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Eleições parlamentares nos EUA: qual o impacto nos mercados?

Como as eleições parlamentares americanas afetam o mercado? Trazemos uma análise política dos cenários, e o impacto nos mercados.

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Análise política e previsão de cenários

Apesar de apurações avançadas, a falta de definição em estado chave gera incertezas sobre os resultados das eleições parlamentares nos EUA. Na Câmara, o partido republicano caminha para uma vitória com número levemente mais expressivo que democratas na Casa.no Senado, os resultados acirrados devem ser resolvidos em segundo turno no estado de Geórgia nas primeiras semanas de dezembro. Vale notar que a maioria do partido Republicano numa das Casas já seria suficiente para uma forte desaceleração e diluição da agenda democrata no Congresso. No entanto, a disputa pelo Senado é uma busca simbólica para os partidos – por um lado, os democratas buscam evitar uma maior debilitação política, pelo outro, republicanos buscam uma conquista consolidada no Congresso.

O que estava em jogo?

Os 435 assentos da Câmara e 35 de 100 do Senado estavam em disputa.

A Câmara é atualmente composta por 220 democratas e 212 republicanos (e 3 vagas). Das 435 cadeiras em disputa na Câmara, a apuração confirmou 372 – 199 republicanos e 172 democratas. Já no Senado, os democratas atualmente têm 50 assentos e republicanos outros 50*. Das 30 das 35 vagas em disputa foram confirmadas, gerando uma composição de 48 democratas e 47 republicanos. Vale mencionar que democratas tiveram uma vitória chave no estado da Pensilvânia, considerado um dois mais acirrados dessa eleição.

* Os democratas têm maioria técnica no Senado porque em caso de empate o vice-presidente, no caso Kamala Harris do partido Democrata, tem voto de minerva (resolve empates).

Os cinco estados que ainda não concluíram a apuração são Alaska (forte tendência republicana), Nevada (apertado, mas apurações indicam vitória republicana), Wisconsin (apertado, mas apurações indicam vitória republicana), Arizona (apertado, mas apurações indicam vitória democrata) e Geórgia. Como a maioria dos outros estados mencionados, Geórgia apresenta resultados acirrados, o candidato democrata Raphael Warnock tem 49.4% dos votos e o republicano Herschel Walker 48.5%, no entanto, com 98% dos votos apurados, nenhum obteve os 50% requeridos para uma vitória em primeiro turno e caminha para um segundo turno nas primeiras semanas de dezembro.

A eleição na Geórgia será o fiel da balança e deve determinar quem terá a maioria no Senado, como foi o caso em 2020. Apesar da provável vitória na Câmara, fica claro que o partido republicano não conseguiu a ‘Onda Vermelha’ que queria promover, no entanto, uma maioria nas duas Casas seria uma vitória relevante para o partido. Já para democratas, a manutenção do Senado evitaria uma maior debilitação de seu poder. A tendência é que o segundo cenário se materialize, especialmente diante dos desgastes do candidato republicano, que teve escândalos na campanha. No entanto, diante de um resultado tão apertado no primeiro turno, o segundo pode surpreender.

Vale notar que as eleições de meio de mandato são historicamente desafiadoras para o partido no poder, especialmente em casos de baixa aprovação presidencial. Desde 1946, o partido do governo tem perdido, em média, 26 assentos em eleições parlamentares realizadas nesse período. Esse cenário se torna ainda mais complexo diante da baixa aprovação do presidente Biden atualmente (41,4% aprovação e 53,5% e desaprovação). Por outro lado, os desgastes do partido Republicano, em especial em relação à pauta de costumes, e as características dos estados em disputa podem ter favorecido o partido Biden, particularmente no Senado.

Em conclusão, a maioria republicana numa das Casas já seria suficiente para travar a agenda do governo e a nossa expectativa é desaceleração do andamento de pautas propostas por Biden. Diante da forte polarização no país, as negociações entre partidos têm sido escassas – um cenário que não esperamos que seja alterado nos próximos dois anos. Em nossa avaliação, isso deve levar a diluição de projetos do governo, principalmente em matéria econômica. Reformas de caráter constitucional e pautas sociais (ex. Aborto e regulação de armas de fogo) devem ser bloqueadas.

A conclusão das eleições parlamentares nos EUA pode dar início a um rali na bolsa americana? A história diz que sim

Mercados já esperam uma maioria republicana na Câmara e, caso este cenário se concretize não devemos presenciar grandes movimentações de curto prazo na bolsa. A maior probabilidade de surpresa deverá ficar por conta do Senado, dada que a disputa está mais acirrada e nenhum resultado parece ser assumido como cenário base.

Ainda assim, com uma maioria republicana na Câmara, qualquer resultado do Senado configura um governo dividido e a resposta nos mercados deverá ser amena. Vale ressaltar que historicamente este é o cenário que os investidores costumam gostar. Um governo dividido diminui o risco de calda de excessos em ambos os lados e isso retira o fator incerteza das projeções. Dessa forma, as ações costumam reagir positivamente.

Investidores esperam que esta configuração de Congresso dividido seja benéfica para a precificação das ações, pois pode reduzir a incerteza regulatória, reduzir a probabilidade de mais impostos corporativos e gastos fiscais – ambos na agenda democrata – o que também deve ajudar a reduzir a inflação.

Além disso, a passagem das eleições em si tendem a ser positivas para o mercado também. O gráfico abaixo mostra que, desde 1950, o índice S&P 500 tende a entregar retornos positivos 12 meses depois das eleições parlamentares, com uma mediana de 14%:

Fonte: Bloomberg, XP Research.

Setores que podem se beneficiar com uma maior representatividade republicana

Saúde: As ações de empresas farmacêuticas e de biotecnologia podem se beneficiar de uma vitória republicana, considerando a recente legislação dos democratas que visava reduzir os preços dos medicamentos prescritos. Os republicanos podem conseguir reverter parte da capacidade do Medicare (o plano de saúde governamental) de negociar os preços dos medicamentos prescritos, um pilar fundamental do Inflation Reduction Act (Lei de Redução da Inflação).

Energia: As políticas que incentivam a produção doméstica de energia podem ser mais favoráveis ​​aos acionistas de empresas de exploração de petróleo e oleodutos.

Setores que podem se beneficiar de uma maioria democrata

Energias renováveis: Os democratas costumam ser mais favoráveis a transição energética e deverão apostar em uma legislação que favorece a energia solar e outras alternativas, o que impulsionaria o setor de energia limpa.

Cannabis: O partido democrata tem sido historicamente mais favorável a legalização da substância.

Defesa e tecnologia: o consenso entre os partidos

Independentemente dos resultados, os gastos com defesa deverão escalar nos Estados Unidos. Com a escalada das tensões geopolíticas globais, esperamos que o investimento em equipamentos bélicos se torne uma prioridade em ambos os cenários.

Na outra ponta, vemos ambos os lados tecendo críticas contra o setor de tecnologia, ainda que uma maior representatividade republicana pareça mais positiva do que uma democrata para as big techs.

Conclusão: efeito sazonal vs. nossa visão macroeconômica

Apesar do possível rali catalisado pelo resultado das eleições parlamentares, sustentamos nosso viés ainda cauteloso para a bolsa americana. A remoção destas incertezas políticas do radar pode até dar algum fôlego para ativos americanos em um curto prazo, mas o cenário macroeconômico e os fundamentos ainda indicam um período complexo pela frente em meio à trajetória ainda incerta de política monetária, riscos de recessão econômica, e possibilidade de contração nos lucros das empresas.

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