XP Expert

Eu sei o que vocês fizeram no verão passado – Esperamos crescimento de 1,6% para o PIB de 2022

Elevamos nossa projeção para o crescimento da economia brasileira em 2022, de 0,8% para 1,6%

Compartilhar:

  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no X
  • Compartilhar no Whatsapp
  • Compartilhar no LinkedIn
  • Compartilhar via E-mail
Onde Investir em 2025 banner

Destaques:

  • A atividade econômica brasileira cresceu fortemente nos últimos meses. Estimamos alta de 1,4% para o PIB no 1º trimestre de 2022 em relação ao 4º trimestre de 2021, muito acima das projeções iniciais;
  • Continuamos a antecipar elevação adicional no 2º trimestre – ainda que a um ritmo moderado – e retração ao longo do segundo semestre; 
  • Portanto, estamos revisando nossa expectativa de crescimento do PIB em 2022, de 0,8% para 1,6%;
  • Enquanto isso, mantemos a projeção de desempenho tímido em 2023 (aumento de 0,5%), devido sobretudo às condições monetárias mais restritivas, ao crescimento econômico global mais fraco e ao carrego estatístico negativo do final deste ano.

DÉJÀ VU? Crescimento muito acima do esperado no primeiro trimestre

Estimamos que o PIB do Brasil tenha crescido 1,4% no 1º trimestre de 2022 em relação ao 4º trimestre de 2021 (e 2,2% em comparação ao 1º trimestre do ano passado). A atividade econômica cresceu fortemente nos últimos meses, implicando revisões altistas nas previsões de crescimento do PIB para 2022. Essa dinâmica nos lembra o que aconteceu no mesmo período do ano passado: as estimativas para o PIB do 1º trimestre aumentaram substancialmente poucas semanas antes da publicação dos resultados oficiais e as perspectivas para o crescimento econômico anual foram deslocadas para cima. Em maio de 2021, revisamos a projeção para o crescimento do PIB de 3,2% para 4,1% (o consenso do mercado estava próximo a 3%), na esteira de estimativas muito mais favoráveis para o desempenho da atividade local entre janeiro e março. O tempo passou e sabemos que o PIB expandiu 4,6% em 2021. Em nossa visão, movimentos semelhantes estão ocorrendo um ano depois. Desta vez, não pela forte expansão do setor agrícola e pela expressiva variação positiva dos estoques, mas sim na esteira da reabertura econômica, da recuperação sólida do emprego, do avanço da renda disponível das famílias e do salto nos preços das commodities (impulsiona muitos setores exportadores e gera efeitos de “trasbordamento de renda” sobre outras atividades locais). Segundo nossas estimativas atualizadas, o PIB total cresceu 1,4% no 1º trimestre de 2022 ante o 4º trimestre de 2021 (e 2,2% versus o 1º trimestre do último ano). Se nossa projeção estiver correta, o efeito de carrego estatístico para o crescimento do PIB em 2022 chegará a 1,9 p.p..

Desmascarando o ritmo de crescimento econômico

O setor de serviços cresceu de forma expressiva no 1º trimestre de 2022. Conforme apresentado na tabela abaixo, esperamos expansão de 1,2% para o PIB de Serviços ante o 4º trimestre de 2021 (e de 3,9% na comparação com o 1º trimestre do ano passado), contribuindo significativamente para o aumento do PIB total. Na abertura do setor terciário, destaque para o crescimento acentuado dos seguintes componentes: Serviços de Transporte e Armazenagem; Outros Serviços (incluem serviços prestados às famílias e parte relevante de serviços prestados às empresas); e Comércio. Em nossa opinião, essas atividades foram impulsionadas pela flexibilização adicional das restrições relacionadas à pandemia. O fim do uso obrigatório de máscaras na maioria dos espaços internos e a retomada de grandes eventos corporativos e sociais são exemplos importantes nesse sentido. Além dos benefícios da reabertura econômica, a expansão da renda real disponível às famílias também desempenhou papel fundamental. De acordo com os nossos cálculos, o indicador subiu cerca de 4% no 1º trimestre de 2022 ante o 4º trimestre de 2021, devido à recuperação sólida do emprego – tanto das categorias formais quanto informais – e ao aumento das transferências governamentais de renda para famílias de baixa renda.

Após três quedas consecutivas na base trimestral, o PIB da Indústria deve ter subido modestamente entre janeiro e março deste ano (0,2% vs. 4T21; -1,4% vs. 1T21). O PIB da Construção Civil deve registrar a sétima leitura positiva consecutiva, principalmente devido à resiliência do setor imobiliário residencial. Enquanto isso, esperamos que o PIB da Indústria de Transformação apresente o primeiro aumento desde o final de 2020, com destaque à dinâmica favorável da categoria de bens de consumo semi e não-duráveis. Isto posto, gargalos nas cadeias globais de suprimentos e custos de produção/distribuição crescentes continuam a prejudicar as atividades manufatureiras, e este cenário não deverá melhorar (ao menos não substancialmente) nos próximos meses. Ainda pelo lado da oferta, o PIB da Agropecuária contraiu no trimestre passado, segundo nossos cálculos (-0,5% vs. 4T21; -6,2% vs. 1T21). As quebras na safra de soja – refletindo condições climáticas adversas em várias regiões produtoras, especialmente nos estados sulistas – parecem ter mais do que compensado a expansão da atividade pecuária e os melhores resultados de outras culturas agrícolas (por exemplo, do milho) no período.

Pela ótica da demanda, por sua vez, destaque para o crescimento do Consumo das Famílias (1,5% vs. 4T21; 3,3% VS. 1T21) e das Exportações (6.6% vs. 4T21; 8,7% vs. 1T21). Com relação ao primeiro, tanto o consumo de serviços quanto o de bens avançaram significativamente no início deste ano, tendo em vista o já mencionado aumento da mobilidade aliado à ampliação da renda disponível às famílias. Já o salto nas vendas externas decorreu, em grande medida, do desempenho robusto das categorias de produtos agrícolas e bens industriais intermediários. Ademais, chama a atenção a virtual estabilidade da Formação Bruta de Capital Fixo na comparação trimestral (-0,3% vs. 4T21; -2,7% vs. 1T21). Isso porque os investimentos permanecem em patamares elevados, graças à dinâmica ainda positiva da construção civil e à desaceleração apenas gradual do consumo aparente de bens de capital. Conforme nossas estimativas, a absorção doméstica (consumo das famílias + consumo do governo + investimentos) subiu 0,8 p.p. no ​​1º trimestre de 2022, ritmo ligeiramente superior ao registrado no 4º trimestre de 2021 (0,7 p.p.). Enquanto isso, estimamos contribuição líquida do setor externo (exportações – importações) positiva em 1,1 p.p. (de -0,5 p.p. na leitura anterior) e variação negativa de estoques de 0,5 p.p. (de +0,3 p.p. no ​​4T21).

Esperamos elevação adicional do PIB no 2º trimestre, embora a um ritmo mais moderado (nossa estimativa atual indica alta de 0,4% ante o 1º trimestre de 2022 e de 2,5% ante o 2º trimestre de 2021). As atividades de serviços e comércio varejista continuaram em trajetória ascendente em abril e início de maio, considerando dados de alta frequência que acompanhamos semanalmente. O maior nível de emprego combinado às medidas de estímulo anunciadas pelo governo (por exemplo, liberação de saques emergenciais do FGTS no valor de até R$ 30 bilhões e antecipação do pagamento de 13º salário para aposentados e pensionistas) devem fornecer suporte ao consumo privado, a despeito da inflação ainda bastante pressionada. Calculamos que a renda real disponível às famílias crescerá cerca de 8% no primeiro semestre de 2022 em relação ao segundo semestre de 2021, já descontados os efeitos sazonais. (Para mais informações, ver o relatório Resiliência é a palavra da vez. Mas o que vem depois?, publicado em 13 de abril de 2022).

Em linhas gerais, acreditamos que a atividade econômica brasileira apresentará crescimento sólido neste semestre, alterando consideravelmente as projeções para o PIB de 2022. Ou seja, embora por motivos distintos, a dinâmica atual de revisão das projeções de crescimento deve ser semelhante à observada no mesmo período do ano passado.

O inverno está chegando

No entanto, continuamos a prever contração da atividade doméstica no segundo semestre deste ano. As condições monetárias mais restritivas devem impactar a demanda de forma mais expressiva a partir de meados deste ano, principalmente os investimentos privados e o consumo de bens duráveis. O endividamento das famílias em trajetória de alta, a menor massa de renda disponível aos consumidores (considerando as medidas de antecipação para o 2º trimestre) e o crescimento mais lento da economia global são outros “ventos contrários” relevantes para o PIB do Brasil nos próximos trimestres. Além disso, os benefícios da reabertura econômica – especialmente sobre as atividades de serviços – devem se dissipar gradualmente.

Portanto, estamos revisando nossa projeção para o crescimento do PIB em 2022, de 0,8% para 1,6%.

Em relação ao PIB de 2023, por sua vez, mantemos a expectativa de aumento modesto (0,5%).

Para além da política monetária amplamente contracionista - juros altos por mais tempo - e do enfraquecimento da demanda externa, o efeito de carrego estatístico para o crescimento do PIB no próximo ano deverá ser negativo (ao redor de -0,5% segundo nossas estimativas atuais). Assumimos duas hipóteses cruciais em relação às perspectivas para 2023: (I) dissipação de grande parte dos choques causados pela pandemia e pela guerra na Ucrânia e (II) manutenção do arcabouço fiscal atual que visa à sustentabilidade da dívida pública no longo prazo. Dito isso, o balanço de riscos para o desempenho do PIB em 2023 é assimétrico para baixo.  

XPInc CTA

Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!

XP Expert

Avaliação

O quão foi útil este conteúdo pra você?


Newsletter
Newsletter

Gostaria de receber nossos conteúdos por e-mail?

Cadastre-se e receba grátis nossos relatórios e recomendações de investimentos

Disclaimer:

Este relatório foi preparado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos”) e não deve ser considerado um relatório de análise para os fins do artigo 1º na Resolução CVM 20/2021. Este relatório tem como objetivo único fornecer informações macroeconômicas e análises políticas, e não constitui e nem deve ser interpretado como sendo uma oferta de compra/venda ou como uma solicitação de uma oferta de compra/venda de qualquer instrumento financeiro, ou de participação em uma determinada estratégia de negócios em qualquer jurisdição. As informações contidas neste relatório foram consideradas razoáveis na data em que ele foi divulgado e foram obtidas de fontes públicas consideradas confiáveis. A XP Investimentos não dá nenhuma segurança ou garantia, seja de forma expressa ou implícita, sobre a integridade, confiabilidade ou exatidão dessas informações. Este relatório também não tem a intenção de ser uma relação completa ou resumida dos mercados ou desdobramentos nele abordados. As opiniões, estimativas e projeções expressas neste relatório refletem a opinião atual do responsável pelo conteúdo deste relatório na data de sua divulgação e estão, portanto, sujeitas a alterações sem aviso prévio. A XP Investimentos não tem obrigação de atualizar, modificar ou alterar este relatório e de informar o leitor. O responsável pela elaboração deste relatório certifica que as opiniões expressas nele refletem, de forma precisa, única e exclusiva, suas visões e opiniões pessoais, e foram produzidas de forma independente e autônoma, inclusive em relação a XP Investimentos. Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo agentes autônomos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida a sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos. A XP Investimentos não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas e se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste material ou seu conteúdo. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710. Para maiores informações sobre produtos, tabelas de custos operacionais e política de cobrança, favor acessar o nosso site: www.xpi.com.br.

A XP Investimentos CCTVM S/A, inscrita sob o CNPJ: 02.332.886/0001-04, é uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.Toda comunicação através de rede mundial de computadores está sujeita a interrupções ou atrasos, podendo impedir ou prejudicar o envio de ordens ou a recepção de informações atualizadas. A XP Investimentos exime-se de responsabilidade por danos sofridos por seus clientes, por força de falha de serviços disponibilizados por terceiros. A XP Investimentos CCTVM S/A é instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.


Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Cookies (gerencie suas preferências de cookies) e a nossa Política de Privacidade.