Natalie Victal: “2022 será um divisor de águas para a economia brasileira”

No último painel do segundo dia do evento Sob o Olhar Delas, Rachel de Sá, Chefe de Economia da Rico, e Débora Santos, analista Política da XP, conversam com Natalie Victal, em sua primeira entrevista como economista-chefe da Sulamérica Investimentos.

Logo no início da conversa, Rachel, que atua diariamente na análise da macroeconomia brasileira na Rico, afirmou que o atual cenário econômico pode ser traduzido como uma terceira crise econômica consecutiva do país. Trilogia iniciada pelas questões fiscais desde meados da década de 2010, seguida pela pandemia da Covid-19 e, agora, protagonizada pelo conflito armado no território ucraniano. A sequência destes acontecimentos incapacita uma economia que estava começando a dar os primeiros sinais de melhoria.

O principal indicador que reflete a conjuntura atual da economia é a inflação, a qual reduz diretamente o poder de compra do brasileiro. O elevado índice de preços, segundo Natalie, uma economista da frente do buy-side, é reflexo da perda de confiabilidade dos agentes econômicos no Real. Sendo a atual inflação uma inercia do período pandêmico que se soma a uma má gestão dos recursos públicos, potencializada pela Guerra entre Rússia e Ucrânia. A queda da credibilidade na economia brasileira pode ser contornada por políticas monetárias, do Banco Central, e públicas, tanto do atual governo quanto da próxima gestão.

Por falar do âmbito político, Natalie e Rachel concordam que uma política pública administrada fracamente pode comprometer e intensificar as consequências oriundas do conflito no leste europeu. O mercado vem acompanhando, com desgaste, o debate acerca de medidas para reduzir o custo do combustível no Brasil nos últimos meses. Contudo, com o início da guerra, um tema de propósito eleitoral se tornou uma medida de caráter excepcional e emergencial, dado que os atuais preços do Petróleo impactam diretamente seu valor no mercado interno. Além disso, ambas reafirmam um tema muito abordado no painel anterior (link): políticas públicas anteriores comprometeram a credibilidade no controle fiscal, impactaram o atual nível inflacionário, e, caso sigam na mesma trajetória, serão mais danosas a saúde econômica brasileira.

Além de concordar com a fala da Rachel, de que as medidas para amenizar a problemática do atual cenário geopolítico devem ser tomadas no curto prazo, Natalie também mencionada a importância da cautela no momento da decisão. Considerando que o sistema fiscal atual apresenta custos já inflados.

Por fim, o painel finalizou com as economistas citando os principais riscos envoltos de um período eleitoral. Abaixo da postural geral e proposta de governo dos candidatos, ambas concordam que o comprometimento do teto de gastos torna a situação fiscal delicada e importante. Uma agenda microeconômica imersa na responsabilidade de promover um ambiente favorável ao desenvolvimento do país também é um tema relevante. Além de também verem a redução do “custo Brasil” e a não alteração de medidas públicas já bem sucedidas como pontos fundamentais para o governo que assumirá o Brasil no início do próximo ano.

O evento Sob o Olhar Delas é uma conferência de Política e Economia organizada por mãos e cabeças femininas da XP Inc. para debater temas determinantes para o país, sob a perspectiva de mulheres que são expoentes em suas áreas. 

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