Covid-19
Nessa sexta-feira (05/03), pelo 11° dia consecutivo, a média móvel semanal de óbitos cresceu no Brasil, para 1.353 óbitos/dia. O Ministério da Saúde, segundo o Valor Econômico, prevê uma média de 3 mil mortes diárias no final deste mês, por conta de diversas variantes do vírus circulando em território nacional simultaneamente. Diante da piora do número de novos casos e hospitalizações, a notícia de que o estado de São Paulo voltará à fase vermelha de distanciamento social neste sábado foi o principal destaque,
Ainda nessa frente, o governo previa disponibilizar 16,9 milhões de vacinas de Oxford neste mês, mas alterou seu cronograma para apenas 3,8 milhões. Há atrasos tanto na liberação de insumos da China quanto na importação de doses prontas da Índia. A possibilidade de fabricar o insumo no Brasil, planejada para agosto por meio de transferência de tecnologia, também foi adiada. Por outro lado, o Ministério espera receber 8 milhões de doses de Covaxin, que anunciou 81% de eficácia nos testes preliminares da fase 3 na Índia. No total, 38 milhões de doses devem ser entregues em março.
Até o momento, o país conta com 10,1 milhões de doses aplicadas em sua população, sendo quase 2,5 milhões de brasileiros completamente vacinados. A média semanal de doses aplicadas tem subido na última semana e ontem atingiu o pico de 295,4 mil ao dia. Significa dizer que, mantido o ritmo atual, o Brasil vacinará toda sua população de risco, composta por 30 milhões de habitantes, até agosto.
Internacional
No cenário internacional, a alta dos juros dos títulos públicos nos países centrais fez uma pausa ao longo da semana, abrindo espaço para recuperação dos índices de ações e dos preços das commodities. Bancos Centrais nos EUA, Europa e Ásia vem reforçando que não pretendem reverter os estímulos monetários tão cedo. Os fundamentos para os juros mais elevados, contudo, continuam valendo, especialmente nos EUA, onde o Presidente Biden segue pressionando por seu pacote de U$ 1,9 tri, mesmo com a economia recuperando e as boas notícias na frente da vacinação no país.
Sobre o pacote de estímulos, após ser aprovado na Câmara dos EUA no sábado (27), o pacote seguiu para debates e votação no Senado. Apesar da assessora parlamentar da Câmara Alta definir que o aumento do salário mínimo não pode ser aprovado via reconciliation, divergências sobre o tema permanecem entre as diferentes alas do partido de Joe Biden. A ala considerada mais radical busca implementar impostos sobre empresas cujos funcionários não recebam ao menos USD 15 por hora. No entanto, há forte resistência à ideia entre moderados, razão pela qual ela deve ser deixada de lado. Reiteramos que as negociações devem acontecer de forma célere para poder aprovar o pacote até meados de março, quando vence uma série de programas sociais.
Na seara de indicadores, o PMI indústria de fevereiro surpreendeu as expectativas de mercado, ao atingir 60,8, reforçando a volta da atividade industrial no país, que deve seguir estável diante da manutenção da demanda e da pressão sobre os estoques.
Enquanto isso, na Europa, dados de atividade deste início de ano reforçam a percepção de que a atual onda de contágio e medidas de isolamento não terá a mesma magnitude de impacto na economia, se comparado ao ano passado. Os PMIs de manufaturas de fevereiro surpreenderam para cima em diferentes países da região, apesar do território ainda contracionista da maior parte dos PMIs de serviços.
Entretanto, a cautela continua. As vendas do varejo surpreenderam negativamente na Alemanha, ao contraírem 4.5% m/m (est. +0.3%) em fevereiro. Nos dados de mercado de trabalho de fevereiro, a taxa de desemprego ficou em 6% (est. 6%), com criação de vagas ligeiramente mais forte. Já no cenário de inflação, a prévia do CPI de janeiro da Zona do Euro ficou em 0.9% y/y (est. 0.9%) e o core em 1.1% y/y (est. 1.1%).
Finalmente, na China, os PMIs de manufatura e serviços referentes a fevereiro vieram abaixo do esperado pelo consenso de mercado, especialmente frente à normalização gradual da produção pós pandemia e efeito de medidas de restrição recentes em algumas regiões do país. Não obstante, os resultados seguem indicando expansão na atividade, e não devem impactar o forte crescimento esperado para o ano. Foi destaque também o posicionamento do regular bancário, que se disse ‘muito preocupado’ com riscos de bolhas nos mercados financeiros globais e nos preços de imóveis locais, o que contribui para a expectativa de aperto das condições financeiras no país.
Enquanto isso, no Brasil
Na seara político-econômica, o destaque foi a conclusão da votação da PEC Emergencial no Senado e o calendário apresentado pelo presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, para a deliberação da proposta: ele pretende levar o tema diretamente a plenário e votar a primeira fase do projeto, chamada de admissibilidade, na terça-feira. Na quarta, seriam votados os dois turnos da emenda constitucional, concluindo assim sua tramitação. Ainda que atrasos possam acontecer, a expectativa é que o empenho de Lira e a pressão pelo início do pagamento do auxílio possibilitem uma aprovação rápida e sem alterações que exijam nova votação pelos senadores.
A semana também foi marcada por negociações intensas, diante da disposição de parte dos senadores de excluir do teto de gastos as despesas com o Bolsa Família. Com participação de Arthur Lira e mudança de posição do presidente Jair Bolsonaro, o governo conseguiu reverter a tendência pouco antes da sessão começar.
Ainda no palco político-econômico, o presidente Jair Bolsonaro editou uma medida provisória com medidas para compensar o decreto com redução de PIS Cofins sobre o diesel e o gás de cozinha. Entre essas medidas está a elevação da CSLL para instituições do setor financeiro. Os bancos passam a ter CSLL de 25% até 31 de dezembro deste ano e 20% a partir do ano que vem. Segundo a Secretaria-Geral da Presidência, o aumento da CSLL só entra em vigor em 1º de julho.
Foi destaque também o posicionamento do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em entrevista ao vivo na terça-feira. Diante de crescente pressões fiscais e expectativas de alta da Selic na próxima reunião do COPOM, Campos Neto destacou a necessidade de cautela. O presidente reconheceu a mudança nas condições internacionais e o descolamento do real frente às moedas emergentes e aos preços das commodities, em parte por causa do fiscal, destacando a importância de credibilidade fiscal e monetária. Nesse sentido, vale destacar o artigo que publicamos sobre o tema da credibilidade na política monetária e o impacto na inflação.
Finalmente, no campo de indicadores macroeconômicos, o destaque ficou para a divulgação do PIB do quarto trimestre de 2020, que registrou crescimento de 3,2% em relação ao trimestre anterior, bem acima das nossas expectativas e do consenso de mercado. A queda do PIB no ano de 2020 ficou em 4,1%.
Embora positivos, acreditamos que os números dizem pouco sobre 2021. Diferente do segundo semestre do ano passado, a renda total do consumidor está diminuindo agora, e a dinâmica da Covid piorou substancialmente. Além disso, a volatilidade do mercado financeiro aumentou, com efeitos negativos nas condições financeiras. Dessa forma, projetamos ligeira queda no 1T21 (-0,1% t/t).
Para 2021, com base no carrego estatístico e na expectativa de recuperação do setor de serviços liderada pela vacina no segundo semestre, mantemos nossa projeção de crescimento de 3,4%.
Por fim, também foram divulgados os resultados da produção industrial de janeiro, que apresentou crescimento de 0,4% m/m no mês, refletindo o processo de reposição de estoques. As indústrias extrativa, alimentícia, de papel e celulose, de cosméticos e de “outros produtos diversos” foram os principais destaques positivos. Metalurgia, indústria eletrônica e equipamentos de transporte, por outro lado, perderam fôlego no período.
O que esperar?
As pesquisas mensais do comércio e do setor de serviços, o IPCA de fevereiro e o cadastro geral de janeiro de empregados e desempregados no mercado de trabalho formal brasileiro (Caged) serão os principais destaques da agenda econômica nacional da próxima semana. No exterior, os destaques serão o PIB da Zona do Euro e o CPI das principais economias globais.
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