A Stone reportou resultados positivos no 1T25, em linha com as expectativas da XPe e do consenso. O lucro líquido atingiu R$554 milhões (+23,1% A/A e 3% acima da XPe). Esse desempenho positivo reflete um crescimento de dois dígitos na receita, impulsionado por um maior TPV e aumento da eficiência em custos e despesas. O crescimento anual do lucro por ação (EPS) superou a variação do lucro líquido em 1,5x, principalmente devido ao programa de recompra de ações, que totalizou R$2,4 bilhões nos últimos 12 meses. No segmento bancário, a Stone expandiu sua base de clientes e manteve um forte engajamento, com os depósitos do varejo crescendo 38% A/A. A migração para certificados de depósito a prazo contribuiu para a melhoria nos spreads de captação. Na vertical de crédito, a carteira cresceu 20% T/T, mantendo qualidade de ativos estável, apesar do processo natural de maturação da carteira. O Lucro Bruto Ajustado cresceu 18,7% A/A, impulsionado por uma melhor monetização da base de clientes e esforços de reajuste de preços, reforçando o foco da companhia em rentabilidade em um ambiente de juros elevados. Durante a teleconferência de resultados, a administração comentou que as negociações com a Totvs estão evoluindo bem, mas a complexidade do negócio impede a definição de um cronograma para sua conclusão.
O TPV do segmento MSMB totalizou R$119,5 bilhões no trimestre, representando um crescimento de 17,2% A/A (-6,9% T/T). O desempenho anual positivo, mas mais moderado, é atribuído à contínua expansão da base de clientes ativos da companhia, parcialmente compensada pelos ajustes contínuos de precificação. A Base de Clientes Ativos de Pagamentos atingiu 4,4 milhões (+4,3% T/T e +17% A/A), com 99% composta por MSMBs. O TPV de cartões alcançou R$103,0 bilhões, desacelerando o ritmo de crescimento para 10,2% A/A (vs. +13,2% A/A no 4T24), impactado pelo forte crescimento de 94,5% A/A nas transações via QR Code do PIX.
No segmento bancário, a base de clientes ativos chegou a 3,2 milhões no 1T25, o que representa um crescimento de 36,2% A/A e 5,8% T/T. Esse crescimento sequencial foi impulsionado principalmente pelo aumento da base de clientes ativos em pagamentos. Os depósitos totais do varejo somaram R$8,3 bilhões, alta de 38,3% A/A, mas queda de 4,9% T/T. O salto anual destaca o sucesso das ofertas combinadas de pagamentos e serviços bancários da empresa, além de um maior engajamento dos clientes. No entanto, a queda sequencial é explicada, em grande parte, pela sazonalidade de volumes mais baixos no primeiro trimestre. Ao observar mais de perto a composição dos depósitos do varejo, fica evidente o sucesso da “estratégia de cash sweep” da Stone, com a migração dos depósitos de clientes de varejo para certificados de depósito a prazo (CDBs). Segundo o release: “Esse movimento melhora nossos spreads de captação e, portanto, reduz o custo médio de funding. Embora essa estratégia reduza a receita financeira obtida sobre os depósitos, ela continua sendo positiva para o lucro líquido em termos líquidos.”
A carteira de crédito manteve seu ritmo forte, atingindo R$1,5 bilhão (+20,0% T/T e +168,6% A/A), impulsionada principalmente pela contínua expansão da carteira de lojistas, especialmente nas soluções de capital de giro. As provisões para perdas esperadas totalizaram R$34,0 milhões (+33,1% T/T e -24,2% A/A), resultando em um custo de risco de 10,2% (vs. 10,0% no 4T24). A carteira da Stone é única, o que torna difícil qualquer comparação com os níveis normalizados de bancos tradicionais ou neobanks. Ainda assim, a empresa afirmou que: “Considerando o atual ambiente macroeconômico e nossa abordagem conservadora, entendemos que o nível em torno de 10% é o mais adequado no curto e médio prazo.” Os índices de inadimplência (NPLs) também aumentaram, atingindo 2,61% (15-90 dias) e 4,57% (acima de 90 dias). Como as condições econômicas continuam desafiadoras, continuaremos monitorando de perto o desempenho das iniciativas de crédito da Stone nos próximos trimestres.
A Stone reportou Receita Total e Outros Ganhos de R$3,7 bilhões no 1T25, um crescimento de 1,7% T/T e 19,0% A/A (+1% vs. XPe). Esse crescimento foi impulsionado pelo aumento da Receita Financeira, que representa 62,8% das receitas e cresceu 5,2% T/T e 32,3% A/A. O crescimento anual reflete maiores receitas de antecipação e crédito. O aumento das receitas de antecipação resulta dos seguintes fatores: (i) ajustes na política de precificação realizados no período, (ii) otimizações entre a taxa MDR de cartões e receitas de antecipação, e (iii) maiores volumes pré-pagos. Do ponto de vista dos segmentos, o destaque foi o crescimento de 2,1% T/T e 20,3% A/A na receita do segmento de serviços financeiros. Esse crescimento anual foi impulsionado por uma melhoria na monetização dos clientes, principalmente por iniciativas de reajuste de preços, e pela contínua expansão da base de clientes ativos. O segmento de software teve queda de 1,8% T/T, mas alta de 10,8% A/A. De forma geral, o desempenho no 1T reflete a capacidade da Stone de implementar ajustes de preços com eficácia, mesmo em um ambiente de juros elevados no Brasil.
Durante o trimestre, o Custo dos Serviços totalizou R$934 milhões (+6,3% T/T e +15,3% A/A), reflexo principalmente de: (i) depreciação e amortização; (ii) custos logísticos relacionados à emissão de cartões e expansão da base de clientes; (iii) custos de transação com nuvem e software operacional; e (iv) aumento nos investimentos em tecnologia. No entanto, como percentual da receita, o Custo dos Serviços (excluindo provisões de crédito) caiu para 24,5% no 1T25 (vs. 24,8% no 1T24).
O Lucro Bruto Ajustado foi de R$1.644,5 milhões, equivalente a 44,8% das receitas, com queda de 3,2% T/T, mas alta de 18,7% A/A. Essa métrica está acima do crescimento implícito no guidance de 2025 (+14% A/A), o que consideramos positivo.
As Despesas Financeiras Líquidas Ajustadas totalizaram R$1.091,5 milhões no 1T25, um aumento de 22,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse aumento pode ser atribuído principalmente a: (i) elevação na média do CDI; e (ii) maiores necessidades de funding para as operações de antecipação e crédito no período. Esses efeitos foram parcialmente compensados por: (iii) menor custo de funding, sobretudo devido ao maior volume de depósitos de clientes utilizados como fonte de recursos. Como percentual da Receita Total e Outros Ganhos, as Despesas Financeiras Líquidas subiram de 28,8% no 1T24 para 29,7% no 1T25.
As Despesas Administrativas Ajustadas somaram R$242,5 milhões, um aumento de 4,5% A/A, explicado principalmente por: (i) maiores despesas com pessoal; e (ii) despesas relacionadas a instalações. Como percentual da receita, as Despesas Administrativas caíram de 7,5% no 1T24 para 6,6% no 1T25.
As Despesas Comerciais foram de R$593,1 milhões no 1T25, alta de 12,0% A/A, atribuída principalmente ao aumento de investimentos em canais de distribuição relacional. Como percentual da receita, as Despesas Comerciais caíram de 17,2% para 16,2% no 1T25.
O Lucro Líquido Ajustado totalizou R$554,4 milhões no trimestre (queda de 16,7% T/T, alta de 23,1% A/A e 3% acima da XPe). Como resultado, o Lucro por Ação Básico Ajustado (EPS) foi de R$1,97 — 36% acima do mesmo período do ano anterior e acima do crescimento implícito no guidance (+18%).
A Stone também anunciou que seu Conselho de Administração aprovou um novo programa de recompra de ações, no qual a empresa poderá recomprar até R$2 bilhões em ações ordinárias Classe A em circulação. O programa aprovado não tem data de expiração definida. Nos últimos 12 meses, a companhia distribuiu R$2,4 bilhões aos acionistas via recompra, atingindo um yield de 12%.
Durante a teleconferência de resultados, a administração reiterou alguns temas-chave. Primeiro, a expectativa é de que o crescimento do TPV desacelere, em linha com o guidance de crescimento anual composto (CAGR) de 14% até 2027, com o PIX continuando a canibalizar os volumes de débito — uma tendência considerada positiva, dado seu potencial de monetização e impacto sobre os depósitos. A companhia confirmou que a maior parte da base de clientes já passou por reprecificação no 1T25 e que não vê necessidade de novos ajustes de preços em resposta à recente queda nas taxas de juros, uma vez que as curvas atuais ainda permanecem próximas dos níveis utilizados na reprecificação inicial. A participação de mercado segue estável no segmento MSMB. Sobre a concorrência, a Stone reconheceu uma maior atuação de players locais, mas acredita que sua proximidade com os clientes, a oferta de produtos integrados e seu modelo diferenciado de distribuição representam uma vantagem estrutural. As negociações com a TOTVS para a venda da Linx seguem avançando, mas o cronograma para conclusão ainda é incerto. A conversão de caixa foi mais fraca neste trimestre, reflexo de efeitos sazonais e pontuais, que devem se normalizar nos próximos períodos. A administração destacou que não monitora mais a take rate isoladamente, e sim a relação entre Lucro Bruto e TPV, métrica que deve apresentar leve melhora no 2T25. A migração contínua dos depósitos para CDBs, por meio da estratégia de cash sweep, deve gerar um benefício líquido anual entre 75-125 pontos-base, com a maior parte desse impacto ocorrendo a partir do 2T. Por fim, a Stone destacou o forte crescimento de sua carteira de crédito, mencionando suas soluções diferenciadas de capital de giro e os esforços para expandir produtos de crédito de menor duração, adaptados à sua base de clientes MSMB.
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