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Gustavo Werneck, CEO da Gerdau: “queremos entregar valor para a sociedade“ | Assista ao Expert Talks – Na Mesa com CEOs

Gustavo Werneck, CEO da Gerdau conversou com Fernando Ferreira e Lucas Laghi no Expert Talks, Na Mesa com CEOs; confira.

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Líder da maior empresa brasileira produtora de aço, com mais de 120 anos de atuação no mercado, Gustavo Werneck, CEO da Gerdau (GGBR4) participou do Expert Talks - Na Mesa com CEOs.

Em conversa com Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head do Research na XP, e Lucas Laghi, analista responsável pela cobertura do setor de mineração e siderurgia no Research na XP, Werneck comentou sobre o futuro da indústria de aço no Brasil e no mundo, além de contar um pouco dos desafios e da trajetória que o levou a cadeira de presidente da Gerdau. Assista abaixo ao Expert Talks – Na Mesa com CEOs:

“Vejo a vida como uma maratona e não uma corrida de 100 metros”

Apesar de ser formado em engenharia mecânica, Werneck conta que não atuou de fato no ramo por muito tempo. “Sempre tive um olhar um pouco diferente quanto as organizações e a maneira como deveríamos entregar os resultados”, explica o gestor.

O CEO já acumula 20 anos de experiência na empresa e defende que não é necessário passar por várias companhias para agregar conhecimento de mercado. “Criamos essas fábulas coorporativas de que um líder precisa passar por outros lugares para adquirir cultura [de gestão]. Estou na Gerdau há 20 anos e é como se eu tivesse trabalhado em várias empresas, com o benefício de poder colher as consequências das escolhas que eu fiz”, afirma.

Werneck possui uma trajetória clássica, entrou no setor de operações da companhia, atuou em diversas unidades produtoras da Gerdau espalhadas pelo Brasil e pelo mundo e, em 2018, tornou-se o primeiro CEO que não possui vínculos familiares com os controladores e fundadores da empresa.

O executivo destaca que a transição para assumir o cargo foi cautelosa e bem pensada, para evitar possíveis atritos entre a gestão e o conselho administrativo. “Disciplina foi a palavra-chave do nosso sucesso ao longo desses [seis] anos”, ressalta.

A Gerdau

A empresa surgiu em 1901, em Porto Alegre, como uma produtora de pregos, passou por um período de grande expansão tornando-se uma das maiores multinacionais brasileiras, com presença forte nas Américas.

Entretanto, Werneck destaca que esse período mais expansionista da empresa não é mais uma realidade. O CEO explica que foi necessário ter humildade em reconhecer que a estratégia que guiou a empresa até esse ponto não irá, necessariamente, garantir o próximo centenário. “Enxergamos que deveríamos dar um passo para trás e estar nos mercados mais relevantes. Chegamos em 13 países e, hoje, estamos em 7”, afirma.

A competitividade no mercado de aço nacional

Werneck destaca como o aço é um elemento presente no dia a dia de todas as pessoas e que passou por diversas transformações ao longo dos anos, o que, segundo o CEO, tornou a indústria mais saudável, em comparação ao que era no começo do século XX.

O executivo ressalta que, atualmente, a Gerdau tem atuação em todos os setores de aço, atendendo, desta forma diversos segmentos da economia brasileira, que, apesar de não ser uma demanda pujante, cresce a cada ano.

Contudo, na visão do CEO, o maior desafio do mercado nacional não é a demanda, e sim a penetração de aço importado, especialmente da China, que é subsidiado e vendido abaixo do custo de produção. Werneck defende que é necessário estabelecer uma tarifa de defesa, para garantir uma competitividade justa para a indústria brasileira, assim como foi feito em outros Mercados do norte global.

Nova Indústria Brasil

O plano promovido pelo Governo Federal busca incentivar e impulsionar a indústria no Brasil até o ano de 2033. Werneck considera a medida positiva, mas ressalta que ainda é insuficiente para recuperar a participação que o setor já representou no PIB antes da desindustrialização do país, a qual o CEO considera precoce e prejudicial ao desenvolvimento econômico brasileiro.

No último ano, a participação da Gerdau no mercado norte-americano superou as operações brasileiras pela primeira vez na história da companhia, “temos que priorizar e, neste momento, nos parece que deveríamos colocar mais investimento nos Estados Unidos e no México, do que no Brasil”, afirma.

O CEO relembra que o mercado doméstico sempre foi o principal pilar da empresa e existe, dentro do planejamento estratégico, a intenção de continuar investindo nas unidades brasileiras. Entretanto, devido à situação de competitividade com o aço importado no Brasil, há uma certa imprevisibilidade sobre o quanto e como será essa alocação de verbas no médio e longo prazo.

Governança na Gerdau

O CEO valoriza o tempo como um fator essencial para o desenvolvimento de uma boa liderança. Ele destaca que, na sua vivência dentro da Gerdau, poder experenciar ciclos completos de tomada de decisão ajudou a aprender com os erros e acertos, “uma jornada muito feliz”, define.

Do ponto de vista das pautas ESG, Werneck acredita que tudo se inicia pela governança. “Toda organização exerce um poder e, para nós, a definição de governança é a escolha de como a Gerdau atua, na influência que ela tem, para poder transformar a sociedade”.

O CEO ainda ressalta que a empresa tem uma atuação que busca o carbono neutro nas suas atividade. Ele menciona que as operações nos Estados Unidos já são 100% baseadas em reciclagem de aço, o que reduz os impactos ambientais da indústria e do país. “Além de entregar valor para o acionista, queremos entregar valor para a sociedade. É assim que queremos exercer a nossa influência”, comenta.

Viagem ao Butão e busca pela felicidade

O executivo aponta a saúde mental como uma das prioridades da empresa, principalmente após o contexto da pandemia, que exigiu ainda mais atenção, para manter o ambiente de trabalho o mais saudável possível para os colaboradores.

Werneck se considera “muito cuidadoso com esses modismos de gestão”, mas relata que o movimento de algumas empresas em tentar promover felicidade no ambiente de trabalho chamou a atenção dele.  “Tinha conhecimento sobre o tema de Felicidade Interna Bruta e o papel do Estado butanês em criar as condições para que as pessoas se sentissem felizes”, relata o executivo, que viajou até o Butão para se aprofundar no tema.

O conceito está sendo implementado aos poucos dentro da Gerdau, mas o CEO reconhece que não é uma medida de curto prazo e que, transpor uma iniciativa estatal para um contexto empresarial, é um desafio que irá trazer benefícios futuros. Para Werneck: “o olhar o líder para o ser humano tem que ser mais aprofundado, para criar condições onde a pessoa possa ser feliz e entregar de fato seu maior potencial”.

Por trás do CEO


Werneck destaca que, diferente do que se imagina, mesmo sendo CEO, tem tempo para se dedicar aos hobbies, pois conta com uma equipe muito competente e não fica sobrecarregado. Entre suas atividades de lazer, o CEO gosta de dedicar tempo para ações que possam o engrandecer como ser humano, como o karatê, a meditação e até mesmo viagens, com a para o Butão.

Como indicação de leitura, Werneck recomenda os livros: Execução: a disciplina para atingir resultados do Ram Charan e Larry Bossidy e Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, do Dale Carnegie.

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