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Radar mensal de commodities: Oferta deve limitar queda dos preços

A continuidade do aperto de condições monetárias globais aumenta a probabilidade de recessão e diminui a liquidez para ativos de risco, pesando sobre os mercados de commodities

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Pano de fundo Macroeconômico

A continuidade do aperto de condições monetárias globais aumenta a probabilidade de recessão e diminui a liquidez para ativos de risco, pesando sobre os mercados de commodities.

A crise energética na Europa continua como pressão relevante sobre o preço de commodities energéticas, e pode atrasar a desinflação global mesmo com a alta de juros na região. A Europa passa por um quadro de estagflação, com custos de produção em alta em meio à sinais claros de desaceleração da atividade econômica.

As cadeias de produção globais dão sinais de normalização, ainda que alguns riscos permaneçam, como restrições à mobilidade relacionadas à Covid-19 na China e a incerteza sobre a permanência da Rússia no acordo para transporte de grãos no mar negro.

Mesmo com a perspectiva de desaceleração global, favorecida pelo aperto monetário promovido por diversos bancos centrais, a oferta de commodities segue pressionada.  Riscos geopolíticos tendam a evitar quedas significativas frente aos patamares atuais, e sugerem acomodação dos preços de commodities, ao invés de queda.

No Brasil, o bloqueio das rodovias na primeira semana de novembro teve impacto limitado sobre preços. Notou-se alguma pressão em produtos de hortifruti, que devem ser absorvidas em sua maioria pelo atacado.

Commodities Agrícolas

Condições climáticas pesam sobre as perspectivas das safras: um ano de la niña, com chuvas abaixo da média histórica no sul do país, combinado com queda da produtividade legada de dois anos seguidos do fenômeno climático prejudicam as safras de final de ano e influenciam decisões dos produtores, que optam por produzir grãos mais resistentes, como a soja.

O índice de preços de alimentos da FAO ficou estável em relação ao mês anterior. A alta nos preços de grãos, devido à saída da Rússia do acordo do mar negro, compensou a queda de todos os demais grupos, e pode exercer pressões sobre outras cadeias, especialmente as de proteínas devido ao custo mais alto da alimentação animal.

Os fretes e custos de produção ainda elevados e a menor disponibilidade de mão de obra nas cadeias produtivas também são riscos de alta para preços de alimentos em geral.

Cereais

Milho

Em outubro, o milho sofreu efeitos da incerteza sobre a situação do transporte no mar negro, e segue com perspectiva de volatilidade com incerteza no clima da América do Sul. Nos EUA, a colheita está sendo mais rápida devido ao clima mais seco, enquanto na Argentina, o plantio sofre atraso e no Brasil foi antecipado. A China habilitou 136 estabelecimentos brasileiros para exportação de milho, o que favorece o grão no Brasil.

Soja

No Brasil, a área plantada deve continuar crescendo, mas em patamares inferiores aos últimos 2 anos, com pressão dos custos de produção. No resto das Américas, a redução de área na Argentina e o ajuste positivo para a safra americana pressionam preços no curto prazo. Após um ano de queda de produtividade devido ao La Niña, o início de desenvolvimento parte de um patamar baixo de umidade no solo. A continuidade do fenômeno traz incerteza e risco sobre as perspectivas climáticas.

Trigo

O trigo passou por alta volatilidade com as incertezas sobre o acordo de exportações de grãos do Mar Negro. O trigo argentino foi a primeira safra 22/23 a ser impactada pelo La Niña na América do Sul, o que deve levar o Brasil a importar mais de outros países, principalmente da Rússia.

Açúcar e etanol

A dinâmica favorável do açúcar nos últimos dois anos, a queda recente do petróleo e as medidas do governo brasileiro para reduzir o preço da gasolina fizeram com que o etanol perdesse atratividade para o produtor brasileiro. Daqui para frente, com preços relativos mais ajustados, a produção de etanol tende a retomar. Os produtores brasileiros já formaram estoques de açúcar no entressafras e o etanol deve se beneficiar da reoneração de tributos sobre combustíveis em janeiro, que torna o combustível mais vantajoso em relação à gasolina.

Óleos Vegetais

Os óleos vegetais foram bastante afetados por restrições a exportações no sudeste asiático, mas logo que o comércio internacional foi retomado, a oferta aumentou drasticamente. Entretanto, o excedente dos óleos não está sendo aproveitado para geração de energia, ainda que os preços de petróleo estejam em um patamar elevado.

Proteínas

A alta recente de preços de grãos levantam preocupações relacionadas aos preços de proteínas, por aumentarem o custo da alimentação animal. Nas Américas, a dinâmica de biocombustíveis, com possível aumento da oferta de farelo de soja devido à ampliação da capacidade de esmagamento de soja nos EUA pode reduzir esta pressão. Adicionalmente, esperamos que o inverno na Europa afete a produção de proteína animal devido ao custo da energia mais alto que provoca aumento do descarte de animais.

Carne bovina

O excedente provocado pelo aumento do abate de bovinos (cerca de 5% em termos interanuais) tem pressionado os preços do gado, os quais já apresentam queda em termos reais. Esse volume tem sido distribuído entre o mercado interno e externo, especialmente para a China, onde os preços continuam mais altos. A queda recente do preço não necessariamente é ruim para a carne bovina, já que potencialmente aumenta a demanda, muito sensível a preço.

Carne suína

As margens ruins no mercado interno devido à dificuldade de repassar os custos mais elevados para o consumidor brasileiro fazem com que a maior parte do excedente esteja sendo direcionada para o mercado externo. As vendas de estoques do governo chinês reduziram os preços nas últimas semanas, mas passam a impressão que caso o governo não intervenha, a alta de preços se sustenta, o que é positivo para a suinocultura brasileira.

Carne de frango

As margens pioraram no último mês, mas seguem positivas para os produtores de aves. Com forte demanda e uma capacidade limitada de incremento da oferta, temos uma perspectiva de preços sustentados para a carne de aves.

Óleo, gás e materiais básicos

O cenário de oferta é preocupante para as principais commodities energéticas: o uso de carvão subiu 20% na Europa mesmo com leis ambientais mais severas, e indicadores de atividade estão mostrando desaceleração na Europa e China.

Na Europa, o armazenamento de gás está em cerca de 90% da capacidade, proveniente de importação dos EUA. Isto reduz o risco de desabastecimento no inverno, que também tende a ser menos rigoroso. A incerteza sobre a volta do abastecimento russo no próximo ano ainda é um risco.

O nível dos estoques estratégicos nos EUA está consideravelmente baixo e reduziram as vendas.

Petróleo

O desajuste de oferta tende a perdurar, mantendo preços elevados. Considerando a recomposição de estoques, que está em níveis baixos, a queda de demanda precisa ser muito agressiva para reduzir preços. A OPEP anunciou redução da produção, que levou os preços do petróleo de volta à faixa entre 90 e 100 dólares por barril, região na qual esperamos que os preços permaneçam.

Gás Natural

Depois de controlado o risco de desabastecimento total no inverno europeu via formação de estoques, o risco ainda permanece no abastecimento a partir do ano que em e na possibilidade de um inverno mais rigoroso.  

Alumínio e minério de ferro

O alumínio segue pressionado por alta de custos de energia, enquanto o minério de ferro e aço devem cair por conta da desaceleração e redução da demanda global. A dinâmica da China, em particular, é ponto de atenção, já que a demanda de aço está paralisada neste final de ano devido às restrições relativas à Covid-19 que tem desaquecido a economia, provocando queda nos preços. Não esperamos relaxamento de restrições no curto prazo.

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