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Economia em Destaque: seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

Atividade econômica forte nos EUA, reuniões da primavera do FMI e discussões sobre o Orçamento no Brasil são destaques nessa semana,

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Atualizações Covid-19

Nos Estados Unidos, o Presidente Biden disse que todos os adultos devem ser elegíveis para tomar vacina contra a Covid-19 no 19 de abril. Enquanto isso, a Europa registra graduais avanços na sua campanha de vacinação, mas incertezas sobre a vacina AstraZeneca continuam a gerar críticas sobre a campanha na região.

No Brasil, o Ministério da Saúde registrou nesta quinta-feira (9) mais um recorde de óbitos por covid-19 em 24 horas. Por outro lado, o estado de São Paulo, que registra maior número de casos no país, registrou índice de ocupação de leitos de UTI abaixo de 90% pela primeira vez em 22 dias. No lado da vacinação, o Brasil aplicou pela terceira vez mais de 1 milhão doses de vacinas contra a Covid-19 em 24 horas. No total, 22.242.824 de brasileiros já receberam uma primeira dose e 6.401.635 receberam duas. Ao todo, são 28.644.459 de doses aplicadas.

Na seara política, a Câmara aprovou nessa semana o texto principal do projeto de lei que flexibiliza regras para a aquisição e aplicação de vacinas por empresas privadas. Os deputados devem continuar hoje a votação de pedidos de alteração do projeto, que ainda precisa ser aprovado pelo Senado. O texto passa a permitir a compra e aplicação de vacinas contra o Coronavírus, mesmo sem registro na Anvisa, desde que seja oferecida quantidade igual do imunizante ao SUS.

Cenário Internacional

Estados Unidos

Na seara internacional, a discussão o pacote de infraestrutura de USD 2.25 trilhões proposto pelo governo Joe Biden segue em destaque. Segundo a Casa Branca, o projeto poderia ser aprovado até junho. No entanto, há forte resistência não somente republicana à proposta, mas também entre democratas.

Parlamentares da ala mais à esquerda do partido de Biden consideram que as medidas não sejam ambiciosas o suficiente, enquanto moderados consideram os aumentos tributários que as financiariam muito agressivas ou mal direcionadas. Vale lembrar que, apesar de recente definição do Senado sobre o uso do reconciliation (manobra que permite aprovar matérias por maioria simples, ao invés dos 60 votos geralmente requeridos) favorecer o andamento da agenda da Casa Branca,  o amplo escopo do pacote de infraestrutura significa que certos pontos do projeto poderiam ficar de fora se democratas não conseguirem apoio republicano.  

Já na seara de indicadores nos EUA, destaque para os Índices de Gerentes de Compras referentes a março, que vieram bastante fortes, em linha com os dados de mercado de trabalho publicados no final da semana passada. Enquanto com o PMI industrial atingiu o maior patamar desde 1983, e o indicador de serviços alcançou o maior nível desde 1997. O resultado vem depois de dados mais fracos do que o esperado em fevereiro, especialmente influenciados pela onda de frio que atingiu o país no período. A recuperação deve ganhar força nos próximos meses, com o avanço da vacinação e os primeiros efeitos do mais recente pacote de estímulos fiscais.

Finalmente, em política monetária, ata do último comitê de política monetária do FED reforçou a mensagem dovish entregue até agora. As autoridades deixaram seu programa de compra de ativos de USD 120 bilhões por mês inalterado na reunião e preveem que manterão os juros perto de zero até pelo menos 2023. As projeções de crescimento e emprego, contudo, foram revisadas para cima.

Zona do Euro

Enquanto isso, na Zona do Euro, a produção industrial de fevereiro frustrou expectativas, com queda de 1,6% na Alemanha e de 4,7% na França. As restrições relacionadas à Covid podem ter atingido as duas maiores economias da área do euro de forma mais severa do que o inicialmente estimado.

Por outro lado, a taxa de desemprego de fevereiro permaneceu estável em 8,3%. Na mesma linha, o PMI composto da região fechou março em 53.2, surpreendendo positivamente frente prévia de 52,5, enquanto os indicadores de confiança publicados essa semana também vieram positivos no mês -- sugerindo que a queda de fevereiro foi provavelmente transitória.

China

Na China, a inflação do Índice de Preços ao Produtor (PPI) atingiu 4,4% (acumulado em 12 meses) em março, acima das expectativas (3,6%). A inflação de preços ao consumidor (IPC), porém, segue bem comportada, em 0,4%. Diferente de outros países, onde o PPI é um indicador antecedente do IPC, na China os dois indicadores têm pouca correlação histórica

Também foi destaque na China o posicionamento da autoridade monetária (PBoC), que pediu aos principais bancos para manter o crescimento de crédito estável até o final do ano para evitar bolhas de ativos após dois meses de expansão.

Commodities

No lado das commodities, a reunião da OPEP+ encerrada no final da semana passada trouxe um resultado inesperado: o grupo que reúne os maiores produtores de petróleo do mundo decidiu elevar a produção para os próximos 3 meses em cerca de 2 milhões de barris ao dia (mbpd), ou cerca 2% da demanda global, devido a uma maior confiança na recuperação da demanda pela commodity.

Reuniões de Primavera FMI

Foram realizadas nessa semana as reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Em seu relatório de Perspectiva Econômica Mundial de abril, o FMI elevou a previsão de crescimento do PIB global em 2021 (de 5,5% para 6,0%) e 2022 (de 4,2% para 4,4%). Parte significativa da melhoria das estimativas para o crescimento mundial este ano foi motivada pelas perspectivas mais favoráveis para o PIB dos EUA (principalmente) e PIB da China: de 5,1% para 6,4% no caso da economia americana, e de 8,1% para 8,4% no caso da economia asiática.

Por outro lado, o Fundo reconhece que a economia mundial apresenta recuperação divergente, sobretudo devido aos diferentes ritmos de imunização contra a Covid-19. Para o Brasil, o FMI elevou sutilmente a projeção de crescimento do PIB em 2021, de 3,6% para 3,7%, e manteve a estimativa de alta de 2,6% para 2022. A organização destacou que as projeções fiscais de médio prazo para o Brasil “refletem total cumprimento” do teto de gastos federais.

Enquanto isso, no Brasil

No Brasil, o foco continua sobre as possíveis soluções para resolver o impasse sobre o Orçamento deste ano – ele foi aprovado com despesas obrigatórias subestimadas para que fosse possível ampliar o recurso destinado a parlamentares e a obras do governo por meio da emenda do relator. Em transmissão para a XP e o canal Infomoney, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, apontou para o veto parcial das emendas como uma potencial solução jurídica e politicamente viável.

Os congressistas, porém, afirmam que o Governo estava ciente de todas as mudanças feitas durante a tramitação e, por isso, não aceitariam qualquer veto. Há expectativa de que um parecer do Tribunal de Contas da União ajude a mostrar os limites a que o governo pode chegar sem correr risco de ter as contas rejeitadas ou cometer crime de responsabilidade.

Também na pauta fiscal, o governo Federal sinalizou o envio de projeto de lei para destravar a reedição do programa BEm (preservação do emprego formal). A proposta altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021, que foi aprovada com um artigo que exige compensação (via aumento de receitas ou corte de outros gastos) para todas as despesas adicionais, mesmo àquelas relacionadas a programas de caráter temporário. Segundo o governo, o projeto de lei também destravará uma nova rodada do Pronampe, que amplia a oferta de crédito a micro e pequenas empresas.

Na seara de indicadores, dados importantes sobre o setor automotivo brasileiro foram divulgados nesta semana. Dados sobre vendas e produção de veículos indicaram piora em março, como reflexo do arrefecimento do consumo e de paralisações de produção relacionadas à piora da pandemia. As próximas divulgações mensais também devem apresentar números fracos. Por outro lado, acreditamos que a reabertura gradual da economia (apoiada por avanços na vacinação contra a Covid-19) e os níveis historicamente baixos de estoques nas montadoras e concessionárias irão reverter esta tendência na metade do ano.

Já a inflação medida pelo IPCA registrou alta de 0,93% em março, abaixo da nossa expectativa (1,11%) e do consenso de mercado (1,03%) de março -- atingindo 6,1% no acumulado em doze meses, e permanecendo bem acima da meta de 3,75% do Banco Central. O resultado foi puxado principalmente por itens mais voláteis, como combustíveis, alimentos in natura e cuidados pessoais (compensando parcialmente a alta de fevereiro, conforme comentamos no mês anterior). Para frente, vemos as pressões de alta ainda em curso, por conta da depreciação cambial e de interrupções na cadeia produtiva. Portanto, ainda esperamos que a inflação atinja 4,9% este ano.

Finalmente, na seara política, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o Senado instale uma comissão parlamentar de inquérito para apurar responsabilidades sobre o enfrentamento à pandemia. O pedido para a instalação da comissão havia sido feito em fevereiro, mas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, resistia à ideia. Uma vez instalada, a comissão deve concentrar as atenções, ampliar a pressão sobre o Palácio do Planalto e se sobrepor ao restante da agenda do Senado.

O que esperar?

No cenário internacional, destaque para dados de inflação ao consumidor (CPI), produção industrial e vendas no varejo referentes a março nos EUA. A semana contará também com dados de atividade na Zona do Euro referentes a fevereiro e índices de expectativa de abril, e com a divulgação do PIB do primeiro trimestre na China, junto a taxa de desemprego, varejo e produção industrial.

No Brasil, o cenário político-econômico deverá seguir o principal ponto de atenção na semana que vem, com um potencial desfecho para as discussões sobre o Orçamento de 2021. Na seara de indicadores, teremos dados das vendas no varejo e volume de serviços de fevereiro como principais destaques.

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