Com o objetivo de mantê-lo informado sobre o desempenho da indústria de fundos, mensalmente, publicaremos um resumo da performance das diferentes classes de ativos locais e globais. Além de mostrarmos os principais índices que mais impactam determinados tipos de fundos, também sinalizamos dentro do nosso próprio peer, ou conjunto de fundos, qual a rentabilidade do fundo com a melhor performance (Top 1), qual teve a pior performance (Bottom 1), a mediana dos retornos dos fundos do grupo no mês, no ano, em 12 meses e em 36 meses anualizada e não acumulada, além dos retornos nos anos anteriores de 2021, 2020, 2019 e 2018.
Fundos de Renda Fixa

No mês de setembro os fundos de Renda Fixa classificados como “high grade” e “high yield” seguiram com performance positiva acima do CDI. A mediana de retorno dos fundos de crédito classificados como “high grade” que fazemos o acompanhamento, encerrou o mês de setembro com uma variação de 1,20%. Enquanto os fundos classificados como “high yield” apresentaram uma variação de 1,18%. Vale pontuar que dentro dos fundos de Renda Fixa, segmentamos a alocação entre os fundos com classificação “high grade” e “high yield”, que investem em ativos com boas notas de crédito, e em ativos mais arriscados, respectivamente.
A performance menor para os fundos high yield em detrimento dos fundos high grade podem ser explicadas pela redução dos spreads de crédito no mês de setembro. Movimento que torna desafiador para a gestão de crédito, pois para aumentar os retornos se faz necessário um escalonamento de liquidez/aumento de risco. Em algumas estratégias esse escalonamento é limitado, além disso, entendemos que a gestão de risco é essencial em um cenário de altas taxas de juros.

Quando olhamos para o histórico da evolução de carrego médio dos fundos, é possível notar que essa redução dos prêmios de rentabilidade se dá pela rápida dinâmica de elevação de juros – que teve maior impacto nos títulos soberanos se comparado aos títulos de crédito privado. Ou seja, a remuneração dos títulos públicos tem aumentado com a elevação da taxa de juros em uma velocidade superior à remuneração dos títulos de crédito privado. Como consequência, tem sido mais difícil capturar taxas que gerem retornos excedentes ao CDI.
Em relação a captação dos fundos de renda fixa, no mês de setembro foi possível notar uma queda no volume de captação, com uma saída líquida no mês de R$12,2 bilhões. Por outro lado, quando olhamos para a captação líquida no ano, esta é positiva com um valor de R$94,7 bilhões, bem abaixo dos R$ 293,1 bilhões do mesmo período de 2021.
Ao longo de setembro as debêntures de infraestrutura tiveram mais um mês fraco, impactadas pelo movimento de deflação dos títulos públicos atrelados à inflação (Tesouro IPCA), que fecharam com retornos negativos. Como referência do mercado de debêntures de infra, o índice IDA-IPCA Infraestrutura apresentou uma variação de 0,29%, enquanto o IPCA demonstrou uma variação de 0,33%.
Em relação a visão dos gestores acerca dos fundos de debêntures incentivadas, a elevação de spreads das NTN-Bs, bem como o crescimento do mercado de infraestrutura no Brasil, favorece a classe no longo prazo oferecendo retornos atrativos. Além disso é possível notar um aumento do diferencial oferecido por produtos isentos em detrimento da elevação de juros.
Fundos Multimercados

Para o mês de setembro os Multimercados locais seguiram com uma performance positiva, com o IHFA, que é o principal índice de fundos multimercados do Brasil, apresentando um retorno de 1,49% em setembro, contra um CDI de 1,07%
Em relação à performance por estratégia, vale o destaque para os fundos multimercados do tipo Macro/Multiestrategia que apresentaram uma variação de 1,28%, sendo que no ano, essa classe de fundos apresentou uma performance de 11,29% se destacando em relação as demais classes de ativos no Brasil e no exterior. Já para os fundos classificados como Long & Short/Arbitragem, a mediana para o mês de setembro foi de 0,85%, enquanto os fundos Sistemáticos tiveram um retorno de 0,43%.
Para a classe Macro/Multiestrategia, posições tomadas na curva de juros americana bem como vendidas em inflação implícita no mercado local foram alguns dos destaques positivos. Enquanto nos fundos classificados como Long Short/Arbitragem o setor de Utilities e Bancos tendem aparecer como destaque positivos. No mês de setembro, foi possível ver a continuidade de posições comprada em Brasil e vendida no mercado internacional.
De olho no fluxo de captação, dados da Anbima mostraram que os fundos multimercados tiveram saída líquida de R$ 10,4 bilhões no mês, com saldo negativo acumulado de R$ 79,7 bilhões entre janeiro e a setembro. A intensificação dos riscos para o ambiente global em setembro, em certa medida, explica o maior resgate líquido da classe. Reforça essa percepção o resgate de R$ 9,1 bilhões do tipo investimento exterior, a segunda subcategoria mais representativa dos multimercados em patrimônio líquido (R$ 711,7 bilhões).
Mantemos uma visão positiva de alta convicção para a classe, muito em linha com a flexibilidade que esses fundos possuem para navegar em diferentes cenários.
Fundos de Ações Brasil

No mês de setembro, a bolsa brasileira seguiu na direção contrária dos mercados globais. Com uma dinâmica de resiliência na atividade econômica, taxas de desemprego e a inflação seguindo seu movimento de queda, o BCB o encerrou o maior do ciclo de alta de taxas de juros da história. Em meio a esse cenário, o Ibovespa apresentou uma variação de 0,47% no mês.
Os gestores locais de ações de estratégia Long Biased se destacaram com um retorno superior ao Ibovespa no mês, a mediana de retorno da classe foi de 0,53%. Enquanto os fundos classificados como Long Only apresentaram uma performance negativa de -0,29%. No ano, a mediana de performance dos 292 fundos de ações long only analisados, apresentaram um retorno de 1,99%, enquanto a nossa amostra de 88 fundos long biased tiveram um retorno de 6,52%.
Os principais responsáveis pela performance positiva para os gestores de ações no mês foram os setores de Varejo, seguido do de Petróleo & Gás. Além disso, houve contribuições razoavelmente positivas para o setor Financeiro (bancos) Transporte e Logística, Saúde, entre outros.
A classe ações seguiu apresentando um fluxo de recursos negativo em setembro, com retiradas líquidas de R$ 3,9 bilhões. No ano, esses fundos somam R$ 57,9 bilhões em saques líquidos. Entre os tipos, os dois mais representativos em patrimônio líquida da classe tiveram captação líquida negativa no mês: o menor resultado ficou com o ações investimento no exterior, de R$ 2,4 bilhões, seguido do ações livre, com R$ 2,3 bilhões.
Permanecemos construtivos com a classe no longo prazo, visto que existem muitas oportunidades descontadas e que podem ser exploradas através de uma boa gestão ativa. No curto prazo, desafios em relação à inflação, riscos fiscais e eleições permanecem no radar.
Fundos Internacionais
Renda Fixa Global

Setembro foi novamente um mês difícil para os ativos de renda fixa devido à postura mais agressiva dos bancos centrais dos países desenvolvidos, especialmente o Federal Reserve nos Estados Unidos (FED) e eventos econômicos negativos no Reino Unido que geraram desdobramentos nos mercados globais de ações e crédito.
O FED elevou a taxa de juros básica dos Estados Unidos novamente em 0,75% e passou uma mensagem mais dura, conhecida no mercado com hawkish, reforçando seu compromisso com o controle da inflação. O resultado foi à desvalorização dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos, referência para os ativos de renda fixa globais, cujas taxas eram 3,19%a.a., terem atingido o nível de 4%a.a., antes de se recuperarem para 3,82% a.a. no final do mês. Um conjunto mal-recebido de propostas orçamentárias do Reino Unido no final do mês também aumentou a volatilidade e fez os rendimentos dos títulos dispararem.
Os fundos que mais os sofreram no mês, são os com exposição ao mercado de dívidas de emergentes como o Ashmore Emerging Markets Debt Advisory IE FIC FIM CP que caiu -8,94% no mês.
O desempenho relativamente fraco dos emergentes em relação aos países desenvolvidos, foi impulsionado principalmente pelo dólar que se fortaleceu frente as principais moedas do mundo. O índice DXY, que mede a taxa de câmbio média entre o dólar americano e diferentes moedas de economias relevantes, aumentou 3,14% durante o mês de setembro.
Na ponta positiva, os fundos com exposição à oscilação do dólar como o PIMCO Income Dólar IE FIC FIM e Oaktree Global Credit USD Advisory IE FIC FIM tiveram desempenho positivo no mês de respectivamente 0,39% e 0,13% no mês.
O primeiro teve ganhos em posições que se valorizavam com a alta das taxas de juros no Reino Unido e Japão e o segundo tem tido melhor desempenho que seu pares, por ter uma posição maior em ativos pós-fixados, títulos cuja performance é menos impactada pelo aumento de juros ao redor do globo.
Na maioria dos casos, no último mês, os gestores aumentaram suas posições em ativos High Yields americanos e diminuíram a duration, de seus portfólios. No entanto seguem mais cautelosos em relação aos ativos de renda fixa na Europa após a inflação da zona do euro ter subido este ano até setembro para 10%, com novos e acentuados aumentos nos preços de energia e alimentos. O Banco Central europeu subiu a taxa básica em 0,75% em setembro e o mercado já precifica mais uma alta da mesma magnitude em outubro.
Em nossa opinião o retorno esperado da Renda Fixa Global está em níveis bastante altos. No caso dos retornos dos fundos com hedge, ou seja sem exposição ao dólar, mesmo considerando o menor diferencial de juros Brasil e EUA – parte importante do retorno – os juros altos dos papeis resultam em uma soma dos dois componentes em níveis significativos. É importante notar que ainda há muitas incertezas quando ao comportamento das taxas e spreads de crédito, mas acreditamos que o nível atual já está em um ponto bastante atrativo para carregar a posição pensando em um horizonte de médio prazo.
Renda Variável Global

Em setembro, os mercados de ações globais – o MSCI ACWI recuou 9,5% no mês – caíram acentuadamente, refletindo cada vez mais, uma recessão econômica global mais profunda. Nos Estados Unidos, o S&P 500 terminou o mês com performance de -9,3%, enquanto NASDAQ e Dow Jones também tiveram quedas de -10,5% e -8,8%. Já o índice de mercados emergentes (MSCI EM) recuou 11,7% no mês.
Os fundos que mais sofreram em setembro estão mais alocados nos setores de tecnologia e consumo discricionário como o AXA WF Framlington Digital Economy Advisory IE FIC FIA que teve queda de 12,25% no mês e Wellington Asia Technology Advisory Investimento IE FIC FIA cujo retorno foi de -14,82%.
No caso do segundo fundo, ainda há um segundo detrator no mês que foi a performance do mercado chines (MSCI China) cujo retorno foi de -14,72% no mês devido a insistência e impactos econômicos da política de zero COVID e a fraqueza no setor imobiliário do país também prejudicou o sentimento do mercado, já que as incorporadoras financeiramente mais fracas estão lutando para concluir os empreendimentos existentes para entregar aos clientes finais.
Na ponta mais positiva, vemos os fundos de operações de valor relativo, ou seja, gestores que conseguiram capturar retornos pelo diferencial da rentabilidade de dois ativos ou dois conjuntos de ativos. Nestes casos, a direção do mercado de ações em si, tem um impacto muito menor no retorno dos fundos. Um exemplo é o WHG Global Long Biased IE FIC FIM CP, veículo com exposição à oscilação do dólar cujo retorno no mês foi de 0,8446%. O fundo destacou por possuir posições que se valorizam com a queda do mercado no Reino Unido e de ações que sofreriam com a piora dos dados de consumo como Apple, Nike e Fedex.
Em geral, os gestores acreditam estarem carregando em seu portfólio empresas com potenciais retornos atrativos visando o médio/longo prazo e que a seleção correta dos ativos fará muita diferença à frente uma vez que mercado está no momento se concentrando no cenário macro ao invés de analisar os fundamentos das empresas de forma individual.
Permanecemos cauteloso com essa classe de ativo dado que mesmo após as quedas recentes, os preços das ações ainda permanecem perto da média histórica, diferente da bolsa brasileira. Por esse e outros motivos preferimos a alocação de risco de renda variável no país. Saiba mais sobre esta tese aqui.
Fundos Multimercados Global

Como já citado acima, o mercado de renda fixa e renda variável global sofreram como um todo sofreu em setembro, principalmente após o Jerome Powell, presidente do FED sinalizou em 21 de setembro que os dirigentes do Banco Central americano preferem arriscar uma possível recessão do que deixar a inflação descontrolada.
E neste mês, inclusive um retorno negativo significativo das commodities, principalmente petróleo e o minério de ferro. Nos fundos multimercados em geral, a performance não foi diferente. Os fundos cujo mandado estejam focados em ter posição apenas, ou majoritariamente, compradas nos diferentes mercados sofreram novamente. Alguns exemplos são os casos dos fundos o Bridgewater All Weather Sustainability Advisory FIC FIM IE que teve retorno de -8,24% no mês e do Blackrock Dynamic High Income IE FIC FIM -7,13%.
Na ponta positiva, temos fundos como as demais classes acima, com possibilidade de operações visando retornos positivos seja na queda de um ativo ou classe, seja em operações de valor relativo. Os destaques do mês são os fundos Systematica Blue Trend Dólar Advisory IE FIC FIM cujo retorno foi 10,42% e o fundo Wellington Schroder Gaia USD IE FIC FIM com rentabilidade de 3,73% no mês.
A classe de Multimercados é mais abrangente considerando diferentes estratégias – principalmente a internacional, vide a dispersão dos retornos do peer como neste mês. Ou seja, como ilustrado na tabela acima o fundo com maior retorno em dólar teve rentabilidade de +10,42% e na ponta contrária -6,29% -, por isso é mais complexo ter uma opinião consolidada para a classe.
É importante analisar os fundos de forma individual e em relação a sua carteira atual de investimentos. Pois ao incluir fundos com estratégias diferentes das que você possui atualmente, há a possibilidade de não só aumentar seu retorno potencial, mas também diminuir o risco do portfólio. Nessa classe de ativos preferimos os fundos sem exposição cambial, optando por ter a maior parte da alocação do portfólio em dólar concentrada nos fundos de ações globais.