bilhões anualizados vs faixa de guidance de 2023 de R$ 1,9/2,2 nm). O fluxo de caixa livre ficou sólido em R$ 432 milhões e a Dívida Líquida/EBITDA permaneceu controlada, em 1,1x.
A Compass também divulgou fato relevante informando que a empresa celebrou contrato para aquisição de participação no capital social da Biometano Verde Paulínia (“NewCo”), subsidiária da Orizon Valorização de Resíduos S.A. (“Orizon VR”), investindo inicialmente R$ 235 milhões (R$ 100 milhões de aporte de capital, R$ 135 milhões como tranche secundária) por 51% do capital e controle da empresa. Uma obrigação secundária adicional de até R$ 120 milhões está condicionada à entrega de um maior volume de biogás pela OrizonVR. A NewCo vai investir no desenvolvimento de uma planta de purificação de biometano, com produção de até 180 mil m3/dia, podendo chegar a 300 mil m3/dia, com o biogás gerado pelo aterro sanitário Ecoparque Paulínia da OrizonVR ao longo de 20 anos. A planta está prevista para entrar em operação em 2025 com um investimento estimado de até R$ 450 milhões. Embora seja um pequeno movimento para a Compass, sentimos que este pode ser o primeiro de uma série de movimentos neste mercado ainda nascente (mas com muito potencial), com muitas sinergias a explorar com suas novas atividades de comercialização de gás. Citando a análise da equipe de utilities da XP, “O potencial de geração de biometano no Brasil é vasto e subexplorado”. O potencial de produção de biogás no Brasil é de aproximadamente 32 milhões de m³/ano, mas hoje menos de 2% desse valor é explorado (veja nota completa, Três Razões para Comprar ORVR).
Nossa opinião: a Cosan divulgou seus resultados no 2T23, com queda do EBITDA impulsionada pela Raízen, com Compass entregando outro resultado estável e parcialmente compensado por Moove e Rumo surpreendendo positivamente. Apesar do pequeno aumento na alavancagem (2,1x para 2,4x excluindo a aquisição da Vale), o nível atual permanece controlado, o custo da dívida é baixo e, após as novas emissões de dívida, a liquidez é confortável (R$ 5,4 bilhões em posição de caixa). Isso dá ao grupo poder de fogo suficiente para buscar oportunidades de crescimento em seu vasto portfólio. Ainda que pequena e com detalhes pendentes, damos as boas-vindas à mais nova aquisição da Compass, permitindo à empresa dar seu primeiro passo no biometano, um mercado cheio de potencialidades e sinergias com seus negócios. Mantemos nossa recomendação de compra.
Resultados da Cosan
Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!