Atualizações Covid
Essa semana, dados positivos sobre a evolução do números de hospitalizações e mortes pelo coronavírus foram destaque, especialmente nos EUA e Europa. No Brasil, o total de vacinados atingiu 6,5 milhões, com quase 900 mil brasileiros já tendo recebido 2 doses do imunizante.
Já na seara da vacinação, a vacina da Pfizer foi menos eficaz contra a cepa sul-africana, segundo estudo. A empresa já trabalha a hipótese de fazer uma segunda dose ou um reforço que contemple as novas variantes, caso a ineficácia se confirme. Já em trabalhadores da saúde de Israel, onde a cepa dominante é a britânica, a eficácia foi de 85% com apenas uma dose. Enquanto isso, nos EUA, o presidente Biden prometeu doar US$ 4 bilhões para o programa global de vacinação, que visa a garantir doses a países pobres, enquanto a farmacêutica Novavax se comprometeu a entregar 1,1 bilhão de doses.
Internacional
Estados Unidos
A semana mais curta diante de feriado bancário nos EUA foi marcada por dados fortes de atividade, reforçando a continuidade da recuperação no país especialmente diante do efeito de estímulos fiscais. Em janeiro, as vendas no varejo cresceram 5,3% (m/m), o maior resultado desde setembro de 2011, levando o setor ao patamar de 7,8% acima do nível pré-pandemia. A alta reflete principalmente a maior propensão marginal a consumir observada entre famílias mais pobres (relativa a famílias mais ricas, que apresentaram tendência de aumento de poupança no período), especialmente após a retomada dos cheques emergenciais de US$ 600. O resultado reforça a expectativa do fortalecimento do consumo das famílias nos próximos meses, diante da aprovação de uma nova rodada de estímulos fiscais, com cheques de até US$ 1400, focalizado em famílias mais pobres.
A produção industrial também apresentou comportamento positivo no mês, avançando +0,9% em janeiro. O resultado foi beneficiado pela manutenção da demanda fortalecida, combinado a baixos estoques. Não obstante, o setor segue 1,9% abaixo do patamar pré-pandemia, e desequilíbrios na oferta de mão de obra e insumos causados pela pandemia ainda vigente, aliado ao inverno rigoroso, devem impactar o setor.
Enquanto isso, a Ata do Comitê de Política Monetária do FED (FOMC), reforçou o tom expansionista, apesar pressões de curto prazo. No documento, o Comitê reconheceu haver pressões altistas sobre a inflação corrente, que afetam o preço de bens e serviços cuja produção pode ter sido prejudicado por problemas de oferta de mão de mão de obra e falta de matérias primas. Não obstante, destacam que movimentos observados na inflação corrente decorrem de mudanças de preços relativos e não de uma alteração na tendência da inflação. Desta forma, seguem reforçando a necessidade de uma política monetária altamente expansionista, destacando também o elevado risco ainda existente diante do cenário pandêmico sobre o nível de desemprego.
Zona do Euro
A revisão do PIB do quarto trimestre divulgada pelo Eurostat apontou para uma queda de 0,6% entre o terceiro e o quarto trimestres de 2020, resultado levemente melhor do que as estimativas originais, de queda de 0,7%. Já a produção industrial recuou 1,6% m/m em dezembro, ante projeção de -0,8%.
Na esteira de indicadores mais positivos, o PMI industrial da Zona do Euro referente a fevereiro atingiu o maior patamar dos últimos 3 anos, registrando expansão no mês a despeito das medidas de isolamento ainda vigentes na região, na esteira da demanda fortalecida e de baixos estoques. Na mesma toada, o índice de expectativas econômicas da Alemanha subiu de 61,8 pontos em janeiro para 71,2 em fevereiro. Por outro lado, o setor de serviços da região segue em território de contração (com PMI atingindo 44,7 pontos), reforçando a heterogeneidade da recuperação entre os setores. Vale destacar, no entanto, a queda menos expressiva no setor quando comparada ao auge da crise pandêmica no ano passado.
No cenário político europeu, o ex-presidente do Banco Central Europeu Mario Draghi tomou posse formalmente neste sábado como primeiro ministro da Itália. Em seu primeiro discurso no Senado nesta quarta-feira, prometeu reformas ambiciosas.
Commodities
A semana foi também marcada pela alta nos preços do petróleo internacionalmente. A alta da commodity foi apoiada nas últimas semanas pelas restrições de oferta da OPEP+ e espera uma recuperação da demanda devido às vacinações COVID-19, mas o frio severo no Texas, o maior estado produtor de petróleo dos EUA, impulsionou os preços nos últimos dias (alta de +2,48% no Brent e +1,73% no WTI no acumulado da semana). Cerca de 500.000 a 1,2 milhão de barris por dia da produção de petróleo do Texas foi interrompida por fatores climáticos, com as temperaturas mais frias em 30 anos, segundo analistas da Rystad Energy. Segundo especialistas, o efeito cascata do frio provavelmente reduzirá a produção por várias semanas.
Enquanto isso, no Brasil
No Brasil, a semana mais curta devido ao feriado de carnaval foi marcada pela continuidade das discussões sobre a extensão do auxílio emergencial. Após idas e vindas, espera-se que a PEC Emergencial seja protocolado pelo senador Márcio Bittar no início da semana que vem. O texto costurado entre o governo e o Congresso para possibilitar a volta do auxílio emergencial deve trazer uma cláusula de calamidade para suspensão momentânea das amarras fiscais e contrapartidas lights, que seriam acionadas apenas em caso de nova prorrogação do benefício.
A princípio, o ministério da Economia e o relator do texto queriam incluir o pacote completo de reforma fiscal, com implantação dos gatilhos do teto, autorização para redução de jornada e salário de servidores, além dos DDDs (desindexação, desvinculação e desobrigação do orçamento). Mas, diante das resistências políticas, a PEC deve trazer apenas o acionamento dos gatilhos — que não terão efeitos práticos para este ano — e a provável criação do Conselho Fiscal defendido por Paulo Guedes.
A intenção do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, é votar a PEC já na quinta-feira, com tentativa de quebra de interstício para finalizar os dois turnos de apreciação no mesmo dia. Em seguida, a proposta segue para a Câmara, onde Arthur Lira espera votar rapidamente, para que então a Medida Provisória com as regras para liberação do auxílio emergencial seja editada ainda no início de março.
Também foi destaque o anúncio de reajustes nos preços de combustíveis pela Petrobras, e o posicionamento de Bolsonaro sobre o tema. Os preços do diesel subiram 14,6%, e os da gasolina 9,9%. Ainda que consideremos positivo que a companhia tenho realizado tais reajustes, notamos que os preços do diesel ainda não estão alinhados à paridade de importação.
Diante do reajuste, o presidente Jair Bolsonaro anunciou sua intenção de zerar os impostos federais (Pis e Cofins) sobre o diesel por dois meses a partir de 1º de março. Afirmou ainda que vai zerar tributos federais que incidem sobre o gás de cozinha, de forma permanente. Nossa primeira estimativa aponta que zerar os impostos federais sobre o diesel, aos níveis atuais de preço e volume de vendas, representaria uma renúncia de receitas da ordem de R$ 1,5 bi por mês (R$ 3 bi no bimestre anunciado, portanto). Quanto ao gás de cozinha, o impacto tende a ser pequeno. Dado o baixo peso dos impostos federais na composição do preço de gás de cozinha e o pequeno peso do item diesel no IPCA, os impactos na inflação ao consumidor devem ser limitados, ao redor de -1 bp. Cabe ressaltar, contudo, que a redução só poderá entrar em vigor quando medidas compensatórias forem implementadas, devido à limitações impostas pela Lei de Responsabilidade fiscal.
Finalmente, o Tesouro Nacional captou R$ 18,8 bilhões em títulos prefixados e LTFs, contabilizando R$ 75 bilhões em captações no mês. Para títulos com duração mais curta, os prêmios em relação à curva DI futuro seguiram praticamente estáveis. Por outro lado, títulos com vencimentos mais longos, em especial NTF-Fs com vencimento para 2029 e 2031 apresentaram prêmios mais altos em relação ao leilão anterior, refletindo o aumento da percepção de risco diante de incertezas na frente fiscal e elevação das taxas de títulos soberanos nos EUA.
O que esperar?
Na agenda econômica nacional da próxima semana, o IPCA-15 e o IGP-M de fevereiro, a nota de crédito do BC de janeiro e a taxa de desemprego da PNAD para dezembro serão os principais destaques. No cenário internacional, o PIB do quarto trimestre de 2020 da França e da Alemanha serão divulgados, assim como dados de confiança das principais economias globais e dados de desemprego do Chile, Colômbia e México.
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