Qual o segredo dos fundos de ações que conseguiriam se manter resilientes em meio as ondas de incertezas dos últimos 36 meses? Quais aspectos de gestão e alocação foram responsáveis por uma performance positiva contra outros cases da indústria?
Neste relatório, abordaremos as diferentes janelas de performance do fundo Real Investor FIC FIA BDR Nível I, bem como as diferentes fontes de retorno do fundo. Confira a Real Investor conseguiu passar com resiliência pelos desafios macroeconômicos recentes.
Conheça a Real Investor
Inspirado no livro “The Intelligent Investor” de Benjamin Graham, o nome da gestora “Real Investor” vai em linha com a definição de investidor “verdadeiro” trazida no livro – sendo aquele que através do seu foco no longo prazo, realiza análises minuciosas com o objetivo de se tornar sócio de uma empresa no longo prazo – diferente do investidor especulador.
Fora do eixo Rio-São Paulo, e conhecida pela gestão de fundos de ações, a Real Investor, gestora de recursos independente com cerca de R$ 3 bilhões sob gestão começou sua história em 2008 com o Clube de Ações Real Investor, que posteriormente em 2012 veio se tornar o fundo Real Investor FIC FIA, principal estratégia da gestora atualmente.
Atualmente a Real Investor é uma das maiores gestoras independentes do Sul do Brasil, com sua sede na cidade de Londrina e seguindo a filosofia de análise fundamentalista, conta com estratégia em ações, multimercados e mais recentemente lançou estratégias em Imobiliários e Crédito. Ao todo são 25 profissionais colaboradores, desse total 18 estão ligados diretamente à gestão.
Em termos de segmentação por atuação, o principal núcleo da gestora e foco desse relatório é o de ações e multimercados, que possui ao todo 14 profissionais de investimentos. Além da figura do gestor e cogestor, são 3 grupos de análises de ações e 1 grupo de análise macro. O núcleo Imobiliário criado mais recentemente conta com 4 profissionais de investimentos.
Em relação as diretrizes de gestão, dentro do mercado acionário a Real Investor busca através da análise fundamentalista, um processo de investimento focado em encontrar oportunidades em que o preço de um ativo seja bastante inferior ao seu preço real. Para tal, além do preço atrativo outros fatores são levados em consideração como (i) histórico consistente, (ii) vantagens competitivas e duradouras, (iii) perspectivas favoráveis, (iv) baixo endividamento, entre outros.
Confira a seguir as características do carro-chefe da Real Investor, o fundo: Real Investor FIC FIA BDR Nível I.
Real Investor FIC FIA BDR Nível I
O fundo Real Investor FIC FIA BDR Nível I foi lançado em 2012 e tem como objetivo superar o Ibovespa no longo prazo. Dessa forma, o fundo busca investir em empresas com boas perspectivas de crescimento, seguindo a filosofia de investimento “Value Investing”, ou seja, o foco está o valor potencial da empresa e no crescimento dessas no longo prazo. O fundo também tem liberdade para alocar uma parcela do seu caixa em ativos internacionais. O fundo é para investidores em geral, e possui aplicação mínima de R$ 5.000,00.
Desde seu início em março de 2012, o fundo acumula um retorno de 346,87% contra o Ibovespa que variou 74,48% para o mesmo período. Dados de consistência também mostram que na janela móvel de retorno efetivo, o fundo apresentou uma média (17,81%) superior ao Ibovespa (8,25%) para o mesmo período. Ou seja, uma estratégia que entrega retorno com consistência, com uma média superior ao Ibovespa e o risco menor – já que a volatilidade anualizada apresentada para o mesmo período é de 19,82% abaixo do Ibovespa com 24,84%.
Ainda em relação ao portfólio, como é possível ver no gráfico acima, existe uma diversificação relevante setorial, olhando para o top 10 maiores exposições, a maior alocação é em Bancos (12,87%), seguido de Construção Civil (9,5%) e Autopeças (9,3%). Em relação à diversificação de ativos no portfólio, a carteira tem em média de 15 a 20 posições, atualmente o portfólio conta com 25 posições, com uma diversificação acima da média histórica. Acerca deste fato, gestores pontuam que além de existirem posições intermediarias que estão sendo removidas/incluídas, a diversificação faz parte da estratégia para lidar com as incertezas do cenário atual.
Além do mandato em ações, a gestora conta com uma estratégia long & short o fundo Real Investor FIC FIM, confira a seguir.
Real Investor FIC FIM
O fundo Real Investor FIC FIM é a estratégia long & short da gestora, ou seja, trabalha com posições compradas e vendidas buscando baixa exposição direcional. Lançado em 2018, o fundo tem como objetivo superar o CDI no longo prazo. Em relação à exposição da estratégia, a exposição bruta alvo é 140%, ou seja, 70% na ponta comprada e 70% na ponta vendida. Essa exposição pode variar entre 100% e 180%.
O fundo também opera estratégias em juros, moedas, crédito, valor relativo investimentos no exterior entre outros. A parte comprada da estratégia segue a estratégia do Real Investor FIA, com a filosofia de investimento em “value investing”. Em relação à exposição líquida, o alvo é de 0%, buscando manter uma posição neutra na bolsa, que pode variar entre -20% e +20%.
Desde seu início em janeiro de 2018, o fundo acumula um retorno de 82,97% contra o IHFA que variou 46,23% para o mesmo período. Dados de consistência também mostram que na janela móvel de retorno efetivo, o fundo apresentou uma média (14,32%) superior ao IHFA (7,14%) para o mesmo período. Ou seja, uma estratégia que entrega retorno com consistência, com uma média superior ao IHFA e com retornos máximos consideráveis.
A seguir abordaremos com mais detalhes a atribuição de performance do Real Investor FIC FIA BDR Nível I nos últimos 36 meses.
Oportunidades em tempos de incertezas
Não é novidade que os últimos 36 meses foram extremamente desafiadores para a gestão ativa em geral, até 30 de setembro, a mediana de performance dos 283 fundos de ações long only analisados em nosso acompanhamento interno, apresentaram um retorno de 1,99% contra 4,97% do CDI.
Em números de fundos, apenas 34% (equivalente a 94 fundos) tiveram performance superior ao Ibovespa. 2022 está sendo um ano desafiador para a gestão ativa no mercado acionário. Por outro lado, com uma performance positiva no ano, e diferentes fontes de retorno positivo, o fundo Real Investor FIC FIA BDR Nível I se destaca entre os pares.
Mas não está sendo apenas em 2022, desde 2019 o fundo apresenta Alfa positivo em relação ao Ibovespa, com destaque a 2021 – que mesmo com uma performance negativa conseguiu ser mais resiliente se comparado ao principal índice acionário da bolsa brasileira. Em 2022, petróleo, bancos, autopeças e seguros puxam a performance do fundo para cima.
Em conversa com a gestora, procuramos entender as movimentações setoriais e estratégicas ao longo dos últimos anos. Vale um destaque para o período pré-pandemia em que o fundo estava com o caixa elevado, cerca de 20% do total do portfólio. Anderson Lueders cogestor da estratégia, conta que a postura conservadora não tinha ligação com a crise do COVID-19 (que foi inesperada para todo mercado), mas sim, com a visão de que os ativos já estavam com preços inflados no início de 2020.
Além disso, dada a filosofia de investimento adotada (value investing) o fundo não alocou em ações de crescimento (como fintechs e e-commerce), que foram fortemente impactadas por volatilidade de curto prazo – com altas consideráveis em 2020, e quedas consideráveis em 2022. Também vale pontuar que gestora não entrou na mais recente onda de IPOs, exceto na oferta da Petroreconcavo, que se destacou entre os melhores destaques de rentabilidade pós oferta.
Além disso, os gestores enxergavam oportunidades no setor financeiro, em especial bancário a certo tempo. Entretanto, a resiliência em manter no portfólio mesmo após dois anos de queda para o setor, fez com que a segunda maior atribuição de performance fosse do setor bancário em 2022 – e na visão dos gestores, o setor segue descontado.
Podemos concluir que a combinação da filosofia de investimentos de value investing com a observância dos ciclos econômicos trouxe resiliência ao portfólio. Ao longo do tempo, foi possível ver mudanças consideráveis de atribuição, mostrando uma dinâmica de gestão ativa para a carteira. Com diferentes fatores de riscos, não é possível definir um único promotor para o fundo nos últimos meses, sendo a diversificação responsável pelos resultados consideráveis para a estratégia.
Diversificação, disciplina e… paciência
Nesse momento em que muitos investidores estão com receios de alocar em ativos de riscos, muitas oportunidades aparecem no radar dos investidores mais experientes. Até porque, a alocação em renda variável é recomendada para longo prazo, já que a volatilidade tende a se apresentar a favor do investidor que mantem a disciplina mesmo em tempos de incertezas.
Existem fundos de diversos tipos, estratégias e classes – e para tomar a melhor decisão, um processo de alocação de recursos que respeite o apetite de riscos é essencial. Para tal, os investidores podem contar com nosso relatório Onde Investir, publicado mensalmente todo primeiro dia útil do mês – e nossas carteiras recomendadas que apresentam sugestões de fundos de acordo com o objetivo de cada investidor.
Por fim, reforçamos que é importante ter uma estratégia de investimentos bem definida, e que haja disciplina para execução da mesma mesmo em cenários adversos. Para navegar bem em tempos de incertezas, conhecer os diferentes tipos de investimentos e suas características é essencial. Nesse sentido, mais do que aumentar o potencial de retornos, a diversificação também irá agregar em resiliência ao investidor que tiver boas seleções de fundos em sua carteira..