Resumo
Em geral, a indústria de Açúcar e Etanol (S&E, na sigla em inglês) é um setor sensível na perspectiva ESG. Em nossa visão, o pilar Ambiental é o fator mais importante na análise, embora o de Governança e Social não estejam distantes. Em relação à Jalles, apesar de a empresa fazer parte de um setor muito sensível em termos do pilar E, vemos a companhia bastante comprometida com a agenda ESG, dado os diversos programas da empresa que visam minimizar os impactos adversos de suas operações de cana-de-açúcar na biodiversidade, como o mapeamento do uso do solo de sua propriedade e a área de preservação permanente (APPs), o monitoramento da flora e da fauna, as emissões de gases do efeito estufa (GEEs) e o uso da água. Na frente S, a Jalles possui programas positivos, com destaque para as mais de 14 ações sociais com comunidades locais em 2019. Por fim, no pilar G, destacamos a boa governança da Jalles, porém vemos espaço para melhorias tanto na independência como na diversidade no Conselho de Administração da empresa.
Indústria de Açúcar & Etanol: Um olhar setorial
Em geral, a indústria de Açúcar e Etanol (S&E, na sigla em inglês) é um setor sensível na perspectiva ESG. Em nossa visão, o pilar Ambiental é o fator mais importante na análise, embora o Social e Governança não estejam distantes. Abaixo, destacamos tópicos ESG comuns em toda a indústria de S&E, em uma perspectiva setorial:
Ambiental
De acordo com o MSCI, a agricultura é responsável por +70% da retirada global de água e +90% do consumo de água. Dito isso, é de extrema importância que as empresas desse setor mitiguem os riscos relacionados ao estresse hídrico em sua cadeia de abastecimento agrícola. Além disso, as operações agrícolas podem impactar significativamente os ecossistemas ao redor ou as práticas de uso da terra existentes, fazendo com que o bom uso da mesma seja fundamental. Indo além, outro tópico importante diz respeito ao controle e destinação agronômica dos resíduos sólidos da área agrícola, pois são ricos em nutrientes para o solo, o que torna o gerenciamento de resíduos um tema muito importante para as empresas deste setor. Por fim, mas não menos importante, estão as emissões de gases do efeito estufa - segundo a MSCI, a agricultura é responsável por mais de +20% das emissões globais anuais de carbono. Assim, embora a precificação do carbono não tenha tido um grande impacto nesta indústria, muitos países estão integrando a agricultura em sua estratégia de adaptação e, para mitigar esses riscos, metas de redução de emissões de carbono e mecanismos de implementação fazem-se necessárias.
Social
As empresas de Açúcar e Etanol devem ter uma política robusta em relação à saúde & segurança de sua força de trabalho e das comunidades locais. Além disso, devem prezar pela segurança & qualidade do produto ofertado, uma vez que podem impactar negativamente a saúde do consumidor quando não são devidamente cumpridas as legislações e regulamentações já estabelecidas pelos órgãos governamentais.
Governança
Por fim, o pilar Governança é uma questão fundamental para todas as empresas, independentemente do setor de atuação. As boas práticas de governança corporativa indicam a sustentabilidade de longo prazo de uma empresa e o equilíbrio dos interesses econômicos e sociais de seus diferentes grupos de stakeholders.
Jalles (JALL3): Plantando as sementes ESG
Apesar de a empresa fazer parte de um setor muito sensível em termos do pilar Ambiental, vemos a companhia bastante comprometida com a agenda ESG, dado os diversos programas da empresa que visam minimizar os impactos adversos de suas operações de cana-de-açúcar na biodiversidade, como o mapeamento do uso do solo de sua propriedade e a área de preservação permanente (APPs). Além disso, a empresa também monitora a flora e a fauna, as emissões de gases do efeito estufa (GEEs) e o uso da água. Na frente Social, a Jalles possui programas positivos, com destaque para as mais de 14 ações sociais com comunidades locais em 2019. Por fim, no pilar Governança, destacamos a boa governança da Jalles, porém vemos espaço para melhorias tanto na independência como na diversidade no Conselho de Administração da empresa.
Ambiental
Consumo de energia: A Jalles utiliza insumos energéticos em sua produção e produz energia renovável, tanto a partir de biocombustíveis (etanol) quanto da cogeração elétrica a partir do bagaço e da palha da cana. Além disso, destacamos que a empresa tem implementando uma série de esforços, que culminou na redução do consumo de óleo diesel e etanol nas unidades da empresa.
Emissões de Gases do Efeito Estufa (GEEs): Para mitigar os impactos das emissões de gases do efeito estufa, a Jalles mede seu inventário de GEE, o que vemos com bons olhos. Além disso, a empresa segue a metodologia GHG Protocol, dentro das diretrizes do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) e dos princípios da ISO 14064.
Uso da água e efluentes: O principal desafio para as empresas do setor de Açúcar e Etanol é o uso da água. Para a Jalles, também entendemos isso como um risco, mas destacamos que a empresa possui um eficiente sistema de monitoramento e ciclo fechado, aproveitando todos os seus efluentes ao invés de lançá-los diretamente de volta aos rios. A empresa reaproveita 100% de seus efluentes e pratica a fertirrigação (método de adubar a lavoura por meio da irrigação, dado que além da água, ocorre também o transporte dos fertilizantes), o que proporciona ganhos ambientais e econômicos ao evitar o uso de fertilizantes à base de potássio. Como referência, a fertirrigação economiza 25% da água limpa que seria usada para irrigação.
Uso da terra: A agricultura é um setor muito sensível em relação à terra. As operações podem impactar significativamente os ecossistemas circundantes ou as práticas existentes de uso da mesma. No caso da Jalles, as Áreas de Preservação Permanente (APPs) são respeitadas e gradativamente recompostas com o plantio de mudas. Desde 1987, a empresa protege nascentes e riachos e, desde 1990, também está focada na recuperação de áreas degradadas, e destacamos que mais de 5 milhões de árvores já foram plantadas por parte da companhia.
Gestão de resíduos sólidos: A empresa procura reduzir a geração de resíduos na sua atividade através do Programa de Gestão de Resíduos, de acordo com a legislação e normas de referência, sendo que a Jalles reaproveita quase 100% dos seus resíduos sólidos.
Social
As evidências sugerem que a empresa tem políticas e práticas de ética empresarial relativamente fortes, como treinamento de funcionários. Além disso, como player regional, a Jalles Machado tem em seu DNA a ideia de construir um ecossistema melhor para os colaboradores e suas famílias, seja do ponto de vista ambiental (protegendo a cidade em que vivem), seja do ponto de vista social. Localizada em uma pequena cidade do interior do Brasil, a Jalles construiu uma escola para filhos de funcionários e também para moradores da cidade, além de um clube esportivo e outras atividades. Desde 2018, é listada como uma das melhores empresas do Centro-Oeste pelo Great Place to Work.
Governança
Listada no Novo Mercado da B3, a empresa possuía comitês para as principais questões estratégicas já constituídos anos antes do IPO, com alta classificação na Fitch (Nacional: A+). Além disso, apesar de sua posição de primeira oferta pública no setor de agronegócio desde 2013, a Jalles é um player consolidado com uma equipe de RI desde 2014 e métricas financeiras auditadas desde 1987. Sobre os principais executivos, a Jalles carece de mulheres em sua Diretoria Executiva e tem apenas uma mulher no Conselho de Administração (1 dos 7 membros), o que nos leva a ver espaço para melhorias. Por fim, vale ressaltar que o Conselho de Administração da Jalles ainda carece de maioria independente, prática que se identifica como desempenho superior do conselho.
Certificações
Este é um tema muito importante no segmento de Açúcar e Etanol. A Jalles possui diversos padrões de referência, dos quais destacamos: (i) ISO 14001, que garante que as empresas atendam às normas socioeconômicas estabelecidas em equilíbrio com a proteção do meio ambiente; (ii) Selo Bonsucro, primeiro padrão métrico global para cana-de-açúcar criado que visa reduzir os impactos ambientais e sociais da produção de cana-de-açúcar; (iii) CBIOs, Certificado de Produção e Importação Eficiente de Biocombustíveis vinculados à Política Nacional de Biocombustíveis (Renovabio), com foco na descarbonização da indústria de combustíveis.
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