Confira os destaques do setor de Alimentos & Bebidas nesta semana de 8 de setembro: ao longo da semana, analisamos as (i) margens dos produtores de boi, frango e suíno; (ii) margens dos varejistas de carne e (iii) margens das proteínas nos Estados Unidos. Às sextas, comentamos alguns dados de fluxo e fazemos uma revisão da nossa visão para o setor.
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Excepcionalmente nesta semana abordaremos exportações na quarta-feira, uma vez que o MDIC divulgará os dados referentes a primeira semana de setembro na terça-feira de tarde (08/09), em função do feriado na segunda.
Por que esses dados são importantes? Porque eles impactam os preços de ações como JBSS3, MRFG3, BRFS3 e ABEV3. Vale lembrar que, no setor de Alimentos & Bebidas, esperamos performance melhor para JBS e Marfrig, ao passo que o mercado de frango passa por um momento mais delicado em 2020, tanto no mercado interno quanto no mercado externo. Para acessar as teses de investimento completas, basta clicar nos blocos abaixo.
Quaisquer críticas, dúvidas ou sugestões de tema são bem vindas: basta deixar um comentário no final do post.
OBS: não podemos comentar sobre Minerva (BEEF3) por determinação da área de Compliance da XP Inc. Adicionalmente, estamos temporariamente impedidos de comentar sobre JBS (JBSS3), também por determinação do Compliance.
Terça-feira: Preços dos Animais Vivos
Marfrig (MRFG3) celebra acordo para investimento no Paraguai
De acordo com comunicado da empresa, a Marfrig celebrou um Acordo de Intenções com a Associação Paraguaia de Produtores e Exportadores de Carne (APPEC) para constituírem uma sociedade com objetivo de investir no país. Vemos como positiva a movimentação, aproveitando a competitividade da produção de baixo custo no Paraguai e conseguindo acesso a alguns mercados exclusivos, como Taiwan.
A Marfrig fornecerá know-how nas questões relacionadas à operação frigorífica, enquanto a APPEC irá focar na originação dos animais. Na nova sociedade, a APPEC terá 15% de participação e a Marfrig 85%, que também informou que pode investir até US$ 100 milhões em 2 anos.
O Paraguai se destacou nos últimos anos pela velocidade de crescimento do rebanho bovino, que saiu de menos de 10 milhões de cabeças no começo dos anos 2000 para a expectativa de 14 milhões em 2020, de acordo com o Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal do Paraguai (SENACSA).
Quarta-feira: Exportações de Proteínas
Proteína Vegetal: Beyond Meat e start-up NotCo
Beyond Meat lança fábrica na China
De acordo com a Bloomberg News, a Beyond Meat Inc., fabricante americana de hambúrgueres e salsichas de proteína vegetal, estaria construindo duas instalações de produção na China, em uma província próxima a Xangai. Trata-se da maior iniciativa de entrada no mercado chinês de uma empresa de proteína alternativa até agora. Vale lembrar que a Beyond Meat já tem acordos de venda de seus produtos nas lojas do Starbucks, do KFC e da Pizza Hut na China.
A produção experimental deverá começar dentro de alguns meses, com produção em escala total no início de 2021, segundo a empresa. A iniciativa torna a Beyond Meat a primeira fabricante estrangeira de proteína vegetal a estabelecer uma grande unidade de produção na China. Se as empresas de proteína vegetal conseguirem conquistar uma pequena fração dos 1,4 bilhão de pessoas do país, ainda assim a oportunidade é enorme.
Start-up NotCo levanta US$ 85 milhões em Series C
Em outra notícia do setor de proteína vegetal, de acordo com o Valor Investe, a start-up chilena de tecnologia alimentar NotCo acaba de concluir sua nova rodada de investimentos e recebeu quase US$ 85 milhões por meio de uma Série C. Os investidores da NotCo incluem o Future Positive, fundo dos fundadores do Twitter; a L-Catterton, maior investidor institucional global focado no varejo; a Kaszek Ventures, importante fundo de venture capital, além de Jeff Bezos, fundador da Amazon, dentre outros;
Os recursos levantados pela NotCo devem ser usados para impulsionar os negócios na América Latina e permitir que a empresa aumente sua presença nos Estados Unidos. Novas parcerias com redes de varejo e foodservice no Brasil também estão no horizonte, já que a empresa deseja estar presente em todas as regiões do país. “O Brasil deve ser o maior mercado para a NotCo em 2021”, afirma Matias Muchnick, um dos fundadores da empresa;
A ascensão da proteína vegetal não seria uma tendência passageira
Reconhecemos que ambos os movimentos - tanto da Beyond Meat quanto da NotCo - são mais um indicador de que a ascensão da proteína vegetal não é uma tendência passageira, mas sim uma mudança estrutural na cadeia global do setor.
Embora ainda seja um nicho pequeno do mercado atualmente, grandes frigoríficos como Marfrig e BRF já lançaram linhas de proteína vegetal com o intuito de aproveitar a grande oportunidade que o segmento deve vir a representar no médio prazo, uma vez que os custos caiam e os produtos se tornem cada vez mais acessíveis para o grande público.
Quinta-feira: Proteínas nos EUA
Importações dos EUA de carne bovina crescem 41% A/A em julho
De acordo com o Daily Livestock Report, em julho, as importações dos EUA de carne bovina – fresca, congelada e cozida - aumentaram 41% em relação ao mesmo período no ano anterior. O maior aumento foi nas importações vindas da Nova Zelândia, que registraram um volume praticamente duas vezes aquele do ano anterior. Isso teria acontecido porque o país diminuiu significativamente suas exportações para a China este ano, já que os compradores chineses estariam suprindo a maior parte de suas necessidades via importações vindas da América do Sul, de acordo com Len Steiner.
As exportações do Brasil para os EUA aumentaram 141% A/A em volumes. O Brasil embarca carne tanta fresca/congelada (3.473 MT) quanto processada (4.363 MT). Ainda de acordo com o DLR, os embarques brasileiros de carne fresca devem aumentar até o limite da cota; a partir daí, seria mais difícil prever, pois o embarque de produtos fora da cota implicaria no pagamento da tarifa adicional de 26,4%.
Em relação às exportações americanas, elas caíram 7% A/A, mas aumentaram 38% versus junho. O principal motivo por trás da queda foi a redução das exportações dos EUA para o México (-52% A/A), parcialmente atenuada pela estabilidade nas exportações para Japão e Coreia do Sul. O DLR observa que esses dois mercados asiáticos responderam por quase 57% de todas as exportações de carne bovina dos Estados Unidos em julho, ou seja, seguem sendo os mais relevantes para os EUA;
Consideramos esta notícia positiva porque ela mostra que (i) as exportações do Brasil para a China continuam fortes, principalmente em preços, assim como as exportações do Brasil para os EUA, impulsionadas por volumes; (ii) além disso, as exportações dos EUA para os países asiáticos também permanecem estáveis.
Temos perspectiva positiva para a carne bovina no curto e médio prazo e acreditamos que notícias como essa devem beneficiar as empresas expostas ao segmento, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
Sexta-feira: Performance das Ações
As ações dos frigoríficos expostos à carne suína foram o destaque da semana, inclusive a BRF (+4%), após notícia de que um caso de Peste Suína Africana foi registrado em um javali selvagem na Alemanha. Conforme destacado pelo Broadcast, tal caso poderia implicar em restrições de exportação de carne suína alemã para a China;
Diante da notícia, Coreia do Sul e Japão teriam suspendido compras vindas da Alemanha, e Taiwan teria começado a inspecionar malas de viajantes vindos da nação europeia, segundo a Bloomberg. De qualquer forma, ainda não está claro se haverá restrição às exportações totais da Alemanha, ou apenas à região onde foi encontrado o caso, ou nenhuma restrição - uma vez que a indústria alemã segue sem outros casos registrados.
Em caso de restrição, entendemos que isso poderia ser benéfico para frigoríficos expostos à carne suína situados em outros países exportadores, como Brasil e Estados Unidos. No caso do Brasil, tal impulso seria a "cereja no bolo" das exportações do país, cujo ritmo segue em alta tanto para carne bovina quanto para a suína, como comentamos anteriormente.
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