Esperamos que as empresas de saúde apresentem bons resultados no geral no 3T21, já que os impactos da pandemia podem não ser tão fortes quanto foram no 2T21. A segunda onda de casos Covid-19 - que teve seu pico entre abril e junho deste ano - não causou os mesmos impactos entre os diferentes segmentos do setor de saúde. Por um lado, as operadoras e seguradoras registraram uma sinistralidade muito alta e margens compactadas, enquanto por outro lado, as empresas farmacêuticas apresentaram crescimento devido ao seu modelo de negócio mais seguro. Para o 3T21 esperamos que: (i) operadoras e seguradoras mostrem grandes melhorias principalmente nos custos médicos; (ii) hospitais apresentem ligeira diminuição das margens; e (iii) os laboratórios de diagnóstico e indústrias farmacêuticas apresentem um desempenho semelhante ao 2T21 em termos de rentabilidade, com crescimento anual de receita.
Capacidade crescente, mas margens sob pressão. Os hospitais podem mostrar alguma estabilidade em uma base T/T, com menos admissões de Covid-19 compensadas por um aumento gradual nos procedimentos eletivos. No entanto, esperamos que aquisições recentes e uma ligeira queda na utilização de leitos no trimestre pressione as margens das empresas neste segmento.
Sinistralidade retornando aos níveis normalizados. As operadoras verticalizadas foram as mais afetadas negativamente pela pandemia no primeiro semestre, com o aumento dos custos médicos devido ao aumento nas admissões de Covid-19. Essas são, em nossa opinião, as empresas que devem apresentar as maiores melhorias em relação ao trimestre anterior, com menos internações e, consequentemente, menor sinistralidade.
Resultados estáveis a positivos. Esperamos que as empresas de laboratórios continuem se recuperando dos choques sofridos durante as duas principais ondas da pandemia. Apesar de depender menos dos testes da Covid-19 à medida que o número de casos diminui continuamente, as empresas estão conseguindo gerar um crescimento de receita com margens um tanto estáveis.
Receita defensiva (e crescente). As empresas de indústria farmacêutica devem continuar a crescer de forma consistente, seguindo a tendência de crescimento do mercado de medicamentos e outros produtos farmacêuticos em geral.
Rede D'Or (RDOR3) - Compra
Estimamos que os resultados sejam afetados por um nível mais baixo de utilização de leitos devido a: (i) sazonalidade; (ii) menor pressão de admissões Covid-19; e (iii) o grande número de leitos adquiridos recentemente, que esperamos que levem algum tempo para atingir um nível de utilização semelhante ao das unidades maduras. Portanto, esperamos que as receitas do 3T21 aumentem ligeiramente em relação ao trimestre anterior, embora com alguma perda de alavancagem operacional, comprimindo a margem EBITDA. Além disso, esperamos que as despesas financeiras aumentem no trimestre devido ao aumento da taxa Selic e um menor saldo de caixa devido ao pagamento de diversas aquisições. Por fim, a empresa distribuiu R$168 milhões em Juros sobre Capital Próprio (“JCP”), reduzindo sua alíquota e resultando em um lucro líquido estimado de R$378 milhões.
Kora Saúde (KRSA3) – Compra
Esperamos que o 3T21 reflita o grande número de aquisições feitas recentemente, juntamente com uma recuperação gradual nos procedimentos eletivos, enquanto as admissões da Covid-19 diminuam. Projetamos um aumento de receita de 15% no trimestre, com o Hospital Anchieta (270 leitos) contribuindo para todos os meses do trimestre, e Gastroclínica (105 leitos) e São Mateus (150 leitos) contribuindo para cerca de metade do período. Com relação à margem EBITDA, esperamos uma queda de 5 p.p. no trimestre devido a: (i) margens menores dos hospitais adquiridos; e (ii) procedimentos eletivos ainda em patamares baixos no início do trimestre. Por fim, estimamos uma queda do lucro líquido em relação ao 2T21 em função da queda do EBITDA somado ao aumento das despesas financeiras devido ao aumento da taxa Selic.
GNDI (GNDI3) – Compra
Esperamos que os resultados do 3T21 apresentem melhora em relação ao 2T21, especialmente devido ao alívio da Covid-19, uma vez que a segunda onda atingiu mais fortemente no período compreendido entre abril e julho. No entanto, ainda esperamos alguma pressão de custo no 3T, visto que (i) havia ainda um número um tanto grande de casos de Covid-19 em todo o país, colocando alguma pressão sobre os custos médicos; e (ii) alguns fornecedores terceirizados podem ter faturado eventos do 2T21 com um pequeno atraso. Estimamos um aumento na receita de 5% no trimestre, principalmente devido ao grande número de vidas adquiridas entre o 2T e o 3T (~490 mil) e menor churn. Estimamos uma sinistralidade de 80,6% no trimestre (-2,1 p.p. T/T). Por fim, esperamos que a margem EBITDA se recupere em relação ao trimestre anterior e o resultado líquido fique em zero.
Fleury (FLRY3) – Neutro
Esperamos que o Fleury registre resultados sólidos no 3T21, com a receita crescendo 7% no trimestre devido (i) aos fortes volumes, retomando o crescimento do 2T21, (ii) as aquisições do CIP, Moacir Cunha e Vita contribuindo com o período inteiro de receitas, e (iii) as aquisições do Pretti e Laboratório Bioclínico, que estão consolidando a partir de outubro. Além disso, dada a recuperação da receita, esperamos alavancagem operacional para ajudar na expansão da margem, mesmo considerando as margens mais baixas trazidas pelos negócios adquiridos e as despesas necessárias para potencializar o crescimento dos novos negócios. Estimamos um lucro líquido de R$ 91 milhões, uma vez que as sinergias com as aquisições ainda não foram colhidas e a plataforma digital ainda está em fase de crescimento.
Alliar (AALR3) – Neutro
Esperamos resultados desafiadores para a Alliar, seguindo um desempenho semelhante ao do 2T21. Projetamos a receita com um aumento de 4% T/T, auxiliado por uma recuperação nos exames de imagem (principalmente ressonância magnética), com algum efeito de uma redução nos testes de Covid-19. A margem EBITDA deve cair 3 p.p. T/T, uma vez que o 2T21 apresentou um efeito não recorrente das renegociações de aluguéis, que geraram um resultado positivo de aproximadamente R$10 M. Estimamos um lucro líquido em R$5 M, seguindo o mesmo comportamento do EBITDA somando ao aumento das despesas financeiras devido ao aumento da taxa Selic.
Pardini (PARD3) – Neutro
Esperamos que o Pardini mostre resultados neutros no 3T21, com queda de 7% na receita em relação ao trimestre anterior, principalmente devido ao fato do 2T21 não ser uma boa base de comparação, quando houve um aumento nos testes de toxicologia. Estimamos uma queda de 5 p.p. da margem EBITDA no trimestre, uma vez que a receita recorde do 2T21 reforçou a alavancagem operacional e expandiu as margens de forma extraordinária. Por fim, o lucro líquido pode cair 23% T/T, seguindo a mesma tendência do EBITDA.
Hypera (HYPE3): Compra
Esperamos que a Hypera registre sólidos resultados trimestrais, com despesas pontuais prejudicando o EBITDA e o lucro. Estimamos que a receita cresça 3% sequencialmente, com crescimento orgânico de dois dígitos e maturação das operações de Buscopan e Takeda. A margem EBITDA recorrente pode se comprimir em uma base trimestral à medida que a empresa continua seu ciclo de investimento, e esperamos que o lucro líquido siga a mesma tendência. Observamos que a empresa perdeu uma ação judicial que exige o pagamento de R$ 500 milhões, com impacto de R$ 400 milhões nas despesas. Considerando essa despesa não recorrente, nossas estimativas de EBITDA e lucro líquido reportados são de R$ 147 milhões e R$ 168 milhões, respectivamente.
Blau (BLAU3) – Compra
Esperamos que a Blau continue crescendo na comparação anual, embora com uma queda na receita em relação ao 2T21, principalmente devido à sazonalidade e um número ainda abaixo do ideal de procedimentos eletivos em hospitais. Em relação à margem EBITDA, esperamos uma queda de 2 p.p. A/A devido a um mix pior e maior componente de vendas ao governo, que apresentam margens mais baixas. No resultado final, esperamos que fique estável em relação ao ano anterior, com resultado financeiro positivo devido ao fato da empresa ter uma posição de caixa líquido. Destacamos que quaisquer despesas não recorrentes (principalmente com o IPO) não foram consideradas.
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