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Entenda o cenário de atividade em junho e saiba o que esperar

Mensalmente, um conteúdo que te explica o que aconteceu com os principais indicadores econômicos

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O que vemos agora? No mundo: cenário de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos persiste. No Brasil: desemprego baixo e renda em alta impulsionam economia, mas piora do risco fiscal e cenário externo colocam inflação sob risco, e Selic deve parar de cair. 

Projeções macroeconômicas são importantes para todo investidor, porque ajudam a nos prepararmos para o que vem adiante. Ou seja, não ser pego de “calças curtas”, especialmente em momentos desafiadores para os investimentos.  

Isso não significa que você saberá “o dia exato em que o dólar vai cair ou subir”. Pois isso, infelizmente, será praticamente impossível. Mas quer dizer que você entenderá melhor as tendências da economia e poderá pensar em como adaptar seus investimentos (ou manter tudo como está, se for o caso), pensando no seu perfil e objetivos. 

Com isso em mente, detalhamos abaixo nossas principais projeções para este ano e o próximo. Abaixo, te contamos o porquê de tudo isso, e como investir nesse cenário.  

PIB vem forte no primeiro trimestre, mas incertezas crescem no horizonte

Por aqui, esperamos que a economia cresça 2,2% no ano, mas incertezas cresceram nos últimos meses.

Do lado positivo, o resultado do PIB ilustrou o forte crescimento da economia no primeiro trimestre, conforme divulgado no início de junho. Como contamos aqui em detalhes, a soma de tudo o que produzimos de bens e serviços variou perto de 1% no período entre janeiro e março de 2024 (comparado ao resultado registrado entre outubro e dezembro de 2023).

A performance positiva foi impulsionada principalmente pelo consumo das famílias e pela retomada de investimentos, e veio depois de dois trimestres em que a economia ficou praticamente estagnada.

Vale destacar o crescimento da renda das famílias como um dos principais motores do crescimento observado nos últimos meses. Para se ter uma ideia, a métrica chamada “massa de renda disponível” das famílias (grosso modo, a renda após o pagamento de impostos) cresceu nada menos do que 4,5% acima da inflação nos primeiros três meses de 2024.

A alta da renda das famílias, por sua vez, reflete uma série de fatores, dentre os quais: um mercado de trabalho aquecido (desemprego no menor patamar em quase dez anos); maiores programas de transferência de renda; e a decisão do governo de quitar o pagamento de precatórios no fim do ano passado (com famílias recebendo montantes devidos pelo governo por decisões judiciais).

Em bom português: famílias viram crescer sua renda no período, e se utilizaram desse impulso para consumir mais bens e serviços.

O ciclo de queda de juros também contribuiu tanto para o crescimento do consumo, quanto para a retomada dos investimentos. Embora o Banco Central tenha começado a reduzir a taxa Selic em 2023, os efeitos demoram a ser sentidos na economia – movimento que ficou mais evidente no início desse ano. Como ilustrado no gráfico abaixo, o primeiro trimestre viu uma melhora em fatores como inadimplência de famílias e empresas, e maiores concessões de crédito.

Dito isso, olhando para frente, esperamos que a economia perca ímpeto gradualmente, embora deva seguir em terreno positivo. O enfraquecimento esperado é explicado por uma série de fatores, dentre os quais vale destacar:

  • Os impactos da tragédia climática no Rio Grande do Sul: projetamos que o desastre natural no estado reduzirá a taxa de crescimento do PIB em 0,8 p.p. no segundo trimestre de 2024 (na comparação com o segundo trimestre de 2023), e algo entre 0,2 p.p. e 0,3p.p. do crescimento anual da nossa economia.
  • A redução do impulso fiscal: não esperamos uma redução de benefícios fiscais, mas a acomodação de maiores transferências tende a suavizar o consumo, além de não haver espaço para antecipações como as vistas na primeira metade do ano, como do 13° salário, ou de precatórios (pagos no fim de 2023).
  • O efeito do fim da queda dos juros: diante de incertezas tanto globais quanto domésticas, entendemos que o Banco Central deve encerrar o ciclo de reduções da taxa Selic em breve – mantendo os juros básicos em patamar contracionista, ou seja, que encarece o crédito com o objetivo de controlar a alta de preços.

Assim, vemos o PIB crescendo 2,2% em 2024. Já para 2025, o crescimento deve desacelerar, com o PIB subindo 1,7%.

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