Comércio varejista apresenta forte expansão em junho e surpreende as expectativas

Reforçando a mensagem de um segundo trimestre menos negativo do que o inicialmente temido para a atividade econômica, o comércio varejista brasileiro apresentou expansão de 8,0% na comparação mensal de junho (jun20 / mai20), o equivalente a um avanço de 0,5% na comparação anual desse mesmo mês (jun20 / jun19). O resultado surpreendeu bastante tanto as nossas expectativas (+5,2% m/m e -2,5% a/a), quanto as expectativas de mercado coletadas pela Bloomberg (+5,0% m/m e -2,8% a/a). Com o resultado apresentado em junho, o comércio varejista fechou o segundo trimestre de 2020 com queda de 7,8% na comparação com o trimestre imediatamente anterior e de 7,6% na comparação com o segundo trimestre de 2019.

O comércio varejista ampliado, que leva em consideração as vendas de veículos e materiais para a construção civil, também surpreendeu as expectativas ao apresentar expansão de 12,6% na comparação mensal de junho (vs. expectativa de +6,2% da XP e de +6,7% da BBG), o equivalente a uma contração de apenas 0,9% na comparação anual desse mesmo mês (vs. expectativa de -5,0% da XP e de -4,0% da BBG). No segundo trimestre do ano, o comércio varejista ampliado apresentou contração de 12,1% na comparação com o trimestre anterior e de 14,6% na comparação com o segundo trimestre de 2019.

A alta no mês foi generalizada. Apenas 40,3% dos setores varejistas não apresentaram expansão na comparação anual de junho e apenas 5,1% também não apresentaram expansão na comparação mensal, o que acabou impulsionando (ainda que minimamente) a performance dos nossos principais índices de difusão.

Apesar da alta generalizada, as maiores surpresas positivas foram apresentadas pelas vendas de móveis e eletrodomésticos e materiais para a construção civil.

Impulsionada pelas vendas de móveis e eletrodomésticos e materiais para a construção civil, a categoria de bens de consumo duráveis foi o principal destaque positivo da pesquisa, seguida da categoria de bens de consumo semiduráveis.

O resultado corrobora o entendimento de que as medidas de estímulo vigentes na economia (creditícias, auxílio emergencial, BEM, flexibilização monetária, entre outras) têm surtido efeitos positivos, amenizando boa parte das adversidades trazidas pelas medidas de distanciamento social. Mas o resultado acima das expectativas também esboça um efeito de demanda reprimida que caracterizou, principalmente, os meses de março e abril, meses marcados pelas medidas de isolamento social mais severas e maiores incertezas com relação ao avanço do vírus.

Os estados da região Sul, que foram os primeiros a flexibilizar as medidas de isolamento social, parecem continuar conseguindo recuperar parte dos efeitos da pandemia sobre o setor varejista. Alguns estados pontuais das regiões Norte e Nordeste também têm começado a apresentar recuperação mais significativa.

A surpresa com os dados de comércio varejista em junho (assim como as demais surpresas positivas vindas de alguns indicadores de atividade econômica de curto prazo nos últimos meses) aumenta a probabilidade de que a contração da atividade em 2020 seja menor do que a estimada no início da pandemia. O resultado de hoje, portanto, vem em linha com a nossa revisão de PIB de -6,0% para -4,8% em 2020 e com o cenário de Selic a 2,00% até o final do ano.

Olhando para frente, esperamos que o setor varejista apresente expansão de 1,5% a/a e +0,3% m/m em junho, e que o setor varejista ampliado apresente expansão de 1.6% a/a e +3,8% m/m.

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