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Economia em Destaque: Conflitos no Oriente Médio aumentam riscos de inflação global

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

Na China, o banco central manteve a taxa de juros de referência e o crescimento do PIB em 2023 ficou em 5,2%. Enquanto isso, congressistas dos EUA encaminharam a terceira medida temporária para adiar a definição do orçamento e evitar a paralisação de diversos serviços do governo (ou shutdown, em inglês). Por fim, o conflito entre Israel e Hamas agora se entende pelo Oriente Médio, após o Irã atacar três países em menos de 48 horas.

No Brasil, o destaque da semana se voltou às pesquisas mensais de varejo e serviços, que mostraram recuperação em novembro. Os dados, porém, não alteram a tendência de desaceleração recente.

Cenário internacional

Banco Central Chinês mantém a taxa de juros referencial em 2,5%....

O banco central da China (PBoC, em inglês) manteve sua taxa de juros de referência de empréstimos de curto prazo para 1 ano em 2,5%, decepcionando os investidores que esperavam o primeiro corte desde agosto, especialmente depois dos números fracos de inflação de dezembro divulgados na semana passada. No entanto, o PBoC deu a entender que ainda poderá reduzir a taxa dos depósitos compulsórios nos próximos meses se necessário.

... e dados confirmam a desaceleração da 2ª maior economia do mundo

O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 5,2% em 2023, um pouco abaixo das expectativas de mercado (5,3%). Em relação ao trimestre anterior, a atividade cresceu 1%, abaixo dos 1,3% registrados no 3º trimestre. Os números confirmam que a segunda maior economia do mundo vem perdendo força, embora siga em ritmo de expansão.

Medida temporária tenta adiar o “shutdown” nos EUA

Congresso dos EUA aprovou lei proposta para expandir o limite do gasto público e evitar uma paralisação parcial do governo (shutdown, em inglês) que começaria no dia 20 de janeiro. É a terceira medida temporária realizada neste ano fiscal para evitar a paralisação. A lei estende a até o início de março a formulação e votação da lista de gastos para o resto do ano fiscal de 2024. O shutdown ocorre caso o orçamento para o ano fiscal seguinte não seja aprovado (sendo possível recorrer-se às medidas temporárias para adiar a definição do orçamento).

Mais detalhes em nosso relatório especial “Shutdown nos Estados Unidos: Entenda o processo que faz o governo dos EUA parar”.

Diretor do Fed indica que corte de juros depende da evolução dos indicadores econômicos

O diretor do Fed (banco central dos EUA), Christopher Waller, declarou que a inflação está se aproximando da meta (2,0%), mas o banco central não deve se apressar em cortar sua taxa de juros até que esteja claro que a inflação esteja efetivamente convergindo à meta. Waller também disse que o banco central deve proceder de forma “metódica e cuidadosa”. Os comentários reduziram as expectativas do mercado de que os juros possam cair já em março, mas reforçaram o cenário de que o movimento tende a acontecer ainda este semestre.

A perspectiva de queda de juros nos EUA traz um cenário mais positivo para ativos de risco, como a bolsa e a taxa de câmbio do Brasil.  

Conflito no Oriente Médio envolve Irã, Estados Unidos e Reino Unido

Conflitos militares escalam no Oriente Médio. Desta vez, os rebeldes Houthi do Iêmen atacaram navios comerciais de países ocidentais, depois que EUA e Reino Unido lançaram ataques aéreos contra o grupo na semana passada. Além disso, o Irã, uma potência da região, se envolveu no combate ao bombardear Síria, Paquistão e Iraque – algo que a administração do presidente dos EUA, Joe Biden, dizia querer evitar. Desde o início do conflito, os preços do petróleo têm se mantido voláteis e os custos globais de frete mais do que duplicaram, criando um risco de inflação global.

Gráfico da Semana

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Enquanto isso, no Brasil...

Medida provisória sobre a desoneração da folha segue em discussão

No Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu ao longo da semana com Rodrigo Pacheco, Arthur Lira e Lula para tratar sobre a MP 1.202/2023, que envolve a mudança na desoneração da folha de pagamentos, extinção do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) até 2025 e limitação do uso de créditos tributários para pagamento de tributos. Segundo Haddad, o impacto fiscal da medida provisória é de R$32 bilhões. Na sexta-feira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, anunciou que o governo estava preparando uma nova proposta para manter a desoneração da folha neste ano, mas os detalhes ainda não foram revelados.

Mais detalhes em nosso episódio 77 do Econocast “Mercado de trabalho nos EUA e desoneração da folha no Brasil” e no Morning Call XP “MP da reoneração da folha de pagamentos: entenda a medida e saiba os próximos passos”.

Governo anuncia retomada da refinaria Abreu e Lima

O governo anunciou a retomada das obras da refinaria de Abreu e Lima da Petrobras, que estavam paralisadas desde 2014. A refinaria nasceu como um projeto bilateral entre Brasil e Venezuela para produzir diesel e atender ao mercado brasileiro, que hoje é dependente de importações. Segundo Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, o investimento para a retomada das obras será de R$ 6 a R$ 8 bilhões.

Indicadores de atividade mostram sinais positivos na margem, mas com tendência geral de desaceleração

No Brasil, a receita real do setor de serviços cresceu 0,4% m/m em novembro, interrompendo uma sequência de três quedas consecutivas. Do lado positivo, os Serviços Prestados às Famílias aumentaram 2,2% m/m, impulsionados pela resiliência do mercado de trabalho – principalmente pelo aumento dos rendimentos reais do trabalho – e por atividades recreativas, como shows musicais. Por outro lado, categorias como serviços de informação/comunicação e serviços de transporte continuam a se enfraquecer.

O varejo ampliado, categoria que engloba automóveis, material de construção e atacarejo, registrou um forte avanço em novembro contra outubro, acima das estimativas (1,3% vs. 0,6%). Este desempenho refletiu, em grande medida, a aceleração nas vendas de veículos e maiores descontos na campanha Black Friday, especialmente sobre produtos eletrônicos. Os resultados desagregados foram majoritariamente positivos, corroborando o cenário de resiliência do consumo e desaceleração suave da atividade doméstica no final de 2023.

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O que esperar da semana que vem

Na agenda internacional, a leitura preliminar dos índices PMI de janeiro serão divulgados ao longo da semana no Japão, Estados Unidos, zona do euro e Reino Unido. O índice PMI é uma sondagem com empresários sobre as condições econômicas e de negócios nos países. A semana também será marcada por decisões de política monetária em diversos países. Entre eles, China (domingo), Japão (3ª-feira), Canadá (4ª-feira) e zona do euro (5ª-feira). Nos Estados Unidos, dados importantes serão divulgados, incluindo a primeira leitura do resultado do PIB do quarto trimestre de 2023 (5ª-feira) e a inflação medida pelo núcleo do deflator das despesas de consumo pessoal (PCE) nos Estados Unidos relativa a dezembro (6ª-feira). Estes dados podem influenciar a decisão de política monetária do Fed (banco central norte-americano) na semana seguinte.

No Brasil, o destaque da próxima semana será a divulgação do IPCA-15 de janeiro na 6ª feira, para o qual a XP projeta avanço de 0,50% m/m. Do lado altista está a pressão em alimentos, refletindo os eventos climáticos extremos relacionados ao El Niño. Em sentido contrário, teremos desaceleração em bens monitorados – principalmente gasolina – e em serviços, por conta da menor variação em passagens aéreas. Na 5ª feira, o BCB publicará a nota do setor externo de dezembro, para a qual projetamos déficit em conta corrente de US$ 6,0 bi e ingressos líquidos de Investimentos Diretos no País (IDP) de US$ 5,2 bi. Do lado fiscal, a Receita Federal deve anunciar durante a semana os dados de arrecadação tributária de dezembro, com expectativa de leve alta em relação ao ano anterior. Além disso, a discussão sobre a desoneração da folha deve continuar, com a divulgação de detalhes sobre a manutenção do programa vinculada a aumentos de outros impostos para compensar as perdas de receita.

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