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Rebalanceando riscos para juros menores: Perspectivas por Classe de Ativo | Agosto 2023

Perspectivas de alocação e comentários por classe de ativo para os investimentos do mês de agosto de 2023.

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Em nossas carteiras recomendadas de alocação (“carteiras por perfil“), definimos mensalmente os percentuais sugeridos para investimento por classe de ativo de acordo com cada política de investimentos, sendo que cada política, por sua vez, tem um objetivo de risco (volatilidade) e um horizonte de investimento.

Abaixo as alocações sugeridas por classe de ativo para cada política de investimentos para o mês de agosto de 2023:

Esses percentuais de alocação por classe de ativo tem um componente estrutural, com base em retornos esperados de longo prazo (3 a 5 anos) e são revisados ao menos a cada 12 meses. Entretanto, uma outra parcela dessa alocação pode ter um componente tático, de curto e médio prazos, olhando para 3 a 6 meses a frente e que são revisados e sugeridos mensalmente com base nas discussões do Comitê de Alocação.

Essas perspectivas de alocação por classe de ativo de curto e médio prazos podem apresentar 3 qualificações possíveis:

  • Positiva – sugere uma sobrealocação para aquela classe de ativo em relação ao percentual definido em cada carteira
  • Neutra – sugere uma alocação em linha para aquela classe de ativo, ou seja, igual ao percentual definido em cada carteira
  • Negativa – sugere uma subalocação para aquela classe de ativo em relação ao percentual definido em cada carteira

Perspectivas de alocação por classe de ativo

  • Seguimos otimistas com bolsa brasileira tanto em termos absolutos, como em termos relativos, quando olhamos para os seus pares globais;
  • Também estamos positivos com fundos imobiliários de tijolos. Gostamos da tese de médio/longo prazo que traz exposição a ativos reais com pagamento de rendimentos isentos, mas além disso, vemos oportunidades de ganhos de capital no curto prazo; 
  • Renda fixa global se consolida como a classe de ativo preferida para a parcela de exposição internacional, especialmente via Treasuries;
  • Sugerimos reduções gradativas a partir de agora na renda fixa brasileira pós fixada, com maior diversificação nos demais indexadores, especialmente inflação (IPCA+).

Na tabela abaixo estão as perspectivas de alocação por classe de ativo de curto e médio prazos para o mês de agosto de 2023:

Comentários gerais por classe de ativo

RENDA FIXA LOCAL

Pós-fixado – os prováveis cortes gradativos na Selic garantem a relevância dessa parcela nas carteiras de menor risco e horizonte de investimento mais curto (menores do que três anos). Para exposição em renda fixa além da reserva de emergência, com horizontes de investimentos mais longos, a alocação em LFT e/ou Tesouro Selic e emissões bancárias que pagam rendimentos próximos ao CDI precisará ser complementada com fundos de crédito high grade (resgates inferiores a 45 dias) e títulos privados CDI+ para que seja possível obter retornos relevantes de longo prazo.

Prefixado – houve um grande rali nos preços dos títulos prefixados, especialmente nos últimos três a quatro meses. O movimento foi resultado de considerável redução dos riscos políticos e fiscais brasileiros, ao menos no curto e médio prazo. Neste período, as taxas chegaram a fechar cerca de 150 a 200 pontos base nos vencimentos de nossa preferência (entre 2025 e 2026), reduzindo os prêmios de risco de forma expressiva. Por isso, de agora em diante, as oportunidades passam a ser mais pontuais para aumento de exposição a este indexador, podendo ocorrer com eventuais aberturas da curva de juros ou através de emissões bancárias e privadas com risco de crédito mais elevado (maior prêmio). É necessário que haja maior visibilidade sobre uma melhora estrutural da dinâmica fiscal brasileira de longo prazo para seguirmos aumentando a exposição nessa classe e também para alongarmos os vencimentos sugeridos.   

Inflação – apesar de uma inflação (IPCA) provavelmente mais comedida nos próximos 12 meses, riscos altistas de médio prazo seguirão no radar, ainda mais em um país que tem histórico inflacionário como o Brasil. É a parcela de renda fixa sobre a qual temos maior conforto em assumir maiores riscos de prazo, com vencimentos acima de 2030. Vale notar, no entanto, que a marcação a mercado desses títulos traz volatilidade à exposição em renda fixa. Por outro lado, é o indexador que garante ganho real (acima da inflação) quando levado ao vencimento. 

Crédito Privado – fundos de crédito privado high grade caminham para ter o seu primeiro mês de 2023 com captação líquida positiva, o que contribui ainda mais para a tendência de redução na percepção de risco do mercado e normalização nos mercados primário e secundário. Atenção aos títulos muito longos e com taxas excessivamente elevadas, pois geralmente embutem riscos de crédito não óbvios. Empresas e setores que operam muito alavancados ainda devem ser evitados ou monitorados de perto, primando por diversificar e até pulverizar as exposições.

RENDA FIXA GLOBAL

A classe de ativos preferida atualmente para a parcela de exposição internacional. Com os juros nos níveis mais altos dos últimos quase 15 anos nos países desenvolvidos, não há necessidade de assumir riscos excessivos, uma vez que é possível obter entre 4% e 5,5% de retorno em dólar em títulos soberanos do governo norte-americano (Treasuries), por exemplo. Elevados rendimentos nos títulos soberanos de vencimentos mais curtos, com algum risco de reinvestimento, seguem sendo nossa preferência. Entretanto, com o provável fim do ciclo de aperto monetário, ao menos por parte do Fed, começamos a ver menos riscos no alongamento de prazos especialmente para exposição a Treasuries.

Cautela nos títulos corporativos (bonds) que possam ser de menor qualidade (high yield bonds) e riscos abertura dos spreads de crédito, inclusive high grade, seguem no radar pelos meses à frente com o cenário de juros altos por mais tempo. Preferimos exposição a crédito privado global de forma pulverizada via fundos de renda fixa internacionais, que fazem a seleção dos ativos e pulverização da carteira de forma profissional.

MULTIMERCADOS

No geral, os fundos já estão com maiores exposições a risco se comparados em como estavam no começo do ano, especialmente os fundos brasileiros da classe Macro, porém ainda sem grandes teses direcionais. Poucos conseguiram capturar por completo o rápido fechamento da curva de juros nominal brasileira e agora devem buscar prêmios em outros mercados (juros internacionais, bolsa local e/ou internacional e moedas). A correlação de desempenho de curto prazo entre os fundos Macro voltou a subir, mas ainda segue abaixo dos níveis médios históricos, o que sugere maior dispersão de resultados entre eles.

No mix de fundos multimercados das carteiras, aumentamos a exposição a fundos sistemáticos/quantitativos, tanto locais quanto globais, na busca por maior diversificação e utilizando dessas estratégias como “seguros” para choques e eventos de cauda que podem ocorrer, uma vez que alguns desses fundos tendem a capturar melhor os prêmios de risco quando há mudanças abruptas nos diferentes mercados.

RENDA VARIÁVEL LOCAL

A bolsa brasileira teve o seu 4º mês seguido de alta e a nossa percepção é que ainda existe prêmio de risco nas ações de diversos setores e empresas listadas na B3. Esse primeiro rali parece ter tido uma componente macro muito maior do que micro, com um alívio nos riscos políticos e fiscais brasileiros, além da melhora nas perspectivas de atividade econômica. Vale dizer que, mais uma vez, o investidor que parece ter se posicionado primeiro em ações brasileiras nesse contexto foi o estrangeiro. Por isso, a continuidade de uma visão positiva para a bolsa está em linha com a manutenção de um cenário macro local favorável, bons resultados das empresas nos trimestres a frente ou que ao menos superem as suas estimativas, além do fluxo dos investidores locais, que ainda parecem estar começando a se posicionar, entre eles as pessoas físicas, fundos de pensão e institucionais (fundos de ações e multimercados).

De qualquer forma, em termos relativos globais o Brasil (i) continua bem posicionado frente aos seus pares emergentes do ponto de vista econômico; (ii) ainda tem valuation atrativo, com o Preço/Lucro projetado em 8,5x; e (iii) pode se beneficiar de fluxos estrangeiros que desistam da posição em China devido a reabertura comercial mais lenta e suave do país asiático. Riscos também existem, mas os principais parecem estar mais controlados ou postergados: descontrole fiscal, recessão global mais profunda e maiores impactos por conta da reforma tributária que, se por um lado pode afetar negativamente alguns setores ou empresas específicas no curto prazo, por outro lado, no macro, pode impactar positivamente a produtividade e o crescimento do Brasil.

RENDA VARIÁVEL GLOBAL

As bolsas globais seguem num tom mais positivo na expectativa de que os bancos centrais sejam capazes encerrar o seu ciclo de aperto monetário para combater a inflação sem causar uma desaceleração mais forte da economia global. Em maior ou menor magnitude, quase todas os mercados de ações estão positivos no ano.

Seguimos com uma visão mais cautelosa para exposição em ações globais pois, já em patamares de valuation elevados, a assimetria de risco/retorno está desfavorável, especialmente se houver surpresas negativas em crescimento, inflação ou mesmo nos resultados corporativos nos próximos meses. Por isso, estamos mantendo uma baixa exposição à renda variável global nas carteiras, em particular em bolsa americana, principalmente para investidores de curto prazo. Quanto à exposição regional, seguimos mais construtivos com mercados emergentes, dentre os quais o Brasil e China se destacam. 

ALTERNATIVOS

Como já vínhamos comentando e implementando nas carteiras, os fundos imobiliários de tijolos seguem tendo parcela expressiva da nossa alocação em alternativos líquidos, principalmente com a proximidade do início do ciclo de corte de juros. Em geral, nossa preferência são as teses de médio/longo prazo que trazem exposição a ativos reais, principalmente aos segmentos de lajes corporativas e galpões logísticos. Além disso, dado contexto macroeconômico, visualizamos oportunidades de ganhos de capital no curto prazo através da exposição em FIIs. A alocação em ativos reais e/ou à economia real também pode ser encontrada em outros tipos de fundos listados, com diversificação de setores como por exemplo, infraestrutura.

Ainda em temáticos, estamos cada vez mais cautelosos com as teses de commodities, especialmente as energéticas e metálicas, considerando o mundo em desaceleração e a China com um crescimento mais tímido.  Nesse momento do ciclo, preferimos investir no tema via ações de empresas produtoras em commodities.

Nos ilíquidos, a busca por mais retorno como contrapartida da menor liquidez, pode ser realizada via fundos abertos, com resgates acima de D+180, como os fundos de créditos estruturados (high yield), créditos estressados e de ativos judiciais. Na originação de ativos para os seus portfólios, podem se beneficiar do cenário em que o Brasil está, de juros elevados há algum tempo, além de reformas da Lei de Falências em 2021 e outros aspectos específicos. Apresentam baixas volatilidade e correlação com a maioria dos ativos mais líquidos, porém risco de crédito elevado. Atentar-se sempre às garantias, senioridade das estruturas de crédito e outras medidas de mitigação de riscos.

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