O sucesso da Fórmula 1
Nos últimos dois anos, a Fórmula 1 se tornou um esporte imensamente popular, atraindo cerca de 1,55 bilhão de telespectadores durante toda a temporada 2021. O hype foi impulsionado pelo sucesso da série da Netflix "Drive to Survive" ("Dirigir Para Viver" no nome em português), que conta a história da temporada com cenas dos bastidores da corrida e as relações, às vezes polêmicas, entre pilotos e executivos das equipes. A primeira temporada da série estreou em 2019 e, depois disso, a audiência disparou, especialmente entre os mais jovens. A Nielsen fez um monitoramento da primeira semana de exibição de cada temporada nos EUA:

O crescimento da Fórmula 1 vem depois de décadas de trabalho árduo para conquistar o mercado de esportes, o que aparece além do número de corridas e crescimento de público, mas também com técnica e inovação. Por ser um dos esportes tecnicamente mais sofisticados do mundo, com pilotos atingindo velocidades de até 370 km/h entre paradas de menos de dois segundos, a Fórmula 1 é uma batalha entre os melhores pilotos. Mas também é uma batalha entre alguns dos engenheiros mais inovadores do mundo. Diante desse cenário, gigantes da tecnologia, como Amazon, AMD, Cognizant, Dell e Oracle, começaram a trabalhar com equipes de corrida por meio de parcerias.
As tecnologias das empresas são usadas para simular o impacto de novas alterações de design, fornecer insights em tempo real sobre os sensores dos carros e hospedar plataformas de engajamento com os milhões de fãs ao redor do mundo. À medida que a popularidade da F1 cresce, especialmente nos Estados Unidos que deve abrigar três corridas em 2023, grandes empresas têm a chance de alcançar uma audiência relevante, que tende a engajar com o impacto que a tecnologia tem em suas equipes favoritas.
Conheça abaixo algumas das grandes empresas que patrocinam equipes como Mercedes, Ferrari e Red Bull e saiba detalhes essas parcerias.
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ORACLE (NYSE: ORCL; BDR: ORCL34)

A Oracle, empresa de tecnologia norte-americana com sede em Austin, no Texas, é conhecida por seus produtos e serviços de software. Por meio dos três principais segmentos de negócios (hardware, serviços, e nuvem & licença), a Oracle vende seus sistemas de engenharia e gerenciamento de banco de dados, possuindo mais de 420.000 clientes em 195 países. As ações da empresa são negociadas na NYSE com o ticker ORCL, e no Brasil através do BDR ORCL34.
Olhando para a expansão de seus negócios, no final do ano passado, a Oracle anunciou a compra da empresa de registros médicos eletrônicos Cerner. A aquisição, avaliada em US$ 28,3 bilhões, retrata uma tentativa da companhia de fortalecer sua presença no setor de saúde. A compra foi a maior do grupo desde que a Oracle adquiriu a PeopleSoft, em 2004, e ajudará a companhia a reforçar os serviços que oferece aos clientes de saúde, incluindo seguradoras.
A Oracle e a Fórmula 1
A Red Bull, equipe do atual campeão mundial Max Verstappen, escolheu a Oracle como sua principal parceira oficial de infraestrutura em nuvem. A equipe aproveitará os recursos de machine learning e análise de dados do Oracle Cloud Infrastructure (OCI) para otimizar a maneira como os dados são usados, executando simulações de corrida durante a temporada, permitindo a otimização das configurações do carro antes do início de cada corrida e que decisões estratégicas com mais informações sejam feitas enquanto os veículos estão na pista.

Durante o campeonato de 2021, de acordo com a Red bull, ao usar OCI, a equipe aumentou o número de simulações executadas em 1.000 vezes, melhorando a precisão das previsões e a tomada de decisões. Além disso, aumentaram a velocidade de simulação em 10 vezes, permitindo aos estrategistas de corrida mais tempo para decisões assertivas. Por fim, a equipe também informou que reduziu significativamente o custo de simulações, possibilitando a melhora do desempenho na pista de maneira econômica.
Olhando mais especificamente para os fãs, a Red bull em parceria com a Oracle lançou o The Red Bull Racing Paddock, uma plataforma de fidelidade que impulsionou em 9 vezes o número de inscrições de novos membros, de acordo com a equipe. As empresas utilizam a Oracle CrowdTwist Loyalty and Engagement (plataforma de análise e fidelidade omnicanal baseada em SaaS, projetada para permitir que os profissionais de marketing retenham clientes) e OCI. The Paddock fornece uma linha direta de comunicação entre equipe e fãs, permitindo que, na última temporada, enviassem milhares de perguntas à equipe e resgatassem 35.000 pontos que puderam ser trocados por algum tipo de benefício ou produto da marca.
Por fim, a Red Bull também está trabalhando com a Oracle para desenvolver a próxima geração de motores de F1, prevista para estrear em 2026. A equipe usará OCI para otimizar a modelagem de sua nova câmara de combustão do motor, o que deve reduzir custos e melhorar os resultados.
AMD (NASDAQ: AMD, BDR: A1MD34)

A Advanced Micro Devices (AMD) é uma empresa norte-americana que faz o design de microprocessadores para a indústria da computação e eletrônica. A maior parcela da receita da companhia é proveniente dos setores de computação pessoal e data centers através de CPUs (unidade central de processamento) e GPUs (unidade de processamento de gráficos). Além disso, a empresa é uma grande fornecedora de chips para o mercado de consoles, estando presente em ambos o PlayStation (da Sony) e o Xbox (da Microsoft). Recentemente, a AMD adquiriu a Xilinx, buscando diversificar suas frentes de negócios e se tornar mais competitiva em mercados como o de data centers. Suas ações são negociadas na Nasdaq com o ticker AMD e, no Brasil, através de BDRs de ticker A1MD34.
A AMD e a Fórmula 1
A AMD patrocinou a Fórmula 1 pela primeira vez em 2002 e iniciou sua parceria com a equipe Mercedes, do heptacampeão do mundo, Lewis Hamilton, em 2020. A associação positiva da marca é uma das principais razões pelas quais John Taylor, CMO da AMD, patrocina a Fórmula. Em uma entrevista que comentou da parceria ele afirmou que “Se você disser a um consumidor que a AMD faz parte da construção do PlayStation 5, do sistema de mídia da Tesla, ou do display heads-up 787 Dreamliner, ele aumenta sua consideração e preferência pela marca. Então, o relacionamento com a Mercedes, antes de tudo, se encaixa nessa estratégia. Equipes de Fórmula 1 muito bem-sucedidas usam a tecnologia AMD para projetar o carro, analisar os dados, executar as simulações e, portanto, tem esse efeito de associação de marca”.

Em 2022, a Mercedes anunciou que utilizava processadores AMD EPYC™ de 2ª geração para alcançar uma melhora de desempenho na ordem de 20% em relação aos servidores anteriores. Com isso, o grupo conta com o dobro de iterações de modelagem aerodinâmica por dia para um desenvolvimento mais rápido de carros de corrida e projetos mais competitivos que ajudaram a montadora a ganhar o Campeonato de Construtores de F1 de 2021.
Essa otimização é muito importante já que a FIA (Federação Internacional do Automóvel) limitou o tempo que as equipes possuem para realizar suas análises. Com isso, a FIA busca criar, de certa forma, um teto de recursos que podem ser utilizados, dando oportunidades mais homogêneas a todas as escuderias. Por fim, a Mercedes fala em uma economia de tempo de 50% em relação ao que foi realizado em anos e parcerias anteriores.
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Amazon (NASDAQ: AMZN, BDR: AMZO34)

A Amazon Web Services (AWS) é uma plataforma de serviços de computação em nuvem oferecida pela gigante do e-commerce Amazon. A AWS tem expandido continuamente seus serviços e é atualmente uma das plataformas de nuvem mais adotada e abrangente do mundo, oferecendo mais de 200 serviços completos de datacenters em todo o mundo. Entre os serviços oferecidos pela AWS, estão tecnologias de infraestrutura, como computação, armazenamento e bancos de dados; tecnologias emergentes, como machine learning e inteligência artificial; além de data lakes; e Internet das Coisas (IoT).
O segmento de nuvem da Amazon é um dos principais motivos que levaram o papel da empresa a ter um desempenho melhor quando comparado com outras grandes empresas de e-commerce, uma vez que o AWS é o negócio mais lucrativo da companhia. Em meio a uma enorme oportunidade para a computação em nuvem, alguns analistas veem a AWS sozinha valendo mais do que a capitalização de mercado, negociada a US$ 1,14 trilhão da Amazon. A Bloomberg Intelligence diz que a AWS fica na faixa de US$ 1,5 trilhão a US$ 2 trilhões.
A Amazon e a Fórmula 1
Em 2021, a AWS anunciou uma parceria com a Ferrari, equipe de Carlos Sainz e Charles Leclerc, para se tornar seu provedor oficial de nuvem, machine learning e Inteligência Artificial (IA). A Ferrari contará com os recursos avançados de análise, aprendizado de máquina, computação, armazenamento e banco de dados da AWS para obter rapidamente informações sobre o design e o desempenho do carro na pista. Mattia Binotto, diretor da companhia italiana, disse “Escolhemos a AWS por causa de sua constante busca pela inovação, a ampla gama de soluções para aprendizado de máquina e sua experiência comprovada no suporte a parceiros em escala global”.

A Ferrari aproveitará o Amazon Elastic Compute Cloud (Amazon EC2) com uma variedade de tipos de instância especializados para computação de alto desempenho. Isso permitirá que a montadora execute milhares de simulações e obtenha informações mais rápido do que antes. Curiosamente, a equipe usará as instâncias personalizadas do Amazon Graviton 2, baseadas em processadores ARM que a própria Amazon projetou, em vez de soluções da Intel ou AMD. A Amazon afirma que eles fornecem desempenho até 40% melhor do que as soluções de seus concorrentes.
Além disso, a Ferrari, em parceria com a AWS, irá lançar uma nova plataforma digital de engajamento de fãs através do seu aplicativo. Ao criar perfis personalizados, os usuários receberão conteúdos exclusivos, como acesso virtual à oficina da Ferrari e outros benefícios em dias de corrida. Olhando para frente, a Ferrari planeja criar experiências de realidade virtual e aumentada na AWS, que leve os fãs até as oficinas para interagir com pilotos e equipe.
A AWS já tem uma forte presença no automobilismo como fornecedora oficial de nuvem e aprendizado de máquina para a Fórmula 1, um acordo que foi assinado pela primeira vez em 2018. As duas partes expandiram o acordo no ano passado para incluir gráficos de televisão para feeds de transmissão. O acordo com a Fórmula 1 vale US$ 10 milhões por temporada até 2022.
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