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Aplicando na Economia Real: Investimentos Alternativos

Entenda os fundos e as estratégias que investem na economia real para buscar ganhos maiores a longo prazo.

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Entenda os fundos que investem na economia real

Para buscar ganhos maiores a longo prazo, investir em empresas é fundamental. É assim que podemos nos beneficiar do crescimento da economia e de ganhos de produtividade. Setores com fluxo de caixa mais estável, como o setor elétrico, por exemplo, podem ajudar o investidor em uma estratégia focada em renda.

Normalmente utiliza-se uma carteira de ações (ou fundos de ações) para cumprir este papel em um portfólio. Mas para o investidor que está disposto a abrir mão de liquidez por períodos prolongados, superiores a 5 anos, correndo risco similar ao da renda variável, Investimentos Alternativos são uma ótima opção para buscar ganhos mais elevados.

No mercado americano, onde é possível comparar retornos obtidos por fundos de Private Equity de 1990 a 2012, os investidores obtiveram, em média, taxas de retorno (TIR) de 16% ao ano, 5,5% ao ano melhor do que se o mesmo investimento tivesse sido feito no S&P 500, conforme estudo da Cambridge Associates, detalhado no gráfico 2.

O que são Investimentos Alternativos

Diferenças em relação aos investimentos tradicionais

Investimentos Alternativos recebem essa denominação em contraste aos Investimentos Tradicionais, normalmente ditos como aqueles em renda fixa ou ações, e são aqueles onde o ativo investido não está listado em nenhuma bolsa ou mercado de balcão.

Isso faz com que a primeira diferença marcante seja que o investidor deixe de estar em um ambiente com regulação consolidada, com regras de governança estabelecidas, por exemplo, pela CVM.

Os mercados públicos também impõe grande disciplina às empresas. Gestores e analistas estão sempre buscando preços distorcidos, e acabam identificando até mesmo fraudes contábeis, o que torna o ambiente mais seguro para o investidor em geral.

Por fim, o fato de os ativos serem negociados em bolsa ou balcão faz com que exista, na grande maioria dos casos, referência de preço para qualquer ativo, fazendo com que não seja punitivo entrar ou sair de uma posição.

Águas pouco navegadas

Quando falamos de Alternativos, entramos em um território mais difícil de trilhar. Operações mais adaptadas aos interesses das empresas, pouca ou às vezes nenhuma referência de preço e dados contábeis não padronizados fazem com que seja custoso investir e desinvestir de uma empresa não listada. Auditoria e due diligence são sempre importantes.

Prazos maiores e métricas diferentes

Essas características também fazem com que os investimentos sejam de prazo muito longo. O fundo típico de Private Equity tem 3 a 5 anos para fazer seus investimentos, utilizando os 4 a 6 anos seguintes para maturar e desinvestir sua carteira.

Também diferente de um fundo aberto, a rentabilidade da cota diz pouco sobre seu desempenho, até por passar por fluxos irregulares de chamada e devolução de capital. Medidas como o múltiplo do capital investido e a taxa interna de retorno (TIR) são melhores para esse fim.

Maiores recompensas

Mas os prazos mais longos, menor liquidez e maior risco das estruturas utilizadas não deixam de ser recompensados. Muitas empresas que estão no universo de investimento tem processos rústicos e estruturas de capital ineficientes, e podem mudar de patamar se ajustes forem feitos.

Os retornos esperados para fundos de Private Equity, por exemplo, podem ser superiores aos obtidos em investimentos em ações listadas em mais de 3,0% ao ano, ou 35% em um prazo de 10 anos.

Para os fundos focados em infraestrutura existe no Brasil um incentivo tributário: se as características do fundo se enquadrarem nas da regulamentação o retorno será isento de imposto de renda.

Private Equity Ações Listadas
Uso de informação privada Uso de informação pública
Investidores podem ter maior participação no investimento Pequeno papel do Investidor Individual
Controle da empresa é de poucos investidores Controle disperso
Planejamento estratégico multi-anual Foco em resultados trimestrais
Capacidade de manter empreendedores e atrair executivos através de participação societária Estruturas de incentivo tradicionais (opções, ofertas restritas de ações)
Fonte: Blackrock – Private equity investing: a driver for change

Ciclo de investimento e Curva J

No caso específico de investimentos alternativos, a Curva J é a representação visual do ciclo de um investimento individual, de um fundo como um todo ou do portfólio de um investidor final, tipicamente composto por vários fundos com diferentes estratégias e Safras ou Vintages (veja abaixo). Um exemplo está colocado ao lado.

A curva, exemplificada no gráfico a seguir, representa a tendência de que nos primeiros anos o investidor faz desembolsos de caixa e recebe pouco capital de volta, e nos anos finais os investimentos atingem a maturidade e são vendidos, com o capital correspondente retornando.

Ainda que, em alguns casos, seja possível se desfazer de uma posição em um fundo de investimento antes de seu final no mercado secundário, dado o perfil de maturação, essas vendas tendem a ser feitas com descontos significativos em relação ao valor contábil.

É interessante observar, no exemplo do gráfico, que o investidor nunca chega a estar exposto na totalidade do capital comprometido, já que começa a receber amortizações antes de completar o desembolso.

Fonte: Investopedia

Safras e a importância da diversificação temporal

Não é segredo que a economia passa por ciclos. Mas é importante notar que esses ciclos afetam os retornos mesmo de investimentos com prazos muito longos.

Safras, ou Vintages, são a melhor maneira encontrada por especialistas para entender como o momento do início dos fundos Alternativos afetou seus retornos.

O gráfico abaixo mostra esse histórico para a indústria de fundos de Private Equity nos Estados Unidos, comparando-o com o principal índice de ações públicas, o S&P 500. Para deixar a comparação justa, é simulado um investimento de mesmo montante que o feito no fundo, que é aplicado e retirado em partes no índice pari passu com as chamadas de capital.

É interessante notar alguns padrões: fundos iniciados em 1997 e 1998 obtiveram resultados piores, pois tiveram que se desfazer de posições em meio ao estouro da Bolha da Internet (2001).

Por outro lado, fundos lançados em 2001 e 2002 tiveram retornos muito mais altos, pois puderam comprar empresas a preços muito atrativos passado o estouro da mesma bolha.

Por isso é importante estar preocupado não apenas em diversificação em fundos ou empresas, mas também em safras: é importante se programar para fazer novos comprometimentos de capital de tempo em tempo.

Tipos de Investimentos Alternativos

Private Equity

São os fundos mais famosos do espaço de Alternativos. O gestor utiliza o capital dos investidores para, ao longo do período de investimentos – normalmente os 4 ou 5 primeiros anos da vida do fundo – comprar participações em empresas. Via de regra, também são os fundos que buscam maiores taxas de retorno.

A mais importante distinção nesse espaço é entre os fundos de Private Equity e os de Venture Capital. Ao passo que o primeiro tipo de fundo investe em empresas já existentes, o segundo investe em empresas que tem pouco tempo de atividade ou mesmo em projetos. Por isso tanto os riscos quanto os retornos potenciais são maiores na segunda categoria.

Na grande maioria dos casos, o investidor e o gestor não sabem como será a carteira do fundo no momento do comprometimento de capital. É normal que já tenha sido feita uma análise das oportunidades existentes antes, mas isso é apenas uma indicação.

Parte relevante da estratégia é entender como as posições serão desmontadas. Fundos que buscam empresas de menor porte conseguem utilizar tanto uma oferta pública de ações quanto vender sua participação para outra empresa do mesmo setor. Já os que buscam empresas maiores, algumas até já listadas em bolsa, dependerão mais do mercado de ações na hora da saída.

Por isso, mais que em fundos de ações ou multimercados, a reputação do gestor é primordial: e é muito importante entender seu histórico, tanto de investir quanto de desinvestir.

Imobiliários

Classificamos como Alternativos os fundos imobiliários e fundos de participação que irão construir os empreendimentos que farão parte de sua carteira. Isso significa que há um risco de execução da obra.

Passada a fase de execução das obras, os ativos que entregues podem ser vendidos, com o capital devolvido aos cotistas, ou alugados, com o fundo se tornando um fundo de renda, normalmente listado em bolsa.

É comum que os fundos tenham foco residencial, normalmente dedicados a loteamentos ou edifícios de apartamentos, ou comercial, construindo prédios de escritório, galpões logísticos ou até mesmo instalações especializadas para uma única empresa ou setor.

Se o fundo for constituído na forma de Fundo de Investimento Imobiliário (FII) e garantir uma diversificação mínima regulatória de sua base de cotistas dividendos, mas não ganhos de capital, serão isentos de imposto de renda.

Infraestrutura

Os fundos desse espaço são muito similares aos de private equity em estrutura e funcionamento, mas há diferenças marcantes.

A primeira delas é tamanho. Projetos de infraestrutura normalmente são muito intensivos em capital o que torna mais difícil ter uma carteira diversificada. Muitos gestores lançam fundos para entrar em um único leilão, a concessão de uma rodovia por exemplo.

O risco de um projeto dar errado é bem menor do que o de uma empresa qualquer, o que torna esses investimentos ao mesmo tempo mais seguros e menos rentáveis do que os fundos de private equity. A natureza da operação também exige prazos maiores, logo o prazo dos fundos de infraestrutura é maior.

Lançar ações da companhia criada juntando uma ou mais concessões é viável, mas fundos de pensão são importantes compradores de ativos maduros desse tipo, interessados em longos e estáveis fluxos de caixa atrelados à inflação, que os ajudam a casar seus fluxos de caixa.

No caso específico do Brasil, existe isenção de imposto de renda tanto sobre ganhos de capital quanto para dividendos para os investidores, dado que o fundo se enquadre no aparato regulatório necessário (Lei nº 11.478 e Artigo 4º da Lei nº 12.431) .

Special Situations

Os fundos de Special Situations, Situações Especiais em tradução livre, não têm caracterização específica, e se dedicam a estruturar operações para empresas específicas, normalmente envolvendo crédito.

Exemplos possíveis são bridge loans (empréstimos de curto prazo para empresas que estão próximas de abrir o capital em bolsa), adiantamento de créditos com contestações legais, compra de precatórios do governo federal e até mesmo compra de ativos inadimplentes que estão no balanço de grandes bancos (para posterior cobrança) e empréstimos para empresas em recuperação judicial.

Normalmente tem prazos mais curtos do que os fundos de private equity, mas têm a característica comum de ser difícil determinar com antecedência como será investida a carteira do fundo.

Como incluir no seu portfólio

Para saber se você tem espaço para adicionar esse tipo de investimento, basta se fazer duas perguntas: consigo esperar um investimento maturar por um prazo muito longo? e estou disposto a correr risco de renda variável?

Com um sim enfático a ambas, o próximo passo é dimensionar, ou seja, definir quanto de seu capital você está disposto a comprometer a esse tipo de estratégia.

Nossa recomendação para um portfólio focado em Brasil é alocar entre 5 e 15% do capital total do investidor, mais próximo dos 5% se o investidor for moderado, sempre levando em conta a Curva J.

Como destacamos é importante que essa alocação seja feita de maneira diversificada, logo o ideal é não alocar mais de 30% desse montante em um único fundo, podendo ir a 50% se se tratar de um fundo de fundos.

É possível substituir esse percentual da parcela alocada que capital que estiver alocado em ações ou fundos de ações ou, idealmente, pensar em um portfólio separado.

Dessa forma é possível que o investidor tenha, em alguns momentos, quase o dobro de capital comprometido em relação à sua alocação alvo.

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