Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulheres, elaboramos um relatório especial que visa explorar a presença feminina no universo dos investimentos – em especial na indústria de fundos, além de apresentar mulheres que estão transformando o mercado financeiro.
Com suas diferentes abordagens, pontos de análise e vertentes políticas, os debates acerca da equidade de gênero avançam de forma expressiva em todo mundo. Não existem dúvidas de que esse é um movimento que tem transformado a visão de sociedade de toda uma geração, dando espaço a verdadeiras mudanças em prol de um mundo mais justo.
Entretanto, o retrato atual da sociedade ainda não é dos melhores! A começar pelo fato de que mesmo representando 51,8% da população brasileira, dados da B3 mostram que apenas 23,54% do total de CPFs cadastrados na bolsa de valores, pertence às mulheres.
O retrato não tende a melhorar quando olhamos para a presença feminina em cargos de lideranças, já que das 408 companhias de capital aberto o Brasil, 61% não tem uma única mulher na alta direção e 45% não tem participação feminina no conselho de administração, de acordo com um outro estudo da B3.
Dentro da indústria de fundos de investimentos a situação não é diferente, um levantamento realizado pelo time de Análise de Fundos da XP, mostrou que dentro do universo de cobertura da plataforma, dos colaboradores marcados como relevantes na diligência (ou seja, que possuem relevância na tomada de decisão das gestoras), apenas 529 são mulheres, representando 17,5% do total de funcionários dessas empresas de gestão de fundos.
Contexto histórico
Nesse momento, vale abrir espaço para mencionar o contexto histórico – não com viés de justificativa, mas para entender como chegamos até aqui e quais são as alternativas para mudar esse cenário. O Código Civil de 1916 limitava expressivamente a atuação feminina na sociedade, onde de acordo com o Código, mulheres casadas só podiam trabalhar fora, viajar ou abrir conta no banco se o marido permitisse. O que mudou em 1962, com o Estatuto das Mulheres casadas que ampliou os direitos das mulheres, mas foi só na Constituição de 1988 que a igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres foi formalizada.
Aqui estamos falando do contexto do Direito das Mulheres, que apesar de ter evoluído com o passar do tempo, as consequências estruturais ainda seguem nos dias de hoje. E de acordo com o relatório World Gender Gap 2020, do Fórum Econômico Mundial, no ritmo atual seriam necessários 99,5 anos para que a igualdade de gênero fosse alcançada no mundo.
Dessa forma, medidas de inclusão e incentivo da presença feminina se fazem necessárias, com o objetivo de garantir que as mulheres possuam acesso as mesmas oportunidades que os homens, respeitando suas particularidades e promovendo um ambiente mais justo.
Nessa linha, a Nasdaq, uma das principais bolsas de ações do mundo, adotou em agosto de 2021 novas regras que estipulam que os conselhos de administração das empresas listadas da Nasdaq, deverão conter, no mínimo, duas pessoas diversas, sendo uma mulher e outra pessoa que se identifique dentro de outros grupos vulneráveis, como pessoas negras ou comunidade LGBTIQ+. O objetivo é trazer a inclusão como uma nova forma de fazer negócios.
Vale lembrar que a equidade de gênero é uma agenda que faz parte da letra “S” da sigla “ESG” (do inglês Environmental, Social and Governance ou, em português, ASG, referindo se à Ambiental, Social e Governança), e como já abordamos por aqui, esses critérios têm se tornado fatores essenciais para se avaliar na hora de investir, inclusive e, principalmente, em meio à cenários de grande volatilidade, como os que estamos vivendo atualmente.
Com todos esses fatos e inciativas, gostaríamos de trazer mulheres que são verdadeiros exemplos e que estão transformando a indústria de fundos de investimentos através do seu trabalho. Conheça e se inspire com essas mulheres abaixo.
Fundos de Investimentos sob gestão DELAS
Systematica Blue Trend Advisory FIC FIM IE
Sendo referência mundial no mercado financeiro, Leda Braga nascida e criada na cidade do Rio de Janeiro é fundadora e CEO da Systematica Investments, uma gestora inovadora que tem como pilar principal a tecnologia e a utilização de modelos algoritmos para a gestão de recursos.
Também é conhecida como “Rainha dos Quants”, Leda Braga tem sob sua gestão mais de US$ 10 bilhões em ativos, e ficou conhecida em todo mundo após a crise de 2008, quando administrando o BlueTrend, entregou uma performance de 43% em pleno choque do subprime nos Estados Unidos – também conhecida como uma das crises mais agudas do mercado financeiro. A estratégia Systematica Blue Trend está disponível na XP em sua versão hedgeada – sendo um fundo exclusivo para investidores qualificados.
Vivian Lee é sócia, co-CIO e gestora da estratégia de crédito da Ibiuna Investimentos desde 2020. Tendo passagem pelo Santander, Itaú, e BankBoston, Vivian reúne mais de 20 anos de experiencia no mercado financeiro e é formada em Administração de Empresas pela FGV, possui pós graduação em banking pela Fundação Dom Cabral, mestrado em finanças pelo Insper e certificados CFA e CGA.
O Ibiuna Credit é um fundo de renda fixa crédito privado lançado em 2021, e entre seus diferencias está a gestão ativa da parcela de ativos internacionais que pode ser de até 20% da carteira do fundo. Vivian Lee compõe a equipe de gestão do fundo junto com Eduardo Alhadeff, ficando dedicada à gestão dos papeis no mercado local.
Mariana Dreux é gestora da estratégia Macro e ocupou a mesma função para a estratégia Macro da ARX Investimentos (2012-2017). Trabalhou como gestora de renda fixa no Banco Itaú (2010-2012) e na GAP Asset Management (2008-2010), da qual se tornou sócia em 2009. Anteriormente, foi trader no Banco BBM (2005-2008), desenvolvedora de produtos no Banco Pactual (2004-2005) e integrou a área de Research do Banco BBM (2001-2004). É graduada em engenharia de produção pela UFRJ com excelência acadêmica (2003) e tem MBA em finanças pela FGV-RJ (2005).
O Truxt Macro, estratégia sob a responsabilidade da Mariana, se trata de um fundo multimercado, lançado em 2017 e suas teses de investimentos são baseadas na elaboração de cenários macroeconômicos.
Dahlia Total Return Advisory FIC FIM
Sara Delfim é economista, sócia fundadora e membro do time de gestão de fundos da Dahlia Capital, e tem mais de 20 anos de experiência em análise de empresas, atuando em instituições como Bear Stearns e Bank of America Merrill Lynch, cobrindo setores de bens de capital, infraestrutura e transportes na América Latina.
Quasar Crédito Imobiliário FII (QAMI11)
É fato que a presença feminina em postos de comando é algo ainda menos presente nos fundos imobiliários. No entanto, o segmento dos FIIs conta com um fundo gerido exclusivamente por mulheres, o que pode ser considerado até mesmo um diferencial.
O fundo da Quasar Asset é gerido por Cristina Tamaso, Sofia Caccuri e Joana Mattos. Cristina Tamaso, possui vasta experiência no setor de infraestrutura, Sofia Caccuri, trabalhou por muitos anos com risco de crédito nos setores de energia e infraestrutura e Joana Mattos, possui experiência de mais de 18 anos no mercado imobiliário, FIIs e Property.
O QAMI11 é um fundo de papel, com investimento majoritário, superior a 50% dos recursos, em CRI (certificados de recebíveis imobiliários) e o restante podendo ser alocado em outros recursos, como debêntures.
O fundo é orientado para uma estratégia de investimento de longo prazo, que lucre com dívidas do setor imobiliário. O intuito é entrar no fundo e permanecer nas operações até o vencimento. Portanto, direcionado a investidores orientados ao longo prazo.
HABITAT Recebíveis Pulverizados FII (HABT11)
O fundo Imobiliário Habitat Recebíveis Pulverizados tem como objetivo a aquisição de ativos financeiros de natureza imobiliária, com preponderância em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) lastreados em carteiras de recebíveis pulverizados. O fundo faz parte da gestora independente Habitat Capital Partners, recentemente adquirida pela XP Asset.
Camila Almeida é sócia e fundadora da Habitat Capital Partners, é especialista em estruturação e securitização de fundos de recebíveis com certificação de Gestores pela Anbima. Formada em engenharia de produção pela UFPR, trabalhou por cinco anos no private banking do JP Morgan.
Investindo em mulheres no cargo de liderança
Muito em linha com a temática abordada até aqui, para os investidores que acreditam que o aumento da presença feminina em cargos de liderança é benéfico para o desenvolvimento e resultado das empresas, é possível, através do fundo Trend Lideranças Femininas, acompanhar o desempenho do ETF SHE. O ETF SHE, possui o objetivo de investir em empresas que têm forte presença feminina em cargos de liderança. Além de promover a diversidade de gênero, o ETF SHE doa parte da taxa de administração para apoiar instituições que se concentram em programas de formação para mulheres.
Ao todo, o ETF SHE seleciona entre as 1.000 maiores companhias americanas, aquelas que possuem melhor desempenho qualitativo analisando três aspectos (i) proporção de mulheres no conselho administrativo ou em cargos executivos em relação ao total de membros do conselho administrativo e executivo, (ii) proporção de mulheres em cargos executivos em relação ao total de executivos; e (iii) proporção de executivas, excluindo as que participam do conselho de administração, em relação ao total de executivos, exceto os executivos que são membros do conselho de administração.
O fundo é aberto a investidores em geral e possui aplicação mínima de apenas R$ 100,00, Além disso, o fundo destinará 20% da taxa de administração para o Instituto As Valquírias, uma organização dedicada a entregar oportunidades para mulheres em situação de vulnerabilidade social. A estratégia do Trend Lideranças Femininas FIM apresenta proteção cambial, isto é, não está exposta à variação do dólar.
Atitude que transforma: MLHR3
Apesar dos fundos citados acima possuírem mulheres em sua gestão ou como no ETF SHE investirem em empresas que estão a frente desse movimento, sabemos dos desafios para alcançarmos a equidade de gênero. Dessa forma, é de vital importância que inciativas focadas existam, para que fatores como gênero, origem, família, acesso à educação, classe social, não interfiram no sucesso profissional e pessoal das pessoas.
Com esse intuito a XP assumiu o compromisso público de equidade de gênero entre todos os seus colaboradores além de criar um coletivo feminino chamado MLHR3 que tem como objetivo criar iniciativas e melhores condições para que as mulheres consigam desempenhar todo seu potencial profissional e com isso, mudar o retrato atual do mercado financeiro.
Importante ressaltar que a XP Inc. ao anunciar a criação do MLHR3, também assumiu uma meta publica, de ter ao menos 50% de mulheres em todos níveis hierárquicos até 2025. Para isso, uma série de medidas práticas foram implementadas, que inclui o treinamento, mentoria, acompanhamento e todo suporte para acelerar o processo de inclusão de mulheres em no mercado financeiro e em cargos de liderança.
Por fim, para debater temas determinantes para o país, sob a perspectiva de mulheres que são expoentes em suas áreas participe do Sob Olhar delas – uma conferência de Política e Economia organizada por mãos e cabeças femininas da XP Inc. O evento ocorrerá do dia 07 a 11 de março no Youtube da XPInc.
Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!