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Economia em Destaque: Copom mantém tom duro em meio a inflação ainda pressionada

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

No Brasil, os destaques foram a indicação de Gabriel Galípolo como novo diretor do Banco Central e a ata do Copom, que manteve o tom duro. A inflação do IPCA de abril ficou ligeiramente acima da nossa projeção, demostrando o processo lento e resistente de desinflação em curso.

No cenário internacional a inflação ao consumidor dos Estados Unidos ficou abaixo do esperado e levou otimismo ao mercado. As atenções se voltaram também para os debates acerca do limite à dívida pública americana. Na China, dados de setor externo e inflação baixa sugerem que a atividade econômica pode não estar se recuperando como o imaginado. O Banco da Inglaterra voltou a elevar sua taxa básica de juros em 0,25 p.p.

Cenário internacional

EUA: Inflação abaixo das estimativas leva otimismo ao mercado

A inflação ao consumidor nos EUA aumentou em abril, mas ficou ligeiramente abaixo das expectativas. O índice geral subiu 0,37% no mês – ante projeção de 0,4% do mercado. O núcleo da inflação (excluindo alimentos e energia) teve um aumento de 0,41%, mas o subíndice de serviços, mais resistente, começou a ceder. Já o índice de preços ao produtor mostrou desaceleração nos últimos 12 meses, de 2,7% em março para 2,3% em abril, ante projeção de 2,4%.

Os dados indicam que a dinâmica da inflação pode estar finalmente melhorando, o que reduz a chance de novas altas de juros pelo Fed (banco central dos EUA).

EUA: Discussões sobre teto da dívida pública americana em pauta

O presidente Joe Biden e os políticos americanos estão negociando um aumento no limite da dívida pública do país, atualmente US$ 31,4 trilhões, para evitar um calote sem precedentes e que poderia levar a (1) recessão profunda, com aumento do desemprego; (2) desestabilização do sistema financeiro global, pelo impacto no mercado de renda fixa global pelos títulos públicos dos EUA (treasury bonds, em inglês), e (3) uma crise constitucional. A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, alertou que o limite pode ser atingido já em 1º de junho, e por isso a urgência na elevação do teto. As disputas anteriores geralmente terminavam com um acordo feito às pressas nas horas finais das negociações, evitando assim um default. Em 2011, essa discussão levou a um rebaixamento na classificação de risco de crédito nos EUA.

Sobre esse assunto, confira a análise do nosso time de estratégia internacional aqui.

China: Balança comercial e inflação abaixo do esperado

A balança comercial da China registrou um superávit de US$ 90,2 bilhões em abril, com as exportações aumentando 8,5% em relação ao ano anterior (por conta da efeito-base favorável do ano passado) e as importações caindo 7,9%, enquanto a expectativa de mercado era de -0,2%. Esses resultados indicam que a atividade econômica global está desacelerando e levantam dúvidas sobre a força da recuperação econômica da China após o fim das restrições de mobilidade no país

Por sua vez, a inflação ao consumidor foi menor do que o esperado em abril, com um aumento de apenas 0,1% em relação ao ano anterior, a taxa mais baixa desde fevereiro de 2021. O índice de preços ao produtor também caiu significativamente, em 3,6%, indicando a necessidade de mais estímulos para que a atividade local se recupere.

Por conta da sua relação comercial com o Brasil, a atividade na China tem impacto significativo no nosso PIB. Apesar desses números, acreditamos que a China crescerá acima da meta de 5% estabelecida pelo governo para 2023.

Reino Unido: Banco da Inglaterra eleva taxa de juro

O Banco da Inglaterra aumentou sua taxa de juros de referência em 0,25 pontos percentuais, para 4,5%, devido à inflação persistente e aumento dos salários. Em decisão a qual não houve unanimidade, dois membros do comitê de política monetária votaram pela manutenção dos juros em 4,25%. O banco central afirmou que os riscos para a inflação estão inclinados para cima e manteve uma abordagem dependente de dados para futuras decisões, e os mercados preveem mais um ou dois aumentos de 0,25pp na taxa de juros de referência.

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Enquanto isso, no Brasil…

IPCA vem ligeiramente acima do esperado, e mostra desinflação demorada e resistente

O IPCA de abril mostrou um aumento de 0,61% em comparação com o março. O número foi próximo da nossa estimativa, que era 0,59%, e a de mercado, 0,55%. A queda nos preços administrados, como combustíveis, contribuiu para essa desaceleração, enquanto os alimentos in natura, passagens aéreas e produtos farmacêuticos tiveram aumentos aprovados pelo governo a partir de abril, cujo efeito foi pressão no índice; do lado baixista, houve a dissipação das altas do retorno de impostos cobrados sobre combustíveis e energia elétrica. Na análise setorial, preços industriais surpreenderam para baixo, enquanto a alimentação no domicílio contribuiu positivamente. Os núcleos de inflação, que excluem itens mais voláteis, também aumentaram, especialmente os serviços, ainda pressionados, demonstrando o lento e resistente processo de desinflação em curso.

Nossa projeção para o IPCA de 2023 é 6,2% atualmente, com algum viés de baixa por conta da queda da gasolina no mercado internacional e pela deflação recente de carnes. Confira nossa análise mais detalhada aqui.

Gabriel Galípolo, secretário executivo da Fazenda, é indicado diretor do Banco Central por Lula

O presidente Lula nomeou Gabriel Galipolo para a diretoria do Banco Central. Galipolo é atualmente secretário executivo do Ministério da Fazenda e teve papel fundamental nas discussões do novo arcabouço fiscal, e vinha estabelecendo a comunicação do mercado com o governo, e tem sido considerado uma ponte entre o ministro da Fazenda e o Banco Central independente. Ele tem experiencia no setor privado como CEO do Banco Fator e é mestre em Economia Política pela PUC-SP.

Copom mantém tom duro

O Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou a ata de sua última reunião e indicou uma postura dura, com preocupações sobre as expectativas de inflação desancorada das metas e ao lento processo desinflacionário. Embora a apresentação de uma proposta de regra fiscal tenha reduzido incertezas, o Copom afirmou que não há relação mecânica entre a convergência da inflação e a aprovação do arcabouço fiscal. Além disso, reforçou o plano do Copom de manter a taxa Selic nos patamares contracionistas atuais por muito tempo, sem sinalizar um ciclo de flexibilização no futuro próximo.

Em nosso cenário base, prevemos o ciclo de flexibilização a partir de agosto, mas reconhecemos que não há sinais na comunicação do Copom de que um ciclo de flexibilização monetária se aproxima.

Atividade na indústria cresce em março, acima das expectativas

A produção industrial brasileira cresceu 1,1% (XP e mercado esperavam alta de 0,9%) em março, um pouco acima do esperado, encerrando uma sequência de três quedas mensais. A variação interanual ficou em 0,9%, acima da nossa expectativa de 0,7%. Especificamente, setores como “Máquinas e Equipamentos” e “Outros Equipamentos de Transporte” tiveram um crescimento mais forte do que o esperado. No entanto, não é provável que esse aumento seja uma tendência consistente, devido a condições de crédito mais restritas, menor lucratividade das empresas e incerteza econômica. Apesar do avanço, a produção industrial ficou estável no primeiro trimestre do ano.

Com isso, o nosso monitor para o crescimento do PIB no primeiro trimestre subiu para 1,2% na variação trimestral. Projetamos crescimento de 1,4% no ano.

Novo arcabouço fiscal deve ser revisado pelo Congresso

Os parlamentares buscam tornar a regra fiscal mais restritiva, especificando quais gastos deverão ser cortados caso as metas fiscais estejam em risco. O deputado Cláudio Cajado propôs incluir os parâmetros de crescimento dos gastos públicos em seu parecer, indicando um intervalo de 0,6% a 2,5%, e sugere tornar obrigatório o contingenciamento de gastos em casos de risco de não cumprimento das metas fiscais; a proposta do governo prevê apenas a opção de contingenciamento dos gastos. Essa proposta parece ter o apoio da maioria dos deputados. O texto pode ser votado na próxima semana.

O que esperar da semana que vem

No cenário internacional, serão divulgados dados de atividade na China e dos EUA; no caso do segundo, destaque também para o pronunciamento de diretores regionais e do presidente do Federal Reserve. Além disso, relativo à Zona do Euro, serão publicadas a inflação ao consumidor de abril, produção industrial de março e a prévia do PIB do 1º trimestre. Por fim, na Alemanha a divulgação do índice de preços ao produtor terá destaque.

No Brasil, atenções voltadas para a votação do projeto de lei do novo arcabouço fiscal na Câmara e no Senado. Na seara de indicadores, o IBGE publicará os números da Pesquisa Mensal do Comércio e Pesquisa Mensal de serviços, ambos de março, e o BCB divulgará o IBC-Br, proxy mensal do PIB, também referente à março.

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