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Vendas de supermercados crescem em março e suavizam queda do varejo total

O comércio varejista contraiu em março, mas (muito) menos que o previsto, graças à resiliência das vendas de supermercados. Esperamos que os próximos dados mensais apresentem recuperação disseminada das atividades varejistas, em linha com a flexibilização das restrições de mobilidade.

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Os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) referentes a março, divulgados pelo IBGE na manhã de sexta-feira (07/05), surpreenderam positivamente (e bastante) as expectativas do mercado. O volume de vendas no varejo restrito exibiu queda de 0,6% em relação a fevereiro, já descontados os efeitos da sazonalidade. Esperávamos recuo ao redor de 4% no período, enquanto a média das projeções do mercado indicava contração de 5%.

Por sua vez, o varejo ampliado (além dos segmentos do varejo restrito, inclui vendas de veículos e materiais de construção) registrou um tombo de 5,3% entre fevereiro e março. Esta queda foi bastante expressiva (afinal, o período foi caracterizado pelo aperto das restrições de mobilidade social devido à “segunda onda” da Covid-19), mas também representou uma surpresa positiva aos analistas. As estimativas apontavam para recuo mensal de pelo menos 10%.

A diferença entre as projeções e os resultados observados deveu-se principalmente ao crescimento das vendas de supermercados em março (3,2% em relação a fevereiro), único segmento varejista com expansão na leitura mensal (de um total de 10 atividades). Vale lembrar que as medidas mais rígidas de distanciamento social impactam em menor grau o funcionamento dos estabelecimentos supermercadistas em comparação a outras atividades do varejo. E que as vendas de supermercados respondem por cerca de 50% do varejo restrito total.

Destacamos as quedas significativas dos seguintes segmentos de varejo em março: “tecidos, vestuário e calçados” (-41,5%), “móveis e eletrodomésticos” (-22%) e “veículos, motos, partes e peças” (-20%). Por sua vez, três dos dez segmentos do varejo apresentam volumes de vendas reais acima dos níveis pré-pandemia (fev/20), a saber: “materiais de construção” (13,9% acima), “produtos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, cosméticos e de perfumaria” (12,7% acima) e “hiper/supermercados” (5,1% acima).

O que esperar das vendas do comércio varejista nos próximos meses?

Por ora, nossas estimativas para o desempenho das vendas do varejo em abril apontam para compensação (quase) integral das perdas registradas em março. Tal expectativa leva em consideração dados de licenciamentos de veículos (relatório da Fenabrave), do índice de confiança do consumidor (publicado pela FGV) e de transações com cartões de débito/crédito realizadas em atividades varejistas. Ainda esperamos a publicação de outros indicadores relevantes para a determinação das projeções finais.

Olhando mais adiante, acreditamos que o varejo brasileiro permanecerá em trajetória de recuperação. A (i) flexibilização adicional das restrições de mobilidade social, (ii) a nova rodada de auxílio emergencial – embora em volume substancialmente inferior em comparação com as transferências de 2020 -, (iii) a antecipação do pagamento de benefícios do INSS (13º salário para aposentados e pensionistas) e (iv) a recuperação da confiança dos consumidores devem dar suporte ao consumo privado nos próximos meses, em nossa avaliação.

Para 2021 como um todo, esperamos que as vendas no varejo ampliado cresçam 6%, após recuo de 1,4% em 2020. Para o varejo restrito, por sua vez, projetamos elevação de 4,8% este ano (2020: 1,2%).

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