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Sinais recentes do mercado de trabalho

O agravamento da pandemia pesou sobre os dados do mercado de trabalho em março e abril, mas há expectativa de recuperação nos próximos meses.

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As duas principais pesquisas sobre o mercado de trabalho brasileiro – PNAD Contínua e CAGED – foram destaques da agenda econômica nesta semana.

Publicada na última quinta-feira (27/05), a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE apresentou taxa de desemprego de 14,7% no 1º trimestre de 2021, resultado em linha com nossa expectativa. Excluídas as influências da sazonalidade, entretanto, calculamos ligeiro recuo da taxa de desocupação, de 14,1% no trimestre móvel encerrado em fevereiro para 14,0% no trimestre findo em março. As estatísticas oficiais da PNAD são divulgadas com base em médias trimestrais.

Por isso, adotamos técnicas para “mensalizar” as séries de dados da PNAD, o que geralmente traz informações mais apuradas sobre a variabilidade de curto prazo dos indicadores de emprego e renda. Com base em nossas estimativas mensais, a taxa de desemprego brasileira subiu de 14,1% em fevereiro para 14,4% em março, após ajuste sazonal. Conforme esperado, as categorias de emprego informal acompanhadas pela PNAD registraram perdas adicionais em março, como reflexo do aperto das medidas de distanciamento social adotadas para enfrentamento à pandemia – segundo nossas contas, o total de ocupações sem carteira assinada contraiu cerca de 2% entre fevereiro e março. Em linhas gerais, a população ocupada brasileira segue em patamares muito aquém dos registrados no período anterior à pandemia (8% abaixo, segundo nossos cálculos).

Em relação aos dados de população empregada por setor, observamos desempenhos heterogêneos em março. Pelo lado positivo, destacamos o aumento da mão de obra na Agropecuária, como reflexo de safras agrícolas recordes e maior demanda internacional por commodities. Por outro lado, o setor de Alojamento e Alimentação mostrou redução do número de empregados, pois depende bastante da circulação de pessoas e foi impactado pelas restrições mais rígidas de mobilidade em março.   

Dado o grande contingente de pessoas desocupadas, os salários médios da economia permanecem em níveis deprimidos (de acordo com nossas estimativas, os rendimentos estão, em média, 1,5% abaixo dos patamares vistos no começo de 2020). Já a massa agregada de salários, que combina salário médio com população empregada, encontra-se cerca de 9% abaixo dos números observados antes da deflagração da crise sanitária. Vale mencionar, contudo, que os rendimentos médios cresceram entre fevereiro e março.

Apesar dos resultados fracos da última PNAD, acreditamos que os principais indicadores do mercado de trabalho irão melhorar (de forma gradual) nos próximos meses. Tal expectativa parte da premissa básica de que o processo de reabertura econômica não sofrerá revezes significativos no curto prazo. E isso tem relação direta com os necessários avanços na campanha nacional de imunização contra a Covid-19.

Além da reabertura da economia, que impacta sobretudo os serviços prestados às famílias (intensivos em mão de obra), a reedição do programa governamental BEm – Benefício Emergencial para Preservação do Emprego e da Renda – também deverá contribuir para a melhoria das variáveis de emprego. De acordo com o Ministério da Economia, a nova rodada do BEm atingirá mais de 4 milhões de trabalhadores em 2021.

A propósito, o programa BEm parece ter sido importante para a resiliência do mercado de trabalho formal indicada pelos dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregos e Desempregados). Embora tal pesquisa tenha apresentado, na última quarta-feira (26/05), uma desaceleração no ritmo de criação líquida de vagas com carteira assinada (de 185 mil em março para 100 mil em abril), o quadro geral continuou relativamente favorável. No acumulado entre janeiro e abril, e já considerando os efeitos de sazonalidade, o saldo de empregos formais chegou a 750 mil. Com base nos dados desagregados, todos os principais setores produtivos exibiram, pelo décimo mês consecutivo, geração líquida de postos com carteira assinada, ainda que a um ritmo mais moderado.

Projetamos criação líquida de 1,75 milhão de ocupações com carteira assinada em 2021. Os empregos informais também devem exibir recuperação no segundo semestre, em linha com o aumento da mobilidade, mas a “normalização completa” tende a ocorrer em 2022.

Portanto, acreditamos que a taxa de desemprego encerrará 2021 em 13,4% (de 14,7% em 2020), após ajuste sazonal. Para o final de 2022, vemos a taxa de desocupação atingindo 11,8%.  

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