IBOVESPA -0,20% | 119.472 Pontos
CÂMBIO 0,46% | 5,38/USD
O que pode impactar o mercado hoje
Ontem o Ibovespa fechou em leve queda de 0,20%, a 119.472 pontos, na esteira do também arrefecimento nos mercados internacionais. Já na contramão do cenário externo de enfraquecimento do dólar, o real se desvalorizou contra a moeda norte-americana, fechando em R$ 5,38. Enquanto isso, as taxas futuras de juros fecharam o dia de ontem em alta, principalmente nos vértices longos, levando a ganho de inclinação na curva. Houve leilão de NTN-B, com grande parte do lote ofertado tendo sido colocado nos vencimentos mais curtos, dado o cenário. DI jan/22 fechou em 3,4%; DI jan/24 encerrou em 5,95%; DI jan/26 foi para 6,83%; DI jan/28 fechou em 7,34%.
Nessa quarta-feira, mercados globais amanhecem em leve alta (EUA +0,35% e Europa +0,25%), enquanto investidores aguardam dados da inflação americana. Já o índice Nasdaq (+0,4%) estende ganhos após 10º fechamento recorde em 2021, impulsionado por resultados positivos do setor de tech.
Em política internacional, o Senado americano aprovou nesta terça-feira (9) a constitucionalidade do processo de impeachmentcontra o ex-presidente Donald Trump. Com isso, avança o julgamento. Vale destacar, no entanto, que o placar não é indicativo de um panorama favorável à condenação de Trump. Para que isso ocorra, 17 republicanos teriam que votar a favor do impeachment, algo que consideramos ser altamente improvável. Segundo democratas, o impeachment não deve atrasar a aprovação do novo pacote de estímulos, que deve ser votado nas duas Casas até meados de março.
Já na Europa, a chanceler alemã, Angela Merkel, apresentou plano para reabrir hotéis e lojas a partir do mês que vem. No entanto, enfrenta resistência entre alguns líderes regionais.
No Brasil, as atenções seguem voltadas para a possibilidade de retomada do auxílio emergencial. O ministro Paulo Guedes tem argumentado que a volta do programa depende de uma nova versão da PEC de Guerra e de uma cláusula de calamidade pública que traga mais segurança jurídica à concessão do auxílio via crédito extraordinário. A ideia em discussão consiste em conceder mais três parcelas de R$ 200, com custo total aproximado de R$ 20 bilhões. Para financiar o programa, tem sido discutida a criação de um imposto emergencial e temporário e até mesmo a reedição de um imposto nos moldes da extinta CPMF, cujas alíquotas estariam entre 0,05% e 0,15%.
Ainda no cenário político-econômico, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) propôs ontem a devolução de mais de R$ 50,1 bilhões em impostos que foram cobrados de forma equivocada. O ressarcimento seria feito aos consumidores por meio do abatimento nos reajustes das tarifas em até cinco anos e poderia levar a uma redução média de quase 30% nas contas de luz de todo o país.
Do lado de indicadores macroeconômicos, o grande destaque foi o IPCA divulgado ontem. A expansão de 0,25% do índice em janeiro veio abaixo das expectativas, influenciada especialmente pela inflação abaixo do esperado de bens semiduráveis (como roupas e calçados) e não-duráveis (como alimentos, que têm apresentado trajetória gradual de desaceleração).
Na política, o governo superou ontem a prévia de seu primeiro teste na Câmara sob a presidência de Arthur Lira, ao aprovar a urgência para o projeto de autonomia do Banco Central (que deve ser votado hoje), mas a equipe econômica segue sofrendo pressão dos congressistas para a retomada do auxílio emergencial sem contrapartidas fiscais.
O Congresso deve também instalar hoje a comissão mista de orçamento, abrindo espaço para as discussões sobre a lei orçamentária de 2021, que deve ser aprovada até o mês que vem.
Por fim, do lado de estratégia de Bolsa, publicamos ontem dois relatórios: (i) analisando o número de pessoas físicas na Bolsa, que teve o ritmo de crescimento desacelerado no início de 2021 (+0,04% vs. o mês anterior), após um crescimento expressivo em novembro e dezembro (+11,4% e +6,6%, respectivamente); e (ii) analisando o fluxo de investidores na Bolsa, com a entrada de capital estrangeiro em janeiro desse ano sofrendo uma queda se comparada com o fim de 2020 – R$ 23,6 bilhões vs. R$ 27,2 bilhões em dezembro e R$ 34,0 bilhões em novembro.
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Internacional
- Política internacional: Senado dos EUA aprova constitucionalidade do processo de impeachment de Trump e avança para julgamento
Acesse aqui o relatório internacional
Empresas
- LOG CP (LOGG3) – 4T20: Trimestre sólido após forte performance do setor
- Aeris (AERI3) 4T20: Forte Crescimento de Receita Ofuscado por Fraco Desempenho de Margem; Neutro
- Sabesp (SBSP3): Anúncio de termos preliminares da 3ª Revisão Tarifária positivos para a companhia
- Ritmo de crescimento de pessoas físicas na Bolsa desacelera no início de 2021
- Fluxo de investidores na Bolsa: Incertezas levam a uma desaceleração na entrada de estrangeiros
- Bebidas (ABEV3 e outros): Heineken divulga resultado de 2020 em linha com o esperado
Veja todos os detalhes
Internacional
Política internacional: Senado dos EUA aprova constitucionalidade do processo de impeachment de Trump e avança para julgamento
- O Senado americano aprovou nesta terça-feira (9) a constitucionalidade do processo de impeachment do ex-presidente Donald Trump, que era contestada por seus advogados. Com isso, avança o julgamento;
- A votação requeria maioria simples (51 votos) e, nessa ocasião, democratas obtiveram apoio de 6 senadores republicanos, somando 56 votos favoráveis. Vale destacar, no entanto, que o placar não é indicativo de um panorama favorável à condena de Trump. Para que isso ocorra, 17 republicanos teriam que votar a favor do impeachment, algo que consideramos ser altamente improvável;
- Segundo democratas, o impeachment não deve atrasar a aprovação do pacote de estímulo a economia americana, que deve ser votado nas duas Casas até meados de março. O presidente Joe Biden realizou reunião com líderes empresariais para discutir a proposta;
- Na Europa, a chanceler alemã, Angela Merkel, apresentou plano para reabrir hotéis e lojas a partir do mês que vem. No entanto, enfrenta resistência entre alguns líderes regionais.
Empresas
LOG CP (LOGG3) – 4T20: Trimestre sólido após forte performance do setor
- A LOG CP apresentou um resultado sólido no quarto trimestre de 2020, impulsionado pelo forte desempenho do setor logístico em meio à crise da covid-19, principalmente após o crescimento do e-commerce. A companhia manteve baixa taxa de vacância e reafirmou seu robusto plano de crescimento para adicionar 1,4 milhão de área bruta locável até o final de 2024 (Plano “Todos por 1.4”). Embora esperado, vemos o resultado do quarto trimestre como positivo, reforçando o desempenho positivo da empresa em meio à pandemia e perspectiva macroeconômica desafiadoras. No entanto, mantemos nossa visão conservadora com o papel, principalmente dado o valuation das ações;
- Na frente operacional, a LOG conseguiu locar mais 125 mil m² no trimestre (absorção bruta) e atingiu uma baixa taxa de vacância de 3,0% (50 bps abaixo do trimestre anterior). A inadimplência permaneceu baixa em 0,20% no quarto trimestre. Sobre sua carteira de clientes, a companhia continua com uma carteira de locatários diversificados setorialmente, mas também com alta exposição às empresas de e-commerce (11% dos locatários são dedicados exclusivamente ao e-commerce);
- Resultados financeiros foram fortes e praticamente em linha com nossas estimativas. No balanço patrimonial, a companhia registrou geração de caixa de R$85 milhões, implicando em uma alavancagem de 1,8% dívida líquida sobre patrimônio líquido, que consideramos como saudável para suportar o robusto plano de crescimento daqui pra frente;
- Em ESG, a companhia reiterou suas melhores práticas na frente ambiente como gestão de água, lixo e resíduos. Além disso, também ressaltou suas ações sociais como doação de aproximadamente R$1,2 milhão em alimentos e equipamentos hospitalares em função do impacto da covid-19. Para mais detalhes, acesse o relatório completo.
Aeris (AERI3) 4T20: Forte Crescimento de Receita Ofuscado por Fraco Desempenho de Margem; Neutro
- A Aeris reportou resultados do 4T20 mais fracos do que o esperado, com lucro líquido ajustado (excluindo o impacto de perdas cambiais não recorrentes e sem efeito caixa) 33% e 42% abaixo das nossas estimativas e estimativas de consenso, respectivamente;
- Nosso destaque positivo vai para (i) a promissora indicação de demanda futura, com crescimento de receita A/A de 166% e de 6% T/T, apresentando uma perspectiva positiva de crescimento de receita para 2021, conforme novas linhas de produção são implementadas e as atuais ainda não maduras se tornem mais eficientes; o que foi ofuscado por uma (ii) margem EBITDA de 7,0%, implicando em uma contração de 14p.p. A/A, principalmente devido a níveis de eficiência abaixo do ideal, explicados por linhas de produção recém implementadas e pela descontinuidade de cinco linhas de produção maduras;
- Nós reiteramos nossa recomendação de Compra e preço alvo de R$15,00/ação, apoiados pelas sólidas expectativas de crescimento à medida que a energia eólica continue ganhando relevância na matriz energética global, reforçamos nossa visão positiva de longo prazo para a Aeris.
- Clique aqui para acessar o relatório completo.
Sabesp (SBSP3): Anúncio de termos preliminares da 3ª Revisão Tarifária positivos para a companhia
- Ontem (09/02), a Sabesp informou em fato relevante que a Agência Reguladora ARSESP divulgou o aviso da consulta pública 03/2021, referente ao cálculo da tarifa média máxima (P0) do 3º Ciclo de Revisão tarifária da Sabesp. À primeira vista, o mercado reagiu positivamente aos termos apresentados na Nota Técnica Preliminar 0005/2021, com alta de +7,10% das ações;
- Em primeiro lugar, destacamos como positivo o cálculo da Base de Ativos Regulatória Líquida (normalmente denominado RAB, sigla em inglês para Regulatory Asset Base) de R$54,3 bilhões a preços de outubro de 2020. Nossa estimativa era de R$49,6 bilhões, o que implica uma diferença positiva de +9,4%. A principal razão para a diferença diz respeito à reavaliação de glosas (descontos) do 1º Ciclo Tarifário, com efeito de R$2,69 bilhões sobre a RAB líquida (que não estava em nossas estimativas). Além disso, notamos que o cálculo da base de ativos leva em consideração o laudo apresentado pela Sabesp, tendo em vista que a pandemia da COVID-19 impôs restrições à ARSESP para executar um trabalho de campo para levantamento da base de ativos. Notamos que esse não é o procedimento usual de uma revisão tarifária, e poderia haver algum risco de revisão desses números;
- Também destacamos que o efeito positivo do resultado preliminar da revisão sobre as tarifas, com uma alta da ordem de dois dígitos. Entretanto, destacamos alguns pontos que merecem uma análise posterior, como (i) a nova estrutura tarifária da companhia, principalmente no que diz respeito ao PIS/COFINS, (ii) à menor projeção de volumes do que os volumes atuais da Sabesp (devido ao fato de que nem todos os municípios que a Sabesp recentemente anunciou novos contratos entraram nas projeções), e (iii) a um capex maior do que o que projetamos no modelo regulatório, que é baseado em um fluxo futuro de projeções;
- Temos uma visão inicialmente positiva dos termos preliminares apresentados para a 3ª Revisão tarifária da Sabesp, embora notemos que o processo continua em consulta pública. Mantemos recomendação neutra nas ações da Sabesp, com preço-alvo de R$54/ação.
Ritmo de crescimento de pessoas físicas na Bolsa desacelera no início de 2021
- Em janeiro, o número de investidores pessoas físicas (PFs) na Bolsa brasileira (B3) atingiu 3.230.551. Em relação ao mês anterior, o número quase não mudou (+0,04% M/M), mas comparado a 2019, quando encerramos o ano com 1.681.033 contas ativas na B3, houve uma alta expressiva de +92,2%;
- Em relação à posição total desses investidores PFs, vimos um crescimento expressivo nos meses de novembro e dezembro do ano passado, quando a posição total cresceu +11,4% e +6,6%, respectivamente. Por outro lado, quando olhamos para janeiro, vimos uma desaceleração nesse ritmo de crescimento, com a posição fechando o mês em R$453,5 bilhões, vs. 452,6 bilhões em dezembro de 2020 – ou seja, o valor quase não mudou (0,2%);
- No entanto, é válido mencionar que, quando comparamos esse valor de janeiro (R$453,5 bilhões) com a posição no final de 2019 (R$344,0 bilhões), vemos um aumento considerável de +31,8%, o que reflete a evolução do mercado de ações brasileiro que temos visto nos últimos anos. Clique aqui para acessar o relatório completo, em que analisamos os principais números em relação à presença dos investidores na Bolsa brasileira.
Fluxo de investidores na Bolsa: Incertezas levam a uma desaceleração na entrada de estrangeiros
- Como dissemos no Raio-XP da Bolsa, 2021 começou a todo vapor e janeiro aparentou que vários meses – ou anos – foram comprimidos em um único mês. Os mercados globais começaram o ano em alta, mas viram uma correção no final do mês com o aumento da aversão ao risco. O Ibovespa fechou o mês com uma queda de -3,3% em moeda local, e uma queda de -8,7% quando medida em dólares;
- A falta de vacinas contra a COVID-19 e de uma política de vacinação da população, ao mesmo tempo em que o número de casos aumentava, levantou questionamentos se a recuperação econômica do Brasil seria atrasada pela segunda onda de infecções. Além disso, o risco fiscal se acentuou nesse cenário com uma maior pressão para novos estímulos emergenciais;
- No que se refere ao fluxo de investidores na Bolsa, a entrada de capital estrangeiro em janeiro desse ano sofreu uma queda se comparada com o fim de 2020. O mês passado fechou com um saldo de R$ 23,6 bilhões vs. R$ 27,2 bilhões em dezembro e R$ 34,0 bilhões em novembro. No entanto, a média entre os meses de janeiro e outubro de 2020 foi de R$ -5,6 bilhões, indicando que apesar da queda recente, o nível de movimentação continua em patamares elevados. Clique aqui para ler o relatório completo.
Bebidas (ABEV3 e outros): Heineken divulga resultado de 2020 em linha com o esperado
- Heineken, a segunda maior cervejaria do mundo, divulgou resultados anuais tão desafiadores quanto o esperado segundo a Reuters, já que as restrições impostas pela pandemia restringiram o consumo global de álcool. Os destaques de 2020 incluem uma redução de 11,9% na receita líquida versus 2019, principalmente devido a uma redução de 8,1% no volume no período, aliada a uma queda de preços de 2,4%. Seu lucro líquido consolidado para o ano atingiu € 1,1 bilhão, -49,4% organicamente. A marca Heineken foi o principal destaque positivo em função de sua resiliência: globalmente, o volume permaneceu praticamente estável (-0,4% A/A). Confira todos os detalhes no nosso relatório semanal, o Expresso Alimentos & Bebidas;
- De acordo com o CEO da Heineken, Dolf van der Brink, “a marca Heineken foi brilhante, com a continuidade de seu desempenho excelente no Brasil”. A marca cresceu dois dígitos em 25 mercados, incluindo o Brasil, onde a Heineken 0.0 (sem álcool) também cresceu significativamente. Além disso, o desempenho da Amstel também merece destaque, registrando crescimento de dois dígitos tanto no Brasil quanto no México e parcialmente compensando quedas registradas na Europa e na África do Sul;
- Olhando para frente, a Heineken afirmou que permanece cautelosa com o ritmo dos programas de vacinação em todo o mundo – conforme destacado pela Reuters, Brasil e México, dois dos maiores mercados da empresa, ainda estão enfrentando dificuldades para lidar com a pandemia. Como resultado, a cervejaria disse que espera que a receita, lucro operacional e margem de lucro operacional de 2021 fiquem abaixo dos níveis de 2019. Adicionalmente, a empresa planeja cortar cerca de 8.000 empregos (aproximadamente 9% de sua força de trabalho no final de 2019) em um esforço para restaurar as margens operacionais aos níveis pré-pandemia;
- Em nossa opinião, a Heineken continua sendo o concorrente mais importante da AmBev no Brasil e, embora o crescimento de dois dígitos da marca Heineken no país já fosse esperado pelo mercado, o desempenho da Amstel foi uma surpresa positiva, o que poderia indicar que a empresa está reagindo à estratégia de expansão do portfólio da AmBev. Continuamos confiantes na capacidade da AmBev de dispor de suas vantagens competitivas, como seu sistema de distribuição incomparável, juntamente com sua crescente abordagem centrada no cliente, para enfrentar um cenário competitivo tão desafiador e reiteramos nossa recomendação de Compra para o papel com um preço-alvo de R$ 17,15 por ação.
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