“Se você não planeja possuir a ação de uma empresa por ao menos 10 anos, nem pense em comprá-la por 10 minutos”
– Warren E. Buffett
Buffett, um dos mais bem-sucedidos investidores do planeta, com cerca de US$ 100bi de riqueza acumulada, é um adepto religioso da filosofia buy and hold, ou comprar e segurar, no português. Apesar de não ser uma verdade absoluta, fato é que sua estratégia tem um longo histórico de sucesso desde que começou a investir aos seus 10 anos de idade. No livro, que recomendamos para leitura, The Essays of Warren Buffet: Lessons for Corporate America, o autor Lawrence A. Cunningham compartilha, de forma organizada, os inúmeros aprendizados atemporais do megainvestidor, baseados nas cartas anuais da Berkshire Hathaway, bem como em suas conferências com investidores e nos resultados trimestrais de suas companhias.
A frase acima reflete parte dos princípios de Buffett, que, além de buscar sempre investimentos para o longo-prazo, opta por empresas (1) sólidas e com diferenciais competitivos, (2) boas geradoras de caixa, (3) alinhadas com os interesses e lucro dos acionistas e (4) abaixo de seu valor justo. Seguindo o exemplo do investidor, este relatório trará temáticas nas quais possuímos uma visão construtiva para o longo-prazo e que acreditamos fazer sentido estarem presentes em uma fatia do portfólio de quem busca capturar estas oportunidades de crescimento.
1. Streaming
Empresas de streaming já transformaram a nossa forma de consumir conteúdo e podem tornar a indústria de cinemas obsoleta. 2020 foi um ano que acelerou esta tendência por conta do isolamento social. Para se ter uma ideia, no início de 2019, eram aproximadamente 130 milhões de assinantes americanos no somatório das principais plataformas (Netflix, Amazon Prime, Hulu, CBS, Showtime, Peacock, Disney+, AppleTV+ e HBO Max) e, ao final de 2020, o número quase duplicou para 255 milhões.
Além disso há uma grande via de crescimento em países emergentes, mercados ainda não-saturados, uma vez que as plataformas oferecem planos acessíveis de assinatura e são simples de serem contratados. Outro fator que contribui para as principais plataformas é que o consumidor assinará de 3 a 4 serviços em vez de apenas um, abrindo espaço para a coexistência de concorrentes com diferenciais competitivos.
BDRs expostos à temática de streaming:
2. Pagamentos Digitais
Em um futuro próximo, o dinheiro em sua forma física poderá deixar de existir. Da mesma forma que fitas cassetes, disquetes, aparelhos de rádio e orelhões tornaram-se obsoletos com a chegada de novas tecnologias, as cédulas de dinheiro eventualmente desaparecerão à medida que mais meios de pagamento digital chegam às mãos da população.
Nos EUA, por exemplo, apenas 30% dos usuários de smartphones fizeram compras por aproximação em 2019. Em 2020, o número de usuários cresceu 70% e, ao redor do planeta, 50% dos consumidores passaram a utilizar mais os meios digitais. A pandemia acelerou uma tendência que já vinha acontecendo: o número de transações sem dinheiro “multiplicou por 2x, no mínimo, entre 2007 e 2017“, segundo o Bank of International Settlements. Ainda assim, há muitas oportunidades em países emergentes, uma vez que ainda são muito dependentes de papel-moeda se comparados às economias desenvolvidas.
BDRs expostos à temática de pagamentos digitais:
3. Videogames e eSports
Num mundo cada vez mais digital, onde ~47% da população global possui um aparelho celular e a quantidade de jogadores já alcança a marca de 2,2 bilhões, a indústria dos games ainda possui uma grande base para monetização e engajamento. Além disso, se continuarmos caminhando para um mundo 100% digital, ainda restam 3 bilhões de pessoas (desconsiderando crianças de 0-9 anos) sem dispositivo móvel que eventualmente terão acesso a um.
Num mundo que disputa pelo tempo de atenção das pessoas, as experiências imersivas combinadas com evolução gráfica dos games e com o potencial da realidade virtual tornam o setor um concorrente difícil de ser batido. Os videogames dominam o tempo livre da população mais jovem e tomam o lugar dos esportes; para cada criança jogando futebol, baseball, basquete e futebol americano no mundo, há 6 outras jogando videogames.
BDRs expostos à temática de videogames e eSports:
4. Biotecnologia
O mundo está envelhecendo: Depois do boom populacional que o planeta presenciou nas últimas décadas, principalmente refletindo a alta natalidade dos maiores países asiáticos (Índia e China), estima-se que, até o final do século, o número de pessoas acima dos 60 anos de idade praticamente triplique dos atuais 1,1 bilhão para 3,1 bilhões. Muito antes disso, em 2050, os modelos da ONU já indicam que esta fatia da população deve dobrar, ultrapassando os 2 bilhões de habitantes maiores de 60 anos.
Por isso, os gastos devem permanecer em crescimento: Como consequência do aumento da fatia que mais gasta com saúde, a tendência é que o mercado de biotecnologia permaneça em crescimento. Estimativas da CMS (Agência Médica dos EUA) sugere uma aceleração nos gastos com saúde em +5,6% a.a. até 2028. Uma expansão ainda maior do que os +5,3% a.a. registrados nas últimas 2 décadas. Estimativas globais otimistas, como da Grand View Research sugerem que apenas o setor e biotecnologia deva expandir seu faturamento em 15,8% a.a., ao passo que análises mais conservadoras, como as da Global Markets Insights, apontam para um crescimento de +9,4% a.a. até 2024.
BDRs expostos à temática de biotecnologia:
5. Veículos elétricos e autônomos (EVs/AVs)
Em um mundo cada vez mais preocupado com questões climáticas e que busca reduzir a queima de combustíveis fósseis, deveremos presenciar um aumento significativo das vendas de veículos elétricos no planeta. Além da Tesla, diversas montadoras já estabeleceram metas agressivas de eletrificação da frota. A GM investirá US$ 35bi até 2025 para lançar 30 modelos elétricos enquanto a BMW e a Volkswagen tem meta de que 50% de suas vendas totais sejam de EVs até 2030.
Por conta do maior investimento e interesse por parte do consumidor, estimativas da Bernstein apontam para um futuro de pouca combustão, no qual ~65% das vendas globais em 2040 serão de automóveis à eletricidade. Hoje, esta fatia é menor que 5% enquanto na Europa já beira os 20%.
BDRs expostos à temática de EVs e AVs:
6. Segurança cibernética e nuvem
Com a transformação digital acontecendo em diversos aspectos do trabalho, do lazer e da vida das pessoas, surge a necessidade de um incremento nos fatores relacionados à segurança dos dados neste espaço digital. Num mundo cada vez mais conectado, aumentam as oportunidades das empresas e dos indivíduos, no entanto, elas são acompanhadas de novas vulnerabilidades, uma vez que cada conexão abre uma nova porta para o acesso de hackers, criando um ecossistema desafiador para a gestão pessoal e corporativa dos riscos de segurança e privacidade.
Portanto, enquanto aumenta a quantidade de dados pessoais e corporativos potencialmente acessíveis via ataques, cresce a necessidade por melhores práticas de segurança cibernética. 2020 foi um ano revolucionário neste sentido, quando empresas viram-se forçadas a migrar boa parte de suas operações para o digital: 90% do tráfego online passou a ser criptografado vs. apenas 50% em 2016. Olhando para o futuro, o mercado de segurança cibernética, que faturou US$ 156bi em 2019 está projetado para crescer entre 7,7% e 15,2% a.a. até 2026.
BDRs expostos à temática de segurança cibernética e nuvem:
7. Energias Renováveis
Autoridades ao redor do mundo têm se preocupado cada vez mais com os efeitos climáticos da emissão de gases estufa na atmosfera ocasionada pela queima de combustíveis fósseis como petróleo, gás e carvão. Portanto, governos têm aprovado grandes investimentos em empresas e tecnologias para, literalmente, renovar a Matriz Energética Global.
EUA: Economia 100% limpa e zero-carbono até 2050, US$ 1,7 tri de investimento federal em 10 anos, US$ 5 tri incluindo estados, municípios e setor privado, US$ 400 bi em 10 anos para tecnologias inovadoras, Multiplicar por 2 a geração eólica até 2030, Reduzir pegada de carbono das construções em 50% até 2035, Instalação de 500 mil pontos de carga para veículos até 2030
China: Matriz energética 50% renovável até 2050, 20% não-fóssil até 2030
União Europeia: Neutralidade climática até 2050 e € 1 tri em investimentos sustentáveis até 2030
BDRs expostos à temática de energias renováveis:
8. Criptoativos
O Bitcoin e o mercado de Criptomoedas está ficando mais maduro, na medida em que ele passa a se “institucionalizar”, passa a ser aceito para negociação em Bolsas, fundos de investimento passem a investir em criptomoedas e mais instituições financeiras permitam que seus clientes possam investir em criptos. O IPO recente da Coinbase (maior Exchange de criptos dos EUA) foi um grande marco e avanço nesse sentido. Hoje, existem mais de 5,000 criptomoedas, e o seu valor de mercado agregado chega a US$1,8 trilhões, sendo US$1 trilhão apenas na Bitcoin.
Além disso, há outros fundamentos que sustentam uma possível apreciação do mercado de criptoativos como um todo: (1) utilização como meio de pagamentos, (2) sua característica de escassez, (3) privacidade e segurança, (4) descorrelação com ativos mais tradicionais. Por outro lado, a imprevisibilidade deste mercado pode trazer riscos de (1) volatilidade e (2) forte regulação governamental.
BDRs expostos à temática de criptoativos:
9. Tecnologia espacial
Após receber aporte privado de US$ 1,1bi, a SpaceX de Elon Musk passou a ser a 2ª empresa privada mais valiosa do planeta, estimada em US$ 100bi, atrás dos US$ 140bi da Bytedance (dona do TikTok). Por um lado, o ano de 2021 foi marcado por grandes lançamentos espaciais, tripulados e não tripulados, que marcam o início de uma era de desenvolvimento tecnológico financiado por capital privado.
Embora os lançamentos tripulados chamem a atenção do público, com a viagem de Jeff Bezos, por exemplo, esta indústria em desenvolvimento deverá ser movida também por outros fatores, como (1) lançamentos contratados por governos, como já acontece com a NASA, (2) lançamento e instalação de infraestrutura de comunicação, como satélites, (3) fornecimento de rede de internet em locais remotos via satélite, (4) exploração espacial/interplanetária e (5) envio e carregamento de carga.
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