Com a enxurrada de notícias e anúncios da última semana, o time de Alocação decidiu fazer este material para separar os fatos das conjecturas e explicar as mudanças nas carteiras sugeridas de alocação.
O fato é que muito foi dito sobre o Coronavírus, os acordos comerciais do petróleo, o veto do presidente Bolsonaro sobre o BPC e os pacotes de incentivo. Muitas dessas coisas são novas para o mundo todo de forma que seu impacto na economia não é claro.
O que sabemos?
Coronavírus
Sobre o Coronavírus, sabemos que é uma doença respiratória viral altamentente contagiosa. Sua transmissão se dá por meios parecidos com o da gripe, pelas vias respiratórias (saliva, espirros e tosses) e que sua aparição se deu no inverno.
Sabemos também que o vírus possui uma incidência de mortalidade alarmante apenas em infectados de idade avançada ou com doenças crônicas respiratórias, casos em que o paciente desenvolve uma pneumonia que pode ser letal.
Já é claro também que os países que adicionam restrições preventivas aos seus cidadãos causam desaceleração de suas economias.
Economia Global
As proteções mais usuais do mercado como ouro, tesouro americano e dólar, perderam aderência. Isto é, não funcionaram como ativos de proteção e também tiveram rentabilidades ruins nas últimas semanas.
Os governos e bancos centrais de diversas economias estão se mobilizando para tomar atitudes que ajudem a economia a se recuperar de forma mais rápida. Inclusive muitas já foram anunciadas.
O desentendimento comercial entre a Arábia Saudita e a Rússia implicou em uma guerra de preços que afetou negativamente o preço do petróleo.
Por fim, sabemos que os preços atuais dos ativos são atrativos para investidores de médio e longo prazo.
Economia brasileira
O presidente Jair Bolsonaro havia vetado um projeto de lei que elevaria a faixa de renda máxima para que o brasileiro pudesse acessar o BPC (Benefício de Prestação Continuada). No mês de março o congresso derrubou este veto, o que na prática geraria um rombo financeiro maior na previdência do país ao longo dos anos. Isto foi interpretado pelos mercados como um sinal extremamente negativo abalando a confiança de todos no Brasil.
O que provavelmente vai acontecer?
Com tudo que temos observado em diversos países sobre o coronavírus, não podemos afirmar mas acreditamos ser provável que a chegada do verão no hemisfério norte diminua a velocidade de contágio da doença. Ainda, o isolamento promovido por diversos países também deve ajudar a frear o contágio.
Os estímulos fiscais promovidos pelos governos e monetários pelos bancos centrais devem surtir efeito na economia a médio prazo. Há grande esforço ainda para que criem um colchão de liquidez evitando uma quebradeira maior entre as empresas.
Revisamos nossas expectativas para as próximas decisões do Banco Central do Brasil (tabela a seguir), como comentado no Morning Call desta segunda-feira.
Por fim, no cenário local, acreditamos que o Tribunal de Contas da União deve manter o veto do presidente Bolsonaro, restaurando parte da confiança no Brasil de forma que as taxas de juros voltem a cair.
O que ainda não sabemos?
É difícil prever neste momento quanto tempo os mercados irão permanecer voláteis. Olhando para o passado podemos imaginar que levaria algo em torno de 4 a 6 meses, mas é difícil fazer qualquer afirmação neste sentido. Também não conseguimos afirmar qualquer coisa sobre quanto a bolsa irá cair.
Não se sabe também qual será o tempo até que as pessoas possam voltar suas vidas ao normal. Temos a experiência da China onde o vírus atingiu patamares controláveis em cerca de quatro meses.
Com as quarentenas tanto de funcionários como de consumidores, além dos impactos gerais do mercado, muitas empresas tiveram que realizar mudanças em seu dia a dia, desde férias mandatórias, fechamento de locais de trabalho até demissões. Não sabemos quanto tempo demorará para que estas empresas retomem sua eficiência operacional.
Pessoas e investidores têm buscado avidamente informações sobre o coronavírus:
O que vem depois?
Imagina-se que em algum momento os bancos centrais normalizem suas políticas monetárias. Isto é, o subir juros e cortar programas de Quantitative Easing. Se se comprovarem as expectativas de que o Banco Central do Brasil chegue a juros inferiores a 3% ao ano, parte desses cortes também serão revertidos.
Como vai ficar a relação entre o governo e o congresso brasileiros? Mesmo que o TCU venha a manter o veto do presidente, a mensagem por trás da derrubada deste veto é de que o presidente e o congresso possuem agendas distintas. É justamente essa fricção que coloca em cheque a capacidade do governo atual de implementar as reformas.
O que fazer agora?
A primeira coisa é manter a calma. Todas as carteiras sugeridas são diversificadas e a parcela que não está em renda variável está razoavelmente bem comportada em termos de retorno. Quanto à parcela de renda variável, os gestores já estão adaptando as carteiras do fundo à nova realidade.
Uma das primeiras coisas que vem a mente do investidor é diminuir a parcela de renda variável da carteira. É preciso sempre se atentar à diminuição passiva, isto é, por conta das perdas, a exposição a renda variável da carteira já diminuiu. Executar vendas seria diminuir ainda mais a exposição e uma atitude que traz riscos próprios oriundos do “stop”.
Ainda que recomendemos a manutenção das exposições em renda variável, gostaríamos de alertar o investidor aos riscos específicos de cada papel. Quando o investimento é realizado por meio de fundos, este trabalho é realizado pelo gestor profissional, porém o investidor que compra ativos diretamente deve se atentar aos setores mais afetados pelo cenário atual.
De uma forma geral, nossa recomendação é que o investidor não tome decisões bruscas. Isto é, se você está sub-alocado (ou sobre-alocado) em renda variável ou se está realizando a alocação inicial dos seus recursos, se planeje para concretizar esta alocação ao longo de 6 meses. Em estudo recente, mostramos porque o investidor deve montar sua carteira gradualmente ao invés de fazer grandes compras.
O que estamos fazendo?
Inicialmente, estamos ajustando a sugestão de renda variável para refletir as quedas recentes. Ou seja, sugerimos que o investidor que já estava dentro da alocação sugerida não realize movimentos em sua exposição de renda variável, vez que a queda dos mercados já reduziu o tamanho de sua exposição.
Estamos estudando o cenário para capturar as oportunidades de aumentar risco que podem surgir em meio ao caos. Se a situação entre congresso e presidente do Brasil continuar delicada, pretendemos priorizar ativos globais para o aumento de exposição à risco.
Perfil conservador
Para o investidor conservador, mantivemos a alocação sugerida sem exposição à renda variável. Entendemos que o investidor pode ter sofrido recentemente com a marcação a mercado nas parcelas de Prefixados e Inflação, mas elas são toleráveis, e não devem trazer impactos duradouros para o portfólio.
Os prêmios de crédito da renda fixa continuam elevados e mantemos nossa recomendação de alocar em ativos com risco de crédito em especial na classe Pós-fixada e na Inflação. Os ativos Prefixados devem conseguir se aproveitar de cortes de juros que venham a ser feitos pelo Banco Central.
Perfil moderado
Para o investidor moderado, reduzimos a porção de renda variável da alocação sugerida apenas para acompanhar a queda do mercado de ações. Isto é, o investidor que já perseguia a carteira recomendada deve permanecer com sua alocação inalterada.
Para os clientes que estão começando agora, ou abaixo do percentual alvo ajustado, nossa recomendação para renda variável é implementar novas posições ao longo de 6 meses, como explicamos nesse relatório.
Os fundos multimercado têm cumprido seu papel e focado em ajustar suas carteiras pensando em prazos mais curtos. Temos acompanhado o comportamento e decisões dos gestores, em conjunto com o time de fundos, continuamente.
Os prêmios de crédito da renda fixa continuam elevados e mantemos nossa recomendação de alocar em ativos com risco de crédito em especial na classe Pós-fixada e na Inflação. Os ativos Prefixados devem conseguir se aproveitar de cortes de juros que venham a ser feitos pelo Banco Central.
Perfil agressivo
Para o investidor agressivo, reduzimos a porção de renda variável da alocação sugerida apenas para acompanhar a queda do mercado de ações. Isto é, o investidor que já perseguia a sua carteira recomendada deve permanecer com sua alocação inalterada.
Para os clientes que estão começando agora, ou abaixo do percentual alvo ajustado, nossa recomendação é implementar novas posições ao longo de 6 meses, como explicamos nesse relatório.
Os fundos multimercado têm cumprido seu papel e focado em ajustar suas carteiras pensando em prazos mais curtos. Temos acompanhado o comportamento e decisões dos gestores, em conjunto com o time de fundos, continuamente.
Os prêmios de crédito da renda fixa continuam elevados e mantemos nossa recomendação de alocar em ativos com risco de crédito em especial na classe Pós-fixada e na Inflação. Os ativos Prefixados devem conseguir se aproveitar de cortes de juros que venham a ser feitos pelo Banco Central.
Considerações finais
Para ver uma lista de produtos recomendados para o seu perfil, veja nosso relatório mensal que indica Onde Investir. Vale também dizer que reestimamos recentemente nossos retornos esperados de longo prazo, que você pode ler no último 5 anos em 5 minutos.
O cenário é extremamente delicado de forma que é contra-recomendado tomar decisões antes de se consultar com um especialista. Se você ainda não possui assessor de investimentos abra sua conta para contar com assessoria profissional e gratuita.