1. Fiscal nos EUA: Câmara aprova orçamento com cortes de impostos substanciais - “One Big Beautiful Bill” avança para o Senado
2. Baidu: AI impulsiona resultados do 1T25 - Tecnologia é vetor de crescimento mais promissor da economia chinesa
3. Apple: Trump ameaça tarifas sobre iPhones fabricados fora dos EUA - Mercados reagem negativamente a nova escalada no tom da narrativa de tarifas
4. Elon Musk: Homem mais rico do mundo reafirma posição como CEO da Tesla - Proximidade a Trump prejudicou negócios das companhias de Musk
5. Inteligência artificial: Tema segue quente, com notícias de todas as frentes - Anúncio de novos projetos anima mercados, antigos projetos no centro de controvérsias

1. Fiscal nos EUA: Câmara aprova orçamento com cortes de impostos substanciais
No final da semana passada, a agência Moody’s rebaixou o rating soberano dos EUA de Aaa (nota máxima) para Aa1, decisão justificada pelo déficit fiscal crescente e falha do governo americano em endereçar a questão via controle de gastos.
A resposta do mercado à redução da nota dos EUA foi limitada, uma vez que esta foi visto como uma medida atrasada (as concorrentes S&P e Fitch já haviam rebaixado a nota dos EUA em 2011 e 2023, respectivamente). Não obstante, o timing do rebaixamento do rating foi sintoma das expectativas sobre a trajetória fiscal dos EUA diante das discussões no Congresso, que dominaram a narrativa dos mercados das Treasuries ao longo dessa semana.
O partido Republicano apressou a aprovação de uma Reconciliation Bill (um instrumento de aprovação rápida do orçamento federal) na Câmara, lei que agora segue para o Senado dos EUA. Apelidada pelo presidente Donald Trump de “One Big Beautiful Bill” (queveio a se tornar seu nome oficial), devido ao seu tamanho (mais de 1000 páginas!), a lei é expansionista para o fiscal americano, o que por um lado pode ajudar a promover crescimento, mas por outro lado provoca alta nos juros longos. Para ações, o impacto é visto como neutro devido a esses dois fatores, mas a escalada do prêmio de risco na ponta longa da curva de juros é negativo para a renda fixa.
A taxa das Treasuries de 10 e 30 anos subiram +3bps e +9bps, respectivamente, enquanto as taxas mais curtas permaneceram praticamente inalteradas. Mesmo com a alta dos juros longos nos EUA, o que tradicionalmente é associado a uma alta do dólar, o DXY teve a pior semana desde a escalada do conflito comercial com a China, e encerrou em queda de -2%, indicando que os acontecimentos no campo fiscal possivelmente estão ligados a uma volta dos bond vigilantes, ou risco fiscal como fator determinante dos juros na economia por trás da moeda de reserva de valor global.
Os EUA estão perdendo o protagonismo global? Leia mais em Sob o olhar da estratégia: Os primeiros 100 dias do governo Trump

2. Baidu: AI impulsiona resultados do 1T25
Baidu faz parte da carteira Top Ações Globais XP
Na quarta-feira (21), a Baidu divulgou seus resultados do 1T25, nos quais revelou que quebrou uma sequência de três trimestres consecutivos de queda de receita. A surpresa positiva foi impulsionada principalmente pelo avanço em suas iniciativas de inteligência artificial com destaque para o segmento de AI Cloud, que seguiu em expansão. A companhia tem acelerado seus planos de transformação digital, integrando soluções de IA ao seu ecossistema móvel.
A reação inicial do mercado foi bastante positiva: antes da abertura das bolsas americanas, os ADRs chegaram a subir 6,5%, refletindo o otimismo com os resultados e as perspectivas futuras. No entanto, fatores externos limitaram os ganhos ao longo do pregão. O Ministério do Comércio da China anunciou que tomará medidas legais contra organizações ou indivíduos que ajudem os EUA a desencorajar o uso de semicondutores avançados chineses, aumentando as tensões geopolíticas entre os países, que estão em uma trégua da guerra comercial. Além disso, um pedido de diretores financeiros republicanos à SEC para excluir empresas chinesas das bolsas americanas adicionou ruído ao ambiente, contribuindo para a reversão parcial da alta das ações da Baidu.
Apesar desses fatores pontuais, mantemos uma visão construtiva para a empresa, que segue como uma das principais posições da carteira Top Ações Globais, sustentada por três pilares:
- Macroeconomia chinesa reativa: O governo tem adotado estímulos consistentes à economia e ao mercado de capitais. Já é possível observar os primeiros impactos positivos das medidas nos resultados corporativos, e a expectativa é de continuidade desse suporte;
- Novo vetor de crescimento: A China tem realizado avanços significativos no campo da inteligência artificial, o que fica evidente diante de startups como a DeepSeek e dos grandes investimentos de players como Alibaba, Baidu e Huawei. O país, que forma mais graduados em STEM do que o restante do mundo somado, tem dado precedência ao setor de tecnologia, uma vez que o vê como principal vetor de crescimento econômico para as próximas décadas e busca competir com os EUA;
- Player qualificado: Apesar de fundamentos sólidos, a Baidu ficou para trás no recente rali chinês. Com forte diversificação e forte posição no mercado local, como principal mecanismo de busca do país, a companhia possui grande potencial para alavancar sua frente de AI via integração com seu ecossistema. Possui caixa robusto para realizar investimentos, principalmente em AI, sendo uma das mais bem posicionadas para um ciclo de alta no setor de tecnologia chinesa.
Confira mais detalhes sobre o último resultado de Baidu e veja a composição completa da nossa carteira Top Ações Globais:

3. Apple: Trump ameaça tarifas sobre iPhones fabricados fora dos EUA
Após anunciar que cogita deixar de utilizar o Google como buscador padrão em seu navegador Safari, agora a Apple se prepara para abrir seus modelos de inteligência artificial a desenvolvedores terceiros, em um movimento que mira conquistar o protagonismo no campo de AI. A expectativa é que a mudança, que será anunciada na WWDC (Apple Worldwide Developers Conference), alavanque o número de apps que sejam baseados em Apple Intelligence e traga novos usuários para iPhones e Macs.
Os mercados se encaminhavam para uma conclusão de semana relativamente tranquila, com narrativa dominada pelo fiscal nos EUA (confira o tema #1), até que em um de seus posts no Truth Social, Donald Trump voltou a colocar a Apple sob os holofotes. Após concessões realizadas para a companhia, com isenções de tarifas para eletrônicos no dia 13 de abril e durante o auge do conflito com a China, nesta quinta-feira (22), o presidente ameaçou impor tarifas de 25% sobre os iPhones não fabricados nos EUA, sugerindo que aparelhos montados na Índia também seriam alvo de penalizações.
A Apple não foi a única vítima: em outro post, o presidente americano direcionou um ataque frontal à União Europeia, propondo tarifa de 50% sobre qualquer produto europeu que não seja montado em solo americano, e declarando posteriormente que “não está buscando um acordo” depois de dificuldades em avançar negociações bilaterais.
Além de pressões relacionadas a tarifas, a Apple traça os próximos passos de sua linha de produtos. A empresa planeja lançar seus primeiros óculos inteligentes até o final de 2026, com câmeras, microfones e integração com a Siri. Embora ainda distante da liderança no campo da AI, os lançamentos de wearebles sugerem que a Apple está determinada a não perder mais uma geração de hardware, porém o mercado mantém algum ceticismo após a decepção nas vendas do Apple Vision Pro.
Nossa visão para a companhia é negativa: a Apple negocia a múltiplos extremamente elevados, enfrenta perda de força no mercado chinês (seu segundo maior mercado em vendas), e tem ficado para trás de outras Big Techs na corrida por inteligência artificial. Seus últimos lançamentos que seriam “disruptivos”, como o Vision Pro, não empolgaram o mercado, e os novos óculos podem ser uma tentativa de corrigir o rumo após o fracasso silencioso do headset. Considerando todos esses fatores, não consideramos que os múltiplos da companhia sejam justificados pela expectativa de crescimento corrente. As notícias provocaram uma reação negativa do mercado: Tesla encerrou a semana em queda de -7,6%, enquanto os ETFs representativos dos índices S&P 500 (SPY) e Nasdaq 100 (QQQ) encerraram em queda de -2,5% e -2,4%, respectivamente, diante de contribuição negativa do setor de tecnologia (ETF XLK), que declinou -3,4% e teve o segundo pior desempenho setorial, atrás apenas de energia.

4. Elon Musk: Homem mais rico do mundo reafirma posição como CEO da Tesla
Elon Musk tem buscado reafirmar sua posição à frente da Tesla, enquanto começa a cogitar a ideia de um futuro IPO da Starlink. Isso ocorre diante de ambiente desafiador para as companhias, que têm sido negativamente afetadas pela política comercial do governo americano e pela proximidade de Musk a Trump.
Tesla: A empresa continua vivendo um momento desafiador na Europa, perdendo pela primeira vez sua liderança em vendas de veículos 100% elétricos para a chinesa BYD, mesmo com tarifas mais duras impostas à rival asiática. Os volumes da BYD saltaram 359% A/A em abril, enquanto os da Tesla recuaram 49% no mesmo período, reforçando a narrativa de cautela que os investidores já vinham adotando em relação à Tesla após o polêmico recall dos Cybertrucks e a incerteza gerada pela proximidade do CEO ao governo americano. Em resposta, Musk afirmou que permanecerá como CEO pelos próximos 5 anos, assegurando “controle razoável sobre o futuro da empresa”. Além disso, ele também confirmou para junho a estreia dos aguardados robotáxis da Tesla em Austin, com promessa de expansão rápida.
Starlink: O tom passado por Musk para a companhia foi de confiança. Com 2 milhões de assinantes ativos no mundo, Musk voltou a sinalizar que a empresa pode ir a mercado, embora não tenha pressa. A eventual abertura de capital é vista como uma forma de destravar valor para a companhia, especialmente em meio ao risco que o empresário corre com todo o ceticismo sobre os altos múltiplos sob os quais a Tesla negocia. Por outro lado, o anúncio ocorre após a Starlink perder diversos contratos, por motivos como: (i) resposta a guerra tarifária; (ii) comentários controversos de Musk em redes sociais e; (iii) preocupações acerca de dependência de empresa estrangeira em infraestrutura crítica.
Musk: Paralelamente, a imagem política de Musk segue dividindo opiniões. Apesar de reforçar que ficará à frente da Tesla, o CEO precisará trabalhar sua imagem e anunciou que reduzirá drasticamente suas doações eleitorais após ser o maior financiador individual da campanha de Trump em 2024. O anúncio ocorre após diversas discordâncias acerca de tarifas com o governo atual, que acabam tendo impacto negativo em Tesla, tanto operacionalmente quanto em relação à reputação da empresa. As notícias provocaram uma reação negativa do mercado: Tesla encerrou a semana em queda de -3,0%, mostrando que o anúncio de Musk como CEO da companhia por mais tempo não foi capaz de superar todos os desafios que a empresa tem passado.

5. Inteligência artificial: Tema segue quente, com notícias de todas as frentes
O noticiário de inteligência artificial segue agitado, à medida que companhias e governos se posicionam para assumirem a liderança na corrida pela liderança nessa nova tecnologia.
OpenAI: A organização, que conta com investimento massivo da Microsoft, anunciou a compra da startup io, do designer do iPhone, Jony Ive, por US$ 6,5 bilhões. Segundo Sam Altman, CEO da OpenAI, o objetivo por trás da aquisição é “reimaginar completamente o que significa usar o computador”, e marca o início de uma nova unidade de hardware.
Nvidia: Em um evento em Taiwan, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, anunciou o NVLink Fusion, um programa que permitirá integrar seus chips com CPUs e ASICs de terceiros, incluindo rivais. Com isso, a empresa busca se tornar peça central das “fábricas de AI” mesmo quando os sistemas não forem 100% Nvidia. O anúncio amplia seu ecossistema, aumenta flexibilidade para clientes e mira datacenters híbridos, ao mesmo tempo em que pode reduzir a dependência de seus próprios processadores. Adicionalmente, Huang anunciou uma nova sede da companhia em Taipei, capital de Taiwan, e a construção de um supercomputador no local.
Microsoft e Nvidia fazem parte da carteira Top Ações Globais XP
Grok: O modelo desenvolvido pela startup xAI, de Elon Musk, esteve envolvido em uma polêmica nessa semana após relatos de uso não autorizado dentro do governo americano. Segundo fontes da Reuters, o chatbot estaria sendo utilizado por membros da equipe do DOGE para analisar dados sensíveis, sem aprovação formal de agências como o Departamento de Segurança Interna (DHS). O caso levantou preocupações sobre conflito de interesses, risco à privacidade e possível vantagem competitiva indevida à xAI em futuros contratos públicos.
Huawei: A companhia chinesa é peça central no embate comercial e negociações entre China e EUA. Após o governo americano emitir novas diretrizes alertando empresas que usam chips Ascend AI da Huawei estarem correndo risco de violarem sanções, a China reagiu e endureceu o tom: prometeu responsabilização legal a indivíduos ou organizações que colaborarem com tais medidas, classificadas como “discriminatórias”.
Energia nuclear: Outro ponto importante foi a assinatura de ordens executivas pelo presidente Donald Trump para impulsionar a energia nuclear nos EUA. As medidas envolvem o uso do Defense Production Act para declarar emergência nacional sobre a dependência de insumos da Rússia e da China, além de facilitar licenciamento de novos reatores e uso de terras federais para esse fim. A justificativa é a crescente demanda energética gerada por data centers e aplicações de AI, o que posiciona a energia nuclear como peça central dessa infraestrutura.
As carteiras Top Dividendos Globais XP e Top Ações Globais XP possuem ações de geradoras de energia nuclear:

Principais eventos da semana

A próxima semana contará com uma série de eventos na agenda econômica dos EUA, com a divulgação de dados como a segunda leitura do PIB do 1° trimestre, consumo pessoal, inflação medida pelo PCE (indicador preferido do Fed) e a ata da última reunião do FOMC, na quarta-feira, também será acompanha de perto em busca de nuances no tom dos membros do Fed sobre os juros americanos. Além disso, discursos de dirigentes importantes do banco central americano, como Neel Kashkari, John Williams e Mary Daly poderão oferecer novas informações sobre o rumo da política monetária. Na frente corporativa, os resultados da Nvidia (quarta-feira) marcam o final da temporada de resultados e devem trazer sinais importantes sobre a demanda por chips de inteligência artificial. Por fim, a PDD também divulga seus números na terça-feira, dando pistas de como está o sentimento do consumidor chinês.

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