Melhores e piores de junho: Ibovespa tem a melhor performance; dólar e ouro caem

O mês de junho foi positivo para mercados globais (MSCI ACWI: 5,9%), impulsionados pelo aumento de liquidez e pela expectativa de que em breve o banco central dos EUA pause o ciclo de altas de juros. Nos Estados Unidos (S&P 500: 6,6%), a Bolsa continuou seu rali puxado por empresas de tecnologia. O Brasil (Ibovespa: 15,9%) teve a melhor performance do mês entre as bolsas globais, com expectativa de flexibilização da política monetária em breve e melhora das perspectivas fiscais.

Mercados Emergentes (3,9%) ficaram positivos no mês devido à tendência global, e seu desempenho acompanha de perto a perfromance de China (4,0%). O mercado antecipa mais estímulos governamentais para a economia chinesa, uma vez que dados de atividade tem vindo abaixo do que se esperava após a reabertura, e os estímulos já anunciados não são vistos como suficientes para atingir a meta de crescimento.

As duas performances negativas no mês, Ouro (-2,2%) e Dólar (DXY: -1,4%), se deram por conta da incerteza relativa ao ritmo futuro da política monetária americana.

Bolsa americana: desempenho dos principais setores e das FANGMANT

Em junho, todos os principais setores da Bolsa americana tiveram desempenho positivo. A resiliência da atividade econômica nos EUA sustentou as altas, dos setores de Consumo Discricionário, Indústria e Materiais, que tiveram os melhores resultados do mês. Já o setor de Utilidades Públicas e Bens de Consumo tiveram desempenho menos positivo por serem tradicionalmente defensivos e performarem pior em ambiente de maior apetite a risco.

Entre as FANGMANT, big techs de maior capitalização na Bolsa, a única empresa que registrou queda no mês foi a Alphabet, empresa ‘mãe’ do Google, devido a downgrades de analistas para a companhia. As Big Techs ainda tem sido beneficiadas pelo rali da inteligência artificial (AI), mas ainda é muito cedo para determinar uma ganhadora. Riscos geopolíticos também desempenham um papel importante, com possíveis restrições adicionais a exportações e provisão de serviços por conta de tensões entre China e Estados Unidos.

A ação de destaque de alta no mês, Tesla, se beneficiou de um acordo com outras fabricantes de automóveis cujos veículos poderão agora acessar sua rede de superchargers. Por sua vez, Apple atingiu a simbólica marca de US$ 3 trilhões em valor de mercado.

O que esperar?

No mês de junho, já pudemos observar alguns sinais de mudança na tendência de alta: foram realizados downgrades de analistas em algumas ações de tech após o rali recente, e setores cíclicos tem performado bem nesse mesmo rali, devido à resiliência da economia americana e expectativas de estímulos na China.

Seguimos recomendando cautela, pois entendemos que fatores técnicos têm prevalecido em detrimento dos fundamentos no mercado em geral e vemos sinais negativos para o segundo semestre de 2023 com diminuição da liquidez, persistência dos juros altos nas economias desenvolvidas, volta dos pagamentos dos juros dos financiamentos estudantis nos EUA e um cenário geopolítico ainda conturbado.

Confira perspectivas para o Brasil em Raio-XP: Perspectivas para o 2º semestre de 2023.