Neste relatório, apresentamos nossa análise dos resultados do 2T23 para Cyrela (CYRE3), Even (EVEN3), EZTec (EZTC3), Melnick (MELK3), Plano&Plano (PLPL3) e Trisul (TRIS3). Observamos resultados mistos no segmento de média/alta renda, com a maioria das empresas ainda relatando pressão sobre a margem bruta, embora o desempenho operacional encorajador no 2T tenha ajudado a aumentar as receitas líquidas. O segmento de baixa renda apresentou desempenho acima da média, com forte crescimento na receita líquida e rentabilidade robusta. Cyrela se destacou positivamente no 2T23, com receita líquida e lucro líquido aumentando significativamente (+31% e +85% em relação ao 2T22, respectivamente). Também destacamos Plano&Plano, com um notável crescimento na receita líquida (+43% A/A) e margem bruta atingindo 35,9% (+9,8 p.p A/A).
Cyrela (CYRE3) | Resultados sólidos com lucro líquido acima de nossas estimativas
A Cyrela apresentou resultados sólidos no 2T23. A receita líquida aumentou significativamente no trimestre, atingindo R$ 1,63 bilhão (+31% A/A e +27% T/T), levemente acima de nossas estimativas (+2% vs. XPe), impulsionada por um impressionante desempenho operacional, com lançamentos aumentando 52% A/A sustentando um robusto crescimento das vendas líquidas (+45% A/A), o que auxiliou no reconhecimento da receita.
Observamos uma aceleração na margem bruta no 2º trimestre, atingindo 32,3% (+100 bps A/A e +150 bps T/T), superando nossas estimativas em 40 bps, impulsionada principalmente por uma participação mais forte do segmento de alta renda nos lançamentos do 2T23 (R$ 1,8 bilhão; +58% A/A), contribuindo para um mix de projetos com margens mais altas em comparação com os lançamentos de 2022. A Cyrela também registrou despesas comerciais mais altas no trimestre (+22% A/A) devido ao aumento dos lançamentos, mas compensadas pelo sólido crescimento da receita líquida, resultando em uma diluição das despesas de venda (9,5% da receita líquida no 2T23 versus 10,2% no 2T22).
Destacamos o lucro líquido atingindo R$ 279 milhões (+85% A/A e +71% T/T), acima de nossas estimativas em 11%, suportado pela combinação mencionada anteriormente de maiores receitas e sólida rentabilidade. Além disso, ressaltamos o desempenho mais forte das joint ventures (impactos positivos de R$ 73 milhões) e a venda das ações da Cury (impacto líquido positivo de R$ 65 milhões), também contribuindo para o crescimento do lucro líquido.
Como resultado, a margem líquida atingiu níveis robustos de 17,1% (+5,0 p.p. A/A), sustentando um ROE (últimos 12 meses) de 13,8% (80bps acima de nossas estimativas). Além disso, a Cyrela registrou uma geração de caixa de R$ 22 milhões (queima de caixa de R$ 12 milhões excluindo efeitos não recorrentes) em comparação com uma queima de caixa de R$ 35 milhões no 1T23. Portanto, reiteramos nossa preferência pela Cyrela no segmento de média/alta renda, com uma classificação de compra e um preço-alvo de R$ 26,0 por ação.
Figura 1: Resultados da Cyrela em números
Even (EVEN3) | Receita líquida crescendo, mas margem bruta continua sob pressão
Destacamos o aumento da receita líquida para R$ 759 milhões (+13% A/A e +21% T/T), superando nossas estimativas em 6%, principalmente devido: (i) ao forte desempenho das vendas líquidas (+24% A/A), impulsionado por lançamentos mais expressivos em São Paulo; e (ii) maior presença de projetos de alta renda nos lançamentos do 2T23 (3 projetos, com um ticket médio de cerca de R$ 3 milhões), ajudando o reconhecimento inicial de receita devido à maior relevância dos terrenos na composição dos custos.
No lado negativo, a margem bruta permaneceu sob pressão, atingindo 21,2% (-170bps. A/A e -80bps. T/T), abaixo de nossas estimativas em 120bps, e impactada pela margem bruta nas operações de São Paulo (Even ex-Melnick), alcançando 21,3% (-3,3 p.p. A/A e -5,3 p.p. T/T), ainda prejudicada por maiores descontos nas vendas de estoque.
O lucro líquido teve um desempenho em grande parte estável, atingindo R$ 56 milhões (-4% A/A e +2% T/T), ligeiramente acima de nossas estimativas (+4% vs XPe), em grande parte devido à menor margem bruta, apesar do (i) aumento da receita líquida no trimestre; e (ii) maiores resultados financeiros (+42% T/T). Dito isso, o ROE (anualizado) diminuiu para 11,1% (-110 p.b. A/A e -10 p.b. T/T). Por fim, o consumo de caixa atingiu R$ 92 milhões (em comparação com um consumo de caixa de R$ 58 milhões no 1T23).
Figura 2: Resultados da Even em números
EZTEC (EZTC3) | Resultados positivos com lucro líquido mais forte que o esperado
A EZTEC apresentou resultados positivos no 2T23, em grande parte impulsionados por um lucro líquido mais forte do que o esperado.
Observamos um desempenho de receita líquida em grande parte estável, atingindo R$ 243 milhões (estável A/A e -3% T/T), ligeiramente abaixo de nossas estimativas (-3% vs XPe), explicado por: (i) cancelamento de vendas no projeto Parque da Cidade (R$ 27 milhões no 2T23); e (ii) maior presença de projetos com resultados reconhecidos por meio de equivalência patrimonial.
A margem bruta aumentou gradualmente (embora mantendo-se abaixo dos níveis históricos), atingindo 32,4% (+4,0 p.p. T/T e -2,3 p.p. A/A), superando nossas estimativas em 120bps, explicado por: (i) menor impacto do projeto Parque da Cidade; e (ii) menor representação de projetos com margem bruta mais baixa (lançamentos de 2020/2019) no mix de receitas, o que deve impulsionar um crescimento gradual da margem bruta olhando para frente.
Destacamos uma equivalência patrimonial mais forte, atingindo R$ 50 milhões (+107% A/A e +188% T/T), explicada por (i) impacto positivo de R$ 16 milhões das entregas de projetos; e (ii) reconhecimento inicial de receita do Park Avenue e Jota by Lindenberg.
Ressaltamos que o lucro líquido atingiu R$ 75 milhões (-9% A/A e +78% T/T), devido a uma combinação de: (i) equivalência patrimonial mais forte; e (ii) resultados financeiros acima do esperado, atingindo R$ 23 milhões (em relação às nossas estimativas de R$ 13 milhões), embora a dinâmica do IGP-DI mais baixa tenha pressionado os juros sobre as contas a receber.
Figura 3: Resultados da EZTEC em números
Melnick (MELK3) | Resultados mistos com margens ainda sob pressão
A Melnick apresentou resultados mistos, em grande parte alinhados com nossas estimativas no 2T23, explicados pela redução da receita líquida e a margem bruta ainda sob pressão.
A receita líquida diminuiu no trimestre, atingindo R$ 242 milhões (-21% A/A e -19% T/T), em grande parte em linha com nossas estimativas (-2% vs XPe), impactada por menores vendas líquidas (-61% A/A) devido à ausência de lançamentos no trimestre, embora ressaltemos uma comparação mais difícil em relação ao 1T23 devido à realização do Melnick Day naquele trimestre.
A margem bruta melhorou para 21,1% (+0.1 p.p. A/A e +4,0 p.p. T/T), ligeiramente acima de nossas estimativas (+10 p.b. vs XPe), mas ainda sob pressão, prejudicada por um nível mais alto de descontos em unidades de estoque pronto, na nossa visão.
O destaque negativo foi o lucro líquido, atingindo R$ 22 milhões (-27% A/A e +8% T/T), ligeiramente acima de nossas estimativas (+4% vs XPe), mas principalmente afetado por (i) compressão de margens; e (ii) despesas maiores de G&A, representando 6% das receitas líquidas em comparação com 5,4% no 1T23, apesar de um aumento nos resultados financeiros (+112% T/T). Finalmente, a Melnick relatou uma geração de caixa operacional de R$ 21 milhões (em comparação com uma geração de caixa de R$ 6,4 milhões no 1T23).
Figura 4: Resultados da Melnick em números
Plano&Plano (PLPL3) | Expansão notável da receita líquida resultando em lucro líquido robusto
A Plano&Plano apresentou resultados impressionantes no 2T23, com uma sólida combinação de crescimento e lucratividade.
A receita líquida teve um notável crescimento, atingindo R$ 486 milhões (+43% A/A e +24% T/T), superando nossas estimativas em 5%, sendo principalmente impulsionada por: (i) vendas líquidas recorde no trimestre (+53% A/A); e (ii) reconhecimento robusto da sólida receita a aproria que a empresa tem apresentado nos últimos trimestres, atingindo R$ 764 milhões no 2T23 (+95% A/A), com uma taxa de crescimento trimestral composta de 16% desde o 1T22.
A margem bruta teve um desempenho robusto, atingindo 35,9% (+9,8 p.p. A/A e -0,2 p.p. T/T), superando nossas estimativas em 50 bps, impulsionada por: (i) controle consistente de orçamento, com a inflação interna da P&P 52bps abaixo do INCC nos últimos 12 meses; e (ii) aumentos de preços consistentes (11,2% A/A). Ressaltamos que a margem REF atingiu 40,3% no trimestre (+200bps T/T), o que deve continuar a sustentar margens brutas fortes olhando para frente.
Destacamos que o lucro líquido atingiu R$ 69 milhões (+257% A/A e +69% T/T), acima de nossas estimativas em 8%, devido à combinação mencionada anteriormente de receitas mais altas e forte rentabilidade. Como resultado, o ROE (últimos 12 meses) aumentou significativamente para 46,3% (+12,1 p.p. A/A e +7,4 p.p. T/T), atingindo níveis robustos de retorno, o que vemos como um impulsionador da nossa tese para a Plano&Plano. Dito isso, reiteramos nossa recomendação de compra para PLPL3 com um preço alvo de R$ 12,50 por ação.
Figura 5: Resultados da Plano&Plano em números
Trisul (TRIS3) | Resultados positivos impulsionados por sólido crescimento na receita líquida
A Trisul apresentou resultados positivos no 2T23. A receita líquida aumentou no trimestre, atingindo R$ 267 milhões (+27% A/A e +10% T/T), principalmente impulsionada por um forte desempenho das vendas líquidas, alcançando R$ 301 milhões (+56% A/A), impulsionado pelas vendas de estoque.
Por outro lado, a margem bruta permaneceu sob pressão, atingindo 23,9% (-7,6 p.p. A/A e -0,4 p.p. T/T), abaixo de nossas estimativas em 70bps, e impactada negativamente por maiores descontos nas vendas de estoque. No entanto, a margem REF atingiu 35,5% (+70bps A/A), o que vemos como uma indicação positiva de uma possível recuperação da margem bruta à medida que as vendas dos novos lançamentos ganham relevância na demonstração de resultados.
Além disso, o lucro líquido atingiu R$ 29 milhões (+40% A/A e +6% vs XPe), também beneficiado pelo aumento da equivalência patrimonial (+81% A/A). No entanto, o ROE (últimos 12 meses) manteve níveis mais baixos, atingindo 6,9% (-130bps A/A).
Figura 6: Resultados da Trisul em números
Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!