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Estrangeiros injetam R$ 13,0 bilhões da Bolsa em junho apesar das incertezas do mercado – Fluxo em foco

Quais foram os principais fluxos e participantes da Bolsa brasileira no último mês? Neste relatório, destacamos as principais movimentações do mês.

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Junho foi um mês marcado pelas preocupações cada vez maiores dos mercados de uma recessão econômica. Nesse mês, o Federal Reserve (Fed), banco central americano, decidiu subir a taxa de juros da economia americana em 0,75 p.p. - a maior subida desde 1994, trazendo a taxa para 1,5% a 1,75%, para controlar a inflação mais alta em quarenta anos.

Nesse cenário, o mercado passou a se preocupar com riscos de que juros subindo e retirada dos estímulos pelo principais banco centrais do mundo desacelerem significativamente a atividade econômica. Com isso, os mercados globais aprofundaram ainda mais as quedas, com o S&P 500 marcando o pior primeiro semestre desde 1970.

No Brasil, o Ibovespa sofreu junto com os mercados internacionais, acentuado pela queda forte nas commodities. Além disso, o crescimento da preocupação com o fiscal, impactado pelos subsídios que o governo brasileiro vem tentando impor na economia como forma de conter a inflação, aumentou a percepção de risco em relação ao país.

Apesar da forte correção em junho, o Brasil continua se mantendo como uma das melhores bolsas do mundo. O Ibovespa segue consolidando então sólidos resultados nos primeiros meses do ano no relativo.

Como mencionamos em nosso último Raio XP, o segundo semestre do ano deve seguir com os holofotes apontados para a inflação, os juros em alta e os riscos de recessão. Além disso, a volatilidade no preço dos commodities, puxada pelos temores de recessão, é outro ponto de atenção. Mesmo assim, a Bolsa brasileira segue apresentando níveis muito atrativos de negociação, tanto para métricas de renda variável quanto ao compararmos com a renda fixa.

Quer saber a nossa visão do que esperar da Bolsa brasileira para o segundo semestre de 2022? Clique pra ver no nosso Raio XP

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Junho retoma entrada de capital estrangeiro

Junho foi um mês positivo para o fluxo de capital estrangeiro na Bolsa brasileira em 2022, com uma entrada líquida de R$ 13,0 bilhões. O total acumulado de 2022 é de +R$ 68,1 bilhões, valor que foi recentemente revisado pela B3* mas que ainda indica um forte fluxo nesse ano.

*Dados de fluxos estão sendo revisados pela B3 por mudança na metodologia. Segundo a B3, as estatísticas divulgadas para os anos de 2020, 2021 e 2022 incluíram operações de empréstimos de ações, que não correspondem a fluxos financeiros de compra e venda de ativos. Na nova metodologia, esses dados foram subtraídos das estatísticas, alterando os valores anteriormente divulgados.

No dia 1º de abril de 2022, a B3 havia alertado para erros detectados na metodologia de análise dos dados, sendo necessária uma revisão dos dados reportados desde 2020. Até então, o cálculo desses valores contavam as operações de empréstimo de ações, que não correspondem a fluxos financeiros de compra e venda de ativos e, seriam, portanto, retiradas da estatística.

Como ficam os novos dados?

Pouco tempo após o anúncio de revisão dos dados, a B3 já liberou os novos números para o ano de 2022. Com isso, o saldo total de fluxo de estrangeiros para 2022 passou para R$ 68,1 bilhões até 4 de julho.

Os dados de 2021 também apresenta uma variação relevante. Os dados antes da revisão para o ano eram de R$102,3 bilhões, mostrando uma forte entrada de capital estrangeiro no país, mesmo com o momento difícil que a Bolsa brasileira estava passando no período. O Ibovespa apresentou uma das piores performances dentre os principais índices no ano de 2021, devido, principalmente ao baixo crescimento da economia do país e às incertezas relacionadas à trajetória fiscal do governo antes das eleições do ano seguinte. Os novos dados revisados indicam que o aporte estrangeiro no país foi de R$41,5 bilhões em 2021, ou seja, uma variação negativa de quase -R$61 bilhões em relação ao número divulgado anteriormente.

Já os números de 2020 foram os que apresentaram a menor variação entre os dados pré e pós revisão. Antes o saldo para o ano era de -R$2,6 bilhões e, com os novos dados, esse saldo de 2020 passou a ser R$701 milhões, resultando em uma variação de R$3,3 bilhões.

*Até 04/07/2022
Fonte: B3, XP Research
Fonte: B3, XP Research.

Apesar do fluxo positivo, junho foi um mês negativo para a Bolsa brasileira, com o índice Ibovespa fechando o mês em queda de -11,5%, uma vez que os mercados vem sendo afetados por temores sobre o crescimento da economia global e a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos. Mas o que explica essa entrada de capital estrangeiro? A Bolsa brasileira continua sendo negociada com múltiplos historicamente descontados, enquanto isso, as bolsas nos Estados Unidos, apesar de virem registrando quedas históricas, ainda estão negociando em linha com médias históricas, levando o investidor estrangeiro a buscar novas oportunidades em outros mercados.

Fonte: B3, XP Research
Fonte: B3, XP Research.

Investimento em ações, via fundos, voltam a apresentar fluxo positivo

O investimento em ações, feito via fundos, teve um fluxo positivo de R$10,9 bilhões em maio, último dado disponível, chegando a R$ 627 bilhões alocados em ações, um aumento de 0,1p.p. M/M no patrimônio líquido das gestoras, representando apenas 11,0% do total.

Com a continuação do movimento de alta da taxa Selic, os fundos de renda fixa continuam com a alocação em alta. A indústria está com R$ 5,0 trilhões alocados em renda fixa, correspondente a 88,3% do seu patrimônio total. Em maio, houve um fluxo de R$ 16,8 bilhões (+0,3% M/M) nessa classe de ativos no portfólio dos fundos.

Fonte: Anbima, XP Research. Dados até maio/22. Alocação em ações via fundos.
Fonte: Anbima, XP Research. Dados até maio/22.

Fundos de pensão: Alocação em ações e fundos de renda variável apresenta leve aumento

Quando olhamos apenas para os fundos de pensão, segundo dados mais recentes disponíveis de janeiro de 2022 da Abrapp, o fluxo de alocação em ações diretamente foi de R$3,6 bilhões em relação à dezembro de 2021. Com isso, eles começaram o ano de 2022 com uma alocação de R$90,9 bilhões em ações.

Já o fluxo para fundos de renda variável foi positivo em janeiro, quando comparado com o final de 2021, em R$1,8 bilhões (+2,4%), chegando a R$77,7 bilhões.

Juntos, investimentos em ações e fundos de renda variável representam 16,1% da carteira desses fundos de pensão, resultando em um total de R$169 bilhões. Já para renda fixa, o saldo é de R$792,8 bilhões, representando 75,8% do total.

(*)Dados até jan/22
Fonte: Abrapp, XP Research
(*)Dados até jan/22
Fonte: Abrapp, XP Research

Os dados acima revelam que a participação das instituições no mercado acionário ainda é baixa quando comparado à exposição à renda fixa, ou seja, ainda existe um grande potencial de migração da renda fixa para a variável.

Investidores pessoas físicas têm mais de R$ 451 bilhões investidos na Bolsa em junho de 2022

Em junho, último dado disponível, o número de investidores pessoas físicas (PFs) na Bolsa brasileira (B3) atingiu 5.186.255. Em relação a maio, houve um aumento de 56.881 investidores PFs, equivalente a um crescimento mensal de +1,1%. Quanto à posição total desses investidores PFs, houve uma queda do valor total mensal de -7,8%, atingindo R$451,2 bilhões investidos.

Fonte: B3, XP Research.

Investidores estrangeiros possuem as maiores participações na Bolsa

Os principais investidores da Bolsa brasileira são: 1) investidores estrangeiros (53,1%), 2) instituições (28,0%) e 3) pessoas físicas (13,9%). Juntos, eles representam 95,0% dos participantes do mercado acionário.

Fonte: B3, XP Research.
Fonte: B3, XP Research.

Nessa publicação, considera-se apenas o fluxo do mercado à vista.

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