IBOVESPA -1,19% | 97.761 Pontos
CÂMBIO 0,4% | 5,38/USD
O que pode impactar o mercado hoje
O Ibovespa fechou em queda ontem, após fortes expectativas de atingir novamente a marca dos 100 mil pontos na véspera, puxado por incertezas no cenário global e receios acerca de mudanças legislativas afetando o setor bancário no Brasil. No cenário de renda fixa, as taxas futuras de juros fecharam a sessão em alta após diversos dias em queda, após realização de lucros. As taxas curtas permaneceram de lado, ainda seguindo apostas de novo corte na Selic. DI jan/21 ficou em 2,10%; DI jan/23 subiu para 4,06% ante 3,99% na segunda-feira; DI jan/25 encerrou em 5,63%, contra 5,23% no dia anterior.
Nesta manhã, mercados internacionais oscilam (EUA flat e Europa caindo 0,9%) enquanto o governo norte-americano discute maneiras de desestabilizar a ligação do dólar de Hong Kong ao dólar americano (exemplo: limitar compra de dólares por bancos em Hong Kong), em resposta ao avanço autoritário chinês na região. Na Ásia, bolsas fecharam sem direção definida, com China estendendo ganhos. Ouro supera os US$ 1.800, maior valor desde 2011.
No Brasil, a política nacional segue sob impacto do anúncio de que o presidente Jair Bolsonaro está com covid-19. Ele deve continuar a despachar da residência oficial e fazer reuniões por videoconferência para manter o governo em funcionamento. Ao menos 18 ministros, incluindo Paulo Guedes, estiveram com Bolsonaro nos últimos dias. Parte deles já se submeteu a testes, com resultados negativos, e outros passarão por exames nos próximos dias.
Na seara político econômica, o Congresso reagiu à decisão do Presidente de vetar a prorrogação da desoneração da folha de pagamentos até o fim de 2021, cujo impacto seria de R$ 10 bilhões. O presidente Davi Alcolumbre sugeriu sessão na semana que vem para decidir sobre o veto, enquanto a equipe econômica pretende fazer a discussão em meio à reforma tributária, exigindo contrapartida pelas desonerações. A Câmara também aprovou ontem o texto-base da medida provisória de socorro às empresas aéreas, e hoje deve votar propostas de alteração no projeto.
Ainda na agenda econômica, o Ministério da Economia estuda a possibilidade de ampliar o limite do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal no Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). Até o momento, mais de R$ 3 bilhões foram emprestados, sendo 61,3% dos recursos direcionados à microempresa e 38,7% à empresas de pequeno porte. Apesar da tração que o programa ganhou na última semana, o tempo que as medidas de crédito têm levado para chegar à ponta segue no radar do governo.
Já na agenda de indicadores e eventos do dia, destaque para a divulgação das vendas no varejo brasileiro do mês de maio e para as falas do presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, e do vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos.
Destacamos ainda que revisamos a nossa projeção para o câmbio de R$/US$ 5,50 para R$/US$ 5,20 ao final de 2020 e de R$/US$ 5,50 para R$/US$ 4,90 ao final de 2021, diante da redução dos riscos globais e domésticos associados à pandemia no médio prazo, do retorno gradual dos preços de commodities e da relativa manutenção do diferencial de juros até o fim de 2021.Ontem, divulgamos também em nossa plataforma um relatório sobre a situação das contas externas brasileiras, destacando fundamentos que criam uma verdadeira “almofada de liquidez” para o país no momento atual.
Finalmente, do lado das empresas, o Presidente Rodrigo Maia defendeu nesta terça-feira um limite nas taxa de juros do cartão de crédito e do cheque especial. A fala condiz com o projeto de lei 1166/2020, que está no senado e pretende limitar o juros das linhas em 30% ao ano. Para efeito de comparação, o limite de juros de 30% se compara a: i) 312% em cheque especial pessoa jurídica e 130% em cheque especial a pessoa física; e ii) 147% no cartão de crédito rotativo pessoa jurídica e 326% no rotativo de pessoa física. Embora o texto ainda não tenha sido aprovado e podendo sofrer mudanças, acreditamos que o anúncio seja negativo para o setor bancário, pois acreditamos que uma eventual aprovação da lei possa destruir valor nas linhas citadas. Apenas o crédito rotativo, responsável por mais da metade do saldo atingido, possui índice de inadimplência de aproximadamente 35%.
Tópicos do dia
Coronavírus
O caso para se comprar Brasil: Rumo aos 110 mil
Medidas econômicas para combater o coronavirus no Brasil
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Internacional
- Petróleo: Expectativas do mercado de uma redução de -3,1 milhões de barris nos estoques dos EUA
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Empresas
- Setor Elétrico: Resistência à extensão da isenção para Tarifa Social no Governo
- Aéreas (AZUL4, GOLL4): Câmara aprova texto-base da MP das aéreas
- Frigoríficos (JBSS3, MRFG3): ações em alta em função de expectativas positivas sobre o cenário norte-americano
- Bancos: maior risco de limite no juros do rotativo e cheque especial
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Internacional
Petróleo: Expectativas do mercado de uma redução de -3,1 milhões de barris nos estoques dos EUA
- O relatório oficial de fornecimento da Agência de Informação de Energia dos EUA (EIA) deve ser publicado hoje às 11:30 da manhã (horário de Brasília), com expectativas do mercado de uma redução de -3,114 milhões de barris nos estoques dos EUA;
- Os estoques de petróleo dos EUA caíram -7,195 milhões de barris na semana passada. O dado veio abaixo da expectativa de mercado de -0,710 milhões de barris, o que foi visto como positivo por indicar uma balanço saudável de oferta em relação à demanda;
- Nessa manhã de quarta-feira, a commodity opera em território levemente negativo, em queda de -0,19% em US$43,00/barril (Brent).
Empresas
Setor Elétrico: Resistência à extensão da isenção para Tarifa Social no Governo
- Segundo o Valor Econômico, a Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (ABRADEE) enviou ofício ao Governo pedindo extensão do benefício de 100% de isenção na tarifa social das contas de luz, que vigorou entre abril e junho para mitigar os impactos da pandemia da COVID-19 sobre os consumidores de baixa renda, sendo a medida custeada pelo Tesouro. As distribuidoras acreditam que o cenário da pandemia não está equacionado, e receiam uma disparada em seus indicadores de inadimplência a partir de julho caso a medida nãos seja prorrogada;
- Entretanto, a notícia menciona que a equipe econômica do governo é contra a extensão do benefício. O assunto teria sido levantado em reunião entre executivos do setor elétrico e o Ministro da Economia Paulo Guedes. Na ocasião, o Ministro e seus auxiliares afirmaram que o empenho do governo estava concentrado em viabilizar novas parcelas do Auxílio Emergencial, e não seria conveniente dispersar esforços em outras iniciativas. A isenção tarifárias a usuários da Tarifa Social foi instituída pela Medida Provisória 950, que fazia previsão de um aporte de R$900 milhões do Tesouro para custear o pacote. A MP ainda tramita no Congresso Nacional, e seu relator, Deputado Léo Moraes (Podemos – RO) ainda não forneceu detalhes sobre a extensão do benefício;
- Um eventual fim da isenção de cobrança a usuários da Tarifa Social teria um efeito imediato negativo sobre o quadro de inadimplência das distribuidoras de energia, principalmente tendo em vista que o veto a cortes de fornecimento foi estendido pela ANEEL até o final de julho. Nesse cenário, as distribuidoras que atuam nas regiões mais carentes do país no Norte e Nordeste seriam as mais negativamente impactadas, destacando-se Equatorial Energia (Neutro), Energisa (não coberta) e Neoenergia (não coberta). No caso da Equatorial, 25,1% de seus consumidores pertencem integram o programa Tarifa Social. Independente de quando isso ocorrer, haverá um momento que a isenção de cobrança de contas de luz a consumidores de baixa não poderá continuar. Neste momento, esperamos uma deterioração significativa dos indicadores de inadimplência e perdas não técnicas de distribuidoras muito expostas à essa classe de consumidores. Tal deterioração de resultados é um dos motivos que temos uma visão mais negativa e fora do consenso para as ações da Equatorial Energia, na qual mantemos recomendação Neutra com preço-alvo de R$20/ação.
Aéreas (AZUL4, GOLL4): Câmara aprova texto-base da MP das aéreas
- A Câmara aprovou ontem o texto-base da Medida Provisória 925 de socorro ao setor aéreo. Os destaques e pedidos de alteração ao texto deverão ser votados hoje e, assim que concluídos, a proposta seguirá ao Senado;
- Fica determinado o prazo de até 12 meses para a devolução do valor das passagens compradas entre 19 de março e 31 de dezembro de 2020 e canceladas em razão do agravamento da pandemia. O consumidor poderá optar também pelo crédito junto a companhia ao invés do reembolso, que poderá ser utilizado até dezoito meses, a contar de seu recebimento;
- Quanto às medidas para os funcionários do setor, o texto prevê que funcionários com contratos suspensos em razão da pandemia poderão fazer até seis saques mensais do FGTS de no máximo 3 salários mínimos. Já para aeronautas e aeroviários que tiveram o salário reduzido, os seis saques mensais estão limitados a um salário mínimo por mês;
- O relator do projeto, deputado Arthur Oliveira Maia (DEM-BA) também determinou a liberação provisória (até o fim de 2020) do uso de recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil para empréstimos a empresas aéreas e concessionárias afetadas pela crise.
Frigoríficos (JBSS3, MRFG3): ações em alta em função de expectativas positivas sobre o cenário norte-americano
- Segundo a Reuters, os preços futuros do gado nos EUA fecharam a semana em queda devido à grande disponibilidade de animais no pasto. No começo de Junho, quase 12 milhões de cabeças estavam em confinamento, o segundo maior estoque para o período desde o início da série histórica do USDA em 1996;
- Frigoríficos como a Tyson Foods Inc e a JBS USA estariam trabalhando com estoques que se acumularam em confinamento enquanto algumas plantas ainda estavam temporariamente fechadas em abril devido à pandemia de coronavírus. Várias plantas reabriram desde então, ainda que com capacidade reduzida;
- Em função da baixa nos custos de matéria prima, dentre outros fatores como demanda forte, as expectativas do mercado quanto às margens dos frigoríficos nos EUA vem aumentando, o que pode ser positivo para os resultados do 2T20. De fato, ontem as ações tiveram forte alta, com destaque para Marfrig (MRFG3, +7%) e JBS (JBSS3, +3%).
Bancos: maior risco de limite no juros do rotativo e cheque especial
- Segundo a mídia, o Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu nesta terça-feira um limite nas taxa de juros do cartão de crédito rotativo e do cheque especial.
- O que é? Limite de taxa de juros para empréstimos com cheque especial e cartão de crédito rotativo. O projeto de lei 1166/2020 estabelece um limite de taxa de juros de 30%a.a. nos empréstimos com cartão de crédito rotativo e cheque especial e exige que os bancos não reduzam os limites de crédito a partir de fevereiro de 20. As alterações são devidas ao estado de calamidade definido pela Câmara. O projeto, se aprovado, provavelmente destruiria o valor nos segmentos.
- A declaração do Presidente da Câmara soa como se, caso a medida seja aprovada no Senado, ele tenha a intenção de colocar em votação também na Câmara, o que é negativo, uma vez que aumenta as chances de aprovação e aplicação do projeto. Link para relatório completo.
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