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Banco do Brasil (BBAS3): 4T fraco | Não julgue um livro (trimestre) pela capa (lucro líquido)

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O Banco do Brasil (BBAS3) reportou resultados fracos no 4T24. Embora tenha apresentado um lucro líquido amplamente em linha com o consenso (+1% vs XPe) e mantido um ROE robusto de 21%, a qualidade dos ativos levantou algumas preocupações. Destacamos os seguintes pontos: i) Pelo segundo trimestre consecutivo, a PDD ficou abaixo da formação de NPL; ii) O BB reduziu o guidance para o crescimento da carteira de crédito; iii) Os índices de capital caíram acentuadamente; iv) A Resolução 4.966 provavelmente será um obstáculo à frente; e v) Redução do payout para um intervalo de 40-45% (anteriormente 45%). No geral, antecipamos uma reação negativa do mercado amanhã.

Nossa Visão:  Embora o Banco do Brasil tenha apresentado um lucro líquido amplamente em linha com o consenso (+1% vs. XPe) e mantido um ROE robusto de 21%, a qualidade dos ativos levantou preocupações. Pelo segundo trimestre consecutivo, a PDD ficou abaixo da formação do NPL, que aumentou devido ao setor Agro, levantando preocupações sobre potencial deterioração dos resultados futuros. Além disso, o BB reduziu o guidance para o crescimento da carteira de crédito, registrou uma queda significativa nos índices de capital e abriu espaço para reduzir o payout. O banco afirmou que a queda no índice de capital Tier 1 reflete a forte inclinação da curva de juros no final do ano, mas espera compensar isso ao longo de 2025. No entanto, em 2025, o banco enfrentará mais um obstáculo em seus índices de capital, devido à incorporação da Resolução CMN 4.966, que impactará o Patrimônio Líquido em aproximadamente R$ 10 bilhões. Apesar de indicar uma recuperação orgânica ao longo de 2025, o banco demonstrou maior cautela, sinalizando uma redução do payout para um intervalo de 40-45% (anteriormente 45%). Embora o novo guidance para o lucro líquido (ponto médio: R$ 39 bilhões) sugira um crescimento modesto de 2%, começamos a questionar a viabilidade dessa meta.

A Carteira de Crédito Ampliada totalizou R$ 1,28 trilhão, crescendo +6,1% T/T e +15,3% A/A. O segmento Corporativo foi o destaque, crescendo +18,0% A/A, impulsionado por Investimentos (+25,9%), ACC/ACE (+18,6%) e Capital de Giro (+4,2%). A Carteira Agro também cresceu significativamente (+11,9% A/A), mas registrou o menor crescimento desde o 3T21. No segmento Pessoa Física, o maior crescimento veio do Crédito Consignado (+1,1% T/T e +9,8% A/A). No acumulado do ano, o BB entregou um crescimento de 11,7%, dentro do intervalo do guidance (+8,0% a +12,0%). Todos os três segmentos cresceram de forma saudável, com destaque para Corporativo, que cresceu acima do limite superior do guidance (15,7% vs. 11,0%).

O NII Gerencial encerrou o trimestre em R$ 26,8 bilhões (+3,6% T/T e +4,0% A/A, mas 6% abaixo da nossa estimativa). O destaque do trimestre foi o NII de Mercados, que somou R$ 6,0 bilhões, crescendo +17,3% T/T e +6,9% A/A, impulsionado pelo resultado de tesouraria. O NII de Clientes também melhorou (+0,2% T/T e +3,1% A/A), encerrando o trimestre em R$ 20,8 bilhões, beneficiado pela margem de crédito. No acumulado de 2024, o NII Gerencial cresceu 11,2%, ficando dentro do guidance (+10,0% a +13,0%).

O NPL > 90 permaneceu estável em 3,3% T/T, indicando estabilização da qualidade do crédito. No entanto, a inadimplência no segmento Agro continuou subindo substancialmente (NPL>90 deteriorou +48bps T/T para 2,5%). Além disso, a formação de NPL atingiu R$ 11,5 bilhões, 24% superior ao volume provisionado no trimestre. O saldo de provisões suplementares está agora apertado, próximo ao mínimo regulatório, enquanto a inadimplência do Agro continua aumentando. Como resultado, o índice de cobertura caiu 6,3 p.p. T/T para 171%.

No lado do custo de crédito, o BB registrou uma PDD ampliada de R$ 9,3 bilhões, +8,2% T/T, -7,2% A/A e 6% abaixo da nossa estimativa. Em uma primeira análise, esse nível de provisionamento parece baixo, dada a deterioração da qualidade de crédito. Exploraremos esse tópico com mais detalhes na conferência de resultados.

A receita com tarifas atingiu R$ 9,2 bilhões no trimestre, um aumento de 5% A/A (-3% vs. XPe) e +3% sequencialmente. No acumulado do ano, o crescimento foi impulsionado por: i) Aumento no saldo médio da gestão de fundos; ii) Crescimento das receitas com seguros, previdência e títulos de capitalização; iii) Maior volume em consórcios.

Em relação às despesas administrativas, o Banco do Brasil registrou R$ 9,5 bilhões no trimestre, um aumento de 1,4% em relação ao trimestre anterior, +3% A/A e 2% abaixo da nossa estimativa. O índice de eficiência (cost-to-income) subiu marginalmente para 25,6% (+20 bps T/T).

Sobre eficiência operacional, vale destacar que o BB não fechou nenhuma agência nos últimos doze meses. Enquanto isso, em 2024, seus principais concorrentes seguiram com planos de redução da estrutura física. Acreditamos que, no futuro, o custo de atendimento será ainda mais relevante para as instituições financeiras e, portanto, entendemos que o atraso do banco na otimização da rede física pode se tornar uma desvantagem em relação aos pares.

Como resultado, o banco reportou um lucro líquido de R$ 9,6 bilhões, em linha com nossa estimativa (+1,5% A/A e estável T/T), implicando um ROE de 20,8% (-32bps T/T e -168bps A/A).

Em relação ao capital, o BB apresentou CET 1 de 10,9% (-88 bps T/T), Tier 1 de 12,7% (-85 bps T/T), e BIS de 13,8% (-91 bps T/T). Apesar da queda significativa, ainda vemos os índices de capital como saudáveis.

Com o encerramento de 2024, o Banco do Brasil avaliou o cumprimento das metas estabelecidas no guidance do ano. No geral, o banco atingiu todas as metas. Paralelamente, o banco apresentou suas projeções para 2025. Os números abaixo foram ajustados conforme os critérios da Resolução CMN 4.966, o que limita a comparação direta com 2024. Seguem as projeções:

  • Crescimento da Carteira de Crédito: +5,5% a +9,5%
    • Indivíduos: +7,0% a +11,0%
    • Empresas: +4,0% a +8,0%
    • Agro: +5,0% a +9,0%
  • Margem Financeira Bruta (Net Interest Income): entre R$ 111,0 bilhões e R$ 115,0 bilhões;
  • Perda Esperada (Expected Loss): entre R$ 38,0 bilhões e R$ 42,0 bilhões;
  • Receitas com Tarifas (Fee Income): entre R$ 34,5 bilhões e R$ 36,5 bilhões;
  • Despesas Administrativas (Administrative Expenses): entre R$ 38,5 bilhões e R$ 40,0 bilhões; e
  • Lucro Líquido Ajustado (Adjusted Net Income): entre R$ 37,0 bilhões e R$ 41,0 bilhões.

No geral, embora existam algumas variações entre as linhas, nosso lucro líquido (R$ 39,6 bilhões) está dentro da faixa sugerida pelo banco. Além dos resultados e do guidance, o banco também anunciou o payout para 2025. Após vários anos com uma indicação clara, este ano o Banco do Brasil anunciou um intervalo de payout. De acordo com o Fato Relevante, o banco distribuirá entre 40% e 45% do lucro líquido em 2025. Embora o limite superior seja o mesmo 45% anunciado (e pago) em 2024, vemos essa possibilidade de redução no payout como um sinal de alerta. Em 2024, o banco elevou seu payout de 40% para 45%, alegando que isso estava alinhado com seu plano estratégico de longo prazo. No entanto, apenas um ano depois, o banco abre a possibilidade de reduzir a porcentagem distribuída. Esperamos abordar essa questão durante a teleconferência de resultados. Ainda assim, se assumirmos o ponto médio da faixa de lucro líquido sugerida pelo guidance, o banco poderia distribuir entre R$ 15,6 bilhões e R$ 17,6 bilhões, o que, considerando o valor de mercado atual, implicaria em um dividend yield entre 9% e 11%.

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