O que você vai encontrar nesse relatório:
- Um ano após o início da pandemia, estamos finalmente começando a virar a página com a vacinação em todo o mundo. Com isso, uma fase de Recuperação nos mercados se iniciou em janeiro.
- Porém, a confiança na recuperação econômica e a continuidade dos estímulos fiscais e monetários têm sido refletidos na rápida subida nas taxas de juros de longo prazo e aumento das expectativas de inflação no mundo. Por enquanto, ainda vemos os movimentos como benignos, mas isso pode mudar rapidamente. A inflação é um dos principais riscos a se monitorar à frente.
- Fevereiro também foi marcado pelo Ano Novo chinês, que traz a esperança de um novo super ciclo de commodities, que continuam a fazer novas altas de preços.
- No Brasil, destacou-se o aumento dos riscos políticos novamente, com o aumento de interferência nas empresas estatais, como a Petrobras. Por enquanto, ainda é cedo para dizer se houve uma mudança na política econômica. Porém, a queda do Ibovespa abre oportunidades de compra para empresas de alta qualidade.
- Mantemos nossa projeção para o Ibovespa inalterada em 135 mil pontos até o fim de 2021. Em nossa carteira Top 10 Ações XP, estamos fazendo as seguintes mudanças: (i) adicionando Klabin e removendo AmBev; e (ii) aumentando a exposição à Vale (de 10% para 15%) e reduzindo em Omega Geração (de 10% para 5%).
Depois de um ano desde a confirmação do primeiro caso de Covid-19, campanhas de vacinações se iniciaram em todo o mundo. Embora não tenhamos retornado totalmente à normalidade, os mercados olham para o futuro e uma nova fase de recuperação está começando a ocorrer nos mercados globalmente.
Abaixo mostramos o Ibovespa em 5 estágios. Vimos a Bolsa se recuperar em 2021 mas, infelizmente, o Ibovespa voltou a se desvincular dos mercados globais devido aos riscos locais e o mês de fevereiro nos lembrou, mais uma vez, que a política continua a ter muita importância no Brasil e nós não podemos nos esquecer disso.
1 ano após o início da crise da COVID-19
Março marca um ano desde que a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou a COVID-19 como uma pandemia global. Por volta desta época no ano passado, muitos de nós tivemos que sair às pressas de nossos escritórios para trabalhar em casa, pois a pandemia fez com que as economias globais fechassem para impedir a propagação do vírus.
Apesar da pandemia ainda continuar preocupante, principalmente no Brasil, a boa notícia é que estamos no processo de virar a página à medida que a população está sendo vacinada. Olhando para o Brasil, o país distribuiu 8,1 milhões de vacinas até agora. No entanto, a porcentagem da população que foi imunizada é de apenas 3,8%, com o Brasil ficando atrás de muitos de países. Para complicar ainda mais as coisas, algumas regiões do país relataram falta de doses, as hospitalizações continuam altas e o número de fatalidades ainda está acima de 1.000 mortas por dia, quebrando recordes. Com isso, as incertezas em torno da pandemia e seus impactos na economia brasileira voltaram, principalmente nos gastos fiscais.
Globalmente, a situação parece um pouco melhor. No final de fevereiro, a média de 7 dias de casos diários confirmados caiu significativamente para 380.923, ou uma queda de -48% em relação à meados de janeiro. E o número de fatalidades diárias também caiu -36% desde seu pico, para 9.240.
Os dados sobre as vacinas também são encorajadores. Até agora, 208 milhões de vacinas foram distribuídas globalmente, em uma média de 4,7 milhões de doses administradas diariamente, valor este que se compara com o número de ~1 milhão no início deste ano.
Uma rotação no mercado está começando
Com a aceleração da vacinação, os mercados começaram a se posicionar para uma recuperação econômica. Em fevereiro, vimos um movimento de reflation trade, com os investidores começando a tirar investimentos em empresas de tecnologia de alto crescimento, que haviam se beneficiado fortemente das tendências do “ficar em casa”, e indo em direção aos setores mais cíclicos e sensíveis à uma aceleração da economia.
Como resultado, os mercados emergentes, que estão mais expostos ao tema da recuperação econômica, apresentaram desempenho superior até agora neste ano. Enquanto isso, as regiões e setores mais defensivos tiveram um desempenho inferior, mas ainda estão em território positivo. No acumulado do ano, o Nasdaq sobe +2,4%, a Europa (Euro Stoxx) +1,1% e o S&P 500, +1,5%.
Preocupações com a inflação retornam aos holofotes
Outro fenômeno que ganhou destaque foram as fortes altas das taxas de juros de longo prazo, refletindo o aumento das expectativas de inflação. Esses movimentos recentes estão relacionados a: 1) o aumento da confiança na abertura das economias com o início da vacinação; 2) a manutenção da política monetária frouxa dos bancos centrais, que foi novamente reiterada pelo Federal Reserve, Banco Central americano; e 3) as perspectivas crescentes de outro grande estímulo fiscal a ser promulgado pelo governo Biden nos EUA. Todos esses fatores aumentam as chances de que a inflação volte com força, o que é um risco importante a ser monitorado no futuro. Como resultado, o Tesouro americano avançou 34pps no mês passado e atingiu um pico de 1,6%, o maior nível em um ano.
Embora o rápido aumento nos rendimentos dos títulos seja um reflexo de uma confiança crescente na recuperação econômica, ele também começou a ser motivo de preocupação. Rendimentos mais altos podem prejudicar o apetite dos investidores por empresas de alto crescimento, que têm grande parte do seu valor no longo prazo, como o setor de Tecnologia. Além disso, à medida que as taxas reais sobem, elas podem começar a fazer com que as ações pareçam menos atraentes para investidores em busca de rendimento. Por enquanto, ainda vemos o movimento recente nas taxas como benigno.
O Ano Novo chinês e o super ciclo de commodities
O dia 12 de fevereiro marcou o início do Ano do Boi, que na cultura chinesa é considerado um animal de força que está associada à colheita e à fertilidade. Com o fim do Ano do Rato, muitos estão olhando os horóscopos para ver o que os espera pela frente, e os investidores também estão questionando o que pode afetar os mercados neste novo ciclo.
À medida que a China entra em um Novo Ano Lunar em 2021, eles também começam seu ciclo econômico à frente do resto do mundo. A China foi o primeiro país a ser severamente afetado pela pandemia, mas medidas rígidas de distanciamento social para conter a disseminação do vírus permitiram que ela fosse uma das primeiras economias a retornar à normalidade. O país é o único do mundo que viu crescimento em 2020 de +2,3%, enquanto a economia mundial contraiu -4,4%. Em 2021, segundo estimativas do FMI, a China deverá crescer +8,2%, superando o crescimento global esperado de +5,2%.
O aumento dos temores com a inflação e a expectativa de retomada da demanda, principalmente da China, têm impulsionado a retomada das commodities. Desde abril do ano passado, o Bloomberg Commodity Index subiu +43,4%.
Os preços do petróleo saltaram em fevereiro para mais de US$ 65 o barril, o maior desde janeiro de 2020, em parte devido à histórica tempestade de inverno no Texas, que levou ao fechamento de refinarias. Com a normalização, os preços do Brent e do WTI caíram, mas continuam subindo +27,7% e + 26,8%, respectivamente, no acumulado do ano.
Metais como cobre e níquel também estão em alta e podem ver a demanda crescer à medida que avançamos em direção à energias mais sustentáveis. Com governos e empresas em todo o mundo definindo planos de zerar emissões, como a iniciativa da Europa para o Green Deal e o plano climático do governo Biden nos EUA, devemos ver mais investimentos em energias renováveis.
Se essas tendências se sustentarem, podemos estar nos estágios iniciais de um super ciclo de commodities. Em um cenário em que uma demanda reprimida se materialize pós pandemia, políticas fiscais e monetárias permaneçam frouxas, e o dólar continue a se enfraquecer, um rali similar aos Roaring 20s pode ocorrer. Se isso acontecer, os mercados emergentes devem se beneficiar mais.
No entanto, uma diferença importante que vale a pena explorar é o fato de que o crescimento econômico pós 2021 deve se normalizar novamente em níveis muito mais baixos em comparação com 2002-2007, quando a China estava crescendo seu PIB nominal em mais de +15% ao ano. Isso poderia limitar os preços das commodities após 2021.
Riscos políticos crescentes fazem com que o mercado brasileiro se descole novamente
Embora os mercados emergentes tenham voltado ao radar dos investidores globais, sinais de aumento dos riscos políticos podem afastá-los do Brasil neste próximo ciclo.
Nos primeiros dois meses de 2021, o índice Ibovespa apresentou retorno de -7,5% em moeda local; com um real mais fraco, o índice caiu -14,3% em Dólares. O retorno negativo foi impulsionado pelo aumento dos riscos políticos que se tornaram evidentes em fevereiro, após a substituição abrupta do CEO da Petrobras, Roberto Castello Branco, pelo general Joaquim Silva e Luna.
O evento sinalizou que mais intervenções políticas podem ocorrer e o sentimento dos investidores em relação ao Brasil começou a piorar. O risco-país medido pelo CDS de 5 anos saltou para 190bps, o maior em mais de três meses. Além disso, o Real sofreu uma forte desvalorização, encerrando o mês como uma das moedas de pior desempenho globalmente: -7,2% no acumulado do ano.
Conforme destacamos em relatório recente, esse episódio levantou questões em torno do futuro do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do compromisso do governo com a agenda econômica. Se as reformas estruturais não se concretizarem, o Brasil pode ficar de fora na grande alta do próximo ciclo de mercado.
Por enquanto, nossa equipe econômica acredita que é cedo para decidir se os eventos ligados à Petrobras são pontuais ou se de fato sugerem uma mudança na política econômica. No futuro, será fundamental acompanhar as discussões em torno da Proposta de Emenda à Constituição e da próxima rodada do auxílio emergencial, para decidir se os riscos políticos mais elevados vieram para ficar.
Quais lições aprendemos?
Como dissemos antes, a política é importante no Brasil e é por isso que a diversificação dos investimentos também é.
O aumento da percepção de risco em relação ao país provavelmente fez com que os investidores locais com exposição apenas ao Brasil vissem perdas, enquanto a maioria dos mercados lá fora subiram. E embora a recuperação global não tenha sido ampla, mas sim focada em setores e regiões mais cíclicos, os ativos estrangeiros tendem a não estar correlacionados com os riscos domésticos, e devem ter protegido as carteiras de muitos.
Mesmo assim, há um lado positivo da história. Com a correção do índice brasileiro, abriram-se oportunidades de compra em empresas privadas de alta qualidade. A questão agora é se as incertezas políticas desaparecerão, para que o Ano do Boi faça jus ao seu nome. Independentemente disso, os investidores devem se concentrar nos fundamentos, e não no sentimento, pois eles tendem a impulsionar os retornos de longo prazo.
Target do Ibovespa - mantemos em 135.000 pontos
Por enquanto, mantemos nossa projeção para o Ibovespa para o fim de 2021 inalterado em 135 mil pontos. Acompanharemos de perto os próximos desenvolvimentos tanto no Brasil quanto no mundo. Os principais fatores que impactam esse valor justo são: 1) lucros das empresas, e 2) taxa de desconto, que por sua vez é relacionada com o risco país e com as taxas de juros de longo prazo.
Pesquisa: Assessores da XP dão suas visões sobre o que esperar da Bolsa em 2021
Nos últimos dias realizamos uma nova edição da nossa pesquisa com os assessores da XP Matriz e assessores de investimento de escritórios autônomos filiados à XP Investimentos. Os assessores e seus clientes estão mais pessimistas em relação ao Ibovespa quando comparamos ao mês passado. A média de palpites calculada para o target do Ibovespa para o fim de 2021 foi de 128.660 pontos, que representa uma queda de -2,1% M/M (131.846 pontos em janeiro). Esse pessimismo é principalmente devido ao aumento da preocupação com o cenário político e fiscal em que estamos. No entanto, seus clientes não estão pessimistas a ponto de vender seus posições em ações. A maioria pretende manter seus investimentos (47%, +4p.p. vs. janeiro) ou até mesmo aumentar sua exposição (41%, -6p.p. vs. janeiro). Veja o relatório completo clicando aqui.
Top 10 ações XP
Como foi a performance de cada nome da carteira no mês?
Em fevereiro, nossa carteira Top 10 ações XP caiu -0,6%, melhor que os -4,4% do Ibovespa. Leia abaixo as razões da performance de cada um dos 10 nomes no mês e o que esperamos olhando para frente.
Bradesco (BBDC4): durante o mês de fevereiro, as ações do Bradesco performaram abaixo do índice Ibovespa impulsionado principalmente pelo maior risco político. Contudo, mantemos nossa recomendação de Compra baseado em: i) fonte de receitas diversificada e defendida, contando com a maior seguradora e um dos maiores bancos de investimentos do Brasil; ii) grande potencial de ganho de eficiência com redução da operação física e digitalização do banco; e iii) valuation atrativo.
Marfrig (MRFG3): entendemos que a performance positiva no mês poderia refletir perspectivas construtivas sobre o resultado do 4T20, que será divulgado no dia 8 de março. Na nossa visão, apesar de tradicionalmente o 4º trimestre ser o mais forte para frigoríficos na América do Sul, principalmente devido ao sazonal de demanda forte no mercado doméstico, a pressão de alta no custo do boi gordo no Brasil deve afetar as margens da Marfrig, resultado compensado pelo bom momento da indústria nos Estados Unidos. A expectativa é de preços mais altos no mercado doméstico e na exportação em relação ao 3º trimestre, em ambas as geografias, mas com queda no volume de abate na América do Sul e pressão dos COGS, puxada principalmente por Brasil. A leitura é de acomodação frente a resultados historicamente favoráveis nos trimestres anteriores, mas seguimos otimistas com a operação nos EUA.
Vale (VALE3): a performance positiva das ações da Vale foi suportada por (i) preços mais altos de minério de ferro e (ii) perspectivas positivas para o mercado após os resultados do quarto trimestre de 2020. A respeito dos resultados, a Vale reportou resultados mais fortes do que o esperado no 4T20, com EBITDA ajustado de US$9,1 bilhões (excluindo o Acordo Global de Brumadinho de -US$4,9 bilhões). Os números mais fortes no período foram resultado de preços realizados acima do esperado em minério de ferro e forte geração de caixa operacional. Adicionalmente, a Vale anunciou a distribuição de dividendos e JCP (data ex em 5 de março) de R$4,26/ação (bruto), representando um retorno anualizado de 9,1%. Para 2021, esperamos um retorno mínimo com dividendos de 8,6%, considerando um preço médio de minério de ferro de US$135/t.
B3 (B3SA3): durante o mês de fevereiro, as ações da B3 performaram abaixo do índice Ibovespa impulsionado principalmente pelo maior risco político. Apesar disso, os dados operacionais referentes a janeiro apresentaram aumento do volume financeiro médio diário (ADVT) de 58,7% no período e aumento de 4,4% na comparação mensal. O número de investidores ativos seguiu crescendo 3,5% mensalmente e 82,2% anualmente, atingindo 3,37 milhões de investidores. Com isso, permanecemos otimistas com a retomada do mercado de capitais e com as baixas taxas de juros.
Pão de Açúcar (PCAR3): o desempenho sólido e acima do Ibovespa nas ações do Grupo Pão de Açúcar em fevereiro pode ser explicado principalmente pela (i) visão positiva do mercado com os resultados do 4T20, em linha com nossa prévia de resultados (link), combinado com (ii) as expectativas de conclusão da Cisão do Assaí, que foi reforçado através do fato relevante anunciado na última sexta-feira (link). Adicionalmente, continuamos a destacar as ações do GPA como nossa preferência no setor, com recomendação de Compra e preço alvo de R$103,0 por ação para o fim de 2021, por vermos a empresa como uma história sólida e cheia de opcionalidades para geração de valor, sendo a cisão um evento importante para materialização da reavaliação das ações (veja mais em nosso relatório setorial e sobre a cisão), enquanto a empresa também se destaca em relação aos pares quando se trata dos fatores ESG.
Tenda (TEND3): apesar da fraca performance no mês passado, mantemos nossa recomendação de compra e preço-alvo de R$37,2/ação. Nossa recomendação se baseia principalmente na: i) execução e reputação sólida da companhia; ii) a companhia reportou sólida prévia operacional referente ao quarto trimestre de 2020 com recorde de vendas (+29% ano contra ano), o que pode gerar forte resultado financeiro referente ao quarto trimestre; ii) construção remota (“off-site”) pode gerar um crescimento adicional para a companhia.
Lojas Americanas (LAME4): atribuímos o desempenho sólido e acima do Ibovespa nas ações de Lojas Americanas no mês de fevereiro ao anúncio de uma potencial fusão entre Lojas Americanas e B2W (clique aqui para conferir nossa visão completa sobre o tema). Além disso, continuamos a destacar a Lojas Americanas como nossa preferência no setor, com recomendação de Compra e preço alvo de R$36,0 por ação para o fim de 2021, por vermos a empresa bem posicionada e com uma estratégia clara para se tornar um ecossistema além de estar negociando a um valuation muito atrativo, em 1,0x EV/GMV 2021e. E também, esperamos que a B2W seja o destaque da nossa cobertura em 2021 em termos de ganhos de participação de mercado no e-commerce.
Rede D'Or (RDOR3): por mais desafiador que tenha sido o cenário para os hospitais durante boa parte de 2020, o aumento de confiança dos brasileiros em relação aos protocolos hospitalares no combate à Covid-19 vem proporcionando uma retomada de procedimentos eletivos nos últimos meses, os quais são mais rentáveis. Isso permitiu que a RDSL, uma prestadora de serviços, aumentasse as suas taxas de ocupação, sendo uma das principais alavancas dos bons resultados do 4T20 apresentados pela empresa e que vieram acima das nossas expectativas. Além disso, acreditamos que as perspectivas para aquisições são positivas visto que a pandemia impôs uma pressão nas empresas menores do setor, criando um ambiente mais favorável para a tese de consolidação de mercado abordada no nosso início de cobertura. Nós mantemos o otimismo em relação à Rede DO’r conforme vemos que a companhia apresenta indicadores operacionais sólidos combinados a uma perspectiva favorável para consolidação.
Ambev (ABEV3): entendemos que a performance negativa no mês poderia refletir aumento da incerteza sobre o resultado 4T20, que foi divulgado no dia 25 de fevereiro. Na nossa visão, a AmBev divulgou resultados sólidos no 4T20, com EBITDA ajustado de quase R$ 9 bilhões, aumento em parte devido ao aumento no volume vendido (+7,6% A/A) e aos preços mais altos (+5,3% A/A), mas também pelo reconhecimento de um crédito tributário de R$ 4,3 bilhões - analisando apenas o crescimento orgânico, o EBITDA normalizado teria sido de aproximadamente R$ 6,3bi, 3% abaixo das nossas estimativas. Entendemos que o mercado pode ter reagido mal a um resultado “poluído” por tal crédito tributário; adicionalmente, notícias recentes da reorganização do acordo de distribuição entre a Coca-Cola e a Heineken, também poderiam ter impactado negativamente a performance das ações da AmBev.
Omega (OMGE3): Durante o mês de fevereiro, as ações da Omega Geração fecharam praticamente estáveis, porém, acima da performance mensal do índice Ibovespa. Durante o período, houve um grau maior de volatilidade das ações devido à volatilidade da curva de juros futura. Continuamos a acreditar que a Omega é uma das oportunidades de melhor risco-retorno no setor elétrico. Em primeiro lugar, destacamos que o valor atual das ações não reflete os ativos que a companhia já possuí. Além disso, a execução consistente de transações de M&A (fusões e aquisições) tanto dentro do Grupo Omega quanto com terceiros, deve reforçar a confiança dos investidores na estratégia de crescimento da Omega, bem como deve concretizar a visão de que a empresa é uma consolidadora no segmento de energias renováveis. Mantemos recomendação de Compra nas ações, com preço-alvo em 12 meses de R$50/ação.
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Alterações da carteira Top 10 Ações
Nesse mês, estamos realizando uma mudança de empresas e duas mudanças de pesos na nossa Carteira Top 10 Ações XP: Entra Klabin (KLBN11) e sai Ambev (ABEV3); Vale (VALE3) passa a ter peso de 15% (vs. 10% anteriormente) enquanto Omega (OMGE3) passa a ter peso de 5% (vs. 10% anteriormente).
Apesar do forte desempenho da AmBev no 4T, com crescimento nas vendas de cerveja no Brasil assim como preços mais altos, as perspectivas de curto prazo para a empresa podem parecer incertas para o mercado, uma vez que a vacinação no Brasil não está avançando tão rapidamente quanto o esperado e bares e restaurantes ainda estão tentando retomar suas operações. Além disso, o câmbio e os preços mais altos das commodities devem continuar pressionando as margens da empresa, apesar do fato de que várias estratégias já foram implementadas para mitigar tal efeito, incluindo inovação de produtos e melhorias operacionais. Em suma, estamos retirando ABEV3 de nosso portfólio para abrir espaço para nomes que hoje se beneficiam de uma maior margem de segurança, mas continuamos otimistas com o papel no longo prazo. Estamos adicionando Klabin, pois estamos otimistas com a companhia por acreditar que a Klabin não somente está bem posicionada no setor, mas também deve se beneficiar de um cenário macro positivo, com a retomada da economia. Após desempenho histórico do setor de embalagens de papelão ondulado em 2020 (alta de 5,5% no ano), esperamos que 2021 deverá seguir com volumes ajustados por aumentos de preços, repassando os aumentos dos insumos ocorridos no ano passado. Já do lado da celulose, entendemos que o bom momento deverá continuar, uma vez que os preços ainda se encontram perto do custo marginal da indústria (fibra curta na China em US$600/t).
Estamos aumentando o peso nas ações da Vale de 10% para 15% com base nas perspectivas positivas no médio prazo. Acreditamos que a manutenção da demanda por minério de ferro na China em 2021, impulsionada pelos estímulos econômicos no país, além da recomposição dos estoques de aço, deva sustentar os preços de minério em patamares altos ao longo do ano. Além disso, esperamos que a Vale possa se beneficiar com os prêmios de qualidade mais altos, ajudando na redução do desconto que a companhia negocia em relação às suas pares (2,9x EV/EBITDA vs. pares australianas em torno de 5,5x). Na nossa visão, a geração de caixa mais forte da companhia pode resultar em dividendos mais robustos. Estimamos um retorno com dividendos de 8,6%, que pode ser ainda maior se a empresa decidir por alguma distribuição extraordinária, pois o retorno com fluxo de caixa pode chegar a 20% (com minério médio de US$135/t em 2021E). Estamos diminuindo o peso de Omega (OMGE3) de 10% para 5%, como forma de reduzir a exposição de nossa carteira ao setor elétrico, devido ao cenário atual de volatilidade da curva de juros futura.
Top Dividendos XP
Em fevereiro, nossa carteira Dividendos XP caiu -6,5%, contra -4,4% do Ibovespa. Leia abaixo as razões da performance de cada um dos 5 nomes no mês e o que esperamos olhando para frente.
Cesp (CESP6): a companhia vem reforçando seu ao alto potencial de geração de caixa nos resultados apresentados nos últimos trimestres. Com isso, acreditamos que culminará ou em maiores distribuições de dividendos ou em investimentos em oportunidades de crescimento. Adicionalmente, acreditamos em potenciais ganhos extraordinários vindos do resultado de contingências. Estimamos um dividend yield de 6,3% entre 2021 e 2022. Reiteramos nossa recomendação de Compra na CESP, com um preço-alvo de R$ 36/ação.
EdP (ENBR3): destacamos como positiva a nova política de dividendos adotada pela companhia em agosto de 2020, segundo a qual a EdP distribuirá a acionistas o maior entre os seguintes valores (i) 25% do Lucro Líquido, (ii) 50% do lucro líquido ajustado por efeitos não caixa como os resultados do segmento de transmissão e (iii) R$1/ação. Estimamos um dividend yield de 5,5% em 2021-22 para ENBR3. Mantemos nossa recomendação de Compra na EdP Energias do Brasil, com um preço-alvo de R$ 21/ação.
Engie (EGIE3): a Engie se destaca pela capacidade diferenciada de se proteger dos efeitos de baixa incidência de chuvas, além de ter expandido sua atuação para os setores de transmissão de energia e transporte de gás. Acreditamos que a distribuição de dividendos da Engie se normalize em 2021 para o patamar de distribuição de 100% dos lucros, tendo em vista a situação confortável de liquidez da companhia. Estimamos um dividend yield de 8,9% em 2021-22. Mantemos nossa recomendação neutra em Engie, com preço-alvo de R$ 44/ação.
Taesa (TAEE11): vemos a posição da Taesa como confortável para manter a distribuição de 100% de lucros em 2021. De acordo com o Estatuto Social da Companhia, o dividendo anual mínimo distribuído é de 50% do lucro líquido ajustado do exercício. Entretanto, a companhia tem apresentado um histórico de pagamento de dividendos bem acima da remuneração mínima que consta em seu Estatuto. Estimamos um dividend yield de 6,5% em 2021-22 para TAEE11. Mantemos nossa recomendação neutra em TAESA, com preço-alvo de R$ 32/unit.
Copel (CPLE6): destacamos como positiva a nova política de dividendos anunciada pela Copel em 21 de janeiro de 2021. De acordo com a nova política as propostas de dividendos regulares serão calculadas conforme os critérios: (i) alavancagem abaixo de 1,5x = 65% do Lucro Líquido Ajustado, (ii) alavancagem entre 1,5x e 2,7x = 50% do Lucro Líquido Ajustado e (iii) alavancagem acima de 2,7x = 25% do Lucro Líquido Ajustado. Com isso, estimamos um dividend yield de 15,3% em 2021-22 para CPLE6. Mantemos nossa recomendação de Compra nas ações da Copel, com um preço-alvo de R$ 75/ação.
Alterações da carteira Top Dividendos
Neste mês, não realizamos nenhuma troca na nossa carteira Top Dividendos XP.
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