Sem alívio na inflação: prévia de novembro mostra alta de 1,17% nos preços

A prévia da inflação em novembro, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor 15 (IPCA-15) e divulgado pelo IBGE, subiu 1,17%, um pouco acima da nossa estimativa e da mediana das expectativas de mercado (1,16% e 1,13%), impulsionada pelas fortes altas nos preços dos combustíveis. O acumulado no ano foi de 9,57% e, em 12 meses, de 10,73%, acima dos 10,34% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em novembro. A maior variação (2,89%) e o maior impacto (0,61 p.p.) vieram dos Transportes, influenciado, principalmente, pela alta nos preços da gasolina (6,62%), o maior impacto individual no índice do mês (0,40 p.p.). No ano, o combustível acumula alta de 44,83% e, em 12 meses, de 48,00%.

Ainda em Transportes, os preços dos automóveis novos (1,92%) e usados (1,91%) seguem em alta, assim como os preços das motocicletas (1,26%). Desde 2020 os preços desses itens têm subido de forma muito acentuada e um dos principais motivos dessas altas é a crise de desabastecimento de semicondutores no mundo.

Como esses microchips são responsáveis por fazer toda a parte eletrônica do carro, são insumos indispensáveis para a produção. E 72% da fabricação de semicondutores no mundo está na Ásia e nos Estados Unidos. A demanda por eles já vinha em alta, mas com a pandemia ela aumentou, e a paralização da produção, devidos a medidas preventivas do governo e um incêndio em uma grande empresa no Japão, gerou gargalos abastecimento. O resultado foi redução na produção de carros novos e, consequentemente maior procura de carros usados. Os preços refletem esse desequilíbrio entre procura e oferta.

Apesar de um ligeiro desvio no headline do IPCA-15 em relação à nossa projeção, os serviços surpreenderam para o lado negativo, enquanto os preços industriais subiram mais do que o projetado. Os desvios concentraram-se na alimentação fora do domicílio e nos cuidados pessoais, itens geralmente voláteis.

A inflação de serviços subiu 0,33% em novembro, abaixo de nossa projeção de 0,47%, após alta de 1,03% em outubro. E os serviços subjacentes, medida monitorada pelo BC, desacelerou de 0,66% para 0,50%. Os preços dos bens industriais registraram aceleração no mês, passando de 0,98% para 1,79%, acima da nossa projeção (+ 1,49%).

Os núcleos da inflação saltaram para 0,87% em novembro, após alta de 0,81% em outubro. A comparação anual passou de 6,6% para 7,0%, acima da meta de inflação do BC (3,75%). E o índice de difusão, que meda a disseminação da alta de preços na cesta, chegou a 66%, ante 64% no mês passado.

Depois da divulgação do IPCA-15 de novembro, revisamos nossa projeção de novembro. Além da incorporação de itens que repetem taxa de variação entre o IPCA-15 e o fechado, elevamos projeção de gasolina e higiene pessoal e reduzimos alimentação fora do domicílio. Nossa projeção para o ano subiu marginalmente de 10,1% para 10,2%. Abaixo tabela com projeções de curto prazo e anual:

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