O mês de setembro foi marcado por fortes correções nos mercados financeiros globais.
No exterior, as baixas ocorreram pelas preocupações com uma possível segunda onda de COVID-19 e dúvidas se haverá mais estímulos à economia americana pelo Fed. As principais bolsas de valores caíram. Nos EUA, a correção foi forte nas ações de tecnologia, derrubando a NASDAQ e o S&P 500, que caíram 5,2% e 3,9, respectivamente.
No Brasil, além do cenário externo negativo, a preocupação com o cenário fiscal derrubou os ativos locais. O Ibovespa caiu 4,8%, o IMA-B teve queda de 1,5% e dólar subiu 3,1%. Até os títulos do Tesouro Selic caíram no mês.
A indústria de fundos locais teve mais um mês de alta para os fundos de crédito e de queda para os multimercados e os fundos de ações. O IHFA, Índice de Hedge Funds da Anbima, caiu 1,9% no mês.
Quanto à captação líquida, a indústria teve mais um mês positivo com destaque para os fundos de Renda Fixa novamente.
Neste mês, adicionamos duas novas seções ao relatório: uma análise do mercado de fundos alternativos e um resumo sobre os fundos imobiliários.
Principais Indicadores
Fundos Multimercados
A indústria dos multimercados passou por um período turbulento no mês de setembro, com reflexo em retornos negativos para as diferentes estratégias.
Diferentemente do mês anterior, em que os produtos internacionais se destacaram, mas os fundos locais sofreram com o aumento de aversão a risco no Brasil, em setembro o ambiente global passou também por aumento de volatilidade e correção dos ativos de risco, impactando negativamente os multimercados internacionais.
Por outro lado, em janelas de longo prazo – entre 24 e 36 meses – as estratégias continuam gerando retorno excedente sobre o CDI, conforme indicado pela tabela de retornos médios abaixo. O destaque positivo segue entre os fundos quantitativos, com retorno médio anualizado de 8,84% em 36 meses, além dos multimercados internacionais não hedgeados (exposição ao dólar).
Segundo consulta realizada pela equipe de Fundos da XP, junto a gestores de estratégia macro da plataforma, as expectativas predominantes são de que o ciclo de altas da Selic se inicie pelo menos a partir de 2022, o que reflete em posições – ainda comuns – a favor da queda das taxas de juros no Brasil. Questionados sobre a classe de ativo que apresentava melhores perspectivas, nas condições de mercado então vigentes, os gestores apontaram para a bolsa brasileira em sua maioria.
Por fim, em relação à utilização de risco entre os portfólios, o nível de utilização média não teve grandes variações, seguindo próximo a 50%. Em geral, os gestores têm apontado para a proximidade das eleições nos EUA, a possível implementação de novas medidas de lockdown no mundo e o aumento da percepção do risco fiscal no Brasil como os principais fatores a serem monitorados no cenário.
Fundos de Ações
O Ibovespa sofreu o segundo mês de correção, seguindo a maioria das bolsas globais. O cenário mais negativo no exterior somado à piora do cenário fiscal local levaram o Ibovespa a uma queda de 4,80% no mês. Em setembro, a correção ocorreu em empresas que vinham performando muito bem, como as companhias do setor de comércio eletrônico, bastante presente nos fundos de ações.
Na média, os fundos de ações performaram em linha com o Ibovespa no mês. Porém, quando olhamos janelas mais longas de 12, 24 e 36 meses, o alpha gerado pela gestão ativa e profissional em ações faz toda a diferença (tabela de retornos abaixo).
Do lado de captação, os fundos de ações completaram 24 meses de captação líquida positiva. A última vez que a classe teve resgate líquido de recursos foi em setembro de 2018.
Os gestores continuam vendo boas oportunidades na bolsa, mas estão atentos à situação fiscal local, eleição nos EUA e início da temporada de resultados do 3T20, fatores que devem manter a volatilidade das ações elevada.
Fundos de Crédito
Na renda fixa, o mês de setembro foi marcado por uma correção técnica nos títulos pós-fixados do governo (LFTs ou Tesouro Selic), que tiveram retorno negativo pela primeira vez nos últimos 18 anos. O Tesouro Selic 2025, por exemplo, caiu 0,43% no mês. Como esses títulos são utilizados de maneira bastante ampla como caixa dos fundos, essa performance negativa acabou atrapalhando um pouco os retornos no período. Mesmo assim, os retornos dos papéis de crédito privado mais do que compensaram essa correção das LFTs e os fundos de crédito high grade tiveram mais um bom mês, continuando a recuperação depois das perdas entre março e abril.
O índice Idex-CDI, da JGP, teve uma alta de 0,70% no mês, enquanto o CDI subiu apenas 0,16%. No ano, o retorno do índice de debêntures da JGP sobe 3,88%, depois de ter atingido uma queda superior a 8% em março.
Assim como os fundos de estratégia high grade, os de estratégia high yield também tiveram bons retornos, influenciados positivamente pelo carrego elevado dos papéis presentes nas carteiras e pela continuidade do fechamento dos prêmios de crédito. O carrego médio das debêntures componentes do Idex-CDI fechou em CDI+2,3% em setembro.
Fundos Internacionais
Os mercados financeiros globais tiveram um mês de correção. O aumento de novos casos de COVID-19 levou países da Europa a retomarem medidas de restrições, prejudicando a recuperação econômica. Além disso, há preocupação com uma recaída da economia americana caso não haja novos estímulos do Fed.
Nas bolsas, o setor mais afetado foi o de tecnologia, atingindo em cheio as bolsas americanas. O S&P 500, por exemplo, teve a primeira queda mensal desde março.
Assim como o mercado acionário, o mercado de renda fixa internacional teve quedas, tanto em papéis investment grade quanto em papéis high yied. O S&P 500 Investment Grade Corporate Bond caiu 0,03% no mês, enquanto o S&P U.S. High Yield Corporate Bond, teve queda de 0,98%.
Os gestores continuam esperando uma maior volatilidade dos ativos devido a: (1) preocupação com uma segunda onda de COVID-19; (2) estímulos do Fed e (3) eleições nos EUA.
No mês, os fundos hedgeados refletiram o mês negativo e todas as classes tiveram retorno médio negativo. Já os fundos não hedgeados, aqueles que possuem o risco da variação cambial, subiram com a forte alta do dólar no mês.
Fundos Alternativos
Neste mês, damos início à cobertura de fundos alternativos, uma categoria de ativo não tão comum aos investidores e muito restrita aos investidores institucionais, principalmente os Fundos de Pensão. No entanto, diante do atual cenário de baixa taxa de juros, é natural que os investidores brasileiros busquem investimentos com retornos mais atrativos e consequentemente mais risco. Neste sentido, para amplificar o alcance dos investimentos alternativos, a XP criou a Alternative Week. O evento aconteceu entre os dias 29 de setembro a 01 de outubro, onde grandes nomes do mercado se reuniram para debater sobre investimentos alternativos e como eles podem compor a carteira dos investidores. Segue abaixo o link de todos os painéis apresentados:
- Panorama Alternativos: Desafios e Oportunidades
- Fundos de Infraestrutura, Real Estate e DistressAssets: Desafios e Oportunidades
- Angel Investing & Venture Capital: O Nascimento de uma Empresa
- IPO de Empresas Investidas por Fundos de Private Equity: Casos de Sucesso e Casos que Não Deram Tão Certo
- Investimento de Impacto & ESG: O Retorno de um Mundo Melhor
- Private Equity: a alavanca de crescimento das empresas
Conforme já mencionado, no Brasil, os fundos alternativos estão concentrados nos investidores institucionais, principalmente, devido ao perfil de investimento de longo prazo e baixa liquidez. Além disso, os tradicionais veículos de investimento desta categoria têm valores alto de aplicação mínima (normalmente acima de R$5 milhões) o que torna este tipo de investimento pouco acessível à maioria dos brasileiros. Mais uma vez sendo inovadora e buscando democratizar mais uma categoria de ativos, em março 2018, a XP trouxe para plataforma o primeiro fundo de Private Equity, Crescera Growth IV. Este produto foi destinado a investidores profissionais, mas com um ticket mínimo de R$100 mil. Atualmente a plataforma da XP conta com quatro fundos alternativos e um pipeline bastante aquecido de novas ofertas. A seguir estão listados os fundos de investimento alternativo na plataforma XP.
Fundos Imobiliários
Na indústria de fundos imobiliários, o IFIX apresentou um fechamento em linha de 0,46% em setembro, após a alta de 1,8% no mês anterior, enquanto o XPFI, índice geral de fundos imobiliários da XP, apresentou alta de 0,78% no mês.
A performance em setembro do índice XPFT (fundos que investem majoritariamente em imóveis físicos, como shoppings centers, lajes corporativas e galpões logísticos), que possui os 20 fundos com maior índice de negociabilidade do mercado de FIIs de tijolo, apresentou um retorno de 1,04% no mês (-14,48% no ano).
Já a performance do índice XPFP (Índice XP de Fundos de Papel) teve retorno de 0,38% no mês (-8,06% no ano), principalmente pelo cenário favorável dos Fundos de CRI, que estão tendo boa performance, distribuindo rendimentos e trazendo novas operações para o portfólio.
Para saber mais leia o Panorama Mensal de FIIs e FIPs-IE de setembro.
Radar de Mercado
Confira o relatório completo em pdf
Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!