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Pré-Copom: a visão de especialistas para os juros no Brasil e nos EUA

Caio Megale e Rodolfo Margato, do time de Economia da XP, receberam Vagner Alves, gestor na Kinea Investimentos, para discutir possíveis caminhos para os juros no Brasil e nos Estados Unidos

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Com a divulgação das decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos nesta quarta-feira (17), realizamos uma reunião exclusiva aos clientes institucionais da XP a fim de discutir expectativas para os comunicados dos bancos centrais desta semana, além dos possíveis caminhos para os juros nos dois países. Caio Megale e Rodolfo Margato, do time de Economia da XP, receberam Vagner Alves, gestor de Renda Fixa Brasil na Kinea Investimentos, em uma conversa sobre o panorama macroeconômico doméstico e global, projeções de atividade econômica e apostas sobre as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

As principais mensagens do evento foram:

  • A decisão do Copom desta quarta deve vir sem grandes surpresas, com manutenção da taxa Selic em 15%.
  • O cenário de atividade econômica melhorou nos últimos meses, mas dados seguem mistos, com o mercado de trabalho ainda aquecido e a inflação acima da meta.
  • A expectativa é de corte de juros no Brasil em janeiro, embora, se houver necessidade, postergar para março seja mais provável do que antecipar para dezembro.
  • A reaceleração da atividade econômica nos Estados Unidos e, especialmente, no Brasil se torna um risco a quedas de juros mais intensas.
  • No cenário-base da XP, a expectativa é de início de ciclo de 0,50 p.p., com a Selic atingindo 12% após seis cortes consecutivos desta magnitude.

Confira mais detalhes a seguir:

Decisão do Copom em setembro: manutenção da Selic

Os especialistas concordaram que a decisão do Copom desta quarta deve vir sem grandes surpresas, em linha com o esperado: manutenção da Selic, a taxa básica de juros no Brasil, em 15%. Por outro lado, nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), banco central do país, provavelmente retomará seu ciclo de corte de juros.

Megale e Margato destacaram a mudança no cenário de atividade econômica nos últimos três meses, com dados recentes de inflação doméstica mostrando sinais de desaceleração, em grande parte devido à significativa depreciação do dólar globalmente. Além disso, as expectativas de longo prazo melhoraram, algo que o Banco Central do Brasil (BC) pode mencionar cautelosamente em comunicado a ser divulgado junto à decisão de juros, complementou Alves.

Olhando para frente, os especialistas concordaram que o segundo semestre deve se mostrar mais fraco que o primeiro. O impacto dos precatórios ainda não foi totalmente sentido, enquanto o consignado privado segue tímido.

Por outro lado, o mercado de trabalho continua aquecido e a inflação acima da meta. Na visão deles, o Copom deve reforçar na reunião de setembro a manutenção da Selic por um “período bastante prolongado” e sinalizar, ainda que de forma condicional, a possibilidade de alta caso necessário, mantendo um tom duro.

Segundo os especialistas, Copom deve manter a taxa Selic em 15% até que se consolide a melhora recente das perspectivas para a inflação, o que deve ocorrer apenas no início de 2026 (Divulgação/XP)

Selic: quando e quanto cortar?

Na avaliação dos especialistas, o Copom deve manter a taxa Selic em 15% até que se consolide a melhora recente das perspectivas para a inflação. Isso deve ocorrer apenas no início de 2026.

Alves comentou que a troca de diretores do BC na virada do ano, além de indicadores de atividade econômica ainda mistos, torna baixa a possibilidade de corte na reunião do Copom de dezembro.

Tanto Alves quanto os economistas da XP avaliam corte em janeiro, após seis meses com a Selic em 15%, embora, se houver necessidade, postergar para março seja mais provável do que antecipar para dezembro.

Alves ressaltou que a evolução das projeções do modelo do BC será mais importante do que as palavras usadas pelo comitê: enquanto a projeção para o horizonte relevante (18 meses à frente) permanecer em 3,4%, o Copom não deve decidir por redução de juros.

Estimativas quanto à intensidade dos cortes de juros e tamanho do ciclo também foram discutidas. Alves comentou a possibilidade de uma redução de 0,25 p.p. em janeiro, caso o ciclo de flexibilização se comprove, e de 0,50 p.p. a partir de março – embora o mais provável seja começar com 0,50 pp, dado o atual nível elevado da taxa básica. Apostando em juros nominais que o ciclo será mais longo, pode-se caminhar para uma precificação mais perto de 4,00 p.p. em 2026, caso o mercado se empolgue com isso, acrescentou.

No cenário-base da XP, a expectativa é de início de ciclo de 0,50 p.p., com a taxa básica atingindo 12% após seis cortes consecutivos desta magnitude. Os juros se estabilizariam em torno de 7,5% em termos reais, acima do que consideramos neutro, devido aos desafios fiscais persistentes.

O que pode colocar em risco a queda de juros no Brasil?

A maior probabilidade de cortes pelo Fed tem gerado efeitos positivos nos emergentes, inclusive no Brasil, via taxa de câmbio.

No entanto, existem alguns pontos que o mercado ainda precisa considerar. Por exemplo, condições financeiras melhores devem ajudar a impulsionar a economia americana no futuro, avaliou Alves. Isso limitaria o espaço para queda de juros nos Estados Unidos. De fato, analistas estão revisando para cima as projeções de crescimento do PIB por lá.

O risco principal a quedas de juros mais intensas, contudo, parece ser doméstico. Com a proximidade das eleições presidenciais e estaduais em 2026, aumentam as probabilidades de novos estímulos econômicos, que tendem a reacelerar a atividade econômica do país.

Segundo Megale e Margato, caso a melhora recente do cenário inflacionário se consolide nos próximos meses, o Copom deve ter margem para uma política monetária menos restritiva.

Os dois especialistas destacaram que uma política monetária neutra depende também de reformas fiscais. De acordo com eles, será necessário maior progresso tanto no reequilíbrio do hiato do produto quanto na melhoria das perspectivas para reformas fiscais a partir de 2027. Sem reformas estruturais na dinâmica dos gastos públicos, a elevação da dívida pode reacender o debate sobre dominância fiscal que ocorreu no fim de 2024.

Confira mais análises e projeções dos economistas da XP, além de oportunidades de investimento em meio ao cenário de juros reais ainda elevados, no nosso relatório de “esquenta do Copom”:

Esquenta do Copom: saiba o que esperar das decisões do Copom e onde investir na renda fixa
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