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Menos risco na renda variável através de fundos Long Biased

Existem boas opções via fundos para o investidor que quer se proteger das quedas da bolsa e de suas oscilações que aumentam em períodos de mais incertezas. Vale considerar ter uma parcela da alocação da sua carteira que seria destinada à renda variável em fundos Long Biased como forma de proteção e diversificação.

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Muitas vezes surgem questionamentos sobre se, mesmo em momentos de turbulências do mercado, com alta volatilidade do Ibovespa e retornos negativos em períodos mais curtos, vale a pena ter e manter alocações em renda variável, mais especificamente em fundos de ações. A resposta, na maioria das vezes é SIM, não só vale a pena como deve ser mantida se o seu perfil de risco, horizonte de investimentos e retorno esperado indicam uma parcela de alocação para ações e fundos de ações.

O que talvez algumas pessoas não saibam é que alocação em renda variável está longe de ser somente comprar algumas ações, índices de ações ou fundos de ações e ficar 100% dependente da alta das cotações das empresas na bolsa. Até porque, em um país como o Brasil, só há uma certeza – a de que crises virão e trarão volatilidade para a bolsa brasileira, com períodos de quedas expressivas, mesmo quando os resultados das empresas estão positivos e saudáveis.  

E esse é exatamente o momento que estamos atravessando. As empresas estão na época de divulgação dos seus desempenhos no 3º trimestre de 2021 e por mais que a grande maioria esteja reportando lucros relevantes e crescimento por conta da retomada recente da economia, o índice Ibovespa acumula perda de cerca de 13% até o fechamento do mês de outubro de 2021. 

Mais do que a vontade irracional que muitos investidores podem estar tendo de resgatar ou vender parte das ações nesse momento, para reduzir ou até mesmo zerar sua exposição em renda variável, a provocação que talvez caiba em um momento como esse é, quais mecanismos, você investidor pessoa física, tem para se proteger na sua parcela de fundos de ações para não só se proteger de momentos como esse, mas também eventualmente obter ganhos com a queda do mercado e de algumas ações.

Uma pincelada sobre os fundos Long Biased

Uma parte da resposta pode vir dos fundos Long Biased, que podem parecer complexos a primeira vista, mas nada mais são do que fundos de ações que além de estar comprado o tempo todo em uma carteira de ações podem também realizar proteções no portfólio com posições vendidas em algumas ações diretamente ou em índices como Ibovespa, IBX, entre outros. Esse tipo de estratégia por si só já pode oferecer aos cotistas desses fundos proteções contra as quedas de preços de algumas ações ou do mercado como um todo, porém muitos deles também se utilizam de instrumentos de derivativos, como as opções, para estratégias de proteção ou alavancagem. Os fundos Long Biased também operam outros ativos, não só no Brasil, que podem ser juros, moedas, commodities ou outros, que funcionam como hedge (proteção) para determinadas posições da carteira comprada. Um exemplo simples é o gestor que pode vender dólar caso ele tenha uma posição em uma empresa exportadora.

Portanto, diferente dos fundos Long Only, que como o próprio nome indica estão sempre “apenas comprados”, os fundos Long Biased têm um “viés comprado”. Essa liberdade confere então uma maior flexibilidade na gestão desses fundos e como mostraremos abaixo, acabam por apresentar métricas de risco mais comportadas que a média do mercado de ações, que nesse caso será representado pelo Ibovespa.

Recentemente mostramos o efeito prático dessas características quando apresentamos os fundos Long Biased que mais defenderam na queda recente da Bolsa, período entre 7 de junho de 2021, data em que o Ibovespa atingiu seu pico aos 130.776 pontos e depois apresentou uma queda que até o dia 28 de outubro era de -19,2%. Nesse mesmo período diversos fundos Long Biased tiverem retornos mais defensivos, caindo metade do Ibovespa ou até menos, com um deles até mesmo apresentando retorno positivo entre essas datas.

Vamos falar de (menos) risco?

Queremos agora ir um passo além, ou melhor, mostrar um pouco mais do histórico de alguns desses fundos para que possamos entender com mais detalhes o efeito que esses fundos podem trazer para uma alocação diversificada e com menos risco em renda variável.

Na tabela acima listamos alguns dos principais fundos dessa categoria e que apresentam métricas de risco e retorno bastante consistentes ao longo do tempo. Em uma primeira análise, se olharmos apenas para para o retorno dos últimos 12 meses veremos uma dispersão razoável de fundos que tiveram retornos piores que o Ibovespa nesse período e outros que obtiveram retornos superiores. Aqui vale a primeira ressalva que fundos de ações, mesmo os Long Biased não deveriam ser analisados em uma janela de apenas 1 ano, porém esse é um período em que já podemos identificar algumas métricas de risco relevantes. Se por um lado tivemos fundos com maior ou menor retorno que o Ibovespa nesses 12 meses, nenhum deles oscilou mais que o índice da bolsa, o que pode ser visto pela volatilidade desses fundos, todas menores que do Ibovespa. Essas informações conjugadas então nos dizem que esses fundos Long Biased acima entregaram retornos consistentes com um risco menor que o da bolsa.

Seguindo adiante, ainda analisando métricas de risco e talvez uma das mais relevantes para essa discussão, identificamos que o máximo drawdown desses fundos nos últimos 12 meses foi de, na média, metade do máximo drawdown do Ibovespa. Portanto, as maiores variações (negativas) que esses fundos tiveram entre o seu valor máximo e seu valor mínimo nesses 12 meses foram muito menores que o da bolsa, ou traduzindo melhor ainda, os fundos seguraram as quedas muito mais do que o Ibovespa.

Por fim e não menos importante, percebemos que a correlação entre esses fundos e o Ibovespa nesse período foi positiva e alta, o que já é esperado para fundos que operam majoritariamente ações e na maior parte do tempo comprados. A correlação estuda o comportamento de uma determinada variável, no caso o retorno diário dos fundos, em relação a outra, o retorno diário do Ibovespa. Valores acima de +0,7 indicam forte correlação positiva, ou seja, se o retorno do Ibovespa aumenta, o retorno dos fundos tenda a aumentar também.

Depois de entender a correlação entre os fundos acima e o Ibovespa, a segunda pergunta que surge é: com qual magnitude então a variação do Ibovespa afeta a variação desses fundos? Aí surge o conceito do Beta. Diferente da correlação, o Beta não pode ser negativo e quanto maior for o Beta, maior o risco em relação ao mercado. Perceba ainda na tabela que todos possuem valores de Beta abaixo de 1. Quando o Beta é inferior a 1, o risco é inferior à média de mercado. Significa que os fundos possuem resultados mais estáveis, com maior certeza de como se comportarão os seus retornos em comparação com os retornos do Ibovespa.

Então para que não fique dúvidas, a correlação mede o quanto um comportamento pode ser explicado por outro. Já o Beta mede em que magnitude isso ocorre. Em nosso caso percebemos que o comportamento dos fundos tem muita correlação com a bolsa, porém com risco muito menor, uma vez que todos possuem Beta bem abaixo de 1.

Ampliando mais o horizonte de análise

Se até aqui não tiver sido suficiente olhar a “foto” dos últimos 12 meses de alguns dos melhores fundos Long Biased do mercado e concluir que eles realmente oferecem uma exposição às ações com riscos menores que um fundo Long Only ou qualquer outra exposição puramente comprada em ações, com retornos consistentes, vamos apresentar um “filme” do comportamento de algumas dessas métricas de retorno, volatilidade e drawdown em janelas um pouco maiores que talvez demonstrem a consistência das métricas de risco e retorno.

Quanto aos retornos, se olharmos para os últimos 4 anos desses fundos, todos eles obtiveram resultados superiores ao Ibovespa. Enquanto o índice acumulou retorno de 48,9% nesse período, o fundo que teve a pior performance entre os 6 fundos obteve retorno de 52,1%, enquanto o fundo que teve a melhor performance acumulada rendeu 73,3% nesses 4 anos. No gráfico acima à esquerda verificamos que todas as linhas de retorno, caem e sobem mais ou menos que o Ibovespa (linha preta) em determinados momentos ao longo desses 48 meses, porém eles estão acima dessa linha ao final desse período.

Se pegarmos os 3 fundos com o melhor desempenho nesse período é curioso notar que todos eles apresentaram volatilidade de 12 meses sempre abaixo da volatilidade do Ibovespa, como podemos ver no gráfico da direita. São eles: STK Long Biased FIC FIA, JGP Equity FIC FIM e Pacifico LB FIC FIM. No auge do impacto inicial da pandemia, em março de 2020, que causou uma queda de mais de 40% no Ibovespa, fez também a volatilidade do índice saltar de valores próximos a 18% em 12 meses para mais de 43%. Na contrapartida, grande parte desses fundos conseguiram segurar a queda, caindo menos que a bolsa e ainda por cima posteriormente ao período mais crítico, ainda apresentaram retornos positivos também superiores. Tudo isso com risco menor que o do mercado, representado pelo Ibovespa.

Uma carteira de fundos Long Biased

Como podemos ver então a foto e o filme desses fundos Long Biased parecem satisfatórios quando o assunto é ter retornos relevantes em ações, porém com risco mais controlado do que os fundos que estão sempre apenas comprados.

Sabendo da dificuldade que às vezes um investidor pode ter em selecionar esse ou aquele fundo, fazer uma combinação de alguns deles pode ser uma boa saída para não ter que apostar no “cavalo vencedor”. Por isso, no exercício abaixo calculamos o retorno acumulado também nos últimos 4 anos se combinássemos os 6 fundos em uma carteira na qual todos eles tenham a mesma proporção. O resultado parece consistente, uma vez que no gráfico abaixo podemos ver que a “Carteira Fundos Long Biased” supera não só o Ibovespa no período, como também o CDI e IMA-B (cesta de títulos públicos indexados à inflação).

Lembrando que nessa análise estamos mais preocupados com o risco do que com o próprio retorno em si, portanto precisamos verificar se essa “cesta” de fundos também possui um caráter mais defensivo de exposição em renda variável. Voltando ao conceito de drawdown, notamos no gráfico abaixo que a tal “Carteira Fundos Long Biased” tem menor drawdown que o Ibovespa em todos os momentos mais agudos de quedas expressivas, o que reforça a tese de que, uma vez feita uma boa seleção de fundos Long Biased, eles podem ser o instrumento ideal para o investidor ter ou manter posições em ações (renda variável) com menos risco.

Uma forma prática de investir nessa “cesta” de fundos Long Biased é através do Selection Long Biased FIC FIM que tem no seu portfólio um número até maior de fundos, não sendo necessariamente esses. A gestão é realizada de forma a sintetizar o efeito visto acima, na busca por retornos superiores em ações com risco mais controlado.

Como queríamos demonstrar, existem boas opções via fundos para o investidor que quer se proteger das quedas da bolsa e da suas oscilações que aumentam em períodos de mais incertezas. Portanto, vale considerar ter uma parcela da alocação da sua carteira que seria destinada à renda variável em fundos Long Biased como forma de proteção e diversificação.

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