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Desaceleração suave no emprego formal

O mercado de trabalho formal voltou a mostrar expansão de vagas em março, embora a um ritmo mais moderado. A contração da atividade doméstica no período recente deverá manter esta tendência de arrefecimento ao longo do 2º trimestre. Na segunda metade do ano, por sua vez, acreditamos que a geração de ocupações voltará a acelerar.

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O CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) apresentou geração líquida de 184,1 mil empregos formais em março, resultado em linha com nossa expectativa (190 mil) e acima do consenso de mercado (150 mil). Descontados as influências da sazonalidade, o saldo de ocupações com carteira assinada desacelerou de aproximadamente 275 mil em fevereiro para 230 mil em março. Com isso, a média móvel de três meses recuou de 265 mil para 240 mil empregos no mesmo período.

Em relação aos dados desagregados, todos os principais setores produtivos exibiram, pelo nono mês consecutivo, criação líquida de postos formais de trabalho. Destacamos o bom desempenho do setor de serviços, cujo saldo de ocupações permaneceu ao redor de 100 mil (104 mil vagas criadas em fevereiro e 97 mil em março, também descontados os efeitos da sazonalidade). Considerando o acumulado nos últimos 12 meses, o CAGED mostra saldo total de 1,08 milhão de postos formais na economia brasileira. Com base em tal métrica, chamamos a atenção para os resultados favoráveis na Indústria de Transformação (criação de 271 mil vagas) e no Comércio (criação de 265 mil vagas).

O agravamento da pandemia no período recente (e subsequente retração da atividade doméstica) continuará a arrefecer o ritmo de criação de empregos formais no 2º trimestre de 2021, segundo nossas estimativas. No entanto, acreditamos que a geração líquida de emprego formal voltará a acelerar no 3º trimestre deste ano, como reflexo do afrouxamento das medidas de mobilidade social e normalização gradual das atividades. Com isso, projetamos criação líquida de 1,75 milhão de ocupações em 2021, após geração ao redor de 280 mil em 2020.

As duas principais pesquisas do mercado de trabalho brasileiro, CAGED e PNAD Contínua, vêm apresentando dados bastante divergentes sobre o emprego formal desde a eclosão da crise da COVID-19. Algumas mudanças metodológicas, principalmente em relação aos sistemas de coleta de dados, somadas a questões relacionadas à atualização de informações estão entre as possíveis explicações para o descompasso entre as pesquisas. Por exemplo, notamos que a PNAD Contínua (uma pesquisa domiciliar amostral) passou a ser conduzida via contato telefônico (não mais presencialmente), o que reduziu de forma acentuada a taxa de resposta total.  

Embora reconheçamos essas limitações e problemas, avaliamos que o mercado de trabalho formal brasileiro mostra resiliência durante a pandemia. O Programa Emergencial de Manutenção de Emprego e Renda (BEm) deve ter contribuído significativamente para tal dinâmica. De acordo com a equipe econômica do governo federal, cerca de 20 milhões de contratos empregatícios e 9,8 milhões de trabalhadores foram cobertos pelo programa no ano passado.

O programa BEm será reeditado nos próximos dias. Vale lembrar que esta iniciativa do governo garante estabilidade no emprego pelo dobro do tempo em que o governo federal paga (parcial ou integralmente) os salários dos trabalhadores cadastrados no programa (logo, até 8 meses de garantia de emprego). O Ministério da Economia estima que a nova rodada do BEm atingirá cerca de 4 milhões de trabalhadores em 2021, a um custo fiscal de R$ 10 bilhões, o que provavelmente ajudará o CAGED a registrar números positivos adicionais no restante do ano.  

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