Por que investir em fundos de renda fixa com prazo de resgate longo? Qual a relação entre a liquidez e objetivo de retorno? Quais são as diferentes estratégias em crédito da Valora Investimentos?
No Indo a Fundo no Outliers dessa semana, abordaremos os impactos da liquidez para fundos de renda fixa de crédito, falando sobre as diferentes estratégias da Valora Investimentos, gestora recebida no episódio #70 do Outliers que falou com mais detalhes sobre história, estrutura e gestão da Valora, você pode conferir o conteúdo completo abaixo:
Neste relatório focaremos nas estratégias dos fundos Valora Absolute, Valora Guardian e Valora Horizon, além do veículo previdenciário Valora Prev XP Seg, bem como os impactos do prazo de liquidez no objetivo de retorno das estratégias.
Conheça a Valora Investimentos
Com origem na consultoria para reestruturação de empresas, a Valora Investimentos tem em seu DNA a flexibilidade para realizar mudanças necessárias em sua estrutura, com o objetivo de inovar e trazer diferentes soluções para clientes e investidores.
Como gestora de recursos de terceiros, a fundação da Valora Investimentos é datada no ano de 2005, entretanto, na configuração como consultoria de empresas, os sócios já estão juntos desde 2002. Foi dentro do trabalho de reestruturação que surgiu a necessidade de levantar recursos para financiar as empresas e com isso, no ano de 2005, lançaram o primeiro fundo de investimento.
Ao longo dos anos, a Valora foi incorporando em seu escopo de investimentos diferentes estratégias, hoje a gestora conta com R$7,8 bi sob gestão e com 62 pessoas colaboradoras. Onde desse total, cerca de 52 estão ligadas diretamente à gestão.
Dado ao histórico de consultoria, inicialmente o foco de atuação estava em fundos de renda fixa estruturados, e com o tempo a gestora incorporou novos mandatos e estratégias, e hoje está segmentada em 6 diferentes áreas de negócio: Renda Fixa (fundos abertos), Renda Fixa Estruturada, Imobiliários, Infraestrutura, Agronegócio e Private Equity.
Neste relatório focaremos nas estratégias de renda fixa de fundos abertos, especializada em crédito privado. Um fator interessante é que a Valora conta com originação proprietária, ou seja, acompanha de perto todas as etapas da disponibilização de crédito, realizando também a estruturação, gestão e monitoramento dos ativos investidos.
Em linhas gerais, a estratégia de investimento busca alinhamento estratégico com o escopo dos fundos, onde dada a configuração da carteira e buscando uma alocação eficiente de caixa, o fundo com menor prazo de liquidez (Valora Absolute) é D+15, e neste caso a alocação em crédito estruturado (FIDCs, CRAs e CRIs) é realizada em um limite de 20%. As estratégias que possuem maior alocação em crédito estruturado e que abordaremos com mais detalhes na sessão a seguir, contam com um prazo de liquidez de D+75 e D+180. Além disso os papéis possuem majoritariamente a indexação CDI+, o que diminui a exposição ao risco de mercado. Para falar sobre a liquidez dos ativos e possíveis impactos na rentabilidade, é importante entender como como as estratégias se diferenciam em termos de gestão, a seguir conheça os fundos Valora Absolute, Valora Guardian e Valora Horizon e o veículo previdenciário Valora Prev XP Seg
Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!
Valora Absolute
O fundo Valora Absolute foi lançado em 2009, e se trata de um fundo de renda fixa do tipo high grade, ou seja, busca investir em ativos com baixo risco de inadimplência. Objetivando um retorno entre CDI+1,5% e CDI+2,0%, o fundo é aberto a investidores em geral, e tem prazo de liquidez D+15. A aplicação mínima para acessar essa estratégia é de R$ 1.000,00.
Desde seu início, o fundo acumula um retorno de 246,09% contra o CDI que rendeu 216,45% para o mesmo período. Com foco em ativos locais, 80% do fundo está voltado para ativos de crédito “líquidos”, como letras financeiras e debêntures com baixo nível de risco, o saldo remanescente pode ser alocado em crédito estruturado, como FIDCs, CRAs e CRIs.
Ainda em relação ao portfólio, como é possível ver no gráfico acima, existe uma diversificação relevante em relação aos setores de exposição, no qual infraestrutura (25,8%) demonstra ter o maior peso, seguido de Finanças e Crédito (15,2%) e Logística e Transportes (12,8%), também é possível ver exposições relevantes nos setores de Real Estate (5,7%), Indústria (6,7%), Comercio Atacadista e Varejista (4,3%), Saúde (9,3%) , entre outros (+20,3%).
Valora Guardian
O fundo Valora Guardian foi lançado em 2016. Este é um fundo de renda fixa que investe em cotas de fundos de FIDCs e por este motivo é classificado como um fundo do tipo high yield, ou seja, investe em empresas com menor de crédito (rating) se comparado aos fundos high grade, mas que oferecem retornos relevantes. Objetivando um retorno entre CDI+2,5% e CDI+3,0% este é um fundo para investidores qualificados, e possui um prazo de liquidez D+75. A aplicação mínima para acessar a estratégia é de R$ 500,00.
Desde seu início, o fundo acumula um retorno de 58.61% contra o CDI que rendeu 45.61% para o mesmo período. Com foco em FIDCs, é possível encontrar no portfolio diferentes tipos de estruturas de FIDCs, com exposição a cotas “sêniors”, que oferecem maior proteção, pois tem preferência no recebimento do fluxo de pagamentos da dívida. Por outro lado, tem menor retorno se comparadas às cotas “mezanino”, que tem um rendimento intermediário, devido às suas garantias e por ter preferência em relação às cotas “subordinadas”, que oferecem maior risco já que é a primeira a perder em caso de inadimplência do devedor.
Quer saber mais sobre o assunto? confira o conteúdo:
O que é um FIDC? Descubra como funciona e como investir
Valora Horizon
O fundo Valora Horizon foi lançado em 2013, e segue a mesma linha de investimento que o Guardian: investe em cotas de fundos de FIDCs, por outro lado, nesta estratégia é possível encontrar uma diversificação maior em relação aos ativos investidos. Objetivando um retorno de CDI+4,0% ao ano, este é um fundo destinado a investidores qualificados e possui um prazo de liquidez D+180. A aplicação mínima para acessar a estratégia é de R$ 500,00.
Desde seu início, o fundo acumula um retorno de 176,80% contra o CDI que rendeu 114,74% para o mesmo período. Em termos de amplitude de portfólio, nesta estratégia é possível encontrar FIDCs, CRAs, Fundos DI, Compromissadas, Debêntures, entre outros.
Ao olhar no detalhe a composição da carteira, é possível identificar que diferente do Guardian, a exposição por modalidade vai além dos FIDCs, apesar de 39,9% da carteira ter exposição a FIDCs do tipo multi-cedente multi-sacado e 25,2% ser em créditos consignados, 10,8% é alocado em clientes, 7,4% em crédito pessoal e 7,7% em cartão de crédito, além de ter outros tipos de ativos de crédito no portfólio (9%). A composição da carteira também chama atenção por também conter exposição majoritária a FIDCs, mas acrescida de outras classes que a Valora tem estrutura de negócios, como fundos imobiliários.
Valora Prev XP Seg
O fundo Valora Prev XP Seg foi lançado em 2021, e esta é mais uma estratégia que é resultante da recente evolução dos fundos de previdência. Em termos de alocação é possível dizer que este fundo é uma estratégia intermediaria entre o Valora Absolute e o Valora Guardian, respeitando os limites de alocação dos fundos de previdência.
Desde seu início, o fundo acumula um retorno de 8,98% contra o CDI que rendeu 7,82% para o mesmo período. Objetivando um retorno de CDI+1,5% a CDI+2,0%, este fundo é para investidores qualificados e tem prazo de liquidez D+22.
Quanto custa a liquidez?
Que o fator tempo é extremamente relevante no mundo dos investimentos, não é uma novidade. Por outro lado, o investidor deveria entender que normalmente, quanto maior o prazo de resgate do fundo, sim maior o risco, mas também terá maior retorno esperado como vimos nesse relatório. Da mesma forma em que, se faz necessário prestar atenção que podem existir casos em que ter o rápido resgate na carteira, não necessariamente será a melhor opção de alocação.
O conceito de liquidez é relativamente simples, se trata do tempo em que o investidor irá converter um ativo em dinheiro novamente. Quando falamos em fundos de investimentos, esses prazos são definidos a partir do tipo de estratégia, estrutura de gestão e ativos que compõem o portfólio.
Dentro dos fundos de renda fixa pós fixados, é comum ver alternativas com alta liquidez, ou seja, que podem ser resgatados rapidamente caso o investidor deseje. Ainda assim, é importante entender no detalhe, que os fundos que possuem essa característica ou precisam ter em sua carteira ativos pós fixados com alta liquidez, ou precisam ter um fluxo de caixa bem estruturado para dar conta desses resgates.
Quando falamos em ativos pós fixados de alta liquidez, é necessário assumir que na relação risco x retorno, quanto menor o risco, menor também tende a ser o retorno. Aqui, podemos trazer como exemplo o Tesouro Selic, que é recomendado como uma alternativa de reserva de emergência, pela sua segurança e rápido resgate. Por outro lado, este tipo de alocação vai acompanhar o CDI.
Já quando falamos em caixa bem estruturado, é necessário assumir que os fundos que possuem exposição a ativos de crédito privado, por exemplo, e que possuem um prazo de resgate curto, vão demandar do gestor um acompanhamento ativo e fluxo de caixa rápido, para vender os papeis e realizar a liquidação dentro do prazo estimado para cada fundo. Sempre é necessário analisar caso a caso, mas é importante entender que existe uma limitação de alocação em títulos com maior prêmio de rentabilidade, justamente pela necessidade de ter uma carteira que promova resgate no prazo adequado.
Para falar sobre os impactos da liquidez nos fundos de investimentos, podemos trazer as três estratégias abordadas neste relatório: Valora Absolute, com um prazo de resgate D+15, Valora Guardian que é um fundo D+75 e Valora Horizon com resgate D+180, o maior entre as estratégias. Vale pontuar que além das diferenças de liquidez, como foi visto anteriormente esses fundos também possuem diferentes exposições no portfólio.
Ao analisar o desempenho desses fundos nos últimos 3 anos, fica nítida a diferença de rentabilidade, onde o Valora Horizon, com maior prazo, teve uma variação de 28,41%, o Horizon 22,62% e o Absolute 19,71%. Em linhas gerais, o gestor consegue, dentro da carteira do fundo com maior horizonte de investimento, incorporar ativos com maiores prazos, de forma que a rentabilidade também tende a ser maior.
Dentro dos fundos de investimentos, é importante olhar para a diversificação de carteira do ponto de vista não apenas das classes, mas de estratégia, liquidez e diferentes exposições setoriais e de mercado. Dessa forma, o investidor poderá segmentar seu portfólio, de forma a ter um capital reservado para emergências, e outro alocado para rentabilidade no longo prazo.
Por outro lado, é importante entender que a falta de liquidez de um investimento também pode ser um risco, caso não haja um planejamento em relação ao prazo em que esse dinheiro será de fato utilizado. Um exemplo desse risco, é que caso o investidor faça uma alocação objetivando o resgate em 5 anos, e deseje resgatar antes, este poderá ser penalizado com um preço menor do seu ativo, de forma que perderá dinheiro no momento do resgate.
Por fim, o investidor que deseja entender qual a alocação ideal para o horizonte de investimento que deseja alocar, poderá contar com as nossas carteiras recomendadas que são segmentadas de acordo com as políticas de investimentos, e que também fornecem o percentual de alocação de acordo com a liquidez, estratégia e nível de risco.